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As muitas versões de Diana

Percebi que cometi um erro feio aqui: fiz aquele post sobre a relação de Diana com Odair José e agi mais ou menos como os jornalistas da época, valorizando mais essa atribulação do que o trabalho e o talento de Diana em si.

Tá na hora de mudar isso. No programa Quatrilho que acabou de ir ao ar no meu podcast, prometi que iria trazer mais versões em português de músicas internacionais gravadas por Diana ao longo de sua carreira. E vou cumprir! Para quem ainda não ouvir, a que foi incluída no podcast é Tudo que eu Tenho, versão assinada por Rossini Pinto de Everything I Own do Bread.

Vamos para as outras? Vou fazer um compilado, OK, porque são muitas!

Ainda Não Sou de 1975

Já da fase sem Raul Seixas na produção (ele produziu os primeiros álbuns de Diana), Ainda Não Sou é versão da própria Diana para um sucesso de Johnny Nash que talvez você conheça na voz de outra pessoa. É esse aqui: I Can See Clearly Now de 1972. Ou seja, a versão de Diana é de apenas três anos depois do lançamento.

Esse foi o maior hit da carreira do texano Nash. Mas talvez você conheça o sucesso pela voz de Jimmy Cliff em gravação mais popzêra, de 1993! Ela entrou na trilha do filme Jamaica Abaixo de Zero, do mesmo ano.

E muita gente já regravou I Can See Clearly Now. Outro notório que já colocou sua voz nela foi Ray Charles em 1978.

Porque Brigamos, de 1972

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Sim: um dos maiores sucessos do primeiro álbum de Diana é uma versão, também assinada por Rossini Pinto, e não é fraca, não. A original é de ninguém menos que Neil Diamond, a igualmente linda I Am… I Said.

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Fresquinha na época, ela saiu no mesmo ano de 1971 no álbum Stones. Diamond diz que demorou quatro meses para compô-la, e que ela saiu de suas sessões de psicanálise. Dizem que na verdade a música era uma encomenda para um filme sobre a vida de Lenny Bruce, o comediante. Essa imersão para tentar compô-la deu em sentimentos tão à flor da pele que o músico precisou frequentar sessões de terapia!

Versões em outras línguas também existem. Gosto dessa, em italiano, por Caterina Caselli também em 1971.

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Alguém Para Me Fazer Feliz, de 1974

Donizette, um cara que já compôs coisas para Odair José, assina essa versão de Montagne Verdi, do repertório de Marcella Bella. A original é de 1972.

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A música é composição de Giancarlo Bigazzi e Gianni Bella. Bigazzi é compositor de diversos sucessos italianos, e Gianni, como vocês podem imaginar pelo sobrenome, é irmão de Marcella. Foi com Montagne Verdi que a artista cresceu e apareceu no Festival de San Remo de 1972.
E uma curiosidade é que Montagne Verdi faz parte da trilha sonora da polêmica série Baby da Netflix, que traz na sua trama adolescentes italianas que se prostituem.

Meu Lamento, de 1972

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Mais uma versão de Rossini Pinto do clássico primeiro álbum azul, mas dessa vez ela vem do Peru.

Raúl Vásquez, o chamado el monstruo de la canción, lançou essa música, pelo que entendi, em 1970. Ele era representante da nueva ola peruana, tipo a correspondente por lá da Jovem Guarda do Brasil. Porém, a música usada como base aqui pode ter sido a regravação bem sucedida do argentino Pepito Pérez, de 1972 mesmo.

Prefiro a do Raúl, mas o sotaque argentino tem seu charme. KKKKKKKKKKK!

No Fundo de Minh’Alma, de 1972

Mais uma do disco de estreia, mas decidi incluir por causa do caráter instigante. Dessa vez, Rossini Pinto fez uma versão de uma música original… croata.

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De 1971, a gravação de Mišo Kovač é composição de Stjepan Mihalinec e Drago Britvic. Não saberia pronunciar tudo isso, que bom que estou escrevendo. Mišo é uma das maiores estrelas da Croácia e da antiga Iugoslávia, o maior vendedor de discos que a região já viu. Ele ganhou o Festival de Split de 1971 (um festival de música pop da Croácia) com Proplakat će Zora e acredita-se que esse seja o single mais vendido da história da Iugoslávia, embora isso seja difícil de provar depois da guerra. Segue firme e forte na carreira até hoje.

Muito Obrigada, de 1975

Reconheceu? É uma versão de Diana para Anticipation de Carly Simon!

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De 1971, a música é um dos maiores hits de Simon e foi trilha da campanha do catchup Heinz entre fim dos anos 1970 e os anos 1980. E olha essa versão aqui, de 1972:

Nora Aunor é uma artista filipina, superestrela por lá. Não só canta como é a grande dama do cinema filipino. Chique!!!

Eu Acredito em Mim, de 1995

Uma mais recente! A versão de Diana é de uma música de Russ Ballard.

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Do álbum homônimo Winning de 1976, a música depois ainda virou sucesso com a guitarra de Santana em uma versão de 1981. Nessa, quem canta é Alex Ligertwood.

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E antes disso, uma mulher também a gravou. Nona Hendryx, que fazia parte do super girl group Labelle, cantou Winning no seu álbum solo de estreia de 1977. E arrasou!

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Sem Barulho, de 1976

Essa música, versão de Paulo Coelho (ele mesmo, o mago, o alquimista!) de tons gospel, saiu no álbum de Diana de 1976 – é, aliás, a única versão dele. A original? É essa aqui:

Humblement Il Est Venu do Georges Moustaki foi lançada em single em 1975 e já tinha esse tom cristão. Moustaki dispensa apresentações: ícone master da música francesa e também um exemplo vivo e andante de multiculturalismo: egípcio-francês de origem judaica, italiana e grega. Quase uma ONU.

Eu te Amo, de 2002

Finalmente, a mais recente de todas: Eu te Amo é versão de Mauro Motta para uma original de Luis Ángel Márquez, Tu Me Quemas.

Tu Me Quemas está no disco de 1986 de Luis Ángel, o Amar a Muerte. É um dos grandes sucessos dele!

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