Wakabara

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Joanna + Gonzaguinha: que dupla!

No post sobre o disco que Elis Regina planejava fazer quando morreu, falei um pouco sobre como a cantora interpretava bem as músicas de Gonzaguinha.
(Aliás, aproveito para fazer um mea culpa: esqueci de dizer naquele post que Joanna interpretou Nos Bailes da Vida em 1981, no álbum Chama. Vou incluir lá.)

A gente sempre conecta Joanna à pausterização kitsch de Lincoln Olivetti (que eu curto), com Amanhã Talvez do Sullivan e Massadas <3, com Recado (Meu Namorado). Mas a verdade é que ela tinha uma relação forte com Gonzaga Jr e foi a primeira intérprete de sete músicas dele. Ela já contou em entrevista que ele chegava nela e dava a música, do tipo “um presente para você". Que tal? Responsa!

Antes de começar a lista, deixo claro: eu GOSTO de Amanhã Talvez. E AMO de Recado (Meu Namorado). Acha Joanna brega? Azar o seu. #JusticeforJoanna
Sinceramente acho que muito do preconceito com Joanna vem da lesbofobia de “ah, aquelas cantoras de MPB sapatões, pipipipopopó” – bom, MELHOREM.

Vamos à lista!

Gonzaguinha morreu em 1991 num acidente de carro

Agora, 1979, do disco Nascente

"É como se então de repente / Luz do sol novo dia / E dessa vez vou chorar toda minha alegria”
É uma música que parece de sofrência, mas muito pelo contrário, ela fala de ficar feliz, não se sabe por causa de um término de relacionamento ruim ou porque encontrou um amor sem sofrimento. Acho fino! Fez parte da trilha sonora da novela Olhai os Lírios do Campo.

Quarto de Hotel, 1980, do disco Estrela-Guia

DRAMA!
Não chega a ser uma Explode Coração, mas é babado, viu? "Não quero viver por aí / Prisioneira de um quarto de hotel / Com um telefone ao alcance da mão / Uma linha direta com a solidão” – quenda, é muita emoção. Bailinho de beira de estrada. Eu amo!

Uma Canção de Amor, 1981, do disco Chama

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Pelo pouco que entendo de Joanna, esse foi o disco que começou a deixá-la mais conhecida. É o que tem Nos Bailes da Vida. E a música de Gonzaguinha é a primeira dele que Joanna canta trazendo um contexto mais social, apesar do nome. "Uma canção de amor também é aquela que canta a luta da vida / A fibra, a força, a raça e o sangue / Que vem de João, Maria e José." Esse disco ainda precisa ser redescoberto.

Caminhos do Coração, 1983, de Brilho e Paixão

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Surpresa! A música que Elis pensava em gravar… Joanna gravou!
"É tão bonito quando a gente vai à vida / Nos caminhos onde bate bem mais forte o coração”
Gosto! E aceita que a versão da Elis ia ser bem parecida, viu?

Você me Ama?, 1984, do disco Joanna

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BEM de motel, adoro. “Você me ama? / Ela pergunta / O tempo inteiro ano após ano / Chora e reclama / Você me ama? / Geme baixinho / Olhos nos olhos, rosto em meu peito / Corpos na cama"
E ela canta “ela” mesmo, viu? Clássico LGBTQ+ da MPB – ARRASA.
A música é a primeira do disco de 1984, que tem Recado (Meu Namorado). Provando que ela só não cantou "minha namorada” porque não ia rimar e não ia caber na melodia.

Doce Prisão, 1985, do disco Joanna

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Outra meio de motel. "É sempre bom o mel da sedução / É sempre bom o toque da paixão / É sempre bom, faz bem pro coração” – chique. Clima de transa. Solteiros e sozinhos na quarentena, não ouçam, é gatilho. Kkkkkkkkkkkkkk!

A Voz, 1988, do disco Joanna

Acho que numa produção diferente essa música seria maravilhosa. E é meio hino bissexual? "Deslumbra / Apaixona e alucina / Dá um beijo no menino / Lambe a pele da menina” UI! Mas o sintetizador em excesso deixa a coisa meio mé. Podia ser (ainda) mais icônica!

A Voz foi a última música de Gonzaguinha que Joanna gravou – depois, ela lançou em compilações e discos ao vivo novas versões de algumas dessas músicas, mas não acrescentou coisas do cancioneiro dele.
Ela podia fazer um disco só com músicas de Gonzaguinha? Podia sim! Ei, Joanna, lança essa braba!

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