Wakabara

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Mystic Pop-Up Bar: a série mais perfeita do momento (para mim, pelo menos)

Ignora o trailer, ele não é bom.

Mystic Pop-Up Bar é um dorama que chegou na Netflix em maio e acabou de "terminar” (eles estavam subindo dois episódios por semana). Logo de cara ela é um choque porque em teoria eu não gosto muito de dorama. Será? Mystic Pop-Up Bar me conquistou assim que assisti ao primeiro episódio. Por quê? É isso que vou tentar explicar nesse post.

(Para quem não sabe: dorama é o nome que se dá para séries que podem ser japonesas, chinesas ou, voilà, coreanas, como é o caso dessa. Tem gente que prefere chamar de k-drama, e que só chama de dorama quando é série japonesa porque o nome vem da pronúncia japonesa para "drama" em inglês. O dorama é geralmente enxuto, com um pouco mais de dez episódios, passa uma ou duas vezes por semana e tem uma estrutura que fica entre a da série norte-americana e da novela brasileira, com mais de uma trama correndo paralelamente mas não necessariamente inúmeras, tal qual o folhetim daqui.)

Os personagens principais: Guibanjang (Choi Won-Young), Wol-Ju (Hwang Jung-Eum) e Han Kang-bae (Yook Sung-jae)

Misture tudo

Mystic Pop-Up Bar é como uma música de k-pop que passa por vários estilos e melodias e faz disso uma característica carismática. Tem drama histórico, romance meio adolescente, comédia pastelão, espiritismo, ação (com luta e tudo). Como pode?

Dei play da primeira vez porque não li a sinopse e achei que ia ser algo meio Midnight Diner, uma série japonesa que eu amo, mas eu não poderia estar mais errado nesse primeiro julgamento. É como se O Rei e Eu, A Viagem, Trapalhões e Matrix tivessem um filho com argumento escrito por John Green e Carlos Lombardi, mas Lombardi foi proibido de tirar a camisa dos protagonistas.

E o resultado surpreendentemente não é ruim!

Uma sinopse muito especial (que não dá conta de tudo)

Vou tentar resumir mas é difícil, viu? Espero que dê certo.
Há 500 anos, uma jovem xamã, Wol-Ju, se mete num rolê e acaba se apaixonando por um príncipe. O romance é um tabu, alguém assassina a mãe dela para fazer com que ela se afaste e a coitada acaba se matando. SÓ QUE ela se enforca na Árvore Sagrada que protegia um povoado, causando assim a morte dessa árvore e consequentemente de 100.000 pessoas na guerra. Como punição pós-vida, ela recebe a missão de resolver as mágoas de 100.000 pessoas nos 500 anos seguintes – caso contrário, ela vai queimar no inferno do esquecimento.

Para atrair as pessoas com mágoas, ela tem um Mystic Pop-Up Bar, uma tenda de comida e bebida que aparece e desaparece magicamente, e um líquido que parece uma bebida alcoólica mas que faz a pessoa cair no sono, permitindo com que Wol-Ju entre no sonho dela (o que eles chamam de mundo onírico) e resolva as mágoas ali, no inconsciente.

Paralelamente, a gente conhece Han Kang-Bae, um jovem órfão de origens simples que tem um dom esquisito: todo mundo que o toca fica com ataque de sinceridade e diz na lata o que está incomodando. Quando os caminhos de Wol-Ju e Kang-Bae se cruzam, ela está quase terminando sua meta de 100.000 e percebe que esse dom do rapaz pode ajudá-la a descobrir (e resolver) mágoas mais rapidamente.

Você achou a sinopse muito longa? Pois isso é apenas o começo, acredite. Deixei muita coisa de fora. POIS É.

Parece um astro de k-pop mas é o Kang-Bae num raro momento em que ele não está PASMANDO (sério, ele parece uma criança de 10 anos)

Um bom recheio

Não sei que fórmula estranha é essa, mas 12 capítulos de mais de uma hora cada surpreendentemente parecem não ter a famosa barriga – aquela enrolaçãozinha básica. Talvez por causa dessa mistura de gêneros e uma história que é bem complicadinha, cheia de detalhes, Mystic Pop-Up Bar não entedia. Faça as contas: mais ou menos uma mágoa por episódio para Wol-Ju resolver, a própria história de Wol-Ju, detalhes sobre o funcionamento do além-vida, o mistério sobre o dom de Kang-Bae e a vida amorosa dele, o passado do gerente do bar Guibanjang (ele era detetive da polícia do pós-vida), a incrível e absurda chefona Yeomradaewang (Hye-ran Yeom), a atrapalhada dona dos sonhos de gravidez Samshin (Oh Yeong-Sil), o compreensivo e companheiro chefe de departamento da Morte Yeom (Joon-hyuk Lee)… O elenco parece enxuto mas na verdade é marcante, e por isso você não se perde.

OLHA ESSA DEMÔNIA! A chiquérrima Yeomradaewang na frente de Wol-Ju

#Magoei

As mágoas que Wol-Ju precisa resolver não são #whitepeopleproblem (mesmo porque coreanos são amarelos). Amoooor, a coisa é séria: envolve morte, filho perdido, amor impossível, traição... Eles não brincam em serviço. Não é tipo briga de namoradinho nem "tô cansado do meu trabalho". Drama de verdade, sabe? Alguns são de chorar, mesmo.

Caricatices

Se por um lado os dramas são pesados, por outro, as interpretações tem uma escala de tons bem grande: vão do sério tenso ao escrachado. A própria Hwang Jung-Eum, que faz a Wol-Ju, é maravilhosa, de cair o queixo. Ela consegue ser tão palhaça quanto a Chiquinha do Chaves em um momento e séria como Sally Field no próximo. Não dá nem para conceber. No começo achei que isso ia me incomodar, mas é só embarcar: a série é uma fantasia doida e ela está apenas comandando a zona.

Fiquei na dúvida para saber se Jung-Eum é a nova rainha do camp ou se esse tipo de interpretação é normal no dorama coreano. A VER.

Wol-Ju: uma maluca no pedaço

Tour de force do figurino

Quem é esse figurinista? Se alguém descobrir, me avisa porque isso é simplesmente chocante. Ele conseguiu arrasar o tempo todo. No contemporâneo, no histórico e principalmente nas releituras de hanbok usados por Wol-Ju (vide foto acima). Hanbok, para quem não sabe, é o look tradicional coreano e segue sendo usado até hoje em ocasiões semiformais e formais, assim como o quimono no Japão. Uma característica que só de bater o olho você já percebe é que o hanbok recorta a silhueta logo abaixo do busto e abre em evasê. Para Wol-Ju, isso aparece muitas vezes em forma de tops transpassados mais curtos, fora os hanbok estilizados. Mas Wol-Ju também usa outras coisas: blazer amplo, por exemplo, é uma peça-chave dela.

Mas para mim nenhum figurino bate os do príncipe herdeiro (Geon-Hee Song). Guarda-roupa dos sonhos. E que boy bonito!

Um príncipe bem vestido

Reviravoltas

Uma sequência básica de plot twists sempre foi um dos segredos do formato de folhetim. Só que como a história aqui é muito maluca, você até desconfia de onde o tiro vai vir mas nunca tem certeza.

Agora segue um prêmio para quem chegar no fim da série e gostar: você vai me agradecer por esse vídeo que estou colocando aqui.
A música é Tears e a cantora (é ela mesma quem aparece, como você pode desconfiar) é a So Chan-whee. O hit fez sucesso há 20 anos, em 2000. Se você assistir ao dorama vai entender tudo.

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