Você teria um minuto para ouvir a palavra de Carly Rae Jepsen?

Se você parou em Call me Maybe você não sabe o que está perdendo.

A cantora que apareceu na quinta edição do Canadian Idol em 2007 e estourou cinco anos depois com esse hit prometia ser isso mesmo: aquela velha história do one hit wonder. Só que algo aconteceu. A minha teoria é que Carly Rae Jepsen ouviu Body Talk da Robyn e pensou “puxa, se uma sueca pode eu que sou canadense também posso”.
E a minha teoria provavelmente está certa porque existe um artigo do Pitchfork que fala sobre isso:

One of Robyn’s acolytes this decade, Carly Rae Jepsen, says the singer is among her favorite pop artists ever. “She has created such a unique sound that is so specifically Robyn,” Jepsen explains over the phone. “It’s this little world that she has tapped into, and no one else can really do it. It’s a fantastical place, and empowering, and it makes you feel like tonight is the only night that ever was or ever will be.”
— Trecho de artigo do Pitchfork

O artigo segue falando sobre como Carly ouviu Dancing on my Own e a partir disso criou uma bíblia do pop contemporâneo para iniciados, Emotion, em 2015.

Emotion é tão pop perfection que gerou um outro álbum de 8 faixas, quase tão bom quanto, só com sobras!

Aí em 2017 ela ainda lança Cut to the Feeling, que é mais um pop mara! Fez o circuito dos festivais e tudo e tal - nesse momento ela tinha virado de promessa do pop para algo diferente, que surpreendentemente não faz tanto sucesso assim mas que o povo alternativo (que eu adoro chamar de ALTERNAS, foi o meu amigo Gabriel Brito que me ensinou rsrsrsrs) virou fã.

“Quero cortar pro sentimento, more!” - Fonte da foto: The Ringer

“Quero cortar pro sentimento, more!” - Fonte da foto: The Ringer

Aí a gente começa a pensar: bem, agora chega, né, já deu a fase áurea da Carly Rae, o próximo álbum provavelmente vai ser uma bomba ácida.
Mas as primeiras músicas vieram e foram meio que boas. E agora ela lançou o tal sucessor de Emotion, chamado Dedicated.

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Novo testamento?

Amei a calça, Carly!

Se Emotion combina um ar retrô de leve com um pop mais contemporâneo, achei que Dedicated é ainda mais vintage: tem momentos meio Madonna dos anos 1980-90, toquezinhos de Olivia Newton-John, aquele clima de música que estaria num momento incrível do seu filme preferido de John Hughes. (Não sabe quem é John Hughes? Então vai fazer a sua lição de casa no Google!)

Isso é uma impressão baseada nas primeiras audições. É bom para ouvir indo para o trabalho, para dar um up? Sim, sem dúvida! Dá vontade de dar uma dançada, de cantar junto. É Bíblia que nem o Emotion? Acho que não mas pode ser que cresça em mais algumas ouvidas.

Anyway, ouça:

Obs.: aliás, falando em sequência de pop perfection, e o novo da Marina, hein? Que bobagem, passa em branco fácil. Triste porque Froot é uma das coisas mais deliciosas que esse milênio já nos deu. Enfim.

Obs. 2: para quem nasceu ontem, existiu no Brasil em 2001 um álbum de uma cantora pop que estourou, um estouro enorme tal qual Call me Maybe, e que também agradou os alternas. Um caso único da princesa do funk: Kelly Key. O disco homônimo de estreia, de Baba, Só Quero Ficar, Escondido e outros mimos, é uma pérola. Confesso que de ano em ano, pelo menos, ouço uma vez ou outra para relembrar. Kelly: seguimos esperando o seu Emotion. Analista é hit a ser redescoberto, Barbie Girl not so much, mas estamos longe do seu novo tesouro. Cadê, bebê?