London, London: para quem vai pela primeira vez

Sim, caro leitor: vou para Londres mais uma vez daqui a menos de um mês.

O incauto deve pensar: pôxa, tanto lugar para ir no mundo, por que o Jorge vai tanto para Londres?
Primeiro porque é melhor que Paris (brincadeira; mas é verdade).
Mas o motivo acho que vem da minha educação, acredita?

Papai sempre fez questão de investir muito na minha educação e na das minhas irmãs - tanto que fiz duas faculdades particulares. E desde pequeno ele me matriculou na Cultura Inglesa: a gente precisava estudar inglês, isso seria um diferencial no mercado de trabalho. Ele nunca tirou isso da cabeça. Realmente foi e é um diferencial, meu inglês é bem bom por causa de todos esses anos em que fiz aula duas vezes por semana na Cultura - que os iniciados chamavam de Tortura Chinesa. No fundo era legal, só era chato ter que ir em mais uma escola além da escola normal, né? E um lado da Cultura Inglesa que é bacana está no nome: lá você não só aprende a língua, mas todo o material didático está cheio de referências ao Reino Unido, de cool britannia a swinging London passando por lugares turísticos, English breakfast e obviamente o sotaque. O inglês que você aprende na Cultura é o britânico, e tive professores nativos da Inglaterra.
Resultado: virei uma criança e um adolescente fissurado em tudo que era inglês. Tava nem aí para NY, EUA e Disney: queria saber de Beatles, de Rolling Stones, de Oasis, de Blur e de Spice Girls. Queria saber da Ministry of Sound, de Prodigy e Chemical Brothers, do David Bowie, do George Michael (“será que ele é gay, mesmo?!”), da The Face (até hoje a minha revista preferida é uma revista inglesa, a Mojo), da família real britânica especialmente Lady Di, de Trainspotting. Nos anos 1990 o moderno estava em Londres, quem era moderno queria estar em Londres - durou até os anos 2000, quando Madonna casou com Guy Ritchie e aí estragou o rolê. Risos! Tô brincando, não me matem, queridos fãs de Madge.
E por isso acabei fazendo um pequeno intercâmbio de um mês para Londres com a minha amiga Massami Akutsu em 1997, nós dois com 16 aninhos, no fervo dos hormônios, querendo descobrir tudo. Tudo o que você está imaginando que a gente pode ter feito: sim, fizemos. Inclusive ir na Ministry of Sound e de fato conseguir entrar nela (usei uma carteirinha de albergue de uma carioca maior de idade que se chamava Daniela!). Foi em Londres que beijei um homem pela primeira vez - e ele era londrino.

Lady Diana Spencer morreu em Paris mais ou menos um mês depois da gente voltar desse intercâmbio. Em 1998, Geri Halliwell anunciava sua saída das Spice. E entre 1999 e 2000, eu trabalhei na assessoria de imprensa do canal Multishow e assisti pela primeira vez Absolutely Fabulous, a série inglesa mais perfeita da história das séries inglesas (com The Office quase lá).

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Ícone

Sou meio fissurado na história dela até hoje. E você?

Essa introdução que virou um textão é para dizer que Londres sempre rondou e provavelmente sempre vai rondar a minha vida - e a coisa ficou ainda mais exagerada quando criei um monstro levando o meu marido para lá e apresentando a cidade para ele. Foi paixão avassaladora à primeira vista - depois disso ele vai para lá sempre, ainda mais vezes do que eu! É por isso que esse post, com dicas para quem vai para a cidade pela primeira vez, tem a assessoria dele - thank you, baby! ;)
Sem mais delongas: vamos a elas?

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Pegar busão é bom

Se você tem mais tempo, o ônibus é muito mais legal do que o metrô. Ele é mais barato, vai demorar mais porém você vai observando a cidade, e tem todo o charme dos dois andares.

Menção honrosa à nossa amiga Yéssica Klein que nos apresentou a linha 23, que vai para quase todos os lugares que você precisa ir ou pelo menos bem perto desses lugares!

E só pegue o black cab, os famosos táxis pretos londrinos, se você for milionário.

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Zona 2 at least

Londres é dividida em zonas: no centro fica a 1, ao redor do centro fica a 2, e assim por diante. Na minha humilde opinião, a zona 3 já fica bem longe das principais atrações turísticas e você vai demorar mais e pagar mais caro no transporte público.

Existem bairros especialmente estratégicos e com bastante opções de acomodação: Earl’s Court e Paddington são os que a gente usa bastante, com preferência pro primeiro porque ele tem boas linhas de metrô (a Piccadilly Line, por exemplo, vai direto pro meio do fervo: Piccadilly Circus, Leicester Square, Covent Garden; e é por ela que você consegue ir para a King’s Cross St Pancras para pegar trem!). Dá para ir em várias lugares em uma caminhada. E os hotéis são bem legais na questão custo x benefício!

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O seu melhor amigo

Pret a Manger é um dos lugares mais legais para tomar café e comer alguma coisinha no meio do seu roteiro: o custo x benefício é bom (Londres é uma cidade cara mesmo, então essa dica é preciosa), as coisas são bem gostosas.

A culinária inglesa não é exatamente deliciosa. Até que curto (pois excêntrico) mas com moderação e só fish & chips (peixe empanado com batata frita), algumas tortas (mas apenas algumas mesmo, a chance de ser sem graça ou ter um gosto bem exótico é grande) e pronto.

Então nossa dica para Londres para comer barato é supermercado - lá eles têm várias coisinhas já prontas e inofensivas, tipo salada, pão recheado, macarrão etc. E também vale dar uma olhada nos restaurantes de estrangeiros: chinês, árabe, italiano, vietnamita… Provavelmente vai ser mais barato e mais gostoso.

Ah, e tem redes de restaurante que a gente adora: Eat, Wagamama (que é um pouco mais caro mas muito gostoso), Wasabi e o Itsu. Outro segredo: geralmente no Itsu as coisas que sobram ficam 50% mais baratas um pouco antes do restaurante fechar, tipo meia hora antes. Ah, e sabia que às vezes isso também acontece nos mercadinhos da Liberdade em São Paulo?

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Ainda existe um indie dentro de mim

Então a gente continua frequentando a Rough Trade!

Uma das lojas de música mais incríveis do mundo, a Rough Trade é parada obrigatória. Você só ouve Spotify? Tudo bem: também é um bom lugar para você descobrir sons que não conhecia e depois buscá-los no seu aplicativo. Como tenho vitrola, às vezes acabo saindo com um disquinho (ou dois, ou quatro…). Mas confesso que o que amo mesmo é a seleção de livros deles - sempre tem algo que me interessa. Aliás, fica a dica também para a seção de livros da Harrods - sim, é carérrima; sim, você provavelmente não vai levar nenhuma roupa; mas sim, talvez você leve um livro!

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Mais compras?

Não esquece de passar na Tiger!

Existem todas as lojas manjadas para quem viaja para o exterior - as minhas preferidas são Uniqlo e Urban Outfitters, o Pedro não resiste à Primark, sempre passamos na H&M. Às vezes a Pull & Bear está bem legal, e eu tenho ficado muito na onda da Benetton depois que o Jean-Charles de Castelbajac assumiu a direção criativa. Eu a-do-ro a Fiorucci, então sempre dou uma passadinha; e a Liberty, que simpatizo, mas obviamente nunca compro nada por motivos de conta bancária saudável. Da última vez que fomos, também curtimos a Goop, loja da Gwyneth Paltrow, principalmente na parte de beleza. Cara porém agradável. E o Pedro, como é muito fã da Vivienne Westwood, sempre quer ir em pelo menos uma loja dela - a de Chelsea, a World’s End, é tipo ponto turístico para o fashionista pois segue no mesmo endereço e imóvel que Vivienne abriu a sua mítica loja SEX com o então marido Malcolm McLaren e influenciou a estética do punk para sempre. Mas talvez a mais legal de todas seja a Flying Tiger, uma loja de miudezas de Copenhagen que traz um monte de coisa que a gente nunca soube que queria ter mas de repente é tudo na vida: um conjunto de copinhos rosa com um desenho fofo, uma máscara linda para usar no Carnaval, uma placa luminosa, um lápis todo brilhoso, cabo USB colorido. O Alexandre Herchcovitch já me disse que também ama! É tudo baratinho, então você acaba levando cerca de 500 itens, pagando um milhão de libras e se preocupando com o excesso de bagagem.
Pensando bem, talvez seja melhor você nem entrar nessa loja.

Ah, e tem outra loja, essa um pouquinho mais antiga…

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Uma loja mais velha que a sua avó

E a sua bisavó. Bom: é uma loja mais velha que a Revolução Industrial!!!

A Fortnum & Mason foi aberta em 1707 pelo mister Fortnum e mister Mason, e inicialmente vendia comida. Hoje ela é uma loja de departamento chique, mas segue no segmento alimentício: chocolates lindos, docinhos e, principalmente, chás. Ela ficou intimamente ligada à imagem da família real inglesa e tem entre os seus blends o Queen’s Blend Tea, criado em homenagem à rainha Elizabeth, a monarca com maior tempo de reinado em UK. Ui! Mesmo que você não vá comprar nada (mas duvido que você não saia com um pacotinho de chá para sua mãe), vale visitar. O preço não é barato, mas é pagável e você se sente adquirindo algo luxuoso.

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Não seja uma ostra

Vale a pena comprar o Oyster? Olha, eu acho que sim, pela praticidade. Mas fique atento às regras!

Tem uns pacotes para usar o cartão à vontade por um período e combinação de zonas, mas ele pode não ser válido para alguma área específica. A do aeroporto, por exemplo: quando você chegar em Heathrow, só coloque dinheiro no Oyster para ir até o hotel e ainda não compre pacote porque vai dar ruim, a região do aeroporto é a 6. O pacote é validado assim que você o compra - então é melhor comprá-lo quando você já estiver na zona do seu hotel!

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Vá ao museu, por favor

É de graça. É sério, vá.

Museu geralmente é carérrimo na Europa. Absurdo de caro. Esse é um dos motivos para amar Londres: acervos de museu incríveis e com entrada gratuita! Eles pedem contribuições espontâneas, e às vezes a gente até dá com gosto porque é muito legal. O meu parâmetro é não dar se eu vou para alguma exposição paga lá dentro; e geralmente acabo indo.

É difícil falar quais são meus museus preferidos na cidade: pode ser todos? Esse da foto é o Tate Modern, que amo. Tem o Victoria & Albert, o de História Natural, a National Gallery, o British Museum, o de Ciência… É tudo mara. Mesmo que você não goste tanto dos rolês de museu, acho que vale porque é de graça mesmo. E você devia gostar, quem sabe indo em um museu londrino você não acaba descobrindo que gosta?

E eu também queria falar das ROUBADAS. Tipo: já fui, não recomendo!

. Troca da guarda: é uma bobagem, mas todo mundo vai. Já fui mais de uma vez. Vale a pena? Não. Vou te julgar por você querer ir? Não mesmo. Você vai se arrepender? Vai sim. Tudo bem? Tudo bem. Mas se quiser pular, não fique com dor na consciência!

. Madame Tussauds: o museu de cera é feio, é caríssimo, é cafona. Não precisa, a menos que você queira dar risada e esteja, digamos, podendo ($$$).

. London Pass: olha, os museus são de graça. Se é a primeira vez que você vai para Londres, o acervo deles já vai ter muita coisa para ver. Talvez você queira ir para uma ou outra exposição paga, e mesmo assim a gente acha que não vale o preço de um London Pass. Faça o cálculo antes.

. Metrô no horário de pico: só vi coisa pior na linha vermelha em SP e no horário de pico em Tóquio. Faz uma horinha no Starbucks, vai por mim. Ou vá à pé, vai ser bem mais confortável por mais longe que seja.

. Região dos museus no sábado à tarde: evite. Aliás, sábado à tarde é hora boa para, sei lá, ir em um dos parques, ir para Camden Town, ir conhecer Hackney e Shoreditch - qualquer coisa que seja mais afastada dos grandes centros de compra ou de visita.

A rainha do kawaii - e a embaixadora

Esse post é intimamente ligado a outros dois: o sobre memória afetiva e o sobre o que é kawaii. Não leu? Então acho importante que você pare, abra os links, leia-os antes e aí sim volte para cá!

Segundo Kazuo Tomatsu, o relações públicas da Sanrio, contou para o livro Kawaii - Japan’s Culture of Cute, seis porta-moedas de vinil no mesmo formato foram produzidos pela empresa e lançados em março de 1975. Só que um deles, o que trazia uma estampa de uma gatinha criada por Yuko Yamaguchi, vendeu melhor. Era esse aí debaixo!

Eu disse hi, ela disse hello! Fonte da foto: o blog Magnolia Preparatory Academy

Eu disse hi, ela disse hello! Fonte da foto: o blog Magnolia Preparatory Academy

A Hello Kitty foi criada em 1974 (ou seja, se o Tomatsu estiver certo, demorou um tempão para a bolsinha ser produzida). Pra quem só tinha um lacinho, uma garrafa de leite e um peixe (e nenhuma boca), a Hello ganhou toda uma história: ela pesa o equivalente a três maçãs e sua altura é a de cinco maçãs empilhadas; seu nome real é Kitty White e ela vive em Londres; ela tem um gato de estimação (ué!) e seu namorado se chama Daniel. Ela é muito kawaii. Muito mesmo. Tem um parque de diversão só dela em Tóquio (que eu não fui) chamado Puroland. E teve uma exposição dela que passou por Seattle, onde vi de perto esse moedeiro da foto! Lembra que contei que fui nessa exposição no post sobre museus?

A fonte da foto acima, aliás, fala justamente dessa mesma exposição, que trazia obras de artistas inspiradas em Hello Kitty junto com memorabilia. Confira no Magnolia Preparatory Academy!

E também já comentei no post sobre memória afetiva que Alexandre Herchcovitch foi um que já se inspirou nela!

Outono-inverno 2004 - fonte da foto: FFW. Herchcovitch misturou Hello Kitty com outro símbolo pop: Carmen Miranda!

Essa gata também já virou tema de desfile de Samuel Cirnansck, já foi inspiração para Herchcovitch de novo (junto com a Ellus), já inspirou Fila e Puma, já virou vestido de Lady Gaga…

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Camp!

O vestido de GK Reid faz par com esse make nos olhos bem anime de Gaga; o clique é de Markus Klinko & Indrani

O look da Gaga lembra o trabalho que Jean-Charles de Castelbajac fazia (ele começou com casaco de ursinhos de pelúcia e já fez uma capa de Caco, dos Muppets, para a própria Gaga). E também aquelas poltronas dos irmãos Campana, lembra?

(Surpreendentemente, Castelbajac nunca fez uma coleção da Hello Kitty, que eu me lembre. E olha que sou fã, então acho que lembraria!)

Recentemente quem lançou uma coleção temática da Hello Kitty foi a Furla, marca italiana de bolsas.

Achei uma graça, e você?

Achei uma graça, e você?

E ainda teve Melissa, Santa Lolla… a lista é interminável, e olha que estamos apenas na parte de moda, né?

Fico tão instigado que cheguei a ir conhecer uma supercolecionadora de Hello Kitty em Osasco - olha o vídeo abaixo:

Resumindo: isso quer dizer que a Hello Kitty é a embaixadora do kawaii no mundo, certo?

Errado.

Aoki Misako, há 10 anos, atendia pelo título de embaixadora do kawaii e vinha dar uma passadinha no Brasil.

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Cuidado:

alto teor de glicose

Hoje em dia acho que o contrato dela com o governo japonês acabou (sim, ela era contratada pelo governo para representar a cultura kawaii pelo mundo), mas em 2009 eu e a Aurea Calcavecchia fomos encontrá-la na Liberdade para fazer uma entrevista para o site Lilian Pacce que você pode ler nesse link. A experiência foi bem exótica - Misako era difícil de ler (como as japonesas em geral), não sabíamos se ela estava curtindo ou não a experiência. Mas quando passou por uma loja de esquina (onde hoje fica o 89º Coffee Station) e viu o preço da panela elétrica, riu. Achou muito cara. E provavelmente nos tirou de trouxas.

Misako, como a entrevista do link demonstra, é uma sweet lolita. Se a Hello Kitty fosse uma lolita, provavelmente também seria uma sweet lolita. Essa glicose na veia está meio indigesta para você? Bem… então vou te mostrar um lado mais obscuro do kawaii… em um outro post, em breve!

Obs.: Recomendo o episódio da série da Netflix Brinquedos que Marcam Época sobre a Hello Kitty (é o último), e esse vídeo abaixo da NHK com a Yuko Yamaguchi em si!

We stan for vaporwave!

Sabe o que é vaporwave? Não? É uma estética bem virada dos anos 1980 para os 90, retrozinha, com bastante referência aos sistemas de computação antigo, neon, palmeiras paradisíacas, uma cartela de cor meio específica. Aquele velho paradigma do “futurismo vintage”! Uma que explorou o vaporwave à sua maneira foi Miley Cyrus no álbum Bangerz, de 2013.

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E como um bom segundo maior fã de Miley Cyrus (o primeiro é o meu marido), o anjinho de cristal Daniel Beoni se inspirou no vaporwave para fazer esse vídeo que ele acabou de soltar no Instagram dele, com imagens de backstage e desfile da Mipinta no SPFW N47.

Eu gostei, você gostou? Quer contratar o Daniel de frila? Fala comigo, eu sou o agente dele.

BRINCADEIRA, fala com ele mesmo no Insta dele: @danielbeoni. <3

A gente devia relembrar Clodovil Hernandes - e outros grandes nomes da moda brasileira

Existem dois estilistas que viraram mitos no Brasil:

Clodovil Hernandes e Dener Pamplona de Abreu!

Clodovil Hernandes e Dener Pamplona de Abreu!

Eles eram superpop, cada um à sua maneira: Dener com apelo mais cult e com um superlivro prometido e nunca cumprido pela extinta Cosac & Naify (mas existe uma autobiografia Dener, o Luxo da editora e também Bordado da Fama: uma Biografia de Dener, de Carlos Doria, da editora Senac); e Clodovil um personagem controverso, que acabou ficando muito mais famoso como apresentador e depois virou político, deputado federal eleito em 2006. Ambos nasceram em 1937, mas Dener morreu cedo, em 1978, e Clodovil perdurou. Até peça de teatro fez, sabia?

Li Tons de Clô faz um tempo - é uma biografia interessante mas falta bastante da sua moda para quem é fashionista. Tem quem diga que a moda de Clodovil era mais fraca, especialmente se comparada com Dener. Os dois tinham uma rixa, e nem sempre fica claro se era tudo teatro para chamar atenção da imprensa, se tinha um fundo de verdade - mas os dois gostavam de exercitar a língua ferina um com o outro.

O que eu acho? Que existe muito pouco material histórico para a gente chegar em conclusões sobre relevância, não só de Clodovil como também de outros grandes ícones, como Guilherme Guimarães. Só se sabe mais sobre Zuzu Angel graças aos esforços da família - a filha Hildegard Angel fundou o Instituto Zuzu Angel em 1993.

E é com grande alegria que fico olhando o Instagram @institutoclodovilhernandes, que resgata imagens do trabalho do estilista - e dele!

O Instituto Clodovil Hernandes foi criado em 2010. É muito bacana ver esse tipo de resgate da moda brasileira. Que venham mais dessas iniciativas!

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CH e modelos em sua Loja da Oscar Freire!

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Não entendi algumas coisas na nova campanha da Calvin Klein

Fala a verdade, então…

Antes a Calvin Klein (na época do próprio Calvin Klein) delirava com belezas padrão - o caso Brooke Shields novinha e sexy sendo o mais antigo. Aí surfou na onda da Kate Moss (quem viu a campanha dela com o Marky Mark na época nunca esquece). Teve o Djimon Hounson, que eu me lembre, para incluir uma certa diversidade, e depois outras, tipo Zoe Saldana, mas sempre corpos esculturais e/ou magérrimos.
Aí teve a campanha #mycalvins, tentando trazer um mundo mais real com um time de, hum, celebridades.

E agora eles dizem que falam a verdade deles com um monte de gente sensualizando (inclusive Billie Eilish, a trevosinha do bem - que eu até gosto mas reconheço que força uma enorme barra) e aí uma gorda ali, um diferentão acolá entre Shawn Mendes e… Troye Sivan?

A verdade da Calvin Klein ainda é bem plastificada… Dá-lhe filtro e facetune! Momentinho #prontofalei, sorry!