50 anos da moda de Zandra Rhodes

Se você não conhece a Zandra Rhodes, eu nem sei se algum dia você já foi feliz.

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Muito close

Florence Welch mataria por um desses

Rhodes nasceu em 1940 na Inglaterra. Entre 1966 e 1969, em plena Swinging London, ela abriu a loja Fulham Road Clothes Shop com uma amiga - ela cuidava das estampas e Sylvia Ayton desenhava as roupas. A partir de 1969, com a sociedade desfeita, Rhodes foi brilhar sozinha. Suas roupas dramáticas e coloridas formam um universo todo particular, uma ponte entre o hippie e o punk que não é uma coisa nem outra e sim algo único. Fico alucinado hoje só de ver foto - imagina naquela época?

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Looks de 1977

A coleção, uma de suas mais clássicas até hoje, se chamava Conceptual Chic

A Conceptual Chic brincava de punk de boutique com alfinetes de segurança, correntes e furos tipo rasgos. Rhodes foi ao baile do Met em 2013 cujo tema era punk com um look vintage dessa coleção - ela conta a história no Huffington Post.

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Sim, é isso mesmo

Esse é Freddie Mercury usando Zandra Rhodes em 1974

Zandra nem sabia quem era o Queen nessa época - A Night in the Opera, que tem Bohemian Rhapsody, só sairia no ano seguinte. Ela contou a história em entrevista para a Another Magazine - Freddie foi o segundo homem que ela vestiu na vida. O primeiro foi Marc Bolan.

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Olha ele aí

Bolan no mesmo ano de 1974, usando Zandra Rhodes

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Bianca Jagger

Na Cosmopolitan de 1974. Entendi que esse vestido é da Shell Collection, de 1972/73

Dizem que a Shell Collection saiu inteira de uma cestinha coberta de conchas que Rhodes encontrou em um brechó em NY.

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1969

Um clique de David Bailey para a Vogue UK da primeira coleção solo de Rhodes

Olha o look de novo na própria Zandra Rhodes, arrumando uma modelo toda trabalhada no metalizado (acho que de 1981, a coleção Renaissance/Gold)! As peças da coleção knitted circle (de onde vem o casaco amarelo) eram circulares, o que fazia toda a di…

Olha o look de novo na própria Zandra Rhodes, arrumando uma modelo toda trabalhada no metalizado (acho que de 1981, a coleção Renaissance/Gold)! As peças da coleção knitted circle (de onde vem o casaco amarelo) eram circulares, o que fazia toda a diferença no look

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1975

Mais um clique de Bailey para a Vogue UK, 6 anos depois

Esse vídeo acima traz Zandra sendo entrevistada, além de looks de Ossie Clark, outro gênio que também bombava na época. Clark, aliás, foi um dos primeiros estilistões internacionais que Regina Guerreiro entrevistaria na sua carreira. Ela diz que quando o Clodovil leu a matéria, disse: “Olha como a Regina é boa, dá para ver que ele é doidão lendo a entrevista!” HAHAHAHAHA!!!

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Natalie Wood

Em 1970 com um look bem típico de Rhodes, ainda com a ideia circular da sua primeira coleção solo

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Dinosaur Coat, 1971

Enfeitado com os "botões” de flor. São estampas que parecem flores com botões no meio que Rhodes costurava na roupa tipo um enfeite!

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Detalhe de uma manga

Da coleção Elizabethan Slashed Silk: ela misturou modelagens dos nativo-americanos do século 16 com sedas rasgadas do mesmo período na Inglaterra, a era elizabetana. Look de 1971

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Mais do povo nativo da América do Norte

Esse look é bem típico de Rhodes, um clássico: estampas de penas da coleção Indian Feathers, de 1970

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A segunda coleção solo

Chevron Shawl, de 1970, é inspirada na estampa chevron dos xales vitorianos que ela viu no Victoria & Albert Museum

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Lady Di em 1989

O look é de 1985 e é coberto de estrelas egípcias. Princesa Diana usou-o no consulado britânico de Dubai

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High Gothic!

O lenço de Rhodes na capa da Queen em 1969

A própria Zandra Rhodes

A própria Zandra Rhodes

Entre 27/09 e janeiro do ano que vem, os 50 anos da marca própria de Zandra Rhodes são comemorados com uma exposição no Fashion and Textile Museum em Londres. Vai se chamar Zandra Rhodes: 50 Years of Fabulous. Eu vou - não sou nem doido de perder! <3
Ai, ai. Saudades do que eu nem vivi. kkkkkkkkk

O mundo ficou (ou sempre foi?) pequeno demais para nós todos: China, mercado de luxo, Tarantino etc. e tal

Um artigo do Business of Fashion me chamou muito a atenção essa semana. É esse aqui sobre a atual relação de marcas de luxo em relação à China, infelizmente fechado para assinantes (mas quem tem amigos tem tudo, obrigado Manoella Cheli, kkkk). Versace, Coach e Givenchy atingiram - involuntariamente, alegam - o orgulho chinês ao fazerem peças de roupa nas quais apontam Hong Kong e Macau como países independentes, ou Taipei como uma cidade do país Taiwan, ou tudo isso junto.

Camiseta da discórdia da Coach

Camiseta da discórdia da Coach

Outras marcas, como a Chanel e a Calvin Klein, também apresentam os países como sendo independentes nas listas que aparecem nos seus sites.
O problema: essas são regiões administrativas chinesas, apesar de existirem movimentos separatistas. E o nacionalismo chinês está bombando. Resultado: boicote e quebra de contrato de celebridades chinesas como a modelo Liu Wen, que era embaixadora da Coach, ou a atriz e cantora Yang Mi, que era embaixadora da Versace, e ainda Lay Zhang, estrela do k-pop que nasceu na China, até agora ligado à Calvin Klein mas ameaçando sair.
O problema maior é que a China é um mercado superimportante para a moda, especialmente no mercado de luxo. As marcas, que estão adicionando comitês de diversidade e cargos como diretor de diversidade (?!) nas suas fileiras por causa de constantes casos de falta de sensibilidade racial e afins (para ficar num termo bem suave), parece que mesmo assim não conseguem entender questões além das suas fronteiras. Em momento de polarização política fervilhante, será que multinacionais que querem abraçar o mundo todo possuem braços curtos demais para isso?
E será que isso vai trazer valorização do que é produzido localmente, mesmo no caso do mercado de luxo? O mercado de luxo da moda, atualmente, precisa se equilibrar entre tradição, inovação e excelência de qualidade no produto e serviço. Existem marcas tradicionais chinesas capazes de virar essa chave?

Muitas, muitas perguntas. Mas a questão que mais me toca é a visão ocidental a respeito do asiático - Dolce & Gabbana inclusos, claro.

A propaganda superinfeliz e racista da Dolce &amp; Gabbana de 2018 - saiba mais no link

A propaganda superinfeliz e racista da Dolce & Gabbana de 2018 - saiba mais no link

E isso nos leva ao Era uma vez em… Hollywood, filme de Quentin Tarantino recém-lançado por aqui.
Não vou entrar muito no mérito se o filme é bom ou ruim - tem bastante gente elogiando e eu achei uma bobagem, tenho achado que os filmes do Tarantino no geral envelhecem mal nesses tempos, obras feitas para homem branco hétero pretensamente sensível e sinceramente estou sem paciência para homem branco hétero pretensamente sensível. Portanto não vou falar da falta de necessidade do foco na bunda da atriz Margaret Qualley quando ela está conversando com Cliff Booth (Brad Pitt) debruçada no carro e outras objetificações da mulher (incluir uma cena de Pitt sem camisa não tira esse forte sabor de heteronormatividade masculina tosca da filmografia do cineasta). E se você quiser assistir algo sobre nostalgia e envelhecer, sinceramente acho que Dor e Glória é muito mais interessante, instigante, impactante, diverso.

Pussycat (Margaret Qualley) e Cliff Booth (Brad Pitt) - o "nome” dela também gera uma das piadas mais infames do longa

Pussycat (Margaret Qualley) e Cliff Booth (Brad Pitt) - o "nome” dela também gera uma das piadas mais infames do longa

Mas na verdade o meu ponto está na visão de Tarantino sobre Bruce Lee.
Lembrando que esse é o mesmo Tarantino que homenageou Bruce Lee em Kill Bill, então eu penso, uai?

Montagem que tirei daqui: de um lado Uma Thurman em Kill Bill (2003), do outro Bruce Lee em Jogo da Morte (1978)

Montagem que tirei daqui: de um lado Uma Thurman em Kill Bill (2003), do outro Bruce Lee em Jogo da Morte (1978)

Existiam teorias antes do lançamento do longa. Dizem que na vida real Roman Polanski, que obviamente ficou desesperado depois da tragédia envolvendo a mulher Sharon Tate (o assassinato dela grávida pelas mãos da família Manson), desconfiou de Bruce Lee como o assassino (!!!). Lee conhecia Tate e inclusive a treinou para um filme - isso aparece rapidamente no roteiro de Tarantino. O ator comentou com Polanski em um certo momento que tinha perdido os óculos - e foram encontrados óculos na casa de Polanski e Tate, que a polícia achou num certo momento que poderiam ser uma evidência.
Quem assistiu o filme ou ouviu falar das declarações da filha de Bruce, Shannon Lee, sabe que não foi bem assim que o "personagem” Bruce Lee apareceu.

Mike Moh no papel de Bruce Lee no filme de Tarantino

Mike Moh no papel de Bruce Lee no filme de Tarantino

A princípio Shannon reclamou porque Tarantino teria mostrado seu pai como uma caricatura arrogante. O que se diz é que Bruce era bem autoconfiante mesmo. Daí para arrogante, acho que depende de quem você está falando.
MAS
Existem vários relatos envolvendo mulheres autoconfiantes (como a jogadora Megan Rapinoe), ou negros autoconfiantes (como o influenciador Spartakus Santiago), ou mulheres negras autoconfiantes (como a atriz Taís Araújo) apontando-os como arrogantes.
Em todos esses, a militância defende que isso é preconceito.

Sim, isso quer dizer que achei o retrato que Tarantino fez de Bruce Lee extremamente racista.
Além disso, não acho que Tarantino só o mostrou como arrogante, mas o ridicularizou em sua insegurança de macho branco cretino. A cena é idiota. Se fosse um ator negro historicamente importante como Lee nessa cena, as pessoas estariam caindo de pau em cima do Tarantino.

Bruce nasceu na Califórnia e cresceu em Hong Kong. Foi uma estrela asiática que conseguiu destaque numa Hollywood branca e racista. Morreu tragicamente cedo.

Bruce Lee em cena em Operação Dragão (1973)

Bruce Lee em cena em Operação Dragão (1973)

A cena é importante para o desenvolvimento do roteiro? Até é: mostra que Cliff é bom de briga, traz uma informação importante sobre o passado de Cliff à tona. Precisava ridicularizar um ator asiático historicamente importantíssimo?
Não.
Tarantino, falta muito para você chegar no século 21?

Tarantino respondeu as acusações de Shannon se defendendo. Shannon não teve dúvidas: mandou-o se desculpar ou CALAR A BOCA.
Assino embaixo.

O ocidente ainda não entende o oriente em pleno 2019. É mais fácil ridicularizar e deixar na caixinha do "exótico engraçadinho”.
E a polarização aumenta…

Enquanto isso, para quem não sabe: os autores de Mate-me Por Favor estão fazendo um livro sobre os crimes de Charles Manson há uns QUINHENTOS ANOS mas parece que agora vai sair. Confira entrevista reveladora com eles na Rolling Stone.

Há 50 anos e alguns dias, acontecia o assassinato de Sharon Tate e seus amigos.
O culto de Manson era racista (especialmente com negros), coisa que não é explicitada em Era uma vez em… Hollywood. Charles Manson tatuou uma suástica na testa depois de preso.

Não lavou e tá novo

Você já ouviu falar do desafio da Lilian Pacce #1lookporumasemana?
É assim: você usa pelo menos duas ou mais peças de roupas por cinco dias seguidos, sem lavar. Dá para usar a criatividade para variar - coisas do tipo usar a saia como um top, colocar um vestido curto por dentro da calça como se fosse blusa.

A gente chama de desafio porque obviamente é desafiador mas eu sei como é pouco prático fazer no dia-a-dia para quem pega ônibus, sua debaixo do sol etc etc.
Só que ao mesmo tempo é muito doido fazer. Primeiro porque você percebe que talvez esteja lavando demais sua roupa, e às vezes não precisa lavar só por ter usado uma vez. Além de gastar água, energia e sabão, isso também gasta a própria roupa.

(Muita gente defende que essa coisa de lavar roupa após apenas um dia de uso é uma coisa que colocaram na sua cabeça. Para ser mais específico: a Unilever e outras fabricantes de sabão de lavar roupa bombardearam essa informação em suas campanhas publicitárias. Elas ligam isso à higiene, hábitos saudáveis etc. e tal. Para o brasileiro, que já tem essa cultura de se lavar bastante, cai como uma luva, e no verão reconheço que a coisa aqui fede - literalmente rsrsrs! Mas e nas temperaturas mais amenas? Será que a gente precisa lavar tanto a roupa assim?)

Voltando ao desafio: você também acaba fuçando mais o seu armário a procura de mais alguma coisa que combine com aquelas peças. Precisa exercer sua criatividade. É interessante as coisas que você descobre.
Mas principalmente, lá pelo quarto ou quinto dia, começa um questionamento em um grau um pouco mais filosófico. Afinal, qual é o seu estilo? Qual é o limite dele? Você usaria esse look caso não estivesse no desafio, repetindo essas peças? Por que não? O que te impediu de ser tão criativo antes? Por que você não exerce mais sua criatividade no dia a dia, não só no look mas em tudo? E por aí vai.

Já existiu uma campanha relacionada à lavagem exagerada da roupa que veio da AEG: o Care Label Project. A ideia é lavar menos, com água fria, com o foco da roupa durar mais e um subtexto de consciência ecológica. Eles defendem que muitas marcas nem têm estrutura para fazer testes de lavanderia com as roupas que produzem (e outras provavelmente não fazem porque isso custa dinheiro), então elas acabam já colocando "somente lavagem a seco” na etiqueta - isso traz um exagero no uso da lavagem a seco. Que tal se todo mundo soubesse mais sobre a duração do tecido, especialmente quem faz roupa, para assim o consumidor ser informado sobre o que está comprando direitinho? Para quem está preocupado com um consumo mais sustentável, os cuidados após a compra, em suma, são tão importantes quanto os cuidados relacionados a comprar menos e com qualidade.

No cotidiano, fora do desafio #1lookporumasemana, a gente pode alternar o uso de dois looks - enquanto um é usado, o outro está arejando. Faz supersentido, principalmente para calças.

Só que na verdade falei tudo isso por causa de roupas e tecnologias que são criadas especialmente com esse propósito: lavar menos.
A start up Unbound Merino é uma delas.

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Camiseta da Unbound Merino

A promessa é não lavá-la por dias, e dias, e mais dias

O foco da Unbound é em roupas para viajar: são leves, feitas de lã de merino (daí que vem o segundo nome) e você não lava por SEMANAS. Isso mesmo, SEMANAS.

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Camiseta da Pangaia

Feita de algas marinhas (?!), a peça dessa marca que tem todo um viés sustentável leva um tratamento com óleo natural de hortelã para ficar mais "fresca” sem precisar de lavagens

A Pangaia promete uma economia de até 3.000 litros de água por toda a vida útil da camiseta pela quantidade menor de vezes que você lava. Uau, né? A pegada da Pangaia é menos pela praticidade e mais pela sustentabilidade. E o desafio: convencer o consumidor que ele não vai cheirar mal usando a mesma camiseta seguidamente.

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Vestido de merino da Wool&

#1lookpor100dias: a marca diz que você pode usá-lo por 100 dias. 100 dias seguidos!!! Sem lavar!!! Será que um dia de verão com busão conta?

A Wool& é a marca feminina da Wool & Prince, que também faz roupas para os rapazes que não precisam ser lavadas com frequência.

E por que a preferência por lã de merino dessas marcas? É um tecido praticamente tecnológico só que natural: esquenta quando está frio, mantém a temperatura quando está quente porque respira, é leve e não amassa, é resistente ao odor e ainda é uma delícia ao toque. Ou seja: perfeito!
Mas como é que é resistente ao odor? Simples: o suor evapora no lugar de ficar ali preso no tecido. Isso ajuda a não criar colônias de bactérias - é isso que cheira mal, e não necessariamente o suor.

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Camisa com a tecnologia HiDry

A brasileira HiDry tem parcerias com fabricantes de roupas. Os tecidos passam por um tratamento com nanotecnologia que repele líquidos - isso deixa as roupas mais limpas, inclusive de suor, por mais tempo segundo a empresa!

Essa camisa da foto é da marca Principessa com a HiDry, mas ela tem outras parcerias, como com a Mormaii.

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Camisa da Horvath que também repele líquidos

Conheci a start up no festival WeAr da Alexandra Farah mas não entendi se eles continuam existindo - acho que não! Que pena!

Agora imagina um tecido que fica mais “cheiroso" em contato com o suor?

Foto meramente ilustrativa de janeb13

Foto meramente ilustrativa de janeb13

Pois é: por enquanto é protótipo mas engenheiros da Universidade do Minho, em Portugal, encontraram um jeito do tecido liberar um aroma de citronela em contato com o suor. No processo é usada uma proteína encontrada no narizinho de porcos, então os veganos não vão poder usar. Existe um outro caminho que envolve lipossomas, não entendi de onde esses lipossomas viriam mas no meu parco conhecimento de biologia, a origem também precisa ser animal. A citronela é interessante porque, além de deixar a roupa cheirosa, ela é um repelente natural de insetos! Agora, será que o pessoal vai usar a roupa de academia mais de uma vez? Sinceramente acho esquisito, para dizer o mínimo…

Outra questão que fica é: se você é fashionista, como a gente resolve isso? Haja criatividade no styling, né?
E como é que eu vou posar todo dia com a mesma roupa para a foto do Instagram? Que tédio…
Hum…
Junte os pontos: já estamos na era da realidade virtual. E você consegue vestir um avatar de videogame como quiser, certo?
Sim.
Mas alguém já juntou esses pontos também. A empresa escandinava se chama Carlings.

Já está chocado?
Carlings existe fisicamente também: é uma loja que vende roupas de verdade. Mas quando ela abriu o seu e-commerce no ano passado, quis fazer uma coisinha diferente. O processo ainda não é exatamente automatizado tipo filtro: você sobe uma foto e um designer da Carlings te "veste”. E sim: custa dinheiro, claro. Tipo € 30.

E a roupa virtual já chegou no mercado de luxo, ou pelo menos no preço de luxo. Olha o precinho desse vestido:

E aí, você usaria uma camiseta por tipo um mês?
Você compraria uma roupa virtual por US$ 9.500?
Isso tudo vai pegar?

Sinceramente: acho que sim.

Os dois únicos momentos do Facebook dessa semana que me fizeram pensar: talvez valha a pena ter Facebook

Spoiler: mesmo assim não vale a pena, mas tudo bem.

Esse daqui na verdade quem me mostrou foi o meu marido. Trata-se da página Peppa Pig album covers.

Peppa Ocean

Peppa Ocean

Peppärk

Peppärk

Peppa Peigish

Peppa Peigish

Peppa Pig lançou um álbum recentemente. Sim, a porquinha Peppa Pig lançou um álbum de música. É esse aqui:

Eu sinceramente não achei a piada tão boa, mas parece que muitas gays acharam. As playlists das rádios do Spotify baseadas em artistas funcionam na base do algoritmo: elas juntam coisas que as pessoas que ouvem aquele artista gostam. Pela lógica, a playlist da rádio da Peppa seria bem infantil. Mas o que aconteceu foi isso:

Ai, ai, as gays.
Aí, como o primeiro álbum de Peppa Pig fez muito sucesso, e ele se chama My First Album, a página Peppa Pig album covers que eu citei acima faz piadas sobre o assunto:

Rainha do rap. Você prefere a Drakke Pig ou a Peppye West?

Na verdade já faz tempo que Peppa tem sido usada em memes. Tem uma cena em que ela mostra uma musiquinha no rádio e…

E o clássico:

O que levou a coisas do tipo:

via MEME

E o fervo sobre a Peppa é tão forte que existem roupas falsificadas que misturam sua imagem a marcas conhecidas. Objeto de desejo SIM:

Quem diria que um desenho que todo mundo achava bizarro porque parecia um pinto ia virar uma coisa, er, fashion?

A segunda coisa que eu vi no Facebook esses dias é isso:

É o Tchangeman!

Beijos!

Fluvia Lacerda, o Brasil não te merece

Ela é brasileira e reconhecidamente uma das mais famosas modelos do segmento plus size do mundo. No entanto, parece que o Brasil não se importa tanto com isso. Fluvia Lacerda só foi desfilar no SPFW em 2017, diga-se de passagem num desfile muito legal de moda praia do Ronaldo Fraga.

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Que porra é essa que nem com a obrigação de ter mais diversidade a moda brasileira toma vergonha?

As coisas parecem - digo parecem porque apenas parecem, não há certezas - estar mudando: a campanha nova da Arezzo de verão 2020 traz Fluvia e mais outras mulheres (todas as outras magras) clicadas por Nicole Heiniger em Alagoas. Não vou bater palma para a marca porque ela não faz mais que a obrigação, né?

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Agora esperamos ansiosamente que outras marcas convidem Fluvia para jobs.
É simplesmente bizarro que ela não esteja em vários desfiles, em vários editoriais, em várias capas.

A moda brasileira foi forçada a ficar mais diversa no que diz respeito à raça e melhorou, mas ainda não alcançou a diversidade ideal nem nesse quesito. Já em diversidade de corpos, de idades, de personalidades… Vai longe, viu? Muito longe. E sinceramente estou com bastante preguiça de continuar esperando - por isso eu, e acredito que muitas outras pessoas, já desistiram de acompanhar sempre. É a vida.
Fluvia faz parte do programa Beleza GG, que não sei se segue no ar no canal E!. E eu já vi de perto: ela é linda.