TV Cultura, audiobook e um certo podcast que me lembra esse audiobook além de ser ótimo

Vocês viram que a TV Cultura agora tem um outro canal de YouTube além do que ela já tinha? Chama Eu vi na Cultura e, pelo que entendi, deve subir episódios antigos de coisas que passavam na Cultura. Nostalgia pura.

Aliás, tem exposição da TV Cultura baseada nessa memória afetiva do povo, a Entra que Lá vem História comemorando os 50 anos da emissora. Tá em cartaz no shopping Eldorado em SP até setembro - estou com vontade de ir mas ainda não fui. Você consegue comprar o ingresso online aqui nesse link. E o Catraca Livre fez um vídeo sobre a expô:

Bom, fui seco no novo canal do YouTube esperando uma das minhas séries preferidas do mundo e… flop: o canal só vai ter programa infantil. Tudo bem, adoro o Mundo da Lua (Somos os Big Bad Boys hit eterno) e vou aproveitar assim mesmo, mas bateu uma vontade de rever Confissões de Adolescente.

Quem é xennial não esquece <3

Quem é xennial não esquece <3

A versão em série de TV de Confissões foi ao ar pela primeira vez em 1994 e teve algumas retransmissões, inclusive na Band. Ela era baseada no livro da Maria Mariana (a 3ª na foto, da esquerda pra direita) feito em colaboração com Ingrid Guimarães (sim, ela mesma, que já interpretou dona de sex shop no cinema e tudo e tal), Carol Machado (quem aqui viu Top Model?) e Patricia Perrone (por onde andará Patricia Perrone?!). Maria Mariana é a filha do grande-enorme-fodástico-maravilhoso Domingos de Oliveira.

A novinha que me lê nesse momento pode não saber, mas Domingos é O CARA. Adoro tudo que ele já fez, é uma loucura. Mas o clássico maior de todos os clássicos é o filme Todas as Mulheres do Mundo de 1966, com a Leila Diniz.

Ninguém nunca passará duas vezes pelo mesmo caminho. <3

Domingos morreu recentemente, em março, mas antes disso produziu pencas: escreveu, escreveu, escreveu; dirigiu, dirigiu, dirigiu. Entre as coisas que dirigiu também estão peças de teatro, e entre as peças que dirigiu está Confissões de Adolescente, baseada no livro da sua filha e que virou um baita sucesso.

Mas antes (ou meio ao mesmo tempo?) de virar uma série que se baseou na peça que se baseou no livro, Confissões também virou outra coisa: um audiobook. Sim, nos anos 1990 já existia o audiobook! E que eu me lembre também foi antes de Cid Moreira gravar a Bíblia - mas isso já não sei bem, já que também me parece que esse audiobook da Bíblia de Cid Moreira sempre existiu, provavelmente uns meses depois do concílio em que decidiram "pronto, a Bíblia é isso e o resto é apócrifo".

Uma fita cassete que na época chamava audiolivro e contava com as vozes das autoras dos textos Maria Mariana, Carol Guimarães, Patricia Perrone e Ingrid Guimarães - a primeira montagem da peça, até onde sei, também era com elas

Uma fita cassete que na época chamava audiolivro e contava com as vozes das autoras dos textos Maria Mariana, Carol Guimarães, Patricia Perrone e Ingrid Guimarães - a primeira montagem da peça, até onde sei, também era com elas

Eu tinha o livro. Mas ter a fitinha era outra coisa. A Ingrid Guimarães contando sobre a primeira vez que fumou maconha já é bom por escrito - imagina em áudio? Era uma preciosidade, era uma delícia. Ali estavam acumuladas todas as questões que depois seriam a base da série que foi ao ar na TV Cultura e de Malhação e mais qualquer coisa produzida no Brasil e dirigida a adolescentes: aborto, primeiro beijo, primeira transa, bebida alcoólica, questões mais metafísicas do tipo "como é quando alguém morre"… Quem é versado na fitinha ainda fala alguns bordões dela - com a mesma entonação, claro - até hoje: “Ah, não, menina, mentira! Ah, não, mentira, menina!”

Foi nessa época que eu e meus amigos começamos a gravar fitas com o microfone do aparelho de som da minha casa com histórias - inventadas, às vezes um pouco baseadas em nossas experiências reais. A inspiração vinha dessa fita de Confissões e um pouco também do que as minhas irmãs faziam com as nossas vizinhas na época, gravando versões absurdas e engraçadíssimas de músicas como num programa de rádio fictício. Um salve para a Mariana Missiunas, que era a maior gênia da paródia musical e hoje é uma estrela linda no céu. <3

(De repente esse post virou uma terapia, porque acabei de perceber de onde nasceu minha vontade de contar histórias, que depois isso tudo virou uma parte importante da minha profissão, e eu lacrimejei. Viva a Mariana, viva a Ingrid e viva todo mundo que gravou essas fitas comigo: Henrique, Raphaela, Flavia, um grande e emocionado beijo.)

Voltando: um dia desses estava ouvindo um podcast e me bateu aquela sensação maravilhosa que eu sentia quando ouvia essa fita. Sei que muita gente vai achar que estou viajando, mas existe algo no ótimo texto, no humor inteligente e no carisma de Laurinha Lero que me remetem "às ilhas Cagarras parecendo dois seios disformes" e ao "passo maluco".
Portanto ouçam:

(Laurinha, talvez você nunca leia esse texto mas se ler e não achar esse comentário lisonjeiro, saiba que foi de coração)

Ah, e eu sei: saiu um filme em 2016 atualizando Confissões para os dias de hoje, né? Não vi, apesar do pai ser interpretado pelo ator Cassio Gabus Mendes, o que muito me comove porque ele é o marido de uma das minhas pessoas preferidas da vida.
Solange
ou
Leonora
ou
Lídia Brondi <3 <3

Mas acho que isso é assunto para um outro post… Por enquanto você fica com a trilha sonora de Confissões, que era mara:

ATUALIZAÇÕES 1/10/2019: Fiz um post sobre Lídia Brondi! Vem ver aqui!
Outra coisa: Esse post é um dos que mais dá audiência via buscas de Google. O termo procurado não podia ser outro: Laurinha Lero. Isso posto, então, acho que nada mais justo do que incluir esse episódio do Um Podcast Chamado Wanda com a própria Laurinha Lero, no qual ela esclarece… quase nada sobre sua identidade. Acontece! Segue, espero ter ajudado: