Quem tatuou o dragão do Menino do Rio?

Para quem não sabe, o Menino do Rio realmente existiu.
Petit, o apelido de José Artur Machado, era um surfista boa pinta e boa praça que ficava ali por Ipanema e fez amizade com Caetano Veloso e Baby Consuelo, que ainda não era Baby do Brasil.

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A música foi gravada por Baby no disco Pra Enlouquecer (1979) e virou o tema da novela Água Viva de 1980. A história conta que Petit e Caetano se conheceram em Ipanema, na praia mesmo (talvez no píer?), e ficaram amigos - o surfista passou a frequentar a casa do músico. Aí, quando Baby estava gravando o Pra Enlouquecer, pediu uma música pra Caetano pra ela cantar. Segundo a própria, na noite seguinte, se encontraram todos na casa de Caetano: Petit, Baby, Dedé (a mulher de Caetano na época). Pra bater papo mesmo. E ele se inspirou.

Tanto Baby e Petit se conheciam que existem fotos dos dois:

O nome da música inspirou um filme homônimo em 1982, dirigido por Antonio Calmon e protagonizado por André de Biase.
Aliás, pra quem não sabe: André de Biase é cunhado de Jacqueline de Biase, a estilista da Salinas. Ela saiu da marca de moda praia recentemente, em julho - ela seguia assinando a direção criativa mas já tinha vendido a marca pra InBrands em 2011. Jacqueline é mulher de Tunico, o sócio dela na empreitada que começou justamente em 1982, mesmo ano do filme com o irmão dele. Ah, e Tunico é roteirista do filme Menino do Rio com André, o diretor Calmon e ainda Bruno Barreto, que também assina a produção!

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A história do longa não é a história de Petit. E a história de Petit ficou triste em 1987, quando ele sofreu um acidente e acabou ficando com o lado direito inteiro imobilizado. O surfista que era cheio de vida (corpo aberto no espaço) infelizmente não deu conta dessa onda e se enforcou com a faixa do quimono de jiu-jitsu, tirando a própria vida em 1989.

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Petit

Antes do dragão tatuado no braço

Hoje em dia, quando Baby canta essa música, ela muda a letra e diz "Jesus Cristo tatuado no braço". Uma boa atualização, mas a história verdadeira é que Petit realmente tinha um dragão tatuado no braço na década de 1970, quando ainda era tabu a classe média aderir à tatuagem. Era coisa de malandro, de criminoso, de presidiário, de marinheiro… e de rebelde. Petit não deu o braço pra qualquer um tatuar. O traço é do considerado primeiro tatuador profissional do Brasil. Nada menos que a lenda Tattoo Lucky.

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O dinamarquês Knud Gregersen dizia que tinha rodado o mundo antes de vir atracar por aqui. Ele abriu seu estúdio em Santos, litoral paulista, na década de 1960. Virou uma lenda. Morreu em 1983, pouquinho depois de um do seus trabalhos ficarem imortalizados na MPB.
Petit teria ido no estúdio santista em 1974. Esse movimento dos cariocas descendo para Santos para se tatuar com Lucky acabou popularizando mais a tatuagem no Brasil, ajudando a tirar o estigma dela. Até os anos 1980, para algo virar moda a nível nacional, precisava virar moda no Rio antes. A Cidade Maravilhosa comandava as tendências de roupa, consumo e comportamento do país.

Petit abraça o amigo Rico, também surfista

Petit abraça o amigo Rico, também surfista

Duas novidades legais da moda carioca

Olha que bacana: a Farm tem um comitê LGBTQ interno e a madrinha dele, Gabriela Loran, que é uma atriz trans, está assinando uma coleção especial nesse mês de junho (que é o mês do orgulho LGBTQ). Não tem renda revertida, mas achei bacana por ser uma coleção com essa pauta e com um nome da causa assinando.

As peças são inspiradas em dois poemas da Loran. Só acho que podia ser ainda maior! Será que da próxima vez a Farm chama mais gente? Me chama, Farm! #adoida

A outra coleção que vem lá do Rio é a da Haight. Você conhece? A marca desfilou no último SPFW.

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Chique, né?

A estilista Marcella Franklin faz uma moda praia com volume, minimalista e arrojada

Eu sei que arrojada não é um bom adjetivo porque é muito relativo, mas é que você realmente descreveria a Haight como arrojada se visse a coleção inteira. Confira no FFW.

E agora a marca se junta pela segunda vez com a Fila!
Quem me conhece sabe que eu, como um bom “jovem” japonês fashionista, adoro a italiana Fila.

A inspiração é vintage, direto do acervo, e traz peças unissex - oba! As Olimpíadas das décadas de 1970 e 1980 também entram nesse moodboard. Achei que, assim como na primeira, Franklin arrasou!

A Haight fica na Dias Ferreira, 217, no Leblon; e no Iguatemi. E a Farm tem um monte, em SP recomendo a loja da rua Harmonia, 57, que é lindaaaa, e no Rio a da Visconde de Pirajá, 365.

(Isso não é um publi, kkkk, acho constrangedor ter que avisar. Escrevi porque realmente gosto das duas marcas. Aliás, caso algum dia abençoado esse blog venha a ter publi, ele vai estar devidamente sinalizadíssimo.)