O tradicional vídeo de react das tendências do SPFW tá no ar!!!
É tradição no YouTube da Lilian e saiu a nova edição com Lilian & eu mais o Célio Dias da Led, o Lucas Leão, a Olivia Merquior, o Arlindo Grund, a Erika Palomino e muito maisssss - vem:
É tradição no YouTube da Lilian e saiu a nova edição com Lilian & eu mais o Célio Dias da Led, o Lucas Leão, a Olivia Merquior, o Arlindo Grund, a Erika Palomino e muito maisssss - vem:
Segue abaixo PSC
So cultural nuance of @TraceeEllisRoss’ look - People used to show up to the African American Day parade in Harlem with frames around their faces! Lorraine O’Grady’s ‘Art Is’ movement.
— Shelby Ivey Christie (@bronze_bombSHEL) May 7, 2019
Centering blackness as beauty. Reclaiming the narrative. BLACK CAMP! #MetCamp pic.twitter.com/OAA8EVFCDC
PERIODT NEVER FORGET IT #MetGala pic.twitter.com/aOaZeFtTni
— camp or die bitches (@ohfIux) May 7, 2019
E tem um monte de tuítes do Met Gala que não importam no meu Twitter. Dá para acessar daqui mesmo - vai no menu e clica em… Twitter!
Sobre a tendência do terror:
Só que faltava, nesses prenúncios, algo que chega agora via “Nós” (do mesmo diretor de “Corra!” Jordan Peele) e “Suspiria” (remake do original de Dario Argento que toma várias liberdades, do cineasta Luca Guadagnino). Também conversa com essa nova fase a série “Stranger Things” e “It – A Coisa” (2017). São tramas que trabalham com metáforas mas que conquistam também os fashionistas porque capricham no seu visual, construindo um universo criativo próprio reconhecível – coisa que as marcas mais querem quando fazem seus desfiles. Alguns dos longas mais citados como inspiração pelos estilistas são de terror com superestética: “Fome de Viver” (1983) e “Os Olhos de Laura Mars” (1978) são dois exemplos.
Vem ver mais aqui.
O figurino de Volk, o espetáculo fictício de dança de Suspiria
Sobre a moda dos podcasts:
Quando a gente fala de podcast hoje em dia, já vem na cabeça o Spotify, né? No começo de fevereiro a plataforma anunciou a compra da Gimlet Media, empresa que produz podcasts de sucesso, e a Anchor, que te ajuda a criar e publicar podcasts – tudo isso de uma vez. Não foram anunciados valores, mas o mesmo Spotify já tinha prometido que investiria US$ 500 milhões só no ano de 2019 pra desenvolver o mercado de podcasts – que tal? Entre os estudos de tendência de consumo de conteúdo, já faz um tempo que se fala não de diminuição, como se acreditava, mas de variedade: as pessoas estão procurando informação e entretenimento em plataformas variadas, quebrando a hegemonia do texto escrito, da TV aberta… E sim, o áudio é uma tendência – o mercado de audiobook, por exemplo, está quentíssimo!
Leia o resto aqui!
Tem uma lista de podcasts bem legal no link, viu?
Sobre o camp, tema do baile do Met (e da exposição também)!
Existe até uma bibliografia básica – tá, meu bem? Que tal um baile com bibliografia? – com um e apenas um livro, praticamente um texto, relativamente curto e escrito em tópicos tal qual um post do Buzzfeed mas nem por isso simples e fácil de entender. “Notes on Camp” de Susan Sontag foi escrito em 1964 e tenta explicar o camp, mas a verdade é que o conceito está no campo da subjetividade assim como o belo: discute-se, mas é possível que cada um tenha o seu.
Leia mais aqui!
Camp for kids: “Abracadabra”, filme de 1993 com Kathy Najimy, Bette Midler e Sarah Jessica Parker
Em 2014 trabalhei como professor em uma pós da PUC-SP voltada ao jornalismo cultural. A cadeira era, adivinha, jornalismo de moda, o pobrezinho. E a classe era formada por jornalistas, portanto o que eu precisava explicar pra eles, basicamente, e incluir um mínimo de repertório, era sobre moda. O que me levou a ter que estudar sobre o que entende-se por moda.
Quando a gente fala de moda, podemos estar falando de várias coisas: de roupa, de indústria. Vem aquela imagem da vendedora da loja tentando te empurrar uma coisa estapafúrdia: “Olha, legging amarelo neon tá supersaindo, você já tem uma? Tá usando muito!”
Pois é. No fundo, a moda, essa filha preferida do sistema capitalista, é o que “está saindo”, é o que “estão usando”, é o que “estão curtindo”. Esse ciclo do novo - não necessariamente novo no sentido de recém-fabricado, mas de diferente do que veio imediatamente antes. Coisas voltam à moda, mas elas precisam ter deixado de ser moda antes de voltarem.
Uma coisa que todo mundo a princípio pensa mas que particularmente tenho visto cada vez menos assim: moda é roupa? Não, não é. Moda é o ciclo, é a novidade empolgante, é a mania. É um movimento de um grupo social. A paleta mexicana, que não é roupa e sim um picolé que tomou esteróides, esteve na moda e saiu. Gosto também do exemplo do mamão papaia com cassis: se você tem a minha faixa de idade já comeu essa sobremesa fingindo que estava amando porque era chique, mas no fundo queria mesmo era morango com chantilly. E o lamen ainda está na moda? Pra mim é difícil dizer, tenho um envolvimento emocional com o assunto… Tem aquele bar da moda, o restaurante da moda (paulistano adora, parece que não pode ver uma fila que corre pra entrar), o parque da moda, a exposição da moda (é aquela que não sai do feed recheado de selfies do seu Instagram).
Lamen do Porque Sim
Isso não é moda, isso é um clássico, quem concorda respira
A gente, que é interessada em refletir, fica atraída por esse tipo de coisa porque existe a possibilidade da moda guardar algum significado oculto. “Esse filme está na moda porque traz uma metáfora xis ípsilon”; “o marrom é a cor da vez porque as pessoas querem parecer mais sérias e/ou com os pés mais fincados na terra e/ou o marrom é a cor dos capuchinhos”. Vale viajar, quem já teve aula de semiótica sabe muito bem do que estou falando. Só que nem tudo dá pra ler desse jeito: o que escondia a moda da calça da zebra louca? Mistério…
Bota mistério nisso… A calça da zebra louca era babadooooo!
E finalmente, já que um assunto em moda é a bolha na qual a gente vive: a moda não é planetária, raras são as excessões. Algo pode estar na moda no seu grupo, no seu bairro, na sua cidade - não necessariamente isso se repete em outro lugar. Existe a moda de quem está no Ensino Médio, bem diferente de quem está na faculdade, bem diferente de quem trabalha na Berrini, bem diferente de quem é frila de agência de publicidade etc etc etc. Quando eu estava no Ensino Fundamental, sabe-se lá o porquê, virou moda colecionar minichupetinhas de plástico. De variados tamanhos, cores, transparente ou opaca, com brilho, um formato ligeiramente outro… Era baratinho, tinha gente (como o meu melhor amigo de infância, o Henrique) que colecionava muitas mesmo, era chupeta a dar com o pau (sem trocadilhos). Parece bola de gude, mas bola de gude você consegue jogar, existe uma coisa de competição; com a chupetinha não tinha, era pura contemplação. Acho que foi uma moda de um verão apenas, não faço a menor ideia de onde foram parar minhas chupetas. Também não consigo explicar porque isso virou moda e porque era status você ter uma bela coleção de chupetinhas, pois vendo com distância, reconheço o grau de não-cabimento. Mas a moda das chupetinhas foi algo do bairro? Da minha escola? Da cidade? Do Brasil inteiro? Não sei!
Qual é pior: a moda da minichupeta ou a do chá de revelação?
Outra coisa sobre a qual queria falar é da moda retroativa - as coisas que voltam. Na passarela isso é claro: os anos 1970 voltaram, o ano 2000 voltou, pipipipopopó. Mas esse texto já está bem gigantinho, então vamos deixar para outro dia.
Mas antes, um lembrete sobre as bolhas: já que cada uma pode ter suas próprias modas, que tal estourar um pouco a sua e passear por outras? Pode ser estimulante e surpreendente.
Diplo no Billboard Music Awards
Fonte da foto: o site do E!
O Diplo apareceu com esse look no tapete vermelho e eu fiquei logo afoito: “é o country voltando, só pode ser!” Ele inclusive lançou seu novo projeto country faz pouco tempo, o Thomas Wesley. Você ouviu a música, So Long? É tipo um pop com influência country. E o Diplo, afinal, sabe das coisas - ele é moderno, ele é cool, né não? Esse é um exemplo de como um jornalista afoito funciona.
Muito que bem. Não foi só o Diplo. Pensei nesse novo country faz um tempo. A Kacey Musgraves tem feito cada vez mais sucesso (gosto dela desde Follow your Arrow de 2013, uma música bonitinha simpatizante LGBT de autoaceitação, mas foi com o último álbum Golden Hour que ela ganhou um Grammy em 2019). E tem outra artista foda em especial, a Yola, que também está no meu radar. Ela lançou seu primeiro disco faz pouco tempo e possui uma história instigante: já fez backing vocal pro Massive Attack mas gosta mesmo é do country dos anos 1960-70. Detalhe: ela nasceu em 1984 em Bristol, Inglaterra, mas só foi lançar disco nesse ano. Uma inglesa lançando um disco de… country-soul? Outro detalhe: ela é negra, e costumeiramente o ambiente do country pode ser muito racista e misógino.
Esse artigo sobre a Yola do The Guardian é bem bom!
Mais um detalhe: esse disco da Yola é MARA - recomendo fortemente.
Porém algo nesse timing não bate. Lady Gaga teve sua fase Joanne que já passou (dá pra dizer que Shallow é meio country sim, mas o próximo álbum da artista, já em produção, deve ser bem diferente). Miley Cyrus teve sua volta ao country com Younger Now - e depois disso já lançou música com Mark Ronson, a Nothing Breaks Like a Heart, que parece um… disco-country?
E se existiram referências ao country na moda (porque sim, existiram), elas não necessariamente pegaram. Temporada passada do SPFW, por exemplo, a gente viu bota de caubói na Bobstore e até na Gloria Coelho. Na rua? Por enquanto nada.
SPFW N46, Gloria Coelho - e a bota! Fonte da foto: Zé Takahashi/Fotosite/FFW
E aí? Isso é uma tendência ou apenas uma proposta que foi sugerida mas ainda não colou? O jornalista pode acabar apontando uma “febre” sendo que o termômetro não subiu… (o jornalista, no caso, eu mesmo)
O que consigo refletir sobre essas coisinhas:
. O country é uma resposta (no caso positiva) à turma que votou no Trump, que é conservadora? A gente costuma ligar esse estilo a algo conservador - ligado à terra, pecuária, agronegócio, fazendonas e o escambau. Mas quem aderiu - Miley, Gaga, Diplo - não me parece alinhado a esse tipo de pensamento. Então o quê? E é importante ressaltar as primeiras coleções de Raf Simons pra Calvin Klein, que tinham esse espírito country americano nos looks camisa + calça. Raf não é bobo, estava refletindo sobre coisas importantes a respeito dos EUA e sem dúvida não estava apoiando uma ala conservadora ao fazer esses comentários em forma de desfiles.
. Se a gente fizer o mesmo exercício com, digamos, outro estilo musical, o que acontece? O reggae, por exemplo, com rumores de que Rihanna vai explorar o gênero no próximo álbum; com Pitty (!) se jogando nele em música nova. A Triya está com uma coleção à Jamaica nas lojas. Ou mesmo a disco music: de Gal Costa a Miley com Mark Ronson; passando por coleções na última temporada de Tommy Hilfiger (com Zendaya) e Michael Kors. Tudo é tendência? Ou a proposta é ser cada dia uma coisa? Isso na verdade me cheira a desespero das marcas por relevância e, no caso de artistas, experimentações pra expansão do universo criativo.
. Não gosto de country em sua totalidade. Mas estou adorando Yola. Um dos meus looks preferidos do mundo era o da minha amiga Bia Bonduki quando ela usava uma botinha de caubói com vestido. Já frequentei boate de música country na minha adolescência (!!!). E às vezes me pego cantarolando Standing Outside the Fire de Garth Brooks - que não tem no Spotify, um absurdo!
Na receita médica: paracetaloka em gotas. Tendências, faz um tempo, correm em paralelo. Mas o que o povo realmente quer? No Brasil, me parece que é country mesmo, mais especificamente o neosertanejo, se levarmos em consideração as paradas de sucesso. Mas esse neosertanejo usa roupas à Kim Kardashian (vide Simaria), usa roupa de roqueiro, e raramente rola um chapeuzinho aqui e acolá…
Foto de Simone e Simaria - Fonte site Planeta Country