Dois tuítes do Met Gala 2019 que importam

Segue abaixo PSC

E tem um monte de tuítes do Met Gala que não importam no meu Twitter. Dá para acessar daqui mesmo - vai no menu e clica em… Twitter!

3 textos que fiz recentemente para o site da Lilian Pacce e que gosto muito

Sobre a tendência do terror:
Só que faltava, nesses prenúncios, algo que chega agora via “Nós” (do mesmo diretor de “Corra!” Jordan Peele) e “Suspiria” (remake do original de Dario Argento que toma várias liberdades, do cineasta Luca Guadagnino). Também conversa com essa nova fase a série “Stranger Things” e “It – A Coisa” (2017). São tramas que trabalham com metáforas mas que conquistam também os fashionistas porque capricham no seu visual, construindo um universo criativo próprio reconhecível – coisa que as marcas mais querem quando fazem seus desfiles. Alguns dos longas mais citados como inspiração pelos estilistas são de terror com superestética: “Fome de Viver” (1983) e “Os Olhos de Laura Mars” (1978) são dois exemplos.
Vem ver mais aqui.

O figurino de Volk, o espetáculo fictício de dança de Suspiria

O figurino de Volk, o espetáculo fictício de dança de Suspiria

Sobre a moda dos podcasts:
Quando a gente fala de podcast hoje em dia, já vem na cabeça o Spotify, né? No começo de fevereiro a plataforma anunciou a compra da Gimlet Media, empresa que produz podcasts de sucesso, e a Anchor, que te ajuda a criar e publicar podcasts – tudo isso de uma vez. Não foram anunciados valores, mas o mesmo Spotify já tinha prometido que investiria US$ 500 milhões só no ano de 2019 pra desenvolver o mercado de podcasts – que tal? Entre os estudos de tendência de consumo de conteúdo, já faz um tempo que se fala não de diminuição, como se acreditava, mas de variedade: as pessoas estão procurando informação e entretenimento em plataformas variadas, quebrando a hegemonia do texto escrito, da TV aberta… E sim, o áudio é uma tendência – o mercado de audiobook, por exemplo, está quentíssimo!
Leia o resto aqui!

Tem uma lista de podcasts bem legal no link, viu?

Tem uma lista de podcasts bem legal no link, viu?

Sobre o camp, tema do baile do Met (e da exposição também)!
Existe até uma bibliografia básica – tá, meu bem? Que tal um baile com bibliografia? – com um e apenas um livro, praticamente um texto, relativamente curto e escrito em tópicos tal qual um post do Buzzfeed mas nem por isso simples e fácil de entender. “Notes on Camp” de Susan Sontag foi escrito em 1964 e tenta explicar o camp, mas a verdade é que o conceito está no campo da subjetividade assim como o belo: discute-se, mas é possível que cada um tenha o seu.
Leia mais aqui!

Camp for kids: “Abracadabra”, filme de 1993 com Kathy Najimy, Bette Midler e Sarah Jessica Parker

Camp for kids: “Abracadabra”, filme de 1993 com Kathy Najimy, Bette Midler e Sarah Jessica Parker

Mas afinal, o que é moda?

Em 2014 trabalhei como professor em uma pós da PUC-SP voltada ao jornalismo cultural. A cadeira era, adivinha, jornalismo de moda, o pobrezinho. E a classe era formada por jornalistas, portanto o que eu precisava explicar pra eles, basicamente, e incluir um mínimo de repertório, era sobre moda. O que me levou a ter que estudar sobre o que entende-se por moda.

Quando a gente fala de moda, podemos estar falando de várias coisas: de roupa, de indústria. Vem aquela imagem da vendedora da loja tentando te empurrar uma coisa estapafúrdia: “Olha, legging amarelo neon tá supersaindo, você já tem uma? Tá usando muito!”

Pois é. No fundo, a moda, essa filha preferida do sistema capitalista, é o que “está saindo”, é o que “estão usando”, é o que “estão curtindo”. Esse ciclo do novo - não necessariamente novo no sentido de recém-fabricado, mas de diferente do que veio imediatamente antes. Coisas voltam à moda, mas elas precisam ter deixado de ser moda antes de voltarem.

Uma coisa que todo mundo a princípio pensa mas que particularmente tenho visto cada vez menos assim: moda é roupa? Não, não é. Moda é o ciclo, é a novidade empolgante, é a mania. É um movimento de um grupo social. A paleta mexicana, que não é roupa e sim um picolé que tomou esteróides, esteve na moda e saiu. Gosto também do exemplo do mamão papaia com cassis: se você tem a minha faixa de idade já comeu essa sobremesa fingindo que estava amando porque era chique, mas no fundo queria mesmo era morango com chantilly. E o lamen ainda está na moda? Pra mim é difícil dizer, tenho um envolvimento emocional com o assunto… Tem aquele bar da moda, o restaurante da moda (paulistano adora, parece que não pode ver uma fila que corre pra entrar), o parque da moda, a exposição da moda (é aquela que não sai do feed recheado de selfies do seu Instagram).

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Lamen do Porque Sim

Isso não é moda, isso é um clássico, quem concorda respira

A gente, que é interessada em refletir, fica atraída por esse tipo de coisa porque existe a possibilidade da moda guardar algum significado oculto. “Esse filme está na moda porque traz uma metáfora xis ípsilon”; “o marrom é a cor da vez porque as pessoas querem parecer mais sérias e/ou com os pés mais fincados na terra e/ou o marrom é a cor dos capuchinhos”. Vale viajar, quem já teve aula de semiótica sabe muito bem do que estou falando. Só que nem tudo dá pra ler desse jeito: o que escondia a moda da calça da zebra louca? Mistério…

Bota mistério nisso… A calça da zebra louca era babadooooo!

Bota mistério nisso… A calça da zebra louca era babadooooo!

E finalmente, já que um assunto em moda é a bolha na qual a gente vive: a moda não é planetária, raras são as excessões. Algo pode estar na moda no seu grupo, no seu bairro, na sua cidade - não necessariamente isso se repete em outro lugar. Existe a moda de quem está no Ensino Médio, bem diferente de quem está na faculdade, bem diferente de quem trabalha na Berrini, bem diferente de quem é frila de agência de publicidade etc etc etc. Quando eu estava no Ensino Fundamental, sabe-se lá o porquê, virou moda colecionar minichupetinhas de plástico. De variados tamanhos, cores, transparente ou opaca, com brilho, um formato ligeiramente outro… Era baratinho, tinha gente (como o meu melhor amigo de infância, o Henrique) que colecionava muitas mesmo, era chupeta a dar com o pau (sem trocadilhos). Parece bola de gude, mas bola de gude você consegue jogar, existe uma coisa de competição; com a chupetinha não tinha, era pura contemplação. Acho que foi uma moda de um verão apenas, não faço a menor ideia de onde foram parar minhas chupetas. Também não consigo explicar porque isso virou moda e porque era status você ter uma bela coleção de chupetinhas, pois vendo com distância, reconheço o grau de não-cabimento. Mas a moda das chupetinhas foi algo do bairro? Da minha escola? Da cidade? Do Brasil inteiro? Não sei!

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Qual é pior: a moda da minichupeta ou a do chá de revelação?

Outra coisa sobre a qual queria falar é da moda retroativa - as coisas que voltam. Na passarela isso é claro: os anos 1970 voltaram, o ano 2000 voltou, pipipipopopó. Mas esse texto já está bem gigantinho, então vamos deixar para outro dia.

Mas antes, um lembrete sobre as bolhas: já que cada uma pode ter suas próprias modas, que tal estourar um pouco a sua e passear por outras? Pode ser estimulante e surpreendente.