Uma editora especializada em futebol

Um dos meus melhores amigos está com a empreitada mais maravilhosa e corajosa. É uma editora de livros - sim, livros! - especializada em futebol. A No Barbante do Raul Andreucci já chega com um livro incrível, o A Selva do Futebol, do Raul e de Tulio Kruse, que fala sobre a realidade dos clubes de futebol amazonenses e a construção da Arena da Amazônia, um dos estádios usados na Copa de 2014, e o quanto de extração ilegal de madeira aconteceu para que esse estádio fosse construído.
Sou obviamente suspeito para falar sobre assunto mas o livro está com uma diagramação linda e ainda tem o desgraçamento de optar por não incluir o título na capa, bem atrevido, para valorizar a arte de André Bonani. Adoro coisas desse tipo, que vão contra o que todo mundo acredita, quebrando regras - especialmente quando essas regras são de mercado. Mas, bem, não sou amigo do Raul à toa, né?
E já que sou suspeito, conversei com alguém mais suspeito ainda para falar sobre a editora. O Raul em si! Confira a entrevista!

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Arte de André Bonani

para o livro A Selva do Futebol

Wakabara: O que é a No Barbante?
Andreucci: É uma editora dedicada ao futebol e só futebol, nenhum outro esporte e nenhum outro assunto. Mas não é um futebol relacionado ao sucesso, à fama. É um futebol lado B, alternativo, e sobre 3 pilares: jornalismo, pesquisa acadêmica e literatura. Queremos trazer histórias e discussões que ficam marginalizadas ou pela grande imprensa ou pelas grandes editoras. Vamos espalhar essas histórias para quem curte esse tipo de futebol, para além do clube e do estrelato.

Por que falar de futebol?
Primeiro porque amo futebol, muito mais do que o clube que eu torço, que é o São Paulo. Sempre gostei de discutir, de escrever, de ler a respeito. Sempre trabalhei com isso no jornalismo esportivo, fiquei no Lance por aproximadamente 6 anos, em todas as outras publicações jornalísticas que trabalhei também produzi algo relacionado a futebol, a minha pesquisa acadêmica de mestrado foi sobre futebol. Também sempre foi um futebol com um pouco mais de estudo, pesquisa, discussão; um envolvimento mais afetivo, lúdico, que não fosse só ficar brigando para saber qual time é melhor, uma paixão radical que só quer a vitória. Quero encontrar outras pessoas que gostam de futebol dessa outra maneira e compartilhar com elas. Acho que existem muitas pessoas assim, e que vão ter esse espaço para sugerir livros, para comprar livros que possam expandir essas ideias.

Sobre o que você pode discutir quando você discute futebol?
Tudo. Futebol é uma representação da vida. Você pode, por exemplo, discutir moda pela roupa que eles usam, pelas tendências que existem ali; você pode discutir comportamento, política. Apesar de existirem pessoas na grande imprensa hoje achando que não se mistura esporte com política, tudo é um ato político. Essa coisa de lançar um livro com esforço pessoal, levantando uma grana para fazer a primeira tiragem, tudo isso de maneira independente e na marra: é um ato político. Ainda mais nesse momento de governantes fascistas usando o futebol para criar uma nuvem em torno de atos sinistros e comportamentos escrotos que adotam. Estamos fazendo política do jeito que podemos, contribuindo para que o lado humano, solidário, coletivo floresça mais do que a marginalização e exclusão de pessoas, coisas que esse governo e outros governos pelo mundo querem promover.

Fala um pouco sobre o livro em si, o A Selva do Futebol.
A ideia é que a gente seja cobaia, testando formato, levando tempo para maturar esse conteúdo; e ele representa esse pé do jornalismo. Começou como uma reportagem que a gente publicou pelo BRIO [plataforma online que não existe mais dedicada a um jornalismo mais aprofundado], a quem agradecemos muito e que fez a ponte entre eu e Tulio há uns 4, 5 anos. Fala sobre a minha vivência como repórter no meio dos clubes amazonenses em uma realidade pobre, bem mambembe, e justamente dois, 3 meses antes deles receberem, entre muitas aspas, o estádio novo construído para a Copa de 2014, a Arena da Amazônia. Isso é intercalado com a história do Tulio, que é uma investigação do caminho da extração ilegal de madeira; ela acaba saindo da própria floresta amazônica, roda o Brasil inteiro, passa por carvoarias e aciarias e volta em forma de aço para a construção da Arena da Amazônia. Ah, e é legal que a gente fez uma coisa chamada costura aparente, o livro não traz os cadernos colados. Você vê a costura, é uma brincadeira com o nome da editora. E traz essa ideia do artesanal.

Por que chama No Barbante?
É uma expressão antiga, para remeter ao lúdico e ao afetivo. Significa que foi gol, a bola no barbante é a bola no gol, na rede.

Quais são os próximos livros?
O segundo livro vai ser sobre a Coligay, a primeira torcida organizada LGBTQ+ do Brasil, que é do Grêmio. Sai no segundo semestre de 2020. E todo ano vamos ter um livro coletânea de artigos e contos meio… prafrentex, meio pra esquerda? [Risos] É um jeito da gente ver que futebol não é só futebol, tem muito mais coisa envolvida.

Quer um exemplar de A Selva do Futebol? Você pode participar do crowdfunding que já está no ar - confira! E no Medium da No Barbante você confere trechos do livro, para decidir se quer mesmo - mas eu já estou lendo e recomendo, viu? Eu sei, sou suspeito… Mas vai por mim, bebê!

Teve uma novela antes de Sol Nascente que contou com uma oriental no papel principal!

Giovanna Antonelli é tipo a Scarlett Johansson brasileira: já interpretou muçulmana, nordestina e até uma nissei mestiça em Sol Nascente, a polêmica novela das seis de 2017 que trazia histórias de imigrantes japoneses no Brasil. Só que antes, bem antes de Sol Nascente, já existiu uma novela protagonizada por uma nikkei de verdade (nascida no Brasil mas de pais japoneses), e que tocava o dedo em uma ferida que até hoje existe mas que antes era mais aberta: o relacionamento interracial entre japoneses e brasileiros.

Bom, eu acho que tenho experiência no assunto, sendo eu mesmo um mestiço, né? Papai casou com uma loira (com a ajuda de blondor, verdade, mas loira), e foi o único entre seus irmãos a casar com alguém que não era da colônia. Para falar bem a verdade, ele não gostava muito dos japoneses - quase tudo que sei sobre a cultura japonesa corri atrás por mim mesmo, um interesse bem pessoal que compartilho com a minha irmã mais velha. Papai inclusive achava esquisito: "Mas por que você quer ir para o Japão? Engraçado, você acha que isso é realmente importante.” Ele me deu um dinheiro extra na primeira viagem que fiz para lá e achei que ele estava sensibilizado. Perguntei: "Você gostaria de voltar, pai?” porque ele foi a trabalho, uma vez, acho que na década de 1970. Ele disse: “Eu, hein. Tem muito japonês lá.” Hahahahaha!
Mas também lembro de gente falando para minha irmã quando ela arrumava um namorado novo ou estava de paquera: "Mas é gaijin?” Papai ficava exaurido quando ouvia a colônia chamar brasileiro de gaijin - significa estrangeiro, e tecnicamente os japoneses é que são estrangeiros no Brasil, né? Acabou virando um sinônimo de ocidental. Minha irmã sempre estava namorando um gaijin. Conviver com a colônia nunca foi nosso forte, mesmo, mas o mais bizarro é que sempre acabei fazendo amizade entre descendentes de orientais na escola e na faculdade! Genes se atraem?!

Voltando à novela: Yoshico, um Poema de Amor foi ao ar na TV Tupi em 1967 e se passava no Japão mas foi gravada em estúdio. Era a história de um jovem rico, Luis Paulo, interpretado por Luis Gustavo um pouco antes do marco da TV brasileira Beto Rockfeller, novela considerada a responsável pela linguagem moderna a que estamos acostumados hoje, com pegada mais contemporânea e realista. Luis Paulo viajava para o Japão a trabalho e conhecia Yoshico. Adivinha? Se apaixonava. A protagonista foi interpretada por alguém que já era um tanto famosa, especialmente na colônia japonesa de São Paulo, e que viria ser uma espécie de Sabrina Sato da época no sentido de ser uma "oriental referência" em um showbusiness carente de figuras de ascendência japonesa. Rosa Miyake, você lembra?

Rosa era a apresentadora de Imagens do Japão, um dos programas mais longevos da TV brasileira. Ela passou mais de 30 anos apresentando o programa, acredita?

Na novela, para reforçar a imagem mais recatada das japonesas (elas em geral são mesmo mais tímidas e reservadas), só teve beijo no capítulo final. Não existem imagens - um incêndio em 1972 sumiu com grande parte do acervo da emissora, incluindo Yoshico.

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Mas existe foto!

Aqui, Rosa com o figurino de Yoshico

Descobri tudo isso na biografia sobre Rosa Miyake da editora Contexto, escrita por Ricardo Taira e chamada Rosa da Liberdade. Tem várias outras histórias interessantes por lá, como a curta participação dela no programa Jovem Guarda (!!!). Rosa começou a carreira como cantora e tinha uma relação forte com o estilo enka. Mas visualmente, tinha apelo fashion e lembra muito as idols da era Showa!

Disco de 1968, um ano depois da novela

Disco de 1968, um ano depois da novela

Na minha cabeça o Imagens do Japão e o Japan Pop Show se misturam - mas acho que o Japan Pop Show era mais moderninho. Olha a abertura dos dois:

Rosa se aposentou da vida artística. E não casou com um gaijin: Mario Okuhara, um dos homens que deu espaço para ela em sua rádio Santo Amaro, foi o seu marido.

Essa fixação pelos anos 1980 nunca vai acabar?

Meu palpite: acho que não.
Mas vai que cansa, né? Tem tudo para cansar. Era uma vez uma poderosa empresa de audiovisual em streaming que decidiu checar seus algoritmos com dados que tinha acumulado por tanto tempo para produzir uma série e lançá-la em 2016. E assim nasceu Stranger Things e materializou-se a nostalgia e a memória afetiva (olha ela aí de novo) como uma certeza de sucesso.

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Stranger Things começou ambientada em 1983 e vai avançando ao longo da década - a 3ª temporada está em 1985.

Dali para frente, surgiu tanta coisa com esse ar de naftalina e de tantos perfis que quase enjoa - mas digo quase porque na verdade gosto, hehehe. Pense em Pose, que se passa em 1987-88; na novela Verão 90 que começa nos anos 1980 e vai para os 1990; em Jogador Nº1 que é mergulhado em nostalgia oitentista apesar de se passar em 2045; na série Glow com uma história ficcionalizada da luta livre feminina dos EUA que virou febre da TV de lá dos anos 1980. E eu não lembro ao certo se veio antes ou depois, mas X-Men: Apocalipse é de 2016 e se passa nos anos 1980! O episódio San Junipero de Black Mirror, total oitentista e considerado por muitos o preferido da série, saiu um pouco depois de Stranger Things.

San Junipero ganhou um séquito de fãs - tem um monte de fan art, e várias têm uma pegada vaporwave

San Junipero ganhou um séquito de fãs - tem um monte de fan art, e várias têm uma pegada vaporwave

A febre não dá sinais de arrefecer. Tem pelo menos 3 coisinhas para sair fora a 4ª temporada de Stranger Things que, dizem, pode ser a última. Aliás, você gostou da 3ª temporada? Eu adorei! A gente adora uma história de adolescente em shoppings, e se tiver monstro e hospedeiros, melhor ainda!
Mas vamos às coisas:

American Horror Story: 1984

Depois de uma temporada um tanto quanto inconsistente que parecia mais preocupada com o fan service do que em contar uma história realmente boa, Ryan Murphy volta com 1984 e ao que tudo indica as coisas vão mudar bastante. Apesar de alguns membros recorrentes no elenco como Emma Roberts, Cody Fern (um dos nossos fashion guys favoritos do momento), Billie Lourd e Leslie Grossman, Evan Peters está de fora (para cuidar da sua saúde mental) e a participação de Sarah Paulson pode estar reduzida a uma ponta. But it ain't AHS without them! E agora?

197.7k Likes, 16.2k Comments - Ryan Murphy (@mrrpmurphy) on Instagram: "To celebrate the first day of filming the NINTH Season of AMERICAN HORROR STORY, here's the..."

Ninguém disse concretamente, mas o material divulgado até agora leva a crer que a história vai ser inspirada nos filmes slasher da virada dos anos 1970 para 1980. Halloween foi lançado em 1978, Sexta-Feira 13 em 1980 e finalmente A Hora do Pesadelo em 1984.

Porém, uma teoria dos fãs acha outra coisa: AHS: 1984 seria algo parecido com a temporada Roanoke, trazendo uma filmagem ou refilmagem de um filme slasher com esse tom de nostalgia mas nos dias de hoje. E os assassinatos vão começar a acontecer também no set. Será?
Outra teoria ainda acrescenta que a ponta de Sarah Paulson será como Lana Winters, uma de suas personagens mais recorrentes no universo AHS. Ou ela entrevistaria os sobreviventes, como fez em Roanoke, ou a filmagem seria de uma adaptação de um livro dela. Eita!

Ah, Angelica Ross, a Candy de Pose, vai fazer uma personagem. Isso significa que ela é a primeira atriz trans a fazer parte do elenco fixo de duas séries na TV americana!

E esse preview, a gente tem que comentar… Focar no pênis dentro do short de Matthew Morrison é meio estranho, uma vez que a gente lembra dele como o professor do coral de Glee, né? Risos.

American Horror Story: 1984 estreia em setembro lá nos EUA.

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De uma coisa a gente sabe

Vai ter sangue!!!

Verão de 84

Um grupo de jovens desconfia que o vizinho é um serial killer. Tudo isso acontece, claro, no verão de 1984 como o próprio título diz. Esse filme de François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karl Whissell chega aos cinemas brasileiros em 29/08.

Bom, se você quer uma mistura de Stranger Things com os filmes slasher, me parece que isso é o mais perto que você vai chegar.

Não parece?

Não parece?

Mestres do Universo

Sim, você leu certo: vai ter remake do He-man, sabe-se lá o porquê. E com Noah Centineo, o queridinho da Netflix - Noah, não tens medo de afundar sua carreira?
Para você saber: já existiu um filme Mestres do Universo em 1987, estrelado por Dolph Lundgren. É horrendo.

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Quenda

Hihihihihihihi

A Mattel deve estar de olho nessa nostalgia toda porque decidiu relançar o He-man. O relançamento está marcado para a segunda metade de 2020, o que o deixa mais perto do lançamento desse novo filme, em 2021.

Como disse o meu primo Hugo MarsBrinquiglia, que guardou toda a sua coleção de Grayskull até hoje conservadíssima, quando eu mostrei a nova versão para ele: “O cabelinho desse He-man novo está meio esquisito, né?"
Eu digo "blondor errado"… Risos.

Quem ficou curioso para saber a origem do He-man e tudo e tal, recomendo o episódio dedicado a ele da série Brinquedos que Marcam Época da Netflix.

Mas por que os anos 1980?!

Boa pergunta. A década escapista não foi muito legal no Brasil nem no mundo, só que também marcou uma certa diversão nas roupas, nos móveis (o movimento Memphis, que já falei aqui). Era também o momento em que olharam para os adolescentes como um público potencial no cinema: John Hughes, os filmes de terror que já citei, e no Brasil teve Lael Rodrigues com Rock Estrela (1986), Bete Balanço (1984), Rádio Pirata (1987) e Antônio Calmon com Menino do Rio (1982) e Garota Dourada (1984). E as novelas? Guerra dos Sexos, Vereda Tropical, A Gata Comeu, Ti-Ti-Ti, Cambalacho, Sassaricando, Top Model… E TV Pirata, né? E Armação Ilimitada, né?! Uma série maravilhosa, quem não viu não viveu. Moral da história: na ficção os anos 1980 eram mesmo ótimos. Então deve ser isso…

Só de ouvir a música de abertura dá aquela aquecidinha no coração.
Ah, não incluí a sequência de Top Gun por motivos de "dá um tempo", né? E ela se passa nos dias de hoje. Espero que pelo menos eles tenham a decência de chamar a Ariana Grande para fazer uma nova versão de Take my Breath Away.

Evinha vai voltar e você devia ouvir

É aquilo, né: a gente sempre faz esse tipo de post de "10 discos que me fizeram ser quem sou hoje” e aí percebe "putz, esqueci aquele".

Eu, no caso, esqueci desse:

Evinha é dona de uma das vozes mais maravilhosas e mais injustiçadas da MPB. Ela era integrante do Trio Esperança com os irmãos Mario e Regina - aquele mesmo, do Replay (O Meu Time é a Alegria da Cidade). Acho essa música chiquérrima!

Claro que você conhece.

Bom, Eva saiu do grupo em 1968. Em 1969, ela participaria do 4º Festival Internacional da Canção com Cantiga por Luciana, de Edmundo Souto e Paulinho Tapajós. Ganhou.

Aí no mesmo ano sairia o Eva 2001, com o outro grande sucesso Casaco Marron (Bye Bye Ceci) e Teletema. Acho as duas fofas.

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E essa capa?!

O futuro era negativo

Só que algo aconteceu entre 1969 e 1970 e ela… eletrizou. Sei lá! Olha essa versão de Something do George Harrison:

Depois, em 1971, ainda saía Cartão Postal:

E em 1973 era o ano do disco que eu coloquei lá em cima, o meu preferido! Letras maravilhosas, interpretações finérrimas, instrumental chique, amo tudo - e tem Ben, imagina? Em português! Delícia! Fora outras coisas preciosas como Não vá ficar debaixo das rodas de Sidney Matos e Augusto Magalhães: "Não mergulhe seu rosto nas sarjetas / o que é mais fácil que você pensa" e O que é que eu estou fazendo na rua? do trio Sá, Rodrix & Guarabyra: “O que é que eu estou fazendo na rua / com essas pessoas que mal me conhecem / o que é que eu estou fazendo na rua / olhando letreiros de lojas que já se apagaram?" RELATABLE.

Bom, em 2016 Evinha lançou com Gérard Gambus (que eu entendi que é o seu marido) o disco Uma Voz, Um Piano. Ela tinha ido para Paris nesse meio tempo (afff, tadinha, aguentar aquela cidade chata e suja) e morou lá. Gosto dele mas acho que ficaria ainda melhor se fosse um instrumental mais completão, big band. O importante: Eva continua com a voz absolutamente incrível. Como pode? E o repertório continua cheio de coisas preciosas como Lição de Amor de ninguém menos que Dalto e Fernando Brant, que dupla! "Combinamos muito além de nós / a vida, a estrada / cada um se vai com o que ganhou e guardou / pois tudo valeu mesmo não sendo eterno / foi uma lição de amor.”

A melhor última notícia é que Evinha está gravando um disco só com músicas de Guilherme Arantes com o mesmo Gérard Gambus! Vai ter Cuide-se Bem, vai ter Brincar de Viver, vai ter Deixa Chover, vai ter Um dia, um adeus, vai ter Amanhã - a música que já me fez chorar umas 5 vezes! E com a voz da Evinha, que benção!

Amigos, prestigiem o que é bom. Ouçam mais Evinha.
E que esse disco saia logo!

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ATUALIZAÇÃO 25/10/2019: SAIIIIIUUUU!!!

Gostei bastante, em especial de músicas mais desconhecidas de Guilherme Arantes como A Cidade e a Neblina. Mas Evinha também arrasa em Pedacinhos e outras! Ai, que amor de disco!

Eu não gostei do clipe da Beyoncé and I care

Não, não sou um hater - acho que não sou. Já fui em 3 shows da Beyoncé Knowles; vibrei com Homecoming mesmo sabendo que a maior parte já tinha passado no YouTube ao vivo quando o Beychella aconteceu; até tentei ouvir Everything is Love mais do que gostaria para bombar o número de streamings; desejei (mas não comprei) Ivy Park; fingi demência e ignorei quando ela deitou no lugar errado no Super Bowl de 2013.

"Foi de propósito, do que você está falando?!”

"Foi de propósito, do que você está falando?!”

Mas, gente, não deu. Não rolou. Spirit de Beyoncé é muito ruim e vocês sabem disso. Ou existe algo chamado surdez seletiva e eu não me dei conta.

Vou tentar enumerar as minhas questões a respeito aqui e os beyfãs que não queiram me matar, por favor.

#1: a música em si

Essa coisa pasteurizada da Disney não me desce, especialmente porque sei que a Beyoncé é mais que isso. É uma música genérica, parece uma música de Copa do Mundo - sendo que a música de Copa do Mundo da África do Sul era muito mais legal. É tipo uma prima de Reach da Gloria Estefan - sendo que gosto mais de Reach da Gloria Estefan. O começo cantado em suaíle até promete entregar algo, mas depois o coro no refrão vira aquele coro genericão de estúdio, a percussão não vem, a letra é boba, a melodia é boba. Música esquecível total - Beyoncé já fez baladas muito melhores, tipo I Care, Halo, Pretty Hurts, Freedom (que eu nem considero balada mas tem esse tom épico e é de fato poderosa).
E quando chega no agudo? É um agudo tonto, sem clímax, pedido no meio de uma ponte.

#2: a pretensão

Aí o clipe tem Blue Ivy, tem figurino babadeiro; tem fumaça; tem take HD com roupas de franjas (de Hyun Mi Nielsen) e você já imagina alguém dizendo “vai, agora mais movimento, eu quero movimento e dramaaa”; tem citação a Oxum (inclusive com figurino brasileiro, da Maison Alexandrine, show); tem balé contemporâneo. O que parece: ela já fez tudo isso antes e quer igualar esse single de O Rei Leão com as coisas que fez antes. Não dá - o conceito aqui, nessa música bobinha genérica, fica parecendo um terno 5 números maior, um embrulho muito vistoso para um presentinho mequetrefe.

#3: um figurino muito reconhecível…

Não entendi a homenagem à nova versão do longa Suspiria

A marca que criou esses looks vermelhos é a Déviant La Vie - ela fica em Los Angeles e curte essas amarrações à shibari (técnica de amarração japonesa sadomasoquista).

Bom, é isso, estou esperando mais de The Gift - o álbum que Beyoncé deve lançar amanhã. Segue a lista de músicas e participações: sim, a gente quer afrobeat, a gente quer babadeirismos, a gente quer groundbreakinnnnng.

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E para o beyfã que está com raiva: não fique. Ela já tem 10 milhões e meio de views desse clipe chato no YouTube - and counting. Beyoncé não está nem um pouco preocupada com a minha opinião.