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A lista de backing vocals do disco Luar do Gilberto Gil

December 11, 2020 by Jorge Wakabara in música

Luar (A Gente Precisa Ver o Luar) é o disco lançado por Gilberto Gil em 1981. Sequência da festa de Realce de 1979, ele trazia o hit Palco, de autoria do Gil, que havia sido gravada anteriormente pelo A Cor do Som em 1980. Sinceramente? Apesar da citação a Here, There and Everywhere dos Beatles na versão do A Cor do Som, a de Gil é bem mais contagiante e ficou bem mais clássica.

Com produção de Liminha e uma incrível banda que inclui a superdupla Lincoln Olivetti e Robson Jorge, Luar me chama a atenção por algo muito específico, além do seu clima dançante delícia… os backing vocals. É que o time é muito incrível, é muito babado. Então vou dar a letra aqui. Segura essa lista!

Rosana

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Sim, ela mesma, como uma deusa. Rosana só gravaria seu primeiro álbum solo em 1983, e o Coração Selvagem, que tem O Amor e o Poder (que ficou conhecida por Como uma Deusa por causa do refrão) e Nem um Toque viria em 1987. Ela está no backing vocal de nada menos que 6 faixas de Luar, incluindo a faixa homônima, Palco e Cara Cara, a única composição que não é assinada por Gil (é de Caetano Veloso).

Loma

A gaúcha Loma Pereira já tinha participado do Grupo Pentagrama nessa época e gravaria seu primeiro álbum solo em 1985, o homônimo Loma. Ela é bem incrível: ouça o disco Mate por Ti de 1991 ou assista a essa live que aconteceu em 2020. Loma faz parte do backing vocal da música Axé Babá nesse disco de Gil. Uma curiosidade é que ela também fez parte do backing vocal de um clássico gaúcho: Deu pra Ti, a gravação original de Kleiton e Kleidir do mesmo ano de 1981. Amo!

Ronaldo Barcellos

Você lembra dessa pérola do pagode, de Ronaldo e os Barcellos? Pois é, mas se não lembra, com certeza de alguma outra música composta por ele você vai lembrar: Marrom Bombom, 1994, de Os Morenos (com Délcio Luiz). Ou Se Melhorar Estraga, 1997, do Karametade (também com Délcio).
Mas volta: como parte da turma do Lincoln Olivetti e Robson Jorge, Ronaldo também cometeu outras composições incríveis mesmo antes de participar do disco de Gil: o maravilhoso Black Coco do Painel de Controle, por exemplo, que misturava o coco com a música black em 1978. Olha:

Black Coco é de Ronaldo com Lincoln.
Ronaldo também chegou a lançar um compacto em 1977 chamado Hello Crazy People – sim, o bordão do DJ Big Boy! A música era uma homenagem a ele. É engraçado pensar que Nara Gil, a filha de Gil, faria uma outra homenagem ao DJ que fez história em Armação Ilimitada: ela interpretava a narradora-DJ Black Boy, com referência a ele.
Ronaldo canta nas mesmas 6 faixas que Rosana participou em Luar. Mas teve uma mulher que cantou em mais faixas ainda…

Lucinha Turnbull

Lucia Turnbull já tava circulando fazia um tempo. Havia feito parte da dupla Cilibrinas do Éden com Rita Lee, que não vingou, e da primeira formação do Tutti Frutti que acompanharia Rita na fase mais rock da carreira solo dela. Dizem que Esse Tal de Roque Enrow da Rita é inspirada na relação entre Lucinha e a mãe. Em 1980, um ano antes de Luar, Lucia lançou Aroma, seu primeiro e único disco solo. A música homônima é de Gilberto Gil. No álbum também tinha parceria com Rita: Bobagem e Perto do Infinito.
Lucinha é considerada a primeira guitarrista brasileira. Tsá, meu bem? Mas o vocal também é bom, tanto que Gil aproveitou em 8 músicas das 10 de Luar! Ela é uma das 4 mulheres do coro feminino de Se Eu Quiser Falar com Deus – nada mal, considerando as outras, sobre as quais falo em seguida…
Esse minidoc de Luiz Thunderbird e Zé Mazzei sobre Lucinha é bem bacana, vale o play:

Jane Duboc

Opa, pois sim!
Jane Duboc Vaquer já tinha participado do VI Festival Internacional da Canção da Globo cantando No Ano 83 de Sérgio Sampaio, em 1971. Já tinha gravado trilhas sonoras, sido crooner da Banda Veneno de Erlon Chaves. E também havia lançado seu primeiro álbum, Languidez, em 1980. Essa música de cima já é de 1988, do disco Feliz: De Corpo Inteiro (Luiz Fernando e Aécio Flávio), que fez parte da trilha sonora da novela O Salvador da Pátria.

Em Luar, Jane participa de Cores Vivas e Se Eu Quiser Falar com Deus.

Claudia Telles

Ela mesma! Fim de Tarde e Eu Preciso te Esquecer, dois dos maiores sucessos de Claudia Telles, já haviam saído no álbum de estreia da cantora, o homônimo Claudia Telles de 1977. E ela, assim como Jane, está no coro de Cores Vivas e Se Eu Quiser Falar com Deus. Claudia era especializada em coro de estúdio paralelamente à sua carreira solo: também fez backing para Miss Lene no disco dela de 1980, para Jorge Ben Jor em Benjor de 1989, para Biafra em Despertar de 1981, para Hyldon em Nossa História de Amor de 1977 e por aí vai.

Don Pi

Grande Don Pi! Deve ter agradado a Gil, já que ele participou do coro de Um Banda Um, o disco seguinte do artista de 1982. Não é só: também colocou backing em Sandra Sá, o clássico de Sandra de Sá de 1982, em Menestrel das Alagoas, faixa do álbum de Fafá de Belém de 1983…
Don Pi também é músico, fez muita coisa com Tim Maia no teclado. Ah, e sabe as cordas de Certas Coisas de Lulu Santos, de 1984? Direto do teclado de Don Pi!

Não existiriam vários clássicos se não houvesse Don Pi!
Assim como Rosana e Barcellos, Don Pi fez vocal de seis músicas.

Sônia Burnier

Maravilhosa! Já falei de Sônia Burnier aqui quando contei sobre a disco music brasileira. Sônia já tinha cantado dois temas de novela: Duas Vidas, para a novela homônima de 1977, e Te Contei?, da abertura da novela de 1978. Duas Vidas é esquisitíssima, tem uma vozinha de criança, eu hein. Depois ainda teve Belo Sentimento, da trilha de Feijão Maravilha de 1979. Reparou? Tudo isso antes de participar de Luar!
Sônia também participou de Cores Vivas e Se Eu Quiser Falar com Deus.

E é isso!
A gente precisa ver o luar!

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December 11, 2020 /Jorge Wakabara
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música
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A roqueira do Brasil... Bianca!

November 21, 2020 by Jorge Wakabara in música

Todo mundo sabe: mulher pioneira do rock brasileiro é Rita Lee. OK, teve a Jovem Guarda antes, com Wanderléa e outras. OK, foi Nora Ney a primeira brasileira a gravar um rock (era um cover de Rock Around the Clock em 1955). Mas é Rita quem leva a faixa de “a roqueira do Brasil".

Só que em 1979, quando a própria Rita ia deixando seu som cada vez mais pop com aquele disco que tem Mania de Você, Doce Vampiro e Chega Mais, aparecia uma menina mineira de 15 anos, Cleide Domingues Franco, empunhando uma guitarra. O rock rejuvenesceu. E ela já assumia um nome artístico sem sobrenome, coisa pra poucos. Era a Bianca.

Quem descobriu Bianca foi Cléo Galante, que por sua vez já tinha discos lançados nos anos 1970 e tinha uma carreira até então bem calcada em samba rock.

A lenda é que Cléo viu Bianca se apresentando como crooner de uma banda ainda na cidade natal dela, Ituiutaba, e a levou para São Paulo para apresentá-la para sua gravadora, a RGE. Dizem que o nome, invenção do produtor Reinaldo Barriga, era uma referência à Bianca Jagger, mulher do vocalista dos Rolling Stones.
Os Tempos Mudaram é composição de Cléo. O lado B do primeiro compacto, Vou pra Casa Rever Meus Pais, é uma versão para o português de A Little More Love do repertório de Olivia Newton-John – assinada também por Cléo.

As duas músicas são ÓTIMAS e o segundo compacto saiu em 1980.

É interessante que os temas das letras dessa primeira parte da carreira de Bianca sempre são ligados ao sentimento adolescente de inadequação, problemas de relacionamento e angústia. Tudo moldado para o público-alvo, sem disfarçar! A cantora fala bastante dos pais – em Sou Livre (Agora Chega), ela diz que o pai é muito ocupado, a mãe sempre observa o lado dele e ninguém vê que ela cresceu; em Vou pra Casa Rever os Meus Pais, eles estão no título, logo de cara. E em Minha Maneira (Não Suporto Mais), Bianca entoa no refrão: “Assim não dá pra ser / Eu quero namorar sem ter que aceitar e nem obedecer”, e diz que o cara é tão possessivo e mandão que está parecendo mais… o pai dela.

(Aliás, Minha Maneira é uma versão de She's in Love With You, o rockão de Suzi Quatro, uma melodia deliciosamente abbaística que também cai bem em Bianca)

Ainda em 1980, o primeiro álbum chega com a supercozinha de Os Carbonos e produção artística de Hélio Costa Manso. Minha Amiga, uma das músicas de trabalho, chega no programa Geração 80 da Globo.

Minha Amiga é uma versão da original de Jennifer Warnes I Know a Heartache When I See One.

O disco em si é recheado de surpresas:

A segunda faixa, por exemplo, Comentário a Respeito de John, é de Belchior com José Luis Penna! E começa com citação a Happiness is a Warm Gun! A música foi gravada primeiro por Belchior um pouco antes, em 1979. Bianca já havia citado, em entrevista, a admiração por Elis Regina (que gravou Como Nossos Pais de Belchior em interpretação antológica e, por que não dizer, roqueira em 1976). Pelo disco inteiro, dá para notar uns toques de Como Nossos Pais espalhados – deve ter sido algo muito marcante para Bianca, ou um modelo muito desejado pelo pessoal da gravadora. Ou os dois!
Igual a Vocês é versão de Going My Way do Tax Loss, e é a única do álbum que conta com letra da própria Bianca. Mais versão? Lembrando os Rapazes de Liverpool é I Only Want to Be With You – primeiro de Dusty Springfield em 1963 (!!!) e depois na versão que provavelmente inspirou a inclusão para o disco de Bianca, a de Bay City Rollers em 1976. Só que quem inspira a letra obviamente são os Beatles. Sintomático: tem John Lennon na letra de Belchior, tem Beatles em uma música que originalmente é dos anos 1960… Bianca tinha traços de futuro, mas era muito apegada ao passado.

Porém… mas porém…

E Oh Susie? Sim: new wave em pleno 1980, em um disco brasileiríssimo. É versão em português da música de mesmo nome do Secret Service! Tá passada? Eu tô! A versão ficou bem pop, na verdade, meio disco music. Mas pop do bom.
Mais surpreendente ainda: um blues do Gilliard. Isso mesmo que você leu. É Gilliard quem assina Tempos Difíceis com Washington.

Bom, sobra espaço até para mais disco music (Não Tenha Medo, de Cléo Galante). Esse rock era uma frente ampla, para usar uma expressão em voga atualmente…

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E depois? Pois é, o depois.

O compacto de Faz de Conta saiu em 1982.

Também da safra de Cléo, meio hedonista demais, menos angustiada (e nesse sentido menos roqueira). Agora, imagina essa musiquinha dizendo "Vamos viver em festa / faz de conta que o mundo está lindo” concorrendo no rádio com Evandro Mesquita dizendo “aí você finalmente encontra o broto”, mandando descer dois, descer mais chopes, e comentando que realmente queria que ela estivesse nua? A Blitz e o BRock chegaram para atropelar Bianca. Ela ficou datada demais, e não havia versão de Loredana Bertè que a salvasse:

Eu particularmente AMO Non Sono Una Signora, composição de Ivano Fossati, e gosto da versão de Bianca, que saiu em compacto em 1983, mas enquanto Bertè se derrama inteira na música, Bianca dá uma mergulhadinha com pouca dimensão. Compara aí:

Quando Bianca foi tentar uma volta de verdade, anos depois, revelou-se a verdade: ela deixou de ser roqueira. Era só chuva de verão. O disco A Volta, de 1993, é inteiro sertanejo, daquele tipo mais pop que tinha invadido o Brasil de Fernando Collor. Não deu certo, não repetiu as vendas de antes.

E aí? O que rolou com a Bianca?
Bom, prepare-se para entrar num terreno mais arenoso.

Quando uma artista assim, que fez tanto sucesso, simplesmente evapora, começam a surgir boatos. E eles costumeiramente são bem criativos. Os mais maldosos eram de que ela tinha morrido de overdose ou suicídio. Mas parece que não: dizem que ela virou vocalista de banda de forró (o Destak do Forró da cidade cearense de Piquet Carneiro).

Ela seria essa de roxo no vídeo, agora loira.
Tem quem acredite, tem quem não acredite.
O esquisito: até hoje ninguém teve a manha de ir até lá e entrevistá-la? Ou achá-la pela internet, que seja?

Então, até segunda ordem… Bianca segue sumida.

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. As muitas versões de Diana
. Um jogo com trilha sonora (?) da banda da Rita Lee (??)

November 21, 2020 /Jorge Wakabara
rock, Nora Ney, pop, Bianca, Cléo Galante, samba rock, Ituiutaba, Minas Gerais, RGE, Reinaldo Barriga, Bianca Jagger, Olivia Newton-John, adolescência, Suzi Quatro, ABBA, Os Carbonos, Hélio Costa Manso, Geração 80, Rede Globo, Belchior, José Luis Penna, Elis Regina, Tax Loss, Dusty Springfield, Bay City Rollers, The Beatles, John Lennon, new wave, Secret Service, disco music, Gilliard, Washington, Evandro Mesquita, Blitz, BRock, Loredana Bertè, Ivano Fossati, sertanejo, forró, Destak do Forró, Piquet Carneiro, Ceará
música
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Meire Pavão fundamento!

July 17, 2020 by Jorge Wakabara in música

Rainha da juventude, sim!
Para começo de conversa, Meire Pavão pediu um táxi antes. Bem antes. E assim como Angélica foi de táxi em uma versão de Joe Le Taxi de Vanessa Paradis, Meire pegou o seu com os Beatles. É uma versão de Taxman (que quer dizer "cobrador de impostos" e não "taxista", e por isso mesmo a versão é ainda mais maravilhosa).

Meire nasceu em Taubaté e como não fazia parte do, digamos, alto escalão da Jovem Guarda, ela fica meio perdida na história da música pop brasileira. Só que Meire participou de muitas gravações de disco infantil. Muitas mesmo! É por isso que talvez, se você é da mesma geração que eu ou um pouquinho mais velho, a voz lhe é familiar. Discos tipo A Festa do Bolinha (1977), o incrível Os Treze Mandamentos da Criança Bacana (1977) e Sítio do Picapau Amarelo (o de 1976) são alguns dos que ela participou. O compacto de Família Buscapé (1966) foi o primeiro dela a estourar de verdade, então no fundo ela sempre esteve ligada a essa coisa mais lúdica.

No vídeo abaixo, você vai se surpreender com uma informação dada pelo irmão da Meire, o Albert Pavão:

Sim, uma das bandas da Meire saiu de uma parte do O'Seis, o grupo que ficou conhecido como a semente dos Mutantes. CHOQUE.

O'Seis: os irmãos Baptista, Rita Lee e Mogguy mais… será que é o guitarrista Raphael Villardi ou o baterista Luiz Pastura?

O'Seis: os irmãos Baptista, Rita Lee e Mogguy mais… será que é o guitarrista Raphael Villardi ou o baterista Luiz Pastura?

Raphael Villardi, que fez parte do O'Seis, era amigo do Albert – daí vem a conexão.

Nos anos 1970, Meire começou a se afastar da vida artística, focando nesses discos infantis de estúdio. Virou uma espécie de elo evolutivo entre Celly Campello e Wanderléa – ela é citada por Erasmo Carlos em Festa de Arromba, inclusive! Mas talvez pela quantidade de sucessos lançados, é menos lembrada que as outras duas colegas.

Como eu já disse, um dos compactos mais famosos de Meire Pavão, senão o mais famoso, é esse:

É família Buscapé!

É importante dizer que o disco de Sítio do Picapau Amarelo não é aquele da música do Gilberto Gil. Na Globo, a trama inspirada em Monteiro Lobato começou a ser exibida em 1977. Na Bandeirantes, onde pelo que entendi está a trilha da qual Meire participou, apareceu entre 1967 e 1969. Só que o disco só saiu em 1976! Que timing, né?

É interessante, apesar de não ser tão legal quanto a da Globo.
O Sítio teve mais duas versões antes dessa da Band: entre 1952 e 1962, foi da Tupi. Em 1964, estava na Cultura. A versão da Band a princípio manteve o elenco e os diretores da Tupi (Júlio Gouveia e Tatiana Belinky).
Pelo que li, a música que fez parte da versão da Band foi Monteiro Lobato. Ela realmente saiu antes na voz da Meire, em 1968, em compacto. Faz mais sentido ela ter sido incluída quando a série já estava no ar, e depois eles terem produzido esse disco completo.

Agora, bom mesmo é isso aqui:

Todas as músicas são de Theotônio Pavão, o pai de Meire e Albert, em co-autoria com Albert em algumas e com Meire em Não Diga Palavrão. As letras são bem infantis (óbvio, era dirigido para esse público) mas musicalmente é TUDO.

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Meire morreu em 2008, decorrência de um câncer.

Obrigado a Eduardo Viveiros por ter dado a dica (Os 13 Mandamentos é um dos discos da infância dele!).

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. Relembrando de Célia, uma ótima cantora da MPB
. Resgate de uma musa brasileira: Vanja Orico
. Joanna + Gonzaguinha: que dupla!

July 17, 2020 /Jorge Wakabara
Meire Pavão, táxi, The Beatles, Taubaté, Jovem Guarda, infantil, Albert Pavão, O'Seis, Mutantes, Raphael Villardi, Celly Campello, Wanderléa, Erasmo Carlos, Sítio do Picapau Amarelo, Monteiro Lobato, Bandeirantes, Júlio Gouveia, Tatiana Belinky, Theotônio Pavão, MPB, rock
música
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Como teria sido o disco seguinte de Elis Regina?

June 26, 2020 by Jorge Wakabara in música, livro

Para começo de conversa: Elis Regina foi a maior cantora que o Brasil já teve. Se você ainda não se convenceu disso, faça uma coisa que minha amiga Mariana Tavares involuntariamente me mostrou:
1. Coloque o fone de ouvido.
2. Aumente o volume.
3. Ouça isso:

Elis era perfeita até na imperfeição. Extremamente técnica, sabia quando “errar" em prol da emoção. Não tem malabarismo, não tem truque. Tem timbre, tem dicção, tem musicalidade. Se você ouve com atenção, é um assombro. Gal é doce, Bethânia é espiritual, Elza é um milagre, Elizeth é divina, Baby é livre, Marisa é refinada (assim como Nara), Clara é solar, Nana é lunar, Maysa é o poço de emoção e… Elis é tudo.

Para quem não é familiarizado com a história: Elis morreu em janeiro de 1982. O último álbum dela havia sido lançado em dezembro de 1980 pela Odeon. A versão que está no Spotify não é exatamente a que chegou nas lojas:

Os últimos discos de Elis (Essa Mulher de 1979, que tem O Bêbado e o Equilibrista, o ao vivo Saudade do Brasil de 1980 e esse, mais um chamado apenas Elis) não venderam muito, o que é chocante tanto pela qualidade do repertório e interpretação quanto pelo fato deles conterem músicas que ficaram famosas. Do último, por exemplo, temos Aprendendo a Jogar, composição de Guilherme Arantes.

Elis de 1980 tem um medalhão entre o time de compositores (Gilberto Gil com Rebento) mas acima de tudo apostava em sangue novo: os irmãos Borges (O Trem Azul, Vento de Maio), Thomas Roth (SIM, aquele que era jurado no Ídolos, com Nova Estação ao lado de Luiz Guedes, primo de Beto Guedes), os irmãos Garfunkel (Calcanhar de Aquiles) e o próprio Arantes (além de Aprendendo a Jogar, com Só Deus é Quem Sabe). A cantora sempre foi reconhecida por ter lançado novos nomes durante toda a sua carreira. Dá para ver que ela estava bem na onda do Clube da Esquina: Milton Nascimento tinha lançado o álbum volume 2 com a turma em 1978.

No começo de 1982, Elis planejava um álbum novo. Já estava definitivamente separada de César Camargo Mariano, o pai de Pedro e Maria Rita, inclusive artisticamente. O disco, portanto, não seria produzido por ele.
Elis tinha anotações com uma lista de repertório, provavelmente pensando na nova empreitada.

Página do livro Furacão Elis, de Regina Echeverria

Página do livro Furacão Elis, de Regina Echeverria

Quem ajudava Elis a selecionar o repertório era Natan Marques e Ronaldo Bastos. Natan, guitarrista e compositor, fez Sai Dessa com Ana Terra, a primeira do disco de 1980 de Elis, e outras. Ronaldo Bastos era membro do Clube da Esquina – portanto Minas Gerais seguia forte na essência das criações da artista. Ronaldo na verdade nasceu em Niterói: mineiro honorário!

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Vamos à lista?

Vida

Suponho que seja Vida de Chico Buarque. Mas poderia ser uma inédita, claro. Vida seria registrada em disco por Maria Bethânia em 1982, no ao vivo Nossos Momentos. Abria o disco do próprio Chico de 1980. Em 1993, seria a vez de Angela Ro Ro gravar a canção ao vivo no Jazzmania e lançar no álbum Ao Vivo - Nosso Amor ao Armagedon. Gosto de ambas, mas acho que a vida de Angela (vide esse post) leva a interpretações bem profundas! Quando ela canta que quer mais, vish, aleluia, arrepiei.

(Aliás, esse disco ao vivo da Angela é incrível!)

Nos Bailes da Vida

Elis foi uma das maiores intérpretes de Milton Nascimento – aliás, melhor que ela, só ele mesmo. Milton tinha lançado Nos Bailes da Vida, composição sua com Fernando Brant, fazia pouco: saiu no álbum Caçador de Mim, de 1981, com participação de Roupa Nova. A versão de Elis, segundo Natan, teria o solo da introdução de Something, dos Beatles, e citações à melodia de George Harrison ao longo da música. Isso me deixou completamente louco pois essa é uma das minhas músicas preferidas do mundo!
Joanna gravou Nos Bailes da Vida em 1981. E Fafá de Belém gravou em 1982.

(Em 1981, o 14 Bis também já tinha lançado sua versão de Nos Bailes da Vida)

Sonora Garoa

Passoca deve ter mandado uma fita para Elis. Isso porque o álbum que ele já tinha lançado, em 1979, não trazia Sonora Garoa. A música só sairia na voz dele em 1984, no disco homônimo. E quem lançou a música depois, que tem todo um acento caipira à Romaria, grande sucesso de Elis? Joyce, em Saudade do Futuro (1985). E depois Vânia Bastos no ao vivo Tocar na Banda em 2007, Eliete Negreiros, em 2014, no disco Outros Sons, e Monica Salmaso, em 2017, em Caipira. A minha versão preferida segue sendo a da Joyce.

Tudo que você podia ser

A primeira do disco do Clube da Esquina, de 1972. Mais uma de Lô Borges e Márcio Borges. E maravilhosa. Difícil imaginar uma versão que supere essa original, mas Elis talvez fosse a única que conseguiria. A música já havia sido gravada pelo Quarteto em Cy em 1972, por Simone em 1973 e pelo próprio Lô Borges em 1979 (mais moderna e até mais suingada, talvez mais próxima do que Elis ia fazer).

E atenção para o momento de choque, caso você não tenha reconhecido na lista escrita por Elis que eu reproduzi acima:

Quando te Vi

Dá um play. Dá logo.
É ela mesma.

A própria Elis falou da versão de Ronaldo Bastos para Till There Was You dos Beatles na última reunião de repertório que ela, ele e Natan fizeram. A música acabou gravada pela primeira vez em 1984 pelo Beto Guedes e como não imaginar que ela seria o próximo sucesso de Elis, trilha sonora de Sétimo Sentido ou de Sol de Verão?
Bom, você lembra: Quando te Vi acabou tema de novela mas na voz de outra pessoa. Simony gravou a versão no disco Certas Coisas, de 1996. A música apareceu em Salsa e Merengue.

Falando de Amor

Pelamor, Spotify, corrige isso.
Falando de Amor saiu no álbum Terra Brasilis de Tom Jobim de 1980. Ela também faria parte do repertório do show antológico do artista em 1986 em Montreal.
Tem quem a coloque entre as mais bonitas que Jobim criou. A letra é de Vinícius de Moraes, um dos maiores parceiros dele.
Mas quem gravou primeiro, antes de Tom? Ney Matogrosso!

Dá para ver que a música é difícil: o registro precisa ter extensão para a pessoa conseguir cantar bem. Ney começa nitidamente num tom grave para ele e depois sobe na segunda parte. Elis provavelmente faria a mesma coisa.
Esse álbum de 1979 do Ney, aliás… Que pinta, que delícia. Antes de Falando de Amor, ele canta Encantado, a versão de Nature Boy.
Sabe em que ano que ele conheceu Cazuza?
Adivinha.

Caminhos do Coração

Não existe confirmação, mas faz sentido: Caminhos do Coração deve ser a do Gonzaguinha.

Ai, que vontade de ouvir a versão da Elis!!!
É dela a interpretação definitiva de Redescobrir do músico.

Ave, que coisa linda.
O registro em disco é justamente de Saudade do Brasil, de 1980, que também tem Mundo Novo Vida Nova do Gonzaguinha.
Queria ouvir um disco inteiro só de músicas do Gonzaguinha cantadas por Elis. Imagina? Grito de Alerta com Elis? (A versão da Bethânia é maravilhosa sim, mas IMAGINA com a Elis???) Ou É? Nossa. Ou Comportamento Geral? Aliás, essa última ganhou uma interpretação magistral de Elza Soares no disco mais recente dela, Planeta Fome.
Elba Ramalho gravou Caminhos do Coração em 1992.

Gema

Elis gravou composições de Caetano Veloso antes. Mas ele “era da Gal Costa", uma das maiores rivais no posto de melhor cantora da MPB. E de Bethânia também. Não estou criando rivalidade entre mulheres, não: ela existia mesmo. E lembremos que Elis encabeçou a infame passeata contra a guitarra elétrica, ou seja, contra a Tropicália e a Jovem Guarda. Depois, fez esse textão e cantou Irene:

Elis ainda gravaria Não Tenha Medo em 1970, Cinema Olympia e Os Argonautas em 1971. E não havia mais tocado em nada de Caetano desde então.
Se eu ficaria empolgado com Gema de Elis? Hum…
Bom, em 1980 Bethânia já tinha lançado Gema no disco Talismã. Mas não é uma versão incrível: o começo quase a capella é desnecessário.

Teresa Cristina já fez uma versão bem bonita, lançada em 2010.

Canção do Novo Mundo

Dá até para ouvir a voz da Elis cantando isso.
De Beto Guedes e Ronaldo Bastos, a música foi apresentada ao vivo por Milton Nascimento em 1983 – e a gravação do show foi lançada no mesmo ano. Mas essa versão de cima, do próprio Guedes, é de 1981, portanto a canção não era inédita na época que Elis pensou nela para um próximo repertório.

E mais

O livro Nada Será Como Antes, de Julio Maria, diz que Edu Lobo voltava ao convívio de Elis via Samuel MacDowell, o então namorado dela. Ronaldo Bastos, por sua vez, pediu para Arrigo Barnabé criar algo. Entre os arranjadores do novo álbum estariam Dori Caymmi e Lincoln Olivetti – ou seja, a coisa ia ser pop, mas com Arrigo, ia ter um toque bem inusitado! Dá para ouvir o disco de 1984 de Arrigo, Tubarões Voadores, e imaginar o que daquilo tudo poderia aparecer na voz de Elis. Eu não consegui, mas você pode tentar:

Uma entrevista com Elis feita em 1979 e recentemente republicada pela Folha de S.Paulo é reveladora. Elis fala de um plano de um disco com Milton, que sairia em 1980 (ou seja, não rolou), e também comenta a sua preocupação em descobrir novos compositores. “Está todo mundo contando as mesmas histórias, está um circo de elefantinho, todo mundo gravando as mesmas músicas ou uma mesma linha de composição, porque é tudo feito pelo mesmo compositor. Um pouco desse desinteresse de parte do público talvez seja por causa disso."
Vale a pena ler a entrevista inteira.
Em 2020, Elis completaria 75 anos caso estivesse viva.

Quem quiser continuar nessa vibe Elis, tem dois documentários (que são mais apresentações gravadas, na minha opinião) no Amazon Prime: Elis Regina – Na batucada da vida e Elis – Doce de Pimenta, ambos com direção de Roberto de Oliveira.

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. Ilustrações de Elifas Andreato em capas de disco
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June 26, 2020 /Jorge Wakabara
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É uma questão de energia

June 05, 2020 by Jorge Wakabara in música, cinema

A energia elétrica ganhou várias simbologias ao longo da pequena história da humanidade. Para quem não sabe, a palavra eletricidade vem do latim electrum, que por sua vez quer dizer “amante do âmbar”. Isso porque na Antiguidade fazia-se experimentos sobre essa energia esfregando âmbar contra a pele!

É por isso que a música de Adriana Calcanhotto que Maria Bethânia gravou, Âmbar, tem uma letra que remete à energia elétrica, ao aceso, ligado, plugado.

Isso é só um exemplo. A gente fala "fiquei aceso a noite inteira"; as bebidas estimulantes são chamadas energéticos e invariavelmente trazem raios e eletricidade nas suas campanhas publicitárias e embalagens; quando alguém fica muito agitado dizemos que "tá ligado no 220".

Uma das minhas obras de ficção favoritas de cyberpunk também é toda centrada nisso. Electric Dragon 80.000 V (2001) é um média metragem dirigido por Sogo Ishii.

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O filme é P&B apesar de ter sido produzido no começo desse milênio e tem um toque tokusatsu: o personagem principal, Morrison, interpretado pelo gato Tadanobu Asano, tem poderes. E existe um outro cara, que funciona como um vilão (mas no fundo acho que não tem vilão e mocinho aqui): o Thunderbolt Buda (Masatoshi Nagase) tem um visual super babadeiro, com metade do rosto em metal. A sua motivação para brigar com Morrison? “Eu queria ver você irritado". Atrevidíssimo!

Morrison foi atingido por altas voltagens de energia desde pequeno. Isso faz com que ele consiga controlar a eletricidade (ou, dependendo do ponto de vista, descontrolar). A trama é cheia de imagens simbólicas como dragões e, creio eu, traz uma homenagem ao The Lizard King – ele mesmo, Jim Morrison.
Para quem não sabe: Lizard King foi uma das corruptelas que o próprio Jim Morrison se deu. O alter ego apareceu pela primeira vez na capa do álbum do The Doors Waiting for the Sun de 1968, num conjunto de poesias que foi impressa mas não foi lançada nesse álbum: Celebration of the Lizard. A ideia era incluir a performance de Celebration of the Lizard, que tinha uma pegada spoken word, no lado B de Waiting for the Sun, mas essa performance, captada ao vivo, acabou vindo a público apenas no álbum Absolutely Live, de 1970. Entre as coisas que o roqueiro diz, está: I am the Lizard King, I can do anything. É uma pegada bem "faça o que tu queres porque tudo é da lei", né?

Em um passado muito distante eu fui muito fã do Doors… HAHAHAHA É seríssimo!!!

Em um passado muito distante eu fui muito fã do Doors… HAHAHAHA É seríssimo!!!

O Morrison do filme cria lagartos. E extravasa a energia elétrica acumulada na sua guitarra.
A visão da guitarra elétrica como o estrangeiro, que esteve presente no Brasil com a infame Marcha contra a Guitarra Elétrica de 1967 liderada por Elis Regina (depois ela gravaria várias músicas que contam com o instrumento), também fez parte do cenário musical no Japão mais ou menos na mesma época. Os GS, ou Group Sounds, era um fenômeno pop nipônico que bombou entre o meio e o fim dos anos 1960. Essas bandas de rapazes, totalmente influenciadas pelo show dos Beatles na mítica arena Budokan em 1966, cantavam muito em inglês e a música era considerada pouco autêntica: primeiro porque era o rock dos norte-americanos que ocuparam e dominaram militarmente o Japão da Segunda Guerra, e segundo porque eram grupos "superproduzidos" apontados como vendidos e não como "verdadeiros artistas". Muita versão de música estrangeira em inglês (ao contrário da Jovem Guarda, que fazia versões na língua nativa), muita ocidentalização até no visual. Era a questão da autenticidade.

Isso tudo não faz justiça aos Group Sounds: eles fizeram técnicas de gravação do país avançarem e trouxeram uma contemporaneidade que depois se refletiria, inclusive em contraponto, em algumas das coisas mais legais da música pop japonesa como o folk e a new music. Sem Group Sounds talvez não existira o City Pop. Falei um pouco de City Pop nesse episódio do Quatrilho no meu podcast:

E, claro, a ligação entre a guitarra elétrica e a delinquência juvenil aconteceu dos dois lados do mundo. Minha filha é um caso sério, doutor. Rock é coisa do capeta.

Mas antes, preciso falar também de outro dragão.
Será que Shiryu de Cavaleiros do Zodíaco também é uma inspiração do Electric Dragon 80.000 V ?

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Para muitas crianças, Cavaleiros do Zodíaco foi a porta de entrada para a mitologia grega e as casas zodiacais. A quantidade de simbologia embutida nele era disfarçada com lógica parecida com a dos Super Sentai: cada personagem tinha algum "elemento" que os dava poder; a união faz a força; uma lambança de termos como cosmo interior, armadura de bronze, de prata, de ouro; o bem deve vencer o mal; e ainda incluía a astronomia (cada cavaleiro se refere a uma constelação).
Shiryu era um dos mais queridos – tem muita mulher que eu conheço que assistia a Cavaleiros do Zodíaco olhando para aquele cabeludo, meninas nervosíssimas como se estivessem vendo um show de Bon Jovi, Guns 'n’ Roses ou algo assim. Sim: Shiryu era sex symbol, uma espécie de rock star cego e careta sem guitarra. Shiryu era o Change Griffon do Cavaleiros, se é que me entendes (e eu sei que me entendes).
E eu? Respeita a minha pessoa, não vou ficar entregando as minhas intimidades assim! HAHAHAHAHAHA!

Voltando para o revoltadíssimo Morrison:
A distorção do som é símbolo e extravasamento da dor e revolta desde que existe distorção. Os poucos acordes do punk, por mais cooptados que tenham sido pelo mercado, ainda fazem parte do repertório da revolução. Sogo Ishii tem outras obras menos fantasiosas e mais centradas na música que vão nessa mesma linha de pensamento.

E isso me lembra também um dos episódios de O Inexplicável, o programa apresentado por William Shatner no History. Ele conta a história de uma mulher que foi atingida duas vezes por raios e sobreviveu. Não só: ela de alguma maneira sente a energia elétrica de maneira mais intensa que a gente. Morrison da vida real.

Quando me perguntam sobre religião e no que eu acredito, digo que sou agnóstico. Acredito em algo que não sei explicar bem o que é: energia. Mas não é necessariamente energia elétrica: é algum elemento que fica, que paira e se movimenta, alguma coisa que ainda poderá ser explicada pela física. Se nada se perde e tudo se transforma, o que acontece com os nossos pensamentos? A nossa consciência?

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A energia também é sexy. Né?

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June 05, 2020 /Jorge Wakabara
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