Só vou respeitar esse filme do Elvis se vier com uma Lana de brinde

Está na moda: o filme do Queen foi um sucesso, o filme do Elton John foi um sucesso. Todo mundo quer surfar na onda e Kristen Stewart se pergunta todos os dias por que o filme das Runaways não foi tão bem-sucedido assim.

(sinceramente também não sei pois adoro, mas deve ter sido uma questão de timing)

Bom, quem sabe que o nome de um dos meus gatos é Elvis (na verdade Elvis Presley David Wakabara Nere) deve imaginar que sou fã do Elvis. Sou mesmo. Ele morreu antes de eu nascer mas ainda assim adoro, a ponto de ter ido no show do Ginásio do Ibirapuera Elvis Presley in Concert com músicos que trabalharam com ele e a imagem do astro no telão cantando. Hahahaha juro que foi ótimo! Já que não tem Elvis em si, né?

Então quando surgiu a notícia de que vinha aí um filme do Baz Luhrmann sobre Elvis Presley fiquei entre o encantado e o completamente irritado, porque Baz fez coisas lindas (como os vídeos da exposição da Miuccia Prada e Elsa Schiaparelli no MET e o filme Moulin Rouge!) e horrorosas (como a série The Get Down que, vamos combinar, era meio Glee demais para ser a história do começo do hip-hop).

Aí veio a notícia de quem é o protagonista. Austin Butler.

Totally not convinced com esse franguinho

Totally not convinced com esse franguinho

Conheço Butler pelo papel de, oh no, namoradinho da adolescência de Carrie Bradshaw em The Carrie Diaries - outra que teve um timing ruim assim como Runaways e foi lançada em 2013, 3 anos antes de Stranger Things e a onda de nostalgia pelos anos 1980.
Mas se você conseguiu namorar aquela chata da Carrie na sua adolescência, você não tem o meu respeito.
(agora estou me sentindo como a minha mãe, que confunde a atriz e a personagem da novela)

Ah: Butler está no elenco de Once Upon a Time in Hollywood do Quentin Tarantino. E é o namorado da Vanessa Hudgens. Ele desbancou Aaron Taylor-Johnson na disputa pelo papel de Elvis e, bem, não sei bem como ele fez isso.

aaron-taylor-johnson.jpg

Nessa imagem Aaron Taylor-Johnson

se mostra tão confuso quanto eu sobre essa escolha de Baz Luhrmann

Mas eu tenho uma outra sugestão ainda melhor. Desconfio que não dá mais tempo, já que Butler deve ter assinado o contrato para ser anunciado oficialmente. Mas, cara, OLHA O NETO DO ELVIS.

Esse é Benjamin Storm Keough, o filho de Lisa Marie Presley com Danny Keough que atualmente tem 26 anos e é simplesmente a cópia do avô. E a Lisa Marie, você sabe, é a filha de Elvis que casou com o Michael Jackson…
A título de curiosidade: Riley Keough, a irmã de Benjamin, é atriz e maravilhosa. E o primeiro papel dela na indústria foi em… The Runaways!
Ben não é ator profissional nem nada. Mas nem precisa. Olha esse rostinho!

ben-keough.png

Ben com a irmã Riley

Aposto que ele fala que nem o Elvis, se mexe que nem o Elvis e inclusive tem o mesmo cheiro do Elvis

A intérprete de Priscilla Presley, que vem a ser a mãe de Lisa Marie, ainda não foi confirmada. Mas está todo mundo torcendo para que seja Lana del Rey - inclusive, dizem, ela mesma. Lana já citou Elvis em várias músicas - em Body Electric ela diz que “Elvis is my daddy". Em Million Dollar Man ela cita Blue Suede Shoes dizendo “One for the money, two for the show". E ela já gravou uma música chamada Elvis em si!

Fora o fato de que Lana, com sua vibe retrô, é parecidíssima com a Priscilla.

Baz, se você negar isso para a Lana você é um monstro!!!
Tom Hanks já foi anunciado como parte do elenco: ele vai ser o Colonel Tom Parker, o superagente do Elvis, um personagem controverso, meio herói meio vilão. Aquele tempero de indicação para o Oscar paira no ar.

E termino esse post dizendo que o longa deve começar a ser filmado em 2020.
E que o meu outro gato, Mossoró, na verdade era para ser uma gata. A gente ia batizá-la de Rita Lee Na, e íamos dizer “o Elvis não larga a Rita Lee Na por nada!", "hoje o Elvis não está muito na vibe da Rita Lee Na", "putz, você viu o que o Elvis fez com a Rita Lee Na"?
Sim, a gente tem um humor bem peculiar. Mas aí Mossoró apareceu, já com esse nome, e nos conquistou. We couldn't help falling in love with him.

Olha lá, Baz, o seu tá na reta

Olha lá, Baz, o seu tá na reta

Evinha vai voltar e você devia ouvir

É aquilo, né: a gente sempre faz esse tipo de post de "10 discos que me fizeram ser quem sou hoje” e aí percebe "putz, esqueci aquele".

Eu, no caso, esqueci desse:

Evinha é dona de uma das vozes mais maravilhosas e mais injustiçadas da MPB. Ela era integrante do Trio Esperança com os irmãos Mario e Regina - aquele mesmo, do Replay (O Meu Time é a Alegria da Cidade). Acho essa música chiquérrima!

Claro que você conhece.

Bom, Eva saiu do grupo em 1968. Em 1969, ela participaria do 4º Festival Internacional da Canção com Cantiga por Luciana, de Edmundo Souto e Paulinho Tapajós. Ganhou.

Aí no mesmo ano sairia o Eva 2001, com o outro grande sucesso Casaco Marron (Bye Bye Ceci) e Teletema. Acho as duas fofas.

eva-2001.jpg

E essa capa?!

O futuro era negativo

Só que algo aconteceu entre 1969 e 1970 e ela… eletrizou. Sei lá! Olha essa versão de Something do George Harrison:

Depois, em 1971, ainda saía Cartão Postal:

E em 1973 era o ano do disco que eu coloquei lá em cima, o meu preferido! Letras maravilhosas, interpretações finérrimas, instrumental chique, amo tudo - e tem Ben, imagina? Em português! Delícia! Fora outras coisas preciosas como Não vá ficar debaixo das rodas de Sidney Matos e Augusto Magalhães: "Não mergulhe seu rosto nas sarjetas / o que é mais fácil que você pensa" e O que é que eu estou fazendo na rua? do trio Sá, Rodrix & Guarabyra: “O que é que eu estou fazendo na rua / com essas pessoas que mal me conhecem / o que é que eu estou fazendo na rua / olhando letreiros de lojas que já se apagaram?" RELATABLE.

Bom, em 2016 Evinha lançou com Gérard Gambus (que eu entendi que é o seu marido) o disco Uma Voz, Um Piano. Ela tinha ido para Paris nesse meio tempo (afff, tadinha, aguentar aquela cidade chata e suja) e morou lá. Gosto dele mas acho que ficaria ainda melhor se fosse um instrumental mais completão, big band. O importante: Eva continua com a voz absolutamente incrível. Como pode? E o repertório continua cheio de coisas preciosas como Lição de Amor de ninguém menos que Dalto e Fernando Brant, que dupla! "Combinamos muito além de nós / a vida, a estrada / cada um se vai com o que ganhou e guardou / pois tudo valeu mesmo não sendo eterno / foi uma lição de amor.”

A melhor última notícia é que Evinha está gravando um disco só com músicas de Guilherme Arantes com o mesmo Gérard Gambus! Vai ter Cuide-se Bem, vai ter Brincar de Viver, vai ter Deixa Chover, vai ter Um dia, um adeus, vai ter Amanhã - a música que já me fez chorar umas 5 vezes! E com a voz da Evinha, que benção!

Amigos, prestigiem o que é bom. Ouçam mais Evinha.
E que esse disco saia logo!

evinha.jpg

ATUALIZAÇÃO 25/10/2019: SAIIIIIUUUU!!!

Gostei bastante, em especial de músicas mais desconhecidas de Guilherme Arantes como A Cidade e a Neblina. Mas Evinha também arrasa em Pedacinhos e outras! Ai, que amor de disco!

Eu não gostei do clipe da Beyoncé and I care

Não, não sou um hater - acho que não sou. Já fui em 3 shows da Beyoncé Knowles; vibrei com Homecoming mesmo sabendo que a maior parte já tinha passado no YouTube ao vivo quando o Beychella aconteceu; até tentei ouvir Everything is Love mais do que gostaria para bombar o número de streamings; desejei (mas não comprei) Ivy Park; fingi demência e ignorei quando ela deitou no lugar errado no Super Bowl de 2013.

"Foi de propósito, do que você está falando?!”

"Foi de propósito, do que você está falando?!”

Mas, gente, não deu. Não rolou. Spirit de Beyoncé é muito ruim e vocês sabem disso. Ou existe algo chamado surdez seletiva e eu não me dei conta.

Vou tentar enumerar as minhas questões a respeito aqui e os beyfãs que não queiram me matar, por favor.

#1: a música em si

Essa coisa pasteurizada da Disney não me desce, especialmente porque sei que a Beyoncé é mais que isso. É uma música genérica, parece uma música de Copa do Mundo - sendo que a música de Copa do Mundo da África do Sul era muito mais legal. É tipo uma prima de Reach da Gloria Estefan - sendo que gosto mais de Reach da Gloria Estefan. O começo cantado em suaíle até promete entregar algo, mas depois o coro no refrão vira aquele coro genericão de estúdio, a percussão não vem, a letra é boba, a melodia é boba. Música esquecível total - Beyoncé já fez baladas muito melhores, tipo I Care, Halo, Pretty Hurts, Freedom (que eu nem considero balada mas tem esse tom épico e é de fato poderosa).
E quando chega no agudo? É um agudo tonto, sem clímax, pedido no meio de uma ponte.

#2: a pretensão

Aí o clipe tem Blue Ivy, tem figurino babadeiro; tem fumaça; tem take HD com roupas de franjas (de Hyun Mi Nielsen) e você já imagina alguém dizendo “vai, agora mais movimento, eu quero movimento e dramaaa”; tem citação a Oxum (inclusive com figurino brasileiro, da Maison Alexandrine, show); tem balé contemporâneo. O que parece: ela já fez tudo isso antes e quer igualar esse single de O Rei Leão com as coisas que fez antes. Não dá - o conceito aqui, nessa música bobinha genérica, fica parecendo um terno 5 números maior, um embrulho muito vistoso para um presentinho mequetrefe.

#3: um figurino muito reconhecível…

Não entendi a homenagem à nova versão do longa Suspiria

A marca que criou esses looks vermelhos é a Déviant La Vie - ela fica em Los Angeles e curte essas amarrações à shibari (técnica de amarração japonesa sadomasoquista).

Bom, é isso, estou esperando mais de The Gift - o álbum que Beyoncé deve lançar amanhã. Segue a lista de músicas e participações: sim, a gente quer afrobeat, a gente quer babadeirismos, a gente quer groundbreakinnnnng.

the-gift.jpeg

E para o beyfã que está com raiva: não fique. Ela já tem 10 milhões e meio de views desse clipe chato no YouTube - and counting. Beyoncé não está nem um pouco preocupada com a minha opinião.

10 (ou 20?) discos que te fizeram ser quem és - do Feici para o blog

A minha irmã Ana Flávia me desafiou no Facebook a participar dessa brincadeira de publicar 10 discos que te fizeram ser quem és, um por dia. Mas como não gosto do Facebook, decidi publicar aqui e tudo de uma vez - Ana, me perdoa? kkkk

Uma das coisas que achei bom é que não é para ter explicação, não é para ter resenha, nada. Só a capa. Eu vou incluir o título e o ano de lançamento por fins jornalísticos, vai que alguém quer ouvir, né?
Ah, e eu escolhi 20. O blog é meu, eu faço o que eu quero.
Segue:

made-in-usa-pizzicato-five.jpg

Made in USA (1994)

Pizzicato Five

fruto-proibido-rita-lee.jpg

Fruto Proibido (1975)

Rita Lee & Tutti Frutti

AlanisMorissetteJaggedLittlePill.jpg

Jagged Little Pill (1995)

Alanis Morissette

bodyguard-whitney-houston.jpg

The Bodyguard (1992)

Whitney Houston

amplified-heart-everything-but-the-girl.jpg

Amplified Heart (1994)

Everything But The Girl

gal-fatal.jpg

Fa-tal - Gal a todo vapor (1971)

Gal Costa

the-verve-urban-hymns.jpg

Urban Hymns (1997)

The Verve

shakira_pies_descalzos.jpg

Pies Descalzos (1995)

Shakira

legio-urbana-as-quatro-estacoes.jpg

As Quatro Estações (1989)

Legião Urbana

bjork-post.jpg

Post (1995)

Björk

clube-da-esquina.jpg

Clube da Esquina (1972)

Um montão de gente

madonna-im-breathless.jpg

I'm Breathless (1990)

Madonna

marisa-monte-barulhinho-bom.jpg

Barulhinho Bom (1996)

Marisa Monte

Happy_End.jpg

Kazemachi Roman (1971)

Happy End

ornella-vanoni.jpg

La voglia la pazzia l'incoscienza l'allegria (1976)

Ornella Vanoni, Vinícius de Moraes e Toquinho

flora-mpm.jpg

Flora é M.P.M. (1964)

Flora Purim

tori-amos-little-earthquakes.jpg

Little Earthquakes (1992)

Tori Amos

blondie-parallel-lines.jpg

Parallel Lines (1978)

Blondie

depeche-mode-86-98.jpg

The Singles 86 > 98 (1998)

Depeche Mode

lady-gaga-the-fame-monster.jpeg

The Fame Monster (2009)

Lady Gaga

A cantora israelense que adora música brasileira

A música brasileira tem uma qualidade reconhecida mundialmente desde a bossa nova, o mestre João Gilberto, o maestro Tom Jobim, o sucesso retumbante de Garota de Ipanema e os discos maravilhosos de Stan Getz com João (de 1964) e de Frank Sinatra com Tom (de 1967).
Outros viraram ícones: os baianos, Djavan. E tem também Jorge Ben, hoje Jorge Ben Jor. E uma cantora israelense superbem sucedida adora Jorge Ben. Tanto que fez um álbum inteiro em homenagem a ele: é o Bolerio, de 1983. Mas antes disso, no começo da carreira de Yehudit Ravitz, ela participou de um disco de Matti Caspi em homenagem à música brasileira, o País Tropical - Songs from Brazil, com versões em hebraico:

yehudit-ravitz.jpg

Ravitz é assumidamente lésbica e tem dois filhos com sua ex-mulher Naomi Kaniuk. Em Bolerio (que quer dizer algo do tipo "vem para o Rio"), o termo world music grita: uma mistura de hebraico com percussão brasileira e instrumental que tem uns sopros sem suíngue mas muito charmosos. Ravitz depois se transformaria em algo mais próximo do que a gente chama de "rock de tio” de maneira pejorativa, mas que eu particularmente gosto - provavelmente porque sou um tio. Risos. Mas entre o fim dos anos 1970 e o começo dos anos 1980, ela tinha essa coisa mais experimental e fusion.

Bolerio!

Quem quiser ouvir o álbum inteiro, de 1983, é só clicar abaixo:

E se você gostou desse post, é provável que goste também da Kimiko Kasai, cantora de jazz japonesa que fez um álbum de disco jazz incrível com Herbie Hancock. Confira aí!

Um bônus antes de ir embora: remix dançante delicinha que saiu recentemente de Omri Smadar para uma música de Ravitz. A música Hakol Beseder fala coisas do tipo “agora está tudo bem, tá rolando uma mudança no ar, ainda existe confusão e tensão mas devagar a gente vai encontrar um refúgio".
Hum… não sei por que me tocou? Ouça: