Um fervo no Centro de SP

Um dia desses fui conhecer a loja Nó do Rodrigo Basso, um lugar bem bacana que é voltado pra moda masculina e pra repensar noções de masculinidade partindo da roupa e da estética. E acabei descobrindo que a região em que a Nó está, na Major Sertório pertinho do Copan, está o maior fervo! O Rodrigo inclusive me ajudou a levantar as coisas que estão rolando por lá, vem saber:

379 Likes, 5 Comments - LOJA NÓ (@noaloja) on Instagram: "Ah o outono 🌞🍃 camisa disponível na loja 😎"

A Nó em si é tu-do! Eu sei que às vezes parece que eu acho tudo incrível, mas se está aqui nesse blog é porque achei incrível, né nóm? São 40 marcas brasileiras reunidas, a maioria de caráter mais independente, desde as mais básicas tipo Saint Studio até a estamparia babadeira da Psicotrópica, as camisetas divertidas da Stay Ugly, o streetwear bem charmoso da Philadelphia Company
Apesar do foco em masculino, Rodrigo diz que 40% das vendas acontecem pra mulheres. Dá pra entender - o mix é superatraente. Ele é esforçado, cavoca sapatos bonitos de Franca, produtos de beleza interessantes com pegada mais orgânica… Outra coisa bacana na curadoria do Rodrigo é que ele presta bastante atenção no preço - como trabalha com marcas menores, tem a liberdade e a facilidade de conversar com eles para chegar num preço que seja mais adequado para o seu público (entra nisso mudanças em tecidos e detalhes nas peças para diminuir o valor).
A loja Nó fica na rua Major Sertório, 114.

153 Likes, 3 Comments - Instituto Feira Livre (@institutofeiralivre) on Instagram: "Atlas do Agronegócio: Fatos e números sobre as corporações que controlam o que comemos. ...."

O Instituto Feira Livre vende orgânicos direto do produtor, sem intermediários, e ainda conta com café e restaurante! Quando você compra lá, eles dão o preço de custo mas a sugestão é você mesmo incluir uma porcentagem para a manutenção e custos operacionais do espaço. Abre de fim de semana (fecha segunda) e dá para encontrar coisas que você não acha em qualquer lugar tipo cenoura roxa! Não cheguei a entrar mas pretendo voltar para conferir mais de perto!
Fica na Major Sertório, 229.

O Jardim Secreto, que virou praticamente uma instituição de SP, começou como uma feira mas hoje tem uma Casa Jardim Secreto no Bixiga e esse Galpão Jardim Secreto no centro, sempre com uma curadoria charmosa de marcas independentes, pequenos produtores, com o grande plano de fortalecer a economia criativa. As minhas amigas da Jouer Couture são ocupantes do coworking que faz parte do local, e ainda tem café, chá e comidinhas - tudo isso ajuda a fazer do ambiente um local supervivo!
O Galpão Jardim Secreto fica na Major Sertório, 209.

Quer mais? Falo mais então: tem a balada-prédio Tokyo; o Z-Deli; a Casa do Porco; o Orfeu; o Sertó; o charmosérrimo Café Modernista; o JazzB; o Fel… Tudo isso com a distância de alguns passos entre um e outro. Diz que vai abrir uma padaria artesanal na frente do Instituto Feira Livre e um La Guapa, a rede de empanadas da Paola Carosella, do lado. Legal, né? Vá pro Centro!!!

Você tem só mais alguns dias pra ver 3 exposições maravilhosas de uma vez

Fui no MASP e fiz esse post que eu sei que soa bem pedante mas foi de coração:

A exposição em cartaz da Djanira (nome completo é Djanira Motta e Silva) vai só até 19/05, então é bom correr. Em 2019, o MASP está focando no tema das artistas mulheres e a representatividade delas. A exposição das Guerilla Girls que rolou em 2017 deve ter sido um wake up call - elas produziram uma obra especificamente pra mostra que faz parte de uma série de cartazes na qual elas expõem a porcentagem de artistas do acervo das instituições que são mulheres.

Esse é o cartaz!

Esse é o cartaz!

Por isso o triunvirato que está em cartaz no MASP agora é imperdível. Tem a supracitada Djanira, que era uma artista considerada naïf por preconceito da elite intelectual - e que na verdade pensava no Brasil e em questões importantes como a realidade social e ecologia de maneira profunda.

Aí tem a expô da Lina Bo Bardi, que é simplesmente quem assinou o projeto do prédio do MASP. Arquiteta, designer, pensadora - a mulher era foda! Peguei essa citação aqui da exposição porque acho que ela é muito emblemática:

“Pode-se achar até feio e digo: não é bonito o Museu de Arte de São Paulo, nunca foi bonito. Não procurei a beleza, procurei a liberdade. Os intelectuais não gostaram, o povo gostou. Gostou muito. Sabem quem fez isso? Foi uma mulher!”
— Lina Bo Bardi, sobre o projeto do MASP

Achou pouco? Bom, ela também assinou os projetos do Sesc Pompéia, Casa de Vidro, MAM-SP, Teatro Oficina. Simplesmente amo todos.

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Sesc Pompéia

Acho esse projeto um escândalo! Ultrapassa os padrões de beleza, é outra coisa, é convivência, é criatividade!

E finalmente tem Tarsila do Amaral. É uma exposição muito imperdível, muito inacreditável, uma mulher brasileira que é uma das artistas mais importantes do mundo e que ainda assim, mais de 45 anos após sua morte, não tinha tido uma retrospectiva dessas proporções no seu país de origem. E, aliás, precisou ter uma exposição dessas proporções antes… no MoMA.

Não sou especialista em arte, o que sei e conheço sobre o assunto foi por pesquisa e umas aulinhas na escola e na faculdade. Mas não dá para ficar incólume diante do conjunto das obras de Tarsila. É paupável a importância dela.

Mas por tudo isso e pelo meu background, vou falar algo que os puristas talvez achem futilidade mas eu não acho: Tarsila é CHIQUÉRRIMA.

Essa coisa de desafiar o BCBG (bon chic bon genre), de colocar o que ela chamava de cores caipiras como um dos seus principais motes, de usar temas da cultura popular e elevá-los - é um tipo de plot twist que também me faz admirar outros criadores como Miuccia Prada (desafiando o conceito de cafona na moda). Claro que Tarsila fazia parte de uma elite, era de outra época e portanto sua visão da pobreza - do Morro da Favela, por exemplo - é romântica.

Morro da Favela (1924), Tarsila do Amaral

Morro da Favela (1924), Tarsila do Amaral

Ainda assim, levando em conta o contexto da época e comparando com o que havia, acho MUITO FODA. Algumas das obras que me deixaram hipnotizado, fora o clássico Abaporu:

Queria falar mais uma coisinha sobre Composição (Figura Só), o único quadro que Tarsila fez em 1930. Em 1929, a família dela quebrou com o crash da bolsa; em 1930, golpe de Estado; e nesse mesmo 1930 Oswald de Andrade a abandonava pra ficar com Pagu. Forte. No texto que acompanha o quadro na exposição, a última frase é: “Nada mais seria como antes”.

Resumindo: já gostava; gosto ainda mais. Vá ao MASP!!!

Autorretrato de 1923 de Tarsila do Amaral. O casaco é Jean Patou - e aposto que ele é mais bonito no quadro do que era na vida real!

Autorretrato de 1923 de Tarsila do Amaral. O casaco é Jean Patou - e aposto que ele é mais bonito no quadro do que era na vida real!

A Melissa está fazendo 40 anos!

A minha lembrança da Melissa é mesmo de infância pois - abafa o caso - eu tenho quase 40.
Vai ter um monte de comemoração relacionada com a data, cheia de relançamentos de produtos icônicos - em outubro chega um bem especial, que eles dão a entender que é completamente novo.

A Melissa tem um problema na mão hoje: seu produto é feito de plástico, e a turma eco-consciente torce o nariz com razão. Será que esse novo produto que está chegando tem algo relacionado a isso? Espero que sim, mas seria uma reinvenção completa da marca que sempre se baseou no plástico em campanhas, imagem de marca, visual merchandising - tudo! A gente sabe que existem estudos de materiais biodegradáveis cada vez mais avançados (esse da USP que foi divulgado no fim do mês passado é um deles) mas ao mesmo tempo outra notícia que girou recentemente é a de que as sacolas de plástico biodegradável não são tão eficientes em seu processo de decomposição quanto a gente pensava. Até outubro a gente fica sabendo se o futuro, para a Melissa, é feito de outro material.

Enquanto isso, a marca já lançou os primeiros produtos comemorativos que recebem os nomes autoexplicativos Alma e Origem. São inspirados em garrafões de vinho - na sua origem, a Melissa fazia aquelas telas de plástico que cobrem esses garrafões.

A sapatilha Alma e a bolsa Origem - Foto: Divulgação

A sapatilha Alma e a bolsa Origem - Foto: Divulgação

A sapatilha custa R$ 159,90 e a bolsa R$ 279,90 - achei a bolsa bem divertida!

Mas o que você queria ver de relançamento da Melissa? Tenho uns palpites!

Vou contar uma coisa minha: odeio a Melissa Aranha! Desculpa, é algo quase irracional, mas acho feia pra dedéu, apesar de reconhecer o seu status de clássico…
E você, de qual Melissa você gosta?

As irmãs Koshino

Achei que essa thread é bonita demais para não ser destacada aqui nesse humilde blog.

Clica nesse embed de twitter acima pra ler a thread inteira!

Tchauzinho das lindas - Fonte da foto é esse Nifty

Tchauzinho das lindas - Fonte da foto é esse Nifty

Uma coisa de Osaka que poucos guias turísticos realmente falam

Regra número 1: Se você vai para o Japão e só vai para Tóquio, tenha uma boa desculpa porque não existe a menor possibilidade de ir até o outro lado do mundo e só conhecer Tóquio. Me poupe. Ou a sua viagem é de apenas 5 dias, ou você não tem dinheiro algum para fazer nada além de comer udon todo dia em Shinjuku. Caso contrário, pelamor, vai para outras cidades. É muito rápido e muito simples ir de trem-bala (que eles chamam de shinkansen), você já chega no meio da outra cidade e dá para aproveitar pencas.
Regra número 2: Se você vai para outras cidades além de Tóquio e não vai para Osaka, SAI DESSE BLOG, ARRUMA UMA PASSAGEM, VAI PARA LÁ E SÓ DEPOIS TE ACEITO DE NOVO ENQUANTO LEITOR.

Isso porque, assim como para minha amiga Helô Dela Rosa, Osaka é uma das minhas cidades preferidas DO MUNDO.

Olho para esse corredor do Glico gigante e meu coração já acelera <3 Fonte da foto: site Kanpai! Japan

Olho para esse corredor do Glico gigante e meu coração já acelera <3 Fonte da foto: site Kanpai! Japan

”Ai, mas é uma cidade grande, não é igual Tóquio? Eu já vou para Tóquio. Deve ser igual!”
NÃO, NÃO É.
Primeiro porque Osaka é MUITO MAIS DIVERTIDA, e inclusive é conhecida por isso. Para mais referências, assista ao episódio da cidade da série Street Food que está online na Netflix (e é bem legal). É nele que você vai descobrir, de maneira bem maquiada, que o povo de Tóquio fica simplesmente PASSADO quando vê o quanto o povo de Osaka come.
Sim, come. O povo de Osaka come muito. E bebe muito. Osaka é uma festa. Osaka é conhecida como “a cozinha do Japão”, do tanto que o povo come. O povo é mais solto. O sotaque de Kansai (a região onde fica Osaka) é mais cantadinho. Numa comparação bem porca (mas bem porca mesmo), Osaka é o Rio e Tóquio é SP. Por exemplo…

Mesmo que o cruzamento de Shibuya em Tóquio seja absurdo, você vê uma certa ordem no caos, uma pressa de quem quer trabalhar ou chegar em casa, uma coisa “grande metrópole funcionando”.

Já em Osaka, num dos pontos mais movimentados de lá, a Dotonbori, tudo brilha, tudo mexe, tudo é uma baguncinha viva e existe uma sensação de Disneylândia para nipomaníacos que dificilmente você sente em algum lugar de Tóquio - talvez em Akihabara e olhe lá, dependendo bem do ângulo de visão…

MAS existe um lugar mágico em Osaka que poucos guias valorizam. É o bairro Shinsekai, uma das coisas mais deliciosas que eu já vi na vida: parece um lugar parado no tempo, que manteve a carinha da época em que foi inaugurado no começo do século 20. Meio futurista, meio retrô - cheio de restaurantes e com uma torre, a Tsutenkaku, que vai fazer você suspirar de saudade de Jaspion e Changeman. É era Showa (o período do Japão entre 1926 e 1989) na veia!

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Faltava conhecer essa lindeza em Osaka! ✔️

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Dizem que Shinsekai é um perigo. Para os padrões brasileiros, pode ir sossegadíssimo, viu? Perigo é uma palavra tão relativa… (mas eu nunca fiquei até mais de 21h por lá, só para garantir kkkk)

Ah, e foi lá que eu comi baiacu pela primeira e única vez. Não gostei - nem o risco de vida deu sabor para o peixe… Mas tem quem ame, então, sei lá, experimenta!

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Sushi de baiacu, alguém? #baiacu #fugu

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Dica bônus: quem curtir Shinsekai também vai gostar do Shin-Yokohama Ramen Museum, que fica em Yokohama, bem perto de Tóquio. Lá, além de você poder experimentar vários tipos de lamen de casas famosas do país, o destaque fica para a ambientação: eles construíram um cenário que justamente imita um Japão da era Showa! Parece parque temático e tem até uma lojinha de doces igual as da época. Saiba mais sobre o museu no site Japan Hoppers clicando aqui.

Foto do Shin-Yokohama Ramen Museum, bem divertido de conhecer! Fonte da foto: o jornal Japan Times

Foto do Shin-Yokohama Ramen Museum, bem divertido de conhecer! Fonte da foto: o jornal Japan Times