Um filme bom; um título de filme não tão bom

A Imovision me convidou para uma seção especial de A Costureira de Sonhos, filme que chegou a passar na Mostra Internacional no ano passado (e eu não vi) e que estreia no circuito no próximo dia 23/05. O título original do longa é Sir e faz muito mais sentido - é como a personagem principal Ratna (Tillotama Shome) chama o seu patrão Ashwin (Vivek Gomber). Ela é empregada dele em Mumbai e sonha em ser uma estilista. Aí você pensa: ah, por isso o título! Ah, é um filme de moda!

Não, não é um filme de moda. É muito mais sobre o abismo social de uma cidade grande na Índia, sobre a dificuldade que a camada mais pobre tem de ascender socialmente porque essa mobilidade é um tabu cultural. É sobre o preconceito de classe. E é muito mais parecido com Que horas ela volta? (2015) e Roma (2018) que com O Diabo veste Prada (2006) e Trama Fantasma (2017).

Mumbai vista de cima pela protagonista

Mumbai vista de cima pela protagonista

Para explicar melhor a minha opinião sobre o filme, vou ter que usar de spoilers. Portanto, se não quiser spoilers, pare de ler a partir daqui.

ALERTA DE SPOILER * ALERTA DE SPOILER
Não prossiga se não quiser SPOILERSSS

Para começo de conversa, não consegui me convencer que o Ashwin não teve um comportamento abusivo. Desculpa mas #militei mesmo: apesar da construção muito bem orquestrada do crescimento da intimidade entre eles, Ratna deixa claro que um relacionamento seria um problema, que o beijo foi um erro. Ele insiste. Pode ser com a melhor das intenções, pode parecer mais complexo que a situação de assédio entre patrão e empregada que estamos acostumados a ver. Mas por quê? Só porque ele é mais jovem e mais bonitão? A história simplesmente se apresenta, nem acho que ela seja tão romantizada, mas a minha leitura é de abuso sim e acho que para muita gente que for assistir talvez não seja, tipo “torcer para a mocinha ficar com o mocinho”.

Isso não faz com que o filme seja ruim. Aliás, pelo contrário, gosto de filmes que fazem pensar e que não tentam apresentar uma lição de moral. É uma história - mas o que você pensa sobre ela?

Também achei bem interessante as referências culturais no geral que se apresentam ao longo da trama, a diferença entre a vida na vila e a vida na cidade grande, o que esse morar na cidade grande representa de libertador (mas nem tanto).

Vale o ingresso! Confira o trailer abaixo:

Obs.: e a moda mais uma vez é apresentada como um universo que exclui e é esnobe, só para os poucos e bons. Hum… Talvez porque ela seja assim, totalmente fora de moda mesmo. Para pensar…

London, London: para quem vai pela primeira vez

Sim, caro leitor: vou para Londres mais uma vez daqui a menos de um mês.

O incauto deve pensar: pôxa, tanto lugar para ir no mundo, por que o Jorge vai tanto para Londres?
Primeiro porque é melhor que Paris (brincadeira; mas é verdade).
Mas o motivo acho que vem da minha educação, acredita?

Papai sempre fez questão de investir muito na minha educação e na das minhas irmãs - tanto que fiz duas faculdades particulares. E desde pequeno ele me matriculou na Cultura Inglesa: a gente precisava estudar inglês, isso seria um diferencial no mercado de trabalho. Ele nunca tirou isso da cabeça. Realmente foi e é um diferencial, meu inglês é bem bom por causa de todos esses anos em que fiz aula duas vezes por semana na Cultura - que os iniciados chamavam de Tortura Chinesa. No fundo era legal, só era chato ter que ir em mais uma escola além da escola normal, né? E um lado da Cultura Inglesa que é bacana está no nome: lá você não só aprende a língua, mas todo o material didático está cheio de referências ao Reino Unido, de cool britannia a swinging London passando por lugares turísticos, English breakfast e obviamente o sotaque. O inglês que você aprende na Cultura é o britânico, e tive professores nativos da Inglaterra.
Resultado: virei uma criança e um adolescente fissurado em tudo que era inglês. Tava nem aí para NY, EUA e Disney: queria saber de Beatles, de Rolling Stones, de Oasis, de Blur e de Spice Girls. Queria saber da Ministry of Sound, de Prodigy e Chemical Brothers, do David Bowie, do George Michael (“será que ele é gay, mesmo?!”), da The Face (até hoje a minha revista preferida é uma revista inglesa, a Mojo), da família real britânica especialmente Lady Di, de Trainspotting. Nos anos 1990 o moderno estava em Londres, quem era moderno queria estar em Londres - durou até os anos 2000, quando Madonna casou com Guy Ritchie e aí estragou o rolê. Risos! Tô brincando, não me matem, queridos fãs de Madge.
E por isso acabei fazendo um pequeno intercâmbio de um mês para Londres com a minha amiga Massami Akutsu em 1997, nós dois com 16 aninhos, no fervo dos hormônios, querendo descobrir tudo. Tudo o que você está imaginando que a gente pode ter feito: sim, fizemos. Inclusive ir na Ministry of Sound e de fato conseguir entrar nela (usei uma carteirinha de albergue de uma carioca maior de idade que se chamava Daniela!). Foi em Londres que beijei um homem pela primeira vez - e ele era londrino.

Lady Diana Spencer morreu em Paris mais ou menos um mês depois da gente voltar desse intercâmbio. Em 1998, Geri Halliwell anunciava sua saída das Spice. E entre 1999 e 2000, eu trabalhei na assessoria de imprensa do canal Multishow e assisti pela primeira vez Absolutely Fabulous, a série inglesa mais perfeita da história das séries inglesas (com The Office quase lá).

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Ícone

Sou meio fissurado na história dela até hoje. E você?

Essa introdução que virou um textão é para dizer que Londres sempre rondou e provavelmente sempre vai rondar a minha vida - e a coisa ficou ainda mais exagerada quando criei um monstro levando o meu marido para lá e apresentando a cidade para ele. Foi paixão avassaladora à primeira vista - depois disso ele vai para lá sempre, ainda mais vezes do que eu! É por isso que esse post, com dicas para quem vai para a cidade pela primeira vez, tem a assessoria dele - thank you, baby! ;)
Sem mais delongas: vamos a elas?

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Pegar busão é bom

Se você tem mais tempo, o ônibus é muito mais legal do que o metrô. Ele é mais barato, vai demorar mais porém você vai observando a cidade, e tem todo o charme dos dois andares.

Menção honrosa à nossa amiga Yéssica Klein que nos apresentou a linha 23, que vai para quase todos os lugares que você precisa ir ou pelo menos bem perto desses lugares!

E só pegue o black cab, os famosos táxis pretos londrinos, se você for milionário.

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Zona 2 at least

Londres é dividida em zonas: no centro fica a 1, ao redor do centro fica a 2, e assim por diante. Na minha humilde opinião, a zona 3 já fica bem longe das principais atrações turísticas e você vai demorar mais e pagar mais caro no transporte público.

Existem bairros especialmente estratégicos e com bastante opções de acomodação: Earl’s Court e Paddington são os que a gente usa bastante, com preferência pro primeiro porque ele tem boas linhas de metrô (a Piccadilly Line, por exemplo, vai direto pro meio do fervo: Piccadilly Circus, Leicester Square, Covent Garden; e é por ela que você consegue ir para a King’s Cross St Pancras para pegar trem!). Dá para ir em várias lugares em uma caminhada. E os hotéis são bem legais na questão custo x benefício!

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O seu melhor amigo

Pret a Manger é um dos lugares mais legais para tomar café e comer alguma coisinha no meio do seu roteiro: o custo x benefício é bom (Londres é uma cidade cara mesmo, então essa dica é preciosa), as coisas são bem gostosas.

A culinária inglesa não é exatamente deliciosa. Até que curto (pois excêntrico) mas com moderação e só fish & chips (peixe empanado com batata frita), algumas tortas (mas apenas algumas mesmo, a chance de ser sem graça ou ter um gosto bem exótico é grande) e pronto.

Então nossa dica para Londres para comer barato é supermercado - lá eles têm várias coisinhas já prontas e inofensivas, tipo salada, pão recheado, macarrão etc. E também vale dar uma olhada nos restaurantes de estrangeiros: chinês, árabe, italiano, vietnamita… Provavelmente vai ser mais barato e mais gostoso.

Ah, e tem redes de restaurante que a gente adora: Eat, Wagamama (que é um pouco mais caro mas muito gostoso), Wasabi e o Itsu. Outro segredo: geralmente no Itsu as coisas que sobram ficam 50% mais baratas um pouco antes do restaurante fechar, tipo meia hora antes. Ah, e sabia que às vezes isso também acontece nos mercadinhos da Liberdade em São Paulo?

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Ainda existe um indie dentro de mim

Então a gente continua frequentando a Rough Trade!

Uma das lojas de música mais incríveis do mundo, a Rough Trade é parada obrigatória. Você só ouve Spotify? Tudo bem: também é um bom lugar para você descobrir sons que não conhecia e depois buscá-los no seu aplicativo. Como tenho vitrola, às vezes acabo saindo com um disquinho (ou dois, ou quatro…). Mas confesso que o que amo mesmo é a seleção de livros deles - sempre tem algo que me interessa. Aliás, fica a dica também para a seção de livros da Harrods - sim, é carérrima; sim, você provavelmente não vai levar nenhuma roupa; mas sim, talvez você leve um livro!

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Mais compras?

Não esquece de passar na Tiger!

Existem todas as lojas manjadas para quem viaja para o exterior - as minhas preferidas são Uniqlo e Urban Outfitters, o Pedro não resiste à Primark, sempre passamos na H&M. Às vezes a Pull & Bear está bem legal, e eu tenho ficado muito na onda da Benetton depois que o Jean-Charles de Castelbajac assumiu a direção criativa. Eu a-do-ro a Fiorucci, então sempre dou uma passadinha; e a Liberty, que simpatizo, mas obviamente nunca compro nada por motivos de conta bancária saudável. Da última vez que fomos, também curtimos a Goop, loja da Gwyneth Paltrow, principalmente na parte de beleza. Cara porém agradável. E o Pedro, como é muito fã da Vivienne Westwood, sempre quer ir em pelo menos uma loja dela - a de Chelsea, a World’s End, é tipo ponto turístico para o fashionista pois segue no mesmo endereço e imóvel que Vivienne abriu a sua mítica loja SEX com o então marido Malcolm McLaren e influenciou a estética do punk para sempre. Mas talvez a mais legal de todas seja a Flying Tiger, uma loja de miudezas de Copenhagen que traz um monte de coisa que a gente nunca soube que queria ter mas de repente é tudo na vida: um conjunto de copinhos rosa com um desenho fofo, uma máscara linda para usar no Carnaval, uma placa luminosa, um lápis todo brilhoso, cabo USB colorido. O Alexandre Herchcovitch já me disse que também ama! É tudo baratinho, então você acaba levando cerca de 500 itens, pagando um milhão de libras e se preocupando com o excesso de bagagem.
Pensando bem, talvez seja melhor você nem entrar nessa loja.

Ah, e tem outra loja, essa um pouquinho mais antiga…

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Uma loja mais velha que a sua avó

E a sua bisavó. Bom: é uma loja mais velha que a Revolução Industrial!!!

A Fortnum & Mason foi aberta em 1707 pelo mister Fortnum e mister Mason, e inicialmente vendia comida. Hoje ela é uma loja de departamento chique, mas segue no segmento alimentício: chocolates lindos, docinhos e, principalmente, chás. Ela ficou intimamente ligada à imagem da família real inglesa e tem entre os seus blends o Queen’s Blend Tea, criado em homenagem à rainha Elizabeth, a monarca com maior tempo de reinado em UK. Ui! Mesmo que você não vá comprar nada (mas duvido que você não saia com um pacotinho de chá para sua mãe), vale visitar. O preço não é barato, mas é pagável e você se sente adquirindo algo luxuoso.

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Não seja uma ostra

Vale a pena comprar o Oyster? Olha, eu acho que sim, pela praticidade. Mas fique atento às regras!

Tem uns pacotes para usar o cartão à vontade por um período e combinação de zonas, mas ele pode não ser válido para alguma área específica. A do aeroporto, por exemplo: quando você chegar em Heathrow, só coloque dinheiro no Oyster para ir até o hotel e ainda não compre pacote porque vai dar ruim, a região do aeroporto é a 6. O pacote é validado assim que você o compra - então é melhor comprá-lo quando você já estiver na zona do seu hotel!

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Vá ao museu, por favor

É de graça. É sério, vá.

Museu geralmente é carérrimo na Europa. Absurdo de caro. Esse é um dos motivos para amar Londres: acervos de museu incríveis e com entrada gratuita! Eles pedem contribuições espontâneas, e às vezes a gente até dá com gosto porque é muito legal. O meu parâmetro é não dar se eu vou para alguma exposição paga lá dentro; e geralmente acabo indo.

É difícil falar quais são meus museus preferidos na cidade: pode ser todos? Esse da foto é o Tate Modern, que amo. Tem o Victoria & Albert, o de História Natural, a National Gallery, o British Museum, o de Ciência… É tudo mara. Mesmo que você não goste tanto dos rolês de museu, acho que vale porque é de graça mesmo. E você devia gostar, quem sabe indo em um museu londrino você não acaba descobrindo que gosta?

E eu também queria falar das ROUBADAS. Tipo: já fui, não recomendo!

. Troca da guarda: é uma bobagem, mas todo mundo vai. Já fui mais de uma vez. Vale a pena? Não. Vou te julgar por você querer ir? Não mesmo. Você vai se arrepender? Vai sim. Tudo bem? Tudo bem. Mas se quiser pular, não fique com dor na consciência!

. Madame Tussauds: o museu de cera é feio, é caríssimo, é cafona. Não precisa, a menos que você queira dar risada e esteja, digamos, podendo ($$$).

. London Pass: olha, os museus são de graça. Se é a primeira vez que você vai para Londres, o acervo deles já vai ter muita coisa para ver. Talvez você queira ir para uma ou outra exposição paga, e mesmo assim a gente acha que não vale o preço de um London Pass. Faça o cálculo antes.

. Metrô no horário de pico: só vi coisa pior na linha vermelha em SP e no horário de pico em Tóquio. Faz uma horinha no Starbucks, vai por mim. Ou vá à pé, vai ser bem mais confortável por mais longe que seja.

. Região dos museus no sábado à tarde: evite. Aliás, sábado à tarde é hora boa para, sei lá, ir em um dos parques, ir para Camden Town, ir conhecer Hackney e Shoreditch - qualquer coisa que seja mais afastada dos grandes centros de compra ou de visita.

A saga do desodorante sem alumínio

Se está um sol de rachar, se eu sei que vou andar mais de um quilômetro, se o dia vai ser punk - não adianta, eu ainda tenho que passar um desodorante com alumínio. Fico achando que um sem “não segura”. Suo muito normalmente, então já meio que aceitei que de vez em quando vou ter que usar um paranauê que não necessariamente queria. É a vida.

O desodorante com alumínio é antitranspirante. Ou seja, inibe a ação das glândulas que fazem você suar. O desodorante sem alumínio é antisséptico, tem a função de matar as bactérias que causam mau cheiro, disfarça o odor - mas quando você usa, você transpira.

Só que o alumínio faz mal. Parece que os estudos ainda são inconclusivos (talvez porque o lobby das empresas seja grande, né?), mas esse artigo do link da Unicamp de 2014 (!!) já falava sobre o assunto e apontava os problemas da substância na formulação. Na minha “pesquisa empírica” (rsrsrs), se eu uso o antitranspirante com alumínio por muitos dias seguidos, a minha axila chega a doer! Dizem que ele tem efeito acumulativo, então faz sentido.

E foi assim que começou a minha árdua busca por um desodorante bom e sem alumínio.

Essa imagem é meramente ilustrativa, mesmo porque parece a de um inseticida

Essa imagem é meramente ilustrativa, mesmo porque parece a de um inseticida

Meus amigos mais hippies Aurea Calcavecchia e Eduardo Viveiros vivem em partes diferentes do mundo mas ambos, coincidentemente e sem combinar, estão fazendo o próprio desodorante com a mesma fórmula: leite de magnésia, água e óleos essenciais. Acho superlegal, parabéns, dou o maior apoio moral mas ainda não estou nesse momento Cristal Muniz da minha vida, sabe? A Aurea também já usou talco antisséptico, acho que da Granado. E tem quem use o leite de rosas e jura que funciona. Mas eu queria mesmo um desô! E outro problema: eu gosto de variar desodorantes e não usar sempre o mesmo!!! Então testei alguns e vou contar para vocês.

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Araucária da L’Occitane au Brésil

Ele é um dos desodorantes da marca que não usam alumínio. Gostosinho, uso para dar um closinho por aí

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O mais top: pêssego da Jason

Não tem no Brasil, meninas, mas é um dos melhores que já experimentei, cheiro bom, supersegura. Nota 10!

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Quer um chazinho?

Curti o de chá de jasmim da Schmidt’s mas ele não é o que parece: vem em stick mas você tem que passar com o dedo para não fazer uma meleca porque é muito pastoso. E também não tem no BR :(

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O vegano da Unilever!

Tá a maior treta entre os veganos por causa dessa marca (é da Unilever, que definitivamente não é uma empresa vegana etc etc.), mas não sou vegan e o que me deixou megafeliz é que esse desodorante da Love Beauty and Planet vende no Brasil em farmácias e EU AMEI!

Desôs que não passaram no teste: Weleda (sorry, Weleda, te adoro, mas na parte dos desodorantes você ainda deixa a desejar) e um de uma marca brasileira pequena e orgânica que usei e MANCHOU MINHA AXILA, o que infelizmente me fez pegar trauma de pequenos produtores de desodorante e portanto não experimentei mais nenhum. Fiquei triste porque ele era bom apesar de manchar a axila. E porque realmente curto o rolê de pequenos produtores e acho que ele precisa ser estimulado. :(

E tem os de cristal, né? Desculpa, mas para mim decididamente não rolou, sinto como se não tivesse passado coisa alguma. E olha que já testei uns 3!

E os que eu quero experimentar?

Como adorei tanto o da Jason quanto o da Schmidt’s, na próxima viagem devo comprar outros cheiros deles - fiquei bem na fissura do de carvão com magnésio (olha aí o magnésio de novo!) da Schmidt’s, por exemplo. O mesmo Eduardo me disse de um da Vichy - vocês já experimentaram? Ele é mais caro, então fico com receio do custo-benefício, mas se pá também compro para ver qualé. Tem o de uma marca que chama Ursa Major que eu também tô de olho; o Essentials da Arm & Hammer (a pasta de dente de carvão, que a maioria das pessoas acha exótica, eu adoro - então quem sabe o desô também é bão?); o Takesumi da Kaia que promete fazer um detox na sua axila (?! Alguém sabe se tem em Londres?); o da (Malin + Goetz), assim mesmo entre parênteses, que além de tudo achei a embalagem linda; o da Lavanilla que é de limão e baunilha (?!?); e se eu fosse milionário compraria o da Aesop, infelizmente ainda não é o caso.

E você? Testou algum? Me conta, vai? Me ajuda, bilu! Quero ter várias opções, a gente gosta de variedadeeee!

Você teria um minuto para ouvir a palavra de Carly Rae Jepsen?

Se você parou em Call me Maybe você não sabe o que está perdendo.

A cantora que apareceu na quinta edição do Canadian Idol em 2007 e estourou cinco anos depois com esse hit prometia ser isso mesmo: aquela velha história do one hit wonder. Só que algo aconteceu. A minha teoria é que Carly Rae Jepsen ouviu Body Talk da Robyn e pensou “puxa, se uma sueca pode eu que sou canadense também posso”.
E a minha teoria provavelmente está certa porque existe um artigo do Pitchfork que fala sobre isso:

One of Robyn’s acolytes this decade, Carly Rae Jepsen, says the singer is among her favorite pop artists ever. “She has created such a unique sound that is so specifically Robyn,” Jepsen explains over the phone. “It’s this little world that she has tapped into, and no one else can really do it. It’s a fantastical place, and empowering, and it makes you feel like tonight is the only night that ever was or ever will be.”
— Trecho de artigo do Pitchfork

O artigo segue falando sobre como Carly ouviu Dancing on my Own e a partir disso criou uma bíblia do pop contemporâneo para iniciados, Emotion, em 2015.

Emotion é tão pop perfection que gerou um outro álbum de 8 faixas, quase tão bom quanto, só com sobras!

Aí em 2017 ela ainda lança Cut to the Feeling, que é mais um pop mara! Fez o circuito dos festivais e tudo e tal - nesse momento ela tinha virado de promessa do pop para algo diferente, que surpreendentemente não faz tanto sucesso assim mas que o povo alternativo (que eu adoro chamar de ALTERNAS, foi o meu amigo Gabriel Brito que me ensinou rsrsrsrs) virou fã.

“Quero cortar pro sentimento, more!” - Fonte da foto: The Ringer

“Quero cortar pro sentimento, more!” - Fonte da foto: The Ringer

Aí a gente começa a pensar: bem, agora chega, né, já deu a fase áurea da Carly Rae, o próximo álbum provavelmente vai ser uma bomba ácida.
Mas as primeiras músicas vieram e foram meio que boas. E agora ela lançou o tal sucessor de Emotion, chamado Dedicated.

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Novo testamento?

Amei a calça, Carly!

Se Emotion combina um ar retrô de leve com um pop mais contemporâneo, achei que Dedicated é ainda mais vintage: tem momentos meio Madonna dos anos 1980-90, toquezinhos de Olivia Newton-John, aquele clima de música que estaria num momento incrível do seu filme preferido de John Hughes. (Não sabe quem é John Hughes? Então vai fazer a sua lição de casa no Google!)

Isso é uma impressão baseada nas primeiras audições. É bom para ouvir indo para o trabalho, para dar um up? Sim, sem dúvida! Dá vontade de dar uma dançada, de cantar junto. É Bíblia que nem o Emotion? Acho que não mas pode ser que cresça em mais algumas ouvidas.

Anyway, ouça:

Obs.: aliás, falando em sequência de pop perfection, e o novo da Marina, hein? Que bobagem, passa em branco fácil. Triste porque Froot é uma das coisas mais deliciosas que esse milênio já nos deu. Enfim.

Obs. 2: para quem nasceu ontem, existiu no Brasil em 2001 um álbum de uma cantora pop que estourou, um estouro enorme tal qual Call me Maybe, e que também agradou os alternas. Um caso único da princesa do funk: Kelly Key. O disco homônimo de estreia, de Baba, Só Quero Ficar, Escondido e outros mimos, é uma pérola. Confesso que de ano em ano, pelo menos, ouço uma vez ou outra para relembrar. Kelly: seguimos esperando o seu Emotion. Analista é hit a ser redescoberto, Barbie Girl not so much, mas estamos longe do seu novo tesouro. Cadê, bebê?

A rainha do kawaii - e a embaixadora

Esse post é intimamente ligado a outros dois: o sobre memória afetiva e o sobre o que é kawaii. Não leu? Então acho importante que você pare, abra os links, leia-os antes e aí sim volte para cá!

Segundo Kazuo Tomatsu, o relações públicas da Sanrio, contou para o livro Kawaii - Japan’s Culture of Cute, seis porta-moedas de vinil no mesmo formato foram produzidos pela empresa e lançados em março de 1975. Só que um deles, o que trazia uma estampa de uma gatinha criada por Yuko Yamaguchi, vendeu melhor. Era esse aí debaixo!

Eu disse hi, ela disse hello! Fonte da foto: o blog Magnolia Preparatory Academy

Eu disse hi, ela disse hello! Fonte da foto: o blog Magnolia Preparatory Academy

A Hello Kitty foi criada em 1974 (ou seja, se o Tomatsu estiver certo, demorou um tempão para a bolsinha ser produzida). Pra quem só tinha um lacinho, uma garrafa de leite e um peixe (e nenhuma boca), a Hello ganhou toda uma história: ela pesa o equivalente a três maçãs e sua altura é a de cinco maçãs empilhadas; seu nome real é Kitty White e ela vive em Londres; ela tem um gato de estimação (ué!) e seu namorado se chama Daniel. Ela é muito kawaii. Muito mesmo. Tem um parque de diversão só dela em Tóquio (que eu não fui) chamado Puroland. E teve uma exposição dela que passou por Seattle, onde vi de perto esse moedeiro da foto! Lembra que contei que fui nessa exposição no post sobre museus?

A fonte da foto acima, aliás, fala justamente dessa mesma exposição, que trazia obras de artistas inspiradas em Hello Kitty junto com memorabilia. Confira no Magnolia Preparatory Academy!

E também já comentei no post sobre memória afetiva que Alexandre Herchcovitch foi um que já se inspirou nela!

Outono-inverno 2004 - fonte da foto: FFW. Herchcovitch misturou Hello Kitty com outro símbolo pop: Carmen Miranda!

Essa gata também já virou tema de desfile de Samuel Cirnansck, já foi inspiração para Herchcovitch de novo (junto com a Ellus), já inspirou Fila e Puma, já virou vestido de Lady Gaga…

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Camp!

O vestido de GK Reid faz par com esse make nos olhos bem anime de Gaga; o clique é de Markus Klinko & Indrani

O look da Gaga lembra o trabalho que Jean-Charles de Castelbajac fazia (ele começou com casaco de ursinhos de pelúcia e já fez uma capa de Caco, dos Muppets, para a própria Gaga). E também aquelas poltronas dos irmãos Campana, lembra?

(Surpreendentemente, Castelbajac nunca fez uma coleção da Hello Kitty, que eu me lembre. E olha que sou fã, então acho que lembraria!)

Recentemente quem lançou uma coleção temática da Hello Kitty foi a Furla, marca italiana de bolsas.

Achei uma graça, e você?

Achei uma graça, e você?

E ainda teve Melissa, Santa Lolla… a lista é interminável, e olha que estamos apenas na parte de moda, né?

Fico tão instigado que cheguei a ir conhecer uma supercolecionadora de Hello Kitty em Osasco - olha o vídeo abaixo:

Resumindo: isso quer dizer que a Hello Kitty é a embaixadora do kawaii no mundo, certo?

Errado.

Aoki Misako, há 10 anos, atendia pelo título de embaixadora do kawaii e vinha dar uma passadinha no Brasil.

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Cuidado:

alto teor de glicose

Hoje em dia acho que o contrato dela com o governo japonês acabou (sim, ela era contratada pelo governo para representar a cultura kawaii pelo mundo), mas em 2009 eu e a Aurea Calcavecchia fomos encontrá-la na Liberdade para fazer uma entrevista para o site Lilian Pacce que você pode ler nesse link. A experiência foi bem exótica - Misako era difícil de ler (como as japonesas em geral), não sabíamos se ela estava curtindo ou não a experiência. Mas quando passou por uma loja de esquina (onde hoje fica o 89º Coffee Station) e viu o preço da panela elétrica, riu. Achou muito cara. E provavelmente nos tirou de trouxas.

Misako, como a entrevista do link demonstra, é uma sweet lolita. Se a Hello Kitty fosse uma lolita, provavelmente também seria uma sweet lolita. Essa glicose na veia está meio indigesta para você? Bem… então vou te mostrar um lado mais obscuro do kawaii… em um outro post, em breve!

Obs.: Recomendo o episódio da série da Netflix Brinquedos que Marcam Época sobre a Hello Kitty (é o último), e esse vídeo abaixo da NHK com a Yuko Yamaguchi em si!