Ufa, ainda bem que tem Tomo Koizumi na NYFW

Para quem não sabe, o japonês Tomo Koizumi estreou na NYFW na edição passada, via Katie Grand, uma das stylists mais poderosas da moda internacional. Ela pediu para o Marc Jacobs deixá-lo ocupar um espaço no ateliê e desfilar em sua loja na Madison Avenue. Sabrina Sato usou um look Tomo Koizumi no baile de Carnaval da Vogue passado, lembra?
Agora ele voltou e, ai, que bom que ele ainda existe.

tomo-koizumi-1.jpg

O trabalho com faixas de organza de poliéster continua

Em corzonas, e agora enfeitadas com lacinhos de fita kawaii

tomo-koizumi-2.jpg

Os volumes estão ainda mais exagerados

A gente adora, né?!

tomo-koizumi.jpg

As faixas são todas franzidas à mão e costuradas para formar essas estruturas

que levam apenas um zíper para abrir, vestir e fechar!

tomo-koizumi-4.jpg

E as formas estão mais variadas da coleção passada para essa

Tem até macacão!

Resumindo: mara.

Há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia

A frase do título é de William Shakespeare.
Tenho pensado muito nisso, tanto na atração mórbida pela ignorância que parece ter assolado o mundo (vide esse post sobre o novo Matrix e a minha atração pela série Years and Years) quanto no nosso apego pela providência de outrem. Estamos no século 21 e ainda explicamos coisas com a nossa fé - em Deus, em Nossa Senhora, no horóscopo.

signo.jpeg

Tudo isso para dizer que estou lendo um livro muito interessante chamado As Bruxas: Intriga, Traição e Histeria em Salem, da jornalista vencedora de prêmio Pulitzer Stacy Schiff.

as-bruxas.jpg

E por que ele é bom?
Bem, primeiro de tudo ele não é uma ficção: Schiff usou de documentos históricos para fazer uma reportagem sobre esse episódio horroroso da história dos EUA que aconteceu no século 17 na baía de Massachusetts e culminou na morte de 14 mulheres, 5 homens e dois cachorros. Todos acusados de bruxaria. Sim, bruxaria.
É surreal porque Schiff descreve as coisas como acreditava-se que elas eram, mesmo. Ela não escreve num tom superior de “eles acreditavam nisso, imagina que loucura?” É esperto da parte dela. Nos dias de hoje parece pouco improvável que alguém seja acusado de bruxaria e acabe com pena de morte, essa é a minha sensação…
Será?
Vou colocar um trecho do livro aqui:

Bruxas haviam perturbado a Nova Inglaterra desde a fundação. Elas afogavam bois, faziam o gado pular, derrubavam frigideiras, o feno das carroças, encantavam a cerveja. Lançavam coisas no ar, até criaturas desmembradas. Sem razão aparente, Hathorne perguntou a Tituba se ela sabia alguma coisa a respeito do menino de Corwin. Provavelmente imaginava que ela teria aleijado o filho manco do juiz, de nove anos, embora houvesse outros candidatos. As bruxas conseguiam estar em dois lugares ao mesmo tempo ou sair secas de um lugar molhado. Caminhavam sem ruído sobre tábuas soltas, teciam linho fino, conheciam segredos para clarear panos, sobreviviam a quedas. Podiam ser briguentas e resmungonas, ou inexplicavelmente fortes e inteligentes.”
— Stacy Schiff em As Bruxas

Ainda estou meio que no começo do livro, mas já para perceber que, bem…

e-o-pt.gif

Quando não encontramos explicações racionais para as coisas, partimos para outras explicações.

Terraplanismo, movimento antivacina, coach quântico… Poderíamos ficar aqui enumerando tantos fenômenos contemporâneos. É surreal, mas às vezes tem gente letrada que se nega a ver coisas. Gente que acredita que o reator de Chernobil na verdade não explodiu. Que não fomos para a lua até hoje.

Onde quero chegar? Em dois lugares:
1. Será que vermos o que acredita em algo diferente da gente como alguém burro ou do "time oposto” não é apenas um desserviço? Tentar compreendê-lo não seria um caminho mais viável? Não sei a resposta, pergunto por que isso é uma dúvida bem forte minha. Talvez não exista diálogo mesmo, mas acho que já partir do pressuposto que não existe diálogo soa, no mínimo, preguiçoso da nossa parte.
2. Pessoas esclarecidas acreditavam em bruxas. Isaac Newton, por exemplo. Ao mesmo tempo vemos a nós mesmos como seres tão esclarecidos. Tão diferentes do "time oposto". Será mesmo? Ontem (7/09) no Festival Coala fiquei observando os frequentadores. Muito tilelê, o que a direita adora chamar de esquerda caviar (odeio o termo porque foi cravado pela direita, mas no fundo a gente entende o que eles querem dizer). No palco, uma artista cantou uma música feminista acompanhada por uma banda só de homens. Isso foi a contradição mais clara entre tantas outras - como a comunicação do energético patrocinador dizendo "Estação resistência" numa referência dúbia à resistência elétrica mas também um óbvio toque político. Hay que ser esquedista pero sin perder lo capitalismo jamás? Tudo isso me fez pensar bastante. O inferno são eles ou nós mesmos, ou todo mundo junto? Existe o inferno? Quem somos nós na fila do capeta?

Vem, meteoro, e mata o resto das bruxas e dos puritanos que restaram porque, valha-me: não deu certo, não.

Não, eu não preciso saber o que a letra da música diz para gostar dela

Foi libertador.
Se você segue ouvindo música só em inglês, português e talvez um pouco de espanhol, me dê a mão que vou te levar para um novo mundo, onde existem muito mais músicas do que as que você já escuta.

fone-de-ouvido.gif

Foi em algum momento, entre descobrir Pizzicato Five e Laura Pausini, que entendi que as barreiras da língua não precisariam existir se houvesse melodia. Claro que o italiano, por exemplo, é mais próximo do português e a gente acaba pescando umas coisas. E também é claro que se eu gosto muito de uma música com uma letra em língua desconhecida, vou correr atrás de uma tradução. Mas é isso: canto junto, provavelmente num sotaque horroroso, e me divirto ao descobrir coisas novas.
As cerca de 9 pessoas que acompanham esse blog (kkkkk) já devem ter percebido que a língua não é uma barreira para mim ao curtir um som. Vou relembrar algumas que já trouxe aqui antes de sugerir mais algumas, pode ser? Então, segue a lista dos que não cantam em inglês ou português e foram citados por esse blog nesses meses de vidaaaah:

. Rosalía às vezes canta em catalão, mas a maioria das músicas é em espanhol
. O supracitado Pizzicato Five tem uma vocalista, Maki Nomiya, cantando em japonês
. Susana Estrada canta (e geme) em espanhol
. Meu Sangue Ferve por Você é uma versão de Mélancolie, música da francesa Sheila
. E Sandro de América, o cigano citado nesse mesmo post, canta em espanhol com sotaque argentino
. Veronica Maggio canta em sueco
. Raffaella Carrà canta em italiano e às vezes em espanhol
. Yehudit Ravitz canta em hebraico
. O Chai é formado por japonesas cantando em inglês - e japonesas cantando em inglês é quase outra língua
. Rupa canta em hindi (acho que é hindi, será que é um dialeto? não sei!)
. Holland canta em coreano como bom representante do k-pop (e partes do refrão são em inglês, como bom representante do k-pop)
. Kyaru Pamyu Pamyu canta em japonês
. Yumi Arai (e depois Yumi Matsutoya) canta em japonês|

yumi-arai.png

Yumi Arai

Você é um amor <3

Agora vamos para minhas outras sugestões…

ajda-pekkan.jpg

Ajda Pekkan

Você acha que a Madonna sofre preconceito no mundo pop por ser mais velha?
Fala isso para a Ajda Pekkan, que está com 73 anos e segue cantando… música pop.
É sério. Esse clipe abaixo é desse ano:

Ela não só canta mas sensualiza ao som das batidas de um eurodance safado.
Não é exatamente a minha música preferida dela - essas eletrônicas de Pekkan não são minha área. Prefiro as mais antigas, mas acho admirável ela seguir assim, belíssima.
Ajda (se pronuncia Aida) nasceu em Istambul e foi a estrelinha famosa de filmes turcos da década de 1960. Seus álbuns de 1968 a 1987 se baseavam em versões turcas de sucessos ocidentais, e seu apelido na mídia virou… Superstar! Particularmente acho chiquérrimo ser chamada de Superstar e as pessoas saberem de quem estão falando!!! Tanto que vários dos seus álbuns levam esse título, Superstar. Tem o Superstar 2, o Superstar 3

A música de Pekkan mais ouvida no Spotify é Bambaşka Biri , versão do clássico disco I Will Survive, e merece, é mais que um cover. Ouve aí:

Ouvindo a versão dela, a gente até pensa que a melodia de I Will Survive sempre foi meio turca mesmo!

Ajda Pekkan foi muito criticada pela imprensa da Turquia porque, claro, achavam-na muito "saidinha". Como todo bom ícone pop feminino, ela também é ícone gay, é bastante vocal pelos direitos das mulheres (contra a violência doméstica, especificamente), apoia os direitos dos animais e a causa humanitária no geral.
E como eu disse, gosto da Pekkan das antigas, mais turcona mesmo. Tipo isso:

Vozeirão chiquérrimo.

Nada

nada.jpg

Isso mesmo, o nome dela é Nada e quem já assistiu à série The Young Pope vai reconhecer:

Meio Marianne Faifthull italiana, Nada chama assim mesmo, não é um nome inventado. Ela nasceu em Livorno e estreou sua carreira no Festival de San Remo de 1969 com a música Ma Che Freddo Fa. Já dá para ver que ela sempre teve uma voz mais grossa e rouca:

A música Senza un Perché ficou famosa porque o álbum, Tutto L’Amore che mi Manca, foi produzido por ninguém menos que John Parish, que você conhece pelo trabalho com PJ Harvey. É de 2006, ouça, é muito bom:

Nada lançou mais um álbum nesse ano, È un momento difficile, tesoro. Ela tem uma veia roqueira que me atrai demais - aliás, essas cantoras meio roqueiras italianas, tipo Mia Martini e a irmã dela Loredana Bertè, são todas incríveis.

Happy End

happy-end.jpg

Já falei de Happy End muito por cima aqui, naquele post dos discos que marcaram minha vida e na thread sobre Yumi Arai.
Acho muito absurdo que as pessoas não conheçam e reverenciem Happy End porque para mim é da mesma qualidade e força artística de um Clube da Esquina. Só que… em japonês.
A banda existiu entre 1970 e 1973 apenas, com alguns revivals.

A história do Happy End é complexa porque é um grupo que se formou meio pelo caminho, para colaborar com o músico Nobuyasu Okabayashi, e acabaram "cometendo” 3 álbuns clássicos (mais um último ao vivo com músicas dos anteriores) antes de decidirem acabar em, de certa forma, um happy end. Continuaram amigos e ligados, e em suas carreiras posteriores seguiram se cruzando - não é uma coisa Mutantes de relação conturbada, sabe. Aí alguém que é considerado muito muito cool descobriu e incluiu uma música do Happy End em um filme muito muito cool também. Estou me referindo a Sofia Coppola e seu longa Encontros e Desencontros (2003), com a música Kaze wo Atsumete na trilha.

O integrante Eiichi Ohtaki infelizmente morreu em 2013. Os outros, Haruomi Hosono, Shigeru Suzuki e Takashi Matsumoto, seguem por aí fazendo música boa.
Happy End é uma das ausências mais inexplicáveis do Spotify.
Ouça o clássico Kazemachi Roman (1971), considerado o melhor álbum de rock japonês de todos os tempos pela Rolling Stone japonesa em 2007:

Le Système Crapoutchik

le-systeme-crapoutchik.jpg

É bem estranho como Le Système Crapoutchik quase repete o caso de Happy End, só que na França, com mais psicodelia e menos sucesso. A banda acompanhava Jacques Dutronc (sabe, o marido da Françoise Hardy?) e decidiu se chamar assim, diz a lenda, porque Dutronc não conseguia pronunciar o sobrenome do guitarrista Gerard Kawczynski e o chamava de Crapoutchik ou Crapou. Formada por Gerard mais o baixista Christian Padovan, o guitarrista Jean-Pierre Alarcen, o baterista Michel Pelay (depois substituído por André Sitbon), o tecladista Alain Legovic e o vocalista Claude Puterflam, durou mais ou menos entre 1968 e 1975. E tem no Spotify!

Esse álbum de onde sai Le Premier Amour é considerado um dos primeiros álbuns conceituais franceses. O segundo da banda, uma compilação de singles que eles tinham lançado e outras coisinhas, é duplo e tem o curioso nome de… Flop.

Ainda teve um terceiro, homônimo, em 1975. Gosto de músicas dos 3.

Essa banda, perdida no começo dos anos 1970, acabou meio apagadinha do mundo. Mas segue firme e forte nas minhas playlists.

Sarolta Zalatnay

sarolta-zalatnay-2.jpg

Por que raios sou tão fissurado em uma cantora húngara?
Bom, é por causa dessa música, com a qual me deparei em algum momento, sei lá porque:

É forte, é carismática, e eu não faço a mínima ideia do que ela está falando.

Depois, pesquisando, descobri que Sarolta, que fazia pop num país comunista, já era uma estrela adolescente quando encontrou Károly Frenreisz, integrante da Metro, a banda de apoio para seu álbum de estreia, … Ha Fiú Lehetnék (1970). Károly saiu da Metro e formou a Locomotiv GT, que é quem grava nesse álbum da música de cima, Álmodj Velem (1972), o terceiro e um dos mais cult da carreira dela, e no segundo, Zalatnay (1971).
Mas ainda teria o quarto, com uma nova banda de Károly pós-Locomotiv GT, a metaleira Skorpió. E dali vem a minha segunda música preferida da Sarolta:

Infelizmente o presente é bem maldoso com Sarolta. Ela virou uma artista tipo B, tipo frequentadora de reality show. Chegou a ir para a cadeia por sonegação de imposto. E essa sua era da década de 1970 fica meio perdida e até nublada pela sua imagem de hoje.

E você, curte dar uma variada na linguagem quando ouve música? É daqueles chatos que só ouve música em inglês? Me conta!

O mundo é kawaii, aceita

Sabe o que é kawaii? Caso não saiba, por favor entre em alguns posts antes de conferir esse - assim você não fica boiando. São eles:

. O que é kawaii?
. A rainha e a embaixadora do kawaii
. O lado dark do kawaii
. Harajuku: a meca do kawaii

Não acho que o Wikipedia é exatamente a melhor fonte para você descobrir coisas mas o site tem uma lista das maiores franquias, em questão monetária mesmo, levando em consideração videogame, livro, filme, série de TV. O que entra na conta é só ganho divulgado publicamente. E adivinha… 7 dos 10 primeiros podem ser considerados, de alguma maneira, kawaii. Ou seja, o mundo é kawaii, quem não gostar que lide com isso. E o primeiro lugar é de…

pikachu.gif

Pokémon

Videogame criado em 1996, já rendeu cerca de US$ 95 bilhões! Entre merchandising, os próprios jogos, os quadrinhos, a série de TV, os filmes… Chocante, né? A dona da marca Pokémon é a Nintendo e os criadores são os japoneses Satoshi Tajiri e Ken Sugimori. Tajiri chegou a trabalhar na franquia que ficou em 9º lugar e que a gente também está considerando kawaii porque, bem… kawaii:

super-mario.gif

Mario

Mario também é da Nintendo - desde 1981 - e o grosso do seu rendimento até hoje (US$ 36 bilhões) vem de videogame. Tajiri trabalhou em dois spinoffs, Yoshi (<3) e Mario & Wario, enquanto esperava para o projeto Pokémon sair do papel. Mario foi criado por Shigeru Miyamoto, o nome por trás de Donkey Kong e The Legend of Zelda - uma lenda, né? 1981 é o ano zero de Mario porque ele foi recriado a partir do carinha que pulava em Donkey Kong, o Jumpman, e o jogo do gorila é de 1981. Mario Bros, o game de Mario com o irmão Luigi, saiu em 1983.
Mas em segundo lugar na lista tem outra franquia japonesa. Você sabe, não sabe?

hello-kitty.gif

Hello Kitty

Não vou me estender muito sobre ela porque já falei bastante de Hello Kitty nesse blog.
Confira:
. Notícias estranhas do mundo Hello Kitty
. A rainha do kawaii - e a embaixadora

Sigamos para o terceiro lugar que talvez te surpreenda. Sua origem é inglesa e hoje ele é propriedade da Disney:

winnie-the-pooh.gif

Ursinho Puff

O livro Winnie the Pooh surgiu em forma de livro do autor inglês A. A. Milne. Nos anos 1960, a Disney licenciou a marca para fazer umas coisinhas e descobriu um pote de moedas de ouro (ou de mel?). O grande segredo dessa franquia, o motivo dela render tanto, é… licenciados mesmo. Segundo o artigo do Wikipedia, o ursinho já vendeu US$ 74 bilhões e meio em varejo. Ele é adorado no Japão. Além disso, teve um filme live action recentemente, Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível (2018) protagonizado por Ewan McGregor. Assisti e é bem fofinho mesmo. Ursinho Puff já rendeu cerca de US$ 75 bilhões ao todo, contando aquelas pencas de DVD das Lojas Americanas.
O próximo, quem diria, atrás de Winnie the Pooh, está o "dono” dele…

mickey-mouse.gif

Mickey Mouse

Estou considerando esse quarto lugar kawaii apesar de episódios do South Park terem tirado toda minha inocência.
Mickey já rendeu US$ 70 bilhões. E é criação de Walt Disney, como todo mundo já sabe.
Você sabia que, antes do Mickey, a aposta de Disney era em um coelho? Oswald, na minha modesta opinião, é mais fofo.

"Não vem, não, palhaço, vai dar high five na sua vó!”

"Não vem, não, palhaço, vai dar high five na sua vó!”

O quinto lugar não é kawaii: Star Wars ocupa a posição com louvor. Já o sexto é outro que vem do Japão e eu nunca entendi porque gostam tanto dele.

anpanman.gif

Anpanman

Qual é a graça em um super-homem cara de pastel? Anpan é um doce japonês que as crianças curtem, tipo um bolinho geralmente com recheio de feijão azuki.
A primeira pergunta é: ele é kawaii? A princípio eu diria que não, mas como você pode conferir nos links do começo desse post a arte de identificar o que é kawaii é muito refinada e cheia de obstáculos.
A verdade é que esse bicho feio de 1973 faz sucesso até hoje. No Japão eu quase me rendi a ele - tem um museu dedicado ao Anpanman em Kobe, uma cidade portuária linda.
O criador de Anpanman se chama Takashi Yanase. Prefiro, entre as suas criações, o Niyandar - que é basicamente uma versão do Anpanman em forma de gato, me desculpem os fãs.
Yanase era amigo do Osamu Tezuka, considerado o deus do manga, que fez o Astroboy.

Aí a gente chega no sétimo lugar que considerei kawaii com ressalvas. Aliás, nem considero uma franquia direito. Mas enfim. Aqui estão elas:

disney-princess.gif

Princesas da Disney

Kawaii? Hum. Parece mais uma versão de um desfile da Victoria's Secret para crianças. E se até a Victoria's Secret está em crise… Melhorem!
O cara que percebeu que o conceito "princesas da Disney” já existia mas a empresa não faturava com ele se chama, sem brincadeira: Andy Mooney. kkkkkkkkk Ele era um executivo da Nike antes de ir para a Disney.
Fora tudo o que eu poderia fazer de discurso do desconstruidão aqui, a princesa mais legal da Disney, Moana, foi incluída no grupo sem coroação. Então, por mim, que percam dinheiro e desçam no ranking!

O oitavo colocado, surpresa, é um manga: Jump é praticamente uma instituição cultural no Japão, os quadrinhos voltados a princípio para meninos. Mas não acho exatamente kawaii. Mario, já citado, é o nono, e o universo cinematográfico da Marvel é o décimo. Quem quiser ver a lista completa, que é bem interessante - ela está aqui! Será que Jornada nas Estrelas está antes ou depois de Angry Birds? Descubra lá!

Tenha pelo menos uma história para contar, pelamor!

9 entre 10 releases de marcas de moda que eu recebo tem fotos que, se eu perder, se eu renomear, se eu esquecer… eu nunca vou saber qual foto é de qual marca.
Sinto muito, essa é a verdade: acho que de cada 10 marcas de moda por aí, 9 são:
. sem personalidade
. sem identidade
. sem história
. sem sal
. cópias de outras cópias
EM SUMA: são uma bobagem quer só está gastando recurso do planeta.

camiseta-branca.jpg

Sei muito bem que é difícil ter uma marca mais autêntica, diferente de tudo o que você vê. É difícil financeiramente, é difícil criativamente. Não basta você ser bom: tem que ter dinheiro para investir, tempo para criar, energia para não perder o fôlego e se render, estar no lugar certo e na hora certa. E às vezes, mesmo assim, não rola.
Mas então para quê? Para que essas 9 marcas seguem lançando coleções e gastando recursos do planeta? Qual é o propósito? Se você faz algo que não se diferencia do seu vizinho, por que raios você continua ralando e se ferrando?
Não entendo. Para mim, você precisa ter uma mínima história para contar, senão de que adianta?

Na moda brasileira tem cada vez menos marcas com personalidade e história para contar (ou se você quer uma palavra em inglês que diz exatamente a mesma coisa mas deixa tudo mais chique: storytelling). As jaquetas são iguais àquelas que você vê no fast-fashion; a única diferença é a etiqueta (que tem pouquíssimo valor, as outras peças também são iguais às do fast-fashion, ninguém se importa com essa etiqueta) e a experiência de compra (que no Brasil vai de mal a pior; poucas lojas empolgam e a maioria que empolga é multimarca, portanto o valor da etiqueta é menor que o valor da sacola). Então, quando uma marca brasileira tem história e personalidade, a gente chega a soltar fogos, comemore, “a minha moda não morreu", etc!

A MINHA MODA TÁ VIVA!

Entre exemplos bons, está o da The Paradise de Thomaz Azulay e Patrick Doering. Primeiramente baseada em bela estamparia, ela agora faz uma jogada de mestre: traz para si a história da mítica marca do pai do Thomaz, Yes Brazil!
Criada em 1979 por Simão Azulay, a Yes Brazil atualizou a estética do tropicalismo para os anos 1980, se transformando numa das coisas mais divertidas e revigorantes que a moda brasileira já assistiu. Thomaz homenageia esses 40 anos de lançamento com Patrick na coleção de primavera-verão 2019/20 que conta com nada menos que Xuxa na campanha clicada por Miro!

the-paradise-xuxa-01.jpg

Na esquerda, clique da campanha nova da The Paradise; na direita, montagem com imagens da Yes Brazil incluindo Simão Azulay, Gilberto Gil e Xuxa com look da chamada de estreia do Xou da Xuxa de 1986

No próximo dia 12/09, no Rio, deve rolar um desfile mara no Hotel Fairmont, em Copacabana, com Xuxa e Monique Evans (outra musa da marca) na passarela. Que tal? Confesso que estou de olho nessa camiseta aqui:

camiseta-xuxa.jpg

Ela traz imagens de uma campanha com a Xuxa nos anos 1980 com o modelo Firmino… e um filhote de leão da montanha! TUDO!

Clique de Frederico Mendes da mesma leva

Clique de Frederico Mendes da mesma leva

Não é a primeira vez que Xuxa relembra seus tempos de modelo para a Yes Brazil. No (finado?) Rio Moda Rio, os desfiles de abertura contaram com esse tom de nostalgia - entre eles, Yes Brazil e Xuxa com um look inspirado nesse mesmo ensaio acima:

Finalmente um desfile que a gente quer ver, né?
(mas não vou, não fui convidado e tenho que estar na firma todos os dias em SP… kkkkkk)

Bom desfile, Xu!

Bom desfile, Xu!