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O incrível Pater Sato (e o também incrível Syd Brak)

September 26, 2020 by Jorge Wakabara in arte, música, moda

Lembrava vagamente de ter dois quadros com imagens muito parecidas com essa no quarto das minhas irmãs quando eu era pequeno. Confirmei com a minha irmã e sim, dessa vez minha memória não falhou.

Essa imagem de cima é criação de Pater Sato, um artista japonês que na verdade se chamava Yoshinori Sato e mudou de nome depois de fazer o papel de Peter Van Pels numa peça baseada no Diário de Anne Frank. Peter, para quem não se lembra ou nunca leu o livro, era o filho da outra família judia que viveu no anexo secreto junto com os Frank e, com a convivência no esconderijo, Peter acabou virando interesse amoroso de Anne.

Sato era um dos artistas dos anos 1980 que criava imagens de mulheres combinando-as com técnicas de airbrush. Tem essa coisa de quase sempre ter um fundo branco, muita mulher de perfil, maquiagens fortes com direito à boca bem marcada e um ar sci-fi. Eu a-do-ro.

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Sato morreu em 1994, bem novo (com 49 anos), mas sua loja-museu em Tóquio, no bairro de Harajuku, segue aberta. Essa técnica de aerógrafo com imagens muito características é apenas uma fração do seu trabalho, mas é a que ficou mais conhecida mesmo. Me lembra isso aqui, ó:

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Essas fotos incríveis são de Klaus Mitteldorf e a modelo é ninguém menos que Ana Paula Arósio.

Aí você me diz: que legal! Então os quadros do quarto das suas irmãs eram do Pater Sato?
Não. Eram do Syd Brak.

Brak é um artista sul-africano. Assim como Sato, ou talvez até mais, ele criou imagens icônicas de mulheres oitentistas, também com muito airbrush, também com muita maquiagem, muito perfil, muito fundo branco. Olha aí:

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Parecidíssimo, né? Jurava que era Sato na parede das minhas irmãs, era Brak. Os dois quadros que povoaram minha infância eram esses aqui:

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Icônicos. Completamente icônicos. Depois me pergunto como cresci gay e fã de Jem e as Hologramas?

Talvez você ache todas essas imagens muito familiares. Um dos motivos é porque elas são, mesmo. Brak, por exemplo, fez esses trabalhos para a Athena, que é uma empresa que basicamente faz pôsteres e tem um time de artistas e fotógrafos para criarem imagens para esses pôsteres. Ela já lançou várias imagens icônicas fora as de Brak – tem, por exemplo, o L’Enfant, com um cara musculozão olhando pra um bebê nos seus braços. Essa aqui:

Eu não lembro, mas dizem que era sucesso

Eu não lembro, mas dizem que era sucesso

O Sato que eu saiba era um, er, artista indie? Ele comercializava os próprios pôsteres e cartões.

Mas talvez existam outros motivos pelos quais você está familiarizado com essas imagens. Esses daqui:

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Stella McCartney spring 2018

Ela estampou peças com essa imagem de Pater Sato

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Imagem da turnê da Katy Perry da era Witness

Era da turnê, né? Eu acho que sim. O importante é ver que é claramente inspirada nessas imagens oitentistas

Ah, e também tem o Patrick Nagel, né? Não o inclui como um terceiro exemplo porque, apesar da gente identificar bastante semelhança na temática, Nagel não usava airbrush e suas mulheres eram menos realistas, mais desenhadas.

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(A primeira imagem é a que aparece no álbum Rio, de 1982, do Duran Duran)`

Falando em capa de disco, uma coisa que eu adoro é isso aqui:

Aesthetic of the day: 1970s city pop album covers illustrated by Kenkichi (Pater) Sato
-- Tatsuro Yamashita: Spacy (1977)
-- Yumi Arai: Cobalt Hour (1975)
-- Minako Yoshida: Minako (1975)
-- Tatsuro Yamashita: Go Ahead! (1978)

#佐藤憲吉 #山下達郎 #吉田美奈子 #荒井由実 #citypop pic.twitter.com/UEzZKmsIqx

— This Boy Right Here! #BlackLivesMatter (@mitchell_n_hang) March 17, 2020

Essas quatro capas foram ilustradas por Pater Sato antes dele cair nos anos 1980 de vez. São quatro discos superimportantes da música pop japonesa – isso que eu chamo de pé quente. A capa de Spacy é simplesmente ótima, moderna até hoje. A de Cobalt Hour é clássica, com o apelido da Yumi Arai já aparecendo num detalhe (Yumin, ou Yuming). O de Minako Yoshida prenunciava essa estética oitentista. Tudo maravilhoso.

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September 26, 2020 /Jorge Wakabara
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arte, música, moda

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