Wakabara

  • SI, COPIMILA • COMPRE MEU LIVRO
  • Podcast
  • Portfólio
  • Blog
  • Sobre
  • Links
  • Twitter
  • Instagram
  • Fale comigo
  • Newsletter
Captura de Tela 2021-01-27 às 18.24.38.png

Quem é que NÃO estava no elenco de Mal Posso Esperar (1998)?

February 15, 2021 by Jorge Wakabara in cinema, música

Às vezes, tudo que você quer é um filme que vai te passar aquela sensação de derretimento de cérebro (isso também acontece com algumas séries e com Keeping Up With the Kardashians). Se o entretenimento contar com Jennifer Love Hewitt no papel principal, bem… por que não? Parece irresistível.
Mal Posso Esperar às vezes passa na TV a cabo (meu marido adora TV a cabo, então sim, somos os únicos millennials que seguem assinando TV a cabo apesar do advento do streaming). Ele foi escrito e dirigido por uma dupla: Harry Elfont e Deborah Kaplan, que além disso nos deram outro filme derretedor de cérebro fantástico, a inebriante live action de Josie and the Pussycats de 2001. Muito que bem.

A história de Mal Posso Esperar é bem idiota, não vou nem tentar disfarçar. Tudo se passa na noite da formatura do Ensino Médio de uma turma e eles encontram uma festa numa casa que se transforma em, bem, um campo de guerra bem festivo. Aí você começa a acompanhar paralelamente tramas de personagens específicos: o menino esquisito que quer perder a virgindade, os nerds que querem vingança, o menino que é apaixonado por uma garota popular que nunca deu bola para ele… Os clichês vão se amontoando. Portanto, um filme perfeito para o cérebro derreter: não requer esforço. Mas existe um charme aqui:
1. Os looks, que GRITAM anos 1990. Blazer de veludo? Gargantilha? Birotinho no cabelo? Babylook? Tie-dye? Tudo isso está lá. Como os anos 1990 foram os anos da minha adolescência e eu provavelmente era o público-alvo desse filme (me formei no Ensino Médio exatamente em 1998 e entrei para a primeira faculdade em 1999), o gosto familiar fica ainda mais forte para mim.
2. O elenco. Gente. O filme vai avançando e você vai dizendo a todo momento: "Nossa. Olha esse cara… Lembra?!” Ajuda o fato de que o elenco é enorme, cheio de participações.

Então decidi enumerar esse povo aqui. Vamos lá?

A musa: Jennifer Love Hewitt

jennifer-love-hewitt-amanda-beckett.gif

Qual é a graça de Jennifer Love Hewitt? Não me pergunte, eu não saberia explicar. Ela é a sem sal mais salgada que existe. Quando Mal Posso Esperar saiu, ela tinha acabado de estourar como a protagonista de Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado um ano antes e já tinha um papel recorrente na série O Quinteto.
As quase camp Ghost Whisperer e The Client List viriam só em meados dos anos 2000 (e na minha cabeça são tão ruinzinhas que uma é sequência da outra, apesar das histórias não terem nada a ver – em comum, possuem protagonistas tão pouco expressivas que são engraçadas, encarnadas por Hewitt kkkkkkk).
Para quem não sabe, além de Mal Posso Esperar, Eu Sei o que Vocês Fizeram e O Quinteto, Hewitt conquistou seu lugar como namoradinha da América com uma carreira… na música. TRÊS discos gravados! Ficou chocada, more? Eu fico toda vez que lembro.

KKKK WTF
Hewitt ficou tão marcada e encantada por seu papel como Amanda Beckett em Mal Posso Esperar que anunciou, em 2019, que queria fazer um filme que funcionaria como sequência com o mesmo elenco, que ela mesma dirigiria (!!!). Saiu até no Page Six. Mas a história nunca mais voltou a ser citada, então é provável que tenha sido abortada.

O boy: Ethan Embry

ethan-embry-mal-posso-esperar.jpg

Aquele rostinho que você pensa CARACA, EU CONHEÇO, DE ONDE MESMO? Pois é, você conhece! Embry diz que não lembra de nada das filmagens de Mal Posso Esperar nem do filme em si, porque na época que encarnou Preston Meyers ele era um baita maconheiro. Antes desse longa, ele apareceu em Empire Records (1995) e The Wonders: O Sonho Não Acabou (1996). Mas provavelmente você está se lembrando desse rostinho da TV: de Once Upon a Time ou Grace and Frankie. Ele é o Coyote, filho da Frankie (Lily Tomlin).

Também existe a história de que, para a cena do beijo, Hewitt teria discretamente dado umas balinhas de menta para Embry, porque o hálito dele era meio, hum, comprometido pelo alto uso de marijuana.

O nerd: Charlie Korsmo

charlie-korsmo-mal-posso-esperar.jpg

Esse é um dos casos mais instigantes do elenco do filme. Korsmo foi um ator mirim que prometia: participou, por exemplo, de Dick Tracy (1990) e Hook – A Volta do Capitão Gancho (1991). Aí sumiu. Aí apareceu de novo em Mal Posso Esperar no papel do nerd que fica bêbado. Aí sumiu de novo!

Ele é um megaprofessor de direito. Tem quem diga que grande parte dos seus papéis que rejeitou quando parou de atuar em 1991 foram para Elijah Wood, então é provável que, se ele continuasse, a carreira de Wood fosse um pouco menos estrelada!

Charlie, que hoje prefere ser chamado de Charles, voltou uma vez apenas para o set de filmagens até hoje. Foi para participar de Chained for Life (2018), um filme que eu sou super a fim de ver e não vi até agora. Parece bem bom! Olha o trailer:

A moderna: Lauren Ambrose

lauren-ambrose-mal-posso-esperar.jpg

A verdadeira “garota do lado” não era Hewitt e sim Ambrose: cativante, acessível, divertida. Quem não tinha uma amiga que nem ela, a melhor amiga que, surpresa, tem uma história ainda mais interessante que o tal “casal principal"?

Esse foi o primeiro grande papel da atriz, que depois chegou a ter um personagem fixo em O Quinteto. E você deve se lembrar dela de Six Feet Under, né? Ela é boa, devia ser melhor aproveitada por Hollywood.

Mas se as telonas não querem… ela arrasa nos palcos. Ambrose já foi indicada a um Tony por sua performance em My Fair Lady na Broadway em 2018.

O babaca: Peter Facinelli

peter-facinelli-mal-posso-esperar.gif

GIFs que dizem tudo: exala energia cretina, né?
Que personagem ODIOSO!

Rapidamente Facinelli foi perdendo o brilho de protagonista e escorregando para o coadjuvante. Também esteve em Six Feet Under, num papel menor que o de Ambrose. É o Dr. Carlisle Cullen, pai adotivo de Edward Cullen (Robert Pattinson) em Crepúsculo (2008) e as sequências da franquia. É Rupert Campion, o diretor da nova versão de Funny Girl de Glee. É o Dr. Fitch Cooper em Nurse Jackie. É o vilão Maxwell Lord na série Supergirl (sim, o mesmo personagem depois encarnado por Pedro Pascal no Mulher-Maravilha 1984, mas numa pegada bem diferente).

Curiosidade: ele fez o papel do odioso Keith Raniere numa adaptação para a TV da história da seita NXIVM.

Ah, e ele também é diretor. Já fez dois longas.

O esquisitão: Seth Green

seth-green-mal-posso-esperar.jpeg

Poucas pessoas podem dizer que estiveram em filmes clássicos adolescentes dos anos 1980 e dos anos 1990: Green pode. Ele era o irmão do protagonista Ronald Miller (Patrick Dempsey) em Namorada de Aluguel (1987) e, claro, é o Kenny Fisher de Mal Posso Esperar. O currículo, hum, invejável ainda incluiu um personagem fixo na trilogia Austin Powers (ele é o filho do Dr. Evil), o personagem Oz da série Buffy, a Caça-Vampiros (aliás, ele é BFF da Sarah Michelle Gellar, a protagonista), o personagem recorrente Mitch Miller em That 70's Show… Isso sem contar os mil jobs dele como dublador, principalmente em Family Guy como Chris Griffin, o filho do meio, de bonezinho.

Uma das namoradas: Jaime Pressly

jaime-pressly-mal-posso-esperar.jpg

Você olha e pensa: "Será que eu tô confundindo com a Margot Robbie ou eu realmente a conheço?"
Resposta: ambas as alternativas.

Pressly participou de outras coisas grandes. Ela é a Jill na série Mom. Ela é Joy Turner, a ex-mulher de Earl em Meu Nome é Earl. E, bem, ela participa de Não é Mais um Besteirol Americano (2001)… assim como Chris Evans, antes que você fale qualquer coisa.

O cara da melancia: Jason Segel

Jason-Segel-mal-posso-esperar.jpg

Uma das melhores coisas de Mal Posso Esperar é pescar as participações especiais. Entre elas, aqui está Jason Segel num papel que é literalmente esse: ele é o cara da melancia.

Caso você tenha virado um eremita durante os anos 1990, te falo tudo: ele faz parte daquela turminha hype de Hollywood que fez Freaks and Geeks em 1999 e daí para frente, sempre esteve mais ou menos envolvido com eles. As pessoas costumam lembrar bastante dele por How I Met Your Mother. Ou por Sex Tape – Perdido na Nuvem (2014)? Risos. Tem quem ame Ressaca de Amor (2008). O novo Adam Sandler? Acho que não é para tanto, e confesso que o papel que mais me marcou dele é o de… Gary, em The Muppets (2011).

Desculpa por ser assim.

A que dá um fora: Clea DuVall

clea-duvall-mal-posso-esperar.jpg

No mesmo ano de Mal Posso Esperar, DuVall nos encantaria para sempre como Stokes em Prova Final. ou pelo menos encantou a mim. Em 1999, participou de outro clássico, Ela é Demais, e de uma dobradinha que eu amo: But I'm a Cheerleader e Garota, Interrompida. Acho que foi nessa dobradinha que ela conquistou o coração da nação sapatã e nem precisou sair do armário, né?
Os mais novinhos talvez se recordem mais do papel de DuVall em The Handmaid's Tale - ela é Sylvia. E DuVall é a roteirista e diretora de Alguém Avisa?, a comédia romântica de 2020 protagonizada por um casal lésbico interpretado por Kristen Stweart e Mackenzie Davis.

O babaca do passado: Jerry O’Connell

jerry-oconnell-mal-posso-esperar.jpg

É engraçado pensar que O’Connell é o cara que chega para avisar o personagem de Facinelli que a faculdade não vai ser tão legal quanto ele imagina. Um ano antes, ele estava em Pânico 2, lembra? Justamente na faculdade.
E bem, antes disso O’Connell é simplesmente um dos garotos do quarteto de Conta Comigo (1986), uma das maiores adaptações de Stephen King para o cinema. Só de lembrar eu dou uma lacrimejadinha.

Ah, e ele faz parte do elenco de Missão: Marte (2000), de Brian de Palma – ter feito parte de um filme do De Palma, para mim, é babado…

Curiosidade: O’Connell interpreta o namorado no clipe de Heartbreaker de Mariah Carey.
Curiosidade 2: O’Connell é casado com Rebecca Romijn, a primeira Mística daquela primeira trilogia X-Men.

A outra menina: Selma Blair

selma-blair-mal-posso-esperar.jpg

Amo a Selma Blair demais, mas principalmente pelo que ela faz agora. Quem interpretou Kris Jenner além dela? E a stripper madrasta de uma das Heathers na série Heathers, uma das melhores coisas ali? OK, não é tão difícil, a série é ruinzinha, mas o que importa é que ela realmente está incrível no papel.

Um pouco depois dessa ponta em Mal Posso Esperar, Segundas Intenções (1999) e aquele beijo (você lembra, não adianta disfarçar) chegariam ao cinema. E depois ainda ia ter Legalmente Loira (2001) – Blair é uma das únicas pessoas que consegue usar uma boina e me fazer rir. Em geral, tenho vontade de chorar (odeio boinas, então imagina como está sendo para mim assistir as bichas tentando fazer essas coisas horrorosas voltarem em RuPaul's Drag Race e RuPaul's Drag Race UK).

Ah, e teve o Hellboy do Guillermo del Toro, né? Hehehehe

(E eu adoro que ela é a irmã da Dra. Smith Parker Posey no novo Perdidos no Espaço, é muito perfeito as duas serem irmãs <3)

A garota do livro do ano: Melissa Joan Hart

melissa-joan-hart-mal-posso-esperar.jpg

A Sabrina Spellman mais legal (a Sabrina da Netflix é muito chata) arrumou um tempinho entre as gravações da série para fazer essa ponta.

Não tenho muito o que falar dela, e não é shade: ela realmente não fez nada tão bem sucedido quanto a série da Sabrina. Mas o papel dela em Mal Posso Esperar é concretamente memorável, apesar de aparecer relativamente pouco: a menina que fica atrás do povo para eles assinarem o livro do ano dela é engraçada demais. O filme acaba e ela é uma das coisas que permanecem na sua cabeça.

O cleptomaníaco: Chris Owen

chris-owen-mal-posso-esperar.jpeg

O briefing do seu papel é: você vai aparecer roubando coisas.
Simples assim.
Chris Owen já tinha uma cara de menino endemoniado. Depois, seria o Sherman em American Pie (1999). Então, se você é o Guga Chacra, você o reconheceu.

Estou vendo pela milésima vez a cena do Finch c/ a mãe do Stifler no American Pie. Sério que acho uma das mais cômicas da história do cinema. Mas talvez a melhor do filme seja a do Jim fazendo striptease para a Nadia. Enfim, filme anos 1990. Quem foi adolescente na época entende

— Guga Chacra (@gugachacra) July 11, 2020

O vocalista da banda: Breckin Meyer

breckin-meyer-mal-posso-esperar.jpg

Você não lembrava do nome dele, mas da cara… É que Meyer domina os castings de filme adolescente da época, desde A Hora do Pesadelo 6 (1991) até As Patricinhas de Beverly Hills (1995). Esse agente trabalhou, viu? Mas talvez, no fundo, eu lembre dele das propagandas da série Franklin & Bash, na qual ele era um dos protagonistas. Passavam toda hora.
Nunca vi a série.

O baterista de chapéu de caubói: Donald Faison

donald-faison-mal-posso-esperar.jpeg

Outro que veio do elenco de Patricinhas de Beverly Hills, Faison também fez fama no elenco fixo da série Scrubs. Simpatizo com ele.

Bom, eu poderia falar de TODO O ELENCO de Mal Posso Esperar, mas ainda falta muita gente. Chega, né?

Deixei alguém que você ama de fora? Reclame no SAC.

E reassista Mal Posso Esperar. Não vai ser tão ruim assim, garanto.

Quem gostou desse post pode gostar desses outros:
. A (quase) trilogia teen de Jorge Furtado
. As mães dos Kundera em Top Model, a novela
. Para entrar em Pânico

February 15, 2021 /Jorge Wakabara
Jennifer Love Hewitt, Mal Posso Esperar, millennial, Harry Elfont, Deborah Kaplan, Josie and the Pussycats, anos 1990, Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, O Quinteto, Ghost Whisperer, The Client List, Ethan Embry, Empire Records, The Wonders: O Sonho Não Acabou, Once Upon a Time, Grace and Frankie, Lily Tomlin, Charlie Korsmo, Dick Tracy, Hook – A Volta do Capitão Gancho, Elijah Wood, Chained for Life, Lauren Ambrose, Six Feet Under, Broadway, My Fair Lady, Peter Facinelli, Robert Pattinson, Crepúsculo, Glee, Nurse Jackie, Supergirl, Pedro Pascal, Mulher-Maravilha 1984, Keith Raniere, NXIVM, Seth Green, Patrick Dempsey, Namorada de Aluguel, Austin Powers, Buffy A Caça-Vampiros, Sarah Michelle Gellar, That 70's Show, Family Guy, Jaime Pressly, Margot Robbie, Mom, Meu Nome é Earl, Não é Mais um Besteirol Americano, Jason Segel, Freaks and Geeks, How I Met Your Mother, Sex Tape – Perdido na Nuvem, Ressaca de Amor, Adam Sandler, The Muppets, Clea DuVall, Prova Final, Ela é Demais, But I'm a Cheerleader, Garota Interrompida, The Handmaid's Tale, Alguém Avisa?, Kristen Stewart, Mackenzie Davis, Jerry O'Connell, Pânico 2, Conta Comigo, Stephen King, Missão: Marte, Brian de Palma, Mariah Carey, Rebecca Romjin, X-Men, Selma Blair, Kris Jenner, Heathers, Segundas Intenções, Legalmente Loira, boina, Hellboy, Guillermo del Toro, Parker Posey, Perdidos no Espaço, Melissa Joan Hart, Chris Owen, American Pie, Guga Chacra, Breckin Meyer, A Hora do Pesadelo 6, As Patricinhas de Beverly Hills, Franklin & Bash, Donald Faison, Scrubs
cinema, música
cats.jpeg

Às vezes você precisa ver com seus próprios olhos: Cats

January 03, 2020 by Jorge Wakabara in cinema, música

É uma bomba e já está claro. Existem notícias que garantem que Cats vai perder pelo menos US$ 71 milhões entre o que foi gasto (quase US$ 4 bilhões) e o que vai arrecadar nas bilheterias. Um elenco de estrelas que inclui Taylor Swift (num papel que parece mais um clipe inserido no filme; ela surge toda estrela, canta, dança e… some, desenvolvimento de personagem nota zero), Idris Elba (tadinho), Judi Dench (tadinha), Ian McKellen (tadinho mas nem tanto, achei que ele até está bem perto de todo o resto, mantendo um tanto da dignidade), James Corden (um pouco forçado), Rebel Wilson (uma das coisas mais divertidas do filme inteiro), Jason Derulo (canta bem, é bonito, tudo e tal… mas não entrega) e Jennifer Hudson (que obviamente canta bem a música mais conhecida do musical e que vai se redimir em breve quando a cinebiografia de Aretha Franklin estrear).

Ah, e tem a personagem principal, Francesca Haywarth, que tem formação como bailarina do Royal Ballet (não só bailarina, mas primeira bailarina). Ela visivelmente sabe o que está fazendo… quando dança. Putz. Desculpa, mas eu sou do tipo de pessoa que não acha a Taylor Swift um poço de carisma, porém perto de Haywarth a cantora fica extremamente simpática. A personagem de mocinha ingênua é mesmo cruel, poucas dão certo, e mesmo quando dão a gente costuma nem ligar para elas - afinal, a identificação é difícil uma vez que não somos ingênuos e nem mocinhos…
Mas Francesca fica fazendo uma cara de "vou espirrar” que, olha, não dá. Sem gravitas algum.

cats-2.jpg

Mas por que fui para o cinema ver Cats se eu não gosto de musical?
Porque eu tinha esperanças que o lado camp de Cats me conquistasse.
Só que, segundo Susan Sontag em seu Notes on Camp:

“Camp is art that proposes itself seriously, but cannot be taken altogether seriously because it is ‘too much’”
— Susan Sontag

Parece-me que Cats não quer, no fundo, se levar a sério. Ou quer? Ele não é exatamente infantil, apesar de children friendly até aos olhares mais conservadores; ele não é uma comédia rasgada apesar das tentativas com Jennyanydots (Wilson) e Bustopher Jones (James Corden); ele não é um drama apesar da ranhenta Grizabella (Hudson) em sua Memories. Ele é um… musical. Com efeitos especiais entre o esquisito e o risível (tipo chroma key mal feito, mas o efeito não é engraçado). A música é bem cantada, bem ensaiada, bem dançada. Mas partindo-se do pressuposto de um universo com gatos cantantes e toda uma mitologia sobre uma gata anciã que decide qual gato dessa espécie de tribo vai ter a chance de, sei lá, ressuscitar de outro jeito… ou se escolhe o completamente ridículo, ou não se escolhe coisa alguma. O diretor Tom Hooper, por trás de coisas como Les Misérables (2012), A Garota Dinamarquesa (2015) e O Discurso do Rei (2010), dramas densos, se esforçou para trazer um musical clássico para o cinema mas ele... ele não é o Baz Luhrmann. Para mim falta mais personalidade - até no cenário, que é ou chroma key, ou aquele chiaroscuro de propaganda de perfume de grife no qual você espera que Keira Knightley apareça de vestido vermelho a qualquer momento e faça um beicinho antes de montar numa moto e sair à toda em direção do Big Ben.

cats-3.jpg

Você gosta de todas as músicas de Cats? Fala a verdade. Você GOSTA? Tipo, ouviria de noite, no trânsito, depois de um dia estressante no trabalho? Pode ser que você GOSTE de TODAS as músicas de Cats, mas convenhamos que esse grupo do Facebook não conta com tantas pessoas assim para dar um número expressivo digno de blockbuster. Acho que foi um cálculo um tanto quanto exagerado do estúdio, ou do diretor, pensar que ele poderia alcançar um estrondoso sucesso baseado no musical e no elenco.

Se você GOSTA de TODAS as músicas de Cats, parabéns, agora possui mais uma mídia para se divertir. Por favor, não me chame.

Não é que o filme Cats é ruim. Ele é na verdade bizarro. Ele é incompreensível na sua tentativa de blockbuster, de obra. O que pretendiam, afinal? Qual era o plano? Cats é um mistério, para alguns uma tortura, para outros que talvez tenham um lado obscuro e masoquista como eu é um desafio, daquelas narrativas que você está constantemente pensando: onde mais vão chegar? É quase insuportável, mas não a ponto de eu poder deixar de lado, levantar da poltrona, sair da sala porque quero saber, PRECISO saber até onde isso vai, qual vai ser o próximo caminho extremamente entediante que isso vai tomar!!!

cats-5.jpg

Tenho uma memória que é tão distante que pode até ser inventada de ler sobre artistas que se inspiraram no movimento de gatos para fazer algum personagem e que isso foi incrível-recompensador, de resultado maravilhoso. É clichê falar sobre e principalmente fazer esse processo, e me pergunto - será que a primeira vez que li algo do tipo, isso se relacionava à Cats em si, à peça?
Outra memória que tenho é das minhas irmãs espumando de raiva porque elas foram ver Cats na Broadway e acharam tudo um grande cocô.

cats-4.jpg

Mas a mesma Sontag, sempre ela, também diz em Notes on Camp:

“(...) things are campy, not when they become old - but when we become less involved with them, and can enjoy, instead of being frustrated by, the failure of the attempt.”
— Susan Sontag

Quem sabe daqui um tempo Cats vai ser a coisa mais cult que tem?
Preparado para mudar de ideia? kkkkkk

January 03, 2020 /Jorge Wakabara
Cats, Taylor Swift, Idris Elba, Judi Dench, Ian McKellen, James Corden, Rebel Wilson, Jason Derulo, Jennifer Hudson, Francesca Haywarth, balé, musical, camp, Susan Sontag, chroma key, Tom Hooper, Broadway
cinema, música

Powered by Squarespace