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Quem é que NÃO estava no elenco de Mal Posso Esperar (1998)?

February 15, 2021 by Jorge Wakabara in cinema, música

Às vezes, tudo que você quer é um filme que vai te passar aquela sensação de derretimento de cérebro (isso também acontece com algumas séries e com Keeping Up With the Kardashians). Se o entretenimento contar com Jennifer Love Hewitt no papel principal, bem… por que não? Parece irresistível.
Mal Posso Esperar às vezes passa na TV a cabo (meu marido adora TV a cabo, então sim, somos os únicos millennials que seguem assinando TV a cabo apesar do advento do streaming). Ele foi escrito e dirigido por uma dupla: Harry Elfont e Deborah Kaplan, que além disso nos deram outro filme derretedor de cérebro fantástico, a inebriante live action de Josie and the Pussycats de 2001. Muito que bem.

A história de Mal Posso Esperar é bem idiota, não vou nem tentar disfarçar. Tudo se passa na noite da formatura do Ensino Médio de uma turma e eles encontram uma festa numa casa que se transforma em, bem, um campo de guerra bem festivo. Aí você começa a acompanhar paralelamente tramas de personagens específicos: o menino esquisito que quer perder a virgindade, os nerds que querem vingança, o menino que é apaixonado por uma garota popular que nunca deu bola para ele… Os clichês vão se amontoando. Portanto, um filme perfeito para o cérebro derreter: não requer esforço. Mas existe um charme aqui:
1. Os looks, que GRITAM anos 1990. Blazer de veludo? Gargantilha? Birotinho no cabelo? Babylook? Tie-dye? Tudo isso está lá. Como os anos 1990 foram os anos da minha adolescência e eu provavelmente era o público-alvo desse filme (me formei no Ensino Médio exatamente em 1998 e entrei para a primeira faculdade em 1999), o gosto familiar fica ainda mais forte para mim.
2. O elenco. Gente. O filme vai avançando e você vai dizendo a todo momento: "Nossa. Olha esse cara… Lembra?!” Ajuda o fato de que o elenco é enorme, cheio de participações.

Então decidi enumerar esse povo aqui. Vamos lá?

A musa: Jennifer Love Hewitt

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Qual é a graça de Jennifer Love Hewitt? Não me pergunte, eu não saberia explicar. Ela é a sem sal mais salgada que existe. Quando Mal Posso Esperar saiu, ela tinha acabado de estourar como a protagonista de Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado um ano antes e já tinha um papel recorrente na série O Quinteto.
As quase camp Ghost Whisperer e The Client List viriam só em meados dos anos 2000 (e na minha cabeça são tão ruinzinhas que uma é sequência da outra, apesar das histórias não terem nada a ver – em comum, possuem protagonistas tão pouco expressivas que são engraçadas, encarnadas por Hewitt kkkkkkk).
Para quem não sabe, além de Mal Posso Esperar, Eu Sei o que Vocês Fizeram e O Quinteto, Hewitt conquistou seu lugar como namoradinha da América com uma carreira… na música. TRÊS discos gravados! Ficou chocada, more? Eu fico toda vez que lembro.

KKKK WTF
Hewitt ficou tão marcada e encantada por seu papel como Amanda Beckett em Mal Posso Esperar que anunciou, em 2019, que queria fazer um filme que funcionaria como sequência com o mesmo elenco, que ela mesma dirigiria (!!!). Saiu até no Page Six. Mas a história nunca mais voltou a ser citada, então é provável que tenha sido abortada.

O boy: Ethan Embry

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Aquele rostinho que você pensa CARACA, EU CONHEÇO, DE ONDE MESMO? Pois é, você conhece! Embry diz que não lembra de nada das filmagens de Mal Posso Esperar nem do filme em si, porque na época que encarnou Preston Meyers ele era um baita maconheiro. Antes desse longa, ele apareceu em Empire Records (1995) e The Wonders: O Sonho Não Acabou (1996). Mas provavelmente você está se lembrando desse rostinho da TV: de Once Upon a Time ou Grace and Frankie. Ele é o Coyote, filho da Frankie (Lily Tomlin).

Também existe a história de que, para a cena do beijo, Hewitt teria discretamente dado umas balinhas de menta para Embry, porque o hálito dele era meio, hum, comprometido pelo alto uso de marijuana.

O nerd: Charlie Korsmo

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Esse é um dos casos mais instigantes do elenco do filme. Korsmo foi um ator mirim que prometia: participou, por exemplo, de Dick Tracy (1990) e Hook – A Volta do Capitão Gancho (1991). Aí sumiu. Aí apareceu de novo em Mal Posso Esperar no papel do nerd que fica bêbado. Aí sumiu de novo!

Ele é um megaprofessor de direito. Tem quem diga que grande parte dos seus papéis que rejeitou quando parou de atuar em 1991 foram para Elijah Wood, então é provável que, se ele continuasse, a carreira de Wood fosse um pouco menos estrelada!

Charlie, que hoje prefere ser chamado de Charles, voltou uma vez apenas para o set de filmagens até hoje. Foi para participar de Chained for Life (2018), um filme que eu sou super a fim de ver e não vi até agora. Parece bem bom! Olha o trailer:

A moderna: Lauren Ambrose

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A verdadeira “garota do lado” não era Hewitt e sim Ambrose: cativante, acessível, divertida. Quem não tinha uma amiga que nem ela, a melhor amiga que, surpresa, tem uma história ainda mais interessante que o tal “casal principal"?

Esse foi o primeiro grande papel da atriz, que depois chegou a ter um personagem fixo em O Quinteto. E você deve se lembrar dela de Six Feet Under, né? Ela é boa, devia ser melhor aproveitada por Hollywood.

Mas se as telonas não querem… ela arrasa nos palcos. Ambrose já foi indicada a um Tony por sua performance em My Fair Lady na Broadway em 2018.

O babaca: Peter Facinelli

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GIFs que dizem tudo: exala energia cretina, né?
Que personagem ODIOSO!

Rapidamente Facinelli foi perdendo o brilho de protagonista e escorregando para o coadjuvante. Também esteve em Six Feet Under, num papel menor que o de Ambrose. É o Dr. Carlisle Cullen, pai adotivo de Edward Cullen (Robert Pattinson) em Crepúsculo (2008) e as sequências da franquia. É Rupert Campion, o diretor da nova versão de Funny Girl de Glee. É o Dr. Fitch Cooper em Nurse Jackie. É o vilão Maxwell Lord na série Supergirl (sim, o mesmo personagem depois encarnado por Pedro Pascal no Mulher-Maravilha 1984, mas numa pegada bem diferente).

Curiosidade: ele fez o papel do odioso Keith Raniere numa adaptação para a TV da história da seita NXIVM.

Ah, e ele também é diretor. Já fez dois longas.

O esquisitão: Seth Green

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Poucas pessoas podem dizer que estiveram em filmes clássicos adolescentes dos anos 1980 e dos anos 1990: Green pode. Ele era o irmão do protagonista Ronald Miller (Patrick Dempsey) em Namorada de Aluguel (1987) e, claro, é o Kenny Fisher de Mal Posso Esperar. O currículo, hum, invejável ainda incluiu um personagem fixo na trilogia Austin Powers (ele é o filho do Dr. Evil), o personagem Oz da série Buffy, a Caça-Vampiros (aliás, ele é BFF da Sarah Michelle Gellar, a protagonista), o personagem recorrente Mitch Miller em That 70's Show… Isso sem contar os mil jobs dele como dublador, principalmente em Family Guy como Chris Griffin, o filho do meio, de bonezinho.

Uma das namoradas: Jaime Pressly

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Você olha e pensa: "Será que eu tô confundindo com a Margot Robbie ou eu realmente a conheço?"
Resposta: ambas as alternativas.

Pressly participou de outras coisas grandes. Ela é a Jill na série Mom. Ela é Joy Turner, a ex-mulher de Earl em Meu Nome é Earl. E, bem, ela participa de Não é Mais um Besteirol Americano (2001)… assim como Chris Evans, antes que você fale qualquer coisa.

O cara da melancia: Jason Segel

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Uma das melhores coisas de Mal Posso Esperar é pescar as participações especiais. Entre elas, aqui está Jason Segel num papel que é literalmente esse: ele é o cara da melancia.

Caso você tenha virado um eremita durante os anos 1990, te falo tudo: ele faz parte daquela turminha hype de Hollywood que fez Freaks and Geeks em 1999 e daí para frente, sempre esteve mais ou menos envolvido com eles. As pessoas costumam lembrar bastante dele por How I Met Your Mother. Ou por Sex Tape – Perdido na Nuvem (2014)? Risos. Tem quem ame Ressaca de Amor (2008). O novo Adam Sandler? Acho que não é para tanto, e confesso que o papel que mais me marcou dele é o de… Gary, em The Muppets (2011).

Desculpa por ser assim.

A que dá um fora: Clea DuVall

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No mesmo ano de Mal Posso Esperar, DuVall nos encantaria para sempre como Stokes em Prova Final. ou pelo menos encantou a mim. Em 1999, participou de outro clássico, Ela é Demais, e de uma dobradinha que eu amo: But I'm a Cheerleader e Garota, Interrompida. Acho que foi nessa dobradinha que ela conquistou o coração da nação sapatã e nem precisou sair do armário, né?
Os mais novinhos talvez se recordem mais do papel de DuVall em The Handmaid's Tale - ela é Sylvia. E DuVall é a roteirista e diretora de Alguém Avisa?, a comédia romântica de 2020 protagonizada por um casal lésbico interpretado por Kristen Stweart e Mackenzie Davis.

O babaca do passado: Jerry O’Connell

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É engraçado pensar que O’Connell é o cara que chega para avisar o personagem de Facinelli que a faculdade não vai ser tão legal quanto ele imagina. Um ano antes, ele estava em Pânico 2, lembra? Justamente na faculdade.
E bem, antes disso O’Connell é simplesmente um dos garotos do quarteto de Conta Comigo (1986), uma das maiores adaptações de Stephen King para o cinema. Só de lembrar eu dou uma lacrimejadinha.

Ah, e ele faz parte do elenco de Missão: Marte (2000), de Brian de Palma – ter feito parte de um filme do De Palma, para mim, é babado…

Curiosidade: O’Connell interpreta o namorado no clipe de Heartbreaker de Mariah Carey.
Curiosidade 2: O’Connell é casado com Rebecca Romijn, a primeira Mística daquela primeira trilogia X-Men.

A outra menina: Selma Blair

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Amo a Selma Blair demais, mas principalmente pelo que ela faz agora. Quem interpretou Kris Jenner além dela? E a stripper madrasta de uma das Heathers na série Heathers, uma das melhores coisas ali? OK, não é tão difícil, a série é ruinzinha, mas o que importa é que ela realmente está incrível no papel.

Um pouco depois dessa ponta em Mal Posso Esperar, Segundas Intenções (1999) e aquele beijo (você lembra, não adianta disfarçar) chegariam ao cinema. E depois ainda ia ter Legalmente Loira (2001) – Blair é uma das únicas pessoas que consegue usar uma boina e me fazer rir. Em geral, tenho vontade de chorar (odeio boinas, então imagina como está sendo para mim assistir as bichas tentando fazer essas coisas horrorosas voltarem em RuPaul's Drag Race e RuPaul's Drag Race UK).

Ah, e teve o Hellboy do Guillermo del Toro, né? Hehehehe

(E eu adoro que ela é a irmã da Dra. Smith Parker Posey no novo Perdidos no Espaço, é muito perfeito as duas serem irmãs <3)

A garota do livro do ano: Melissa Joan Hart

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A Sabrina Spellman mais legal (a Sabrina da Netflix é muito chata) arrumou um tempinho entre as gravações da série para fazer essa ponta.

Não tenho muito o que falar dela, e não é shade: ela realmente não fez nada tão bem sucedido quanto a série da Sabrina. Mas o papel dela em Mal Posso Esperar é concretamente memorável, apesar de aparecer relativamente pouco: a menina que fica atrás do povo para eles assinarem o livro do ano dela é engraçada demais. O filme acaba e ela é uma das coisas que permanecem na sua cabeça.

O cleptomaníaco: Chris Owen

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O briefing do seu papel é: você vai aparecer roubando coisas.
Simples assim.
Chris Owen já tinha uma cara de menino endemoniado. Depois, seria o Sherman em American Pie (1999). Então, se você é o Guga Chacra, você o reconheceu.

Estou vendo pela milésima vez a cena do Finch c/ a mãe do Stifler no American Pie. Sério que acho uma das mais cômicas da história do cinema. Mas talvez a melhor do filme seja a do Jim fazendo striptease para a Nadia. Enfim, filme anos 1990. Quem foi adolescente na época entende

— Guga Chacra (@gugachacra) July 11, 2020

O vocalista da banda: Breckin Meyer

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Você não lembrava do nome dele, mas da cara… É que Meyer domina os castings de filme adolescente da época, desde A Hora do Pesadelo 6 (1991) até As Patricinhas de Beverly Hills (1995). Esse agente trabalhou, viu? Mas talvez, no fundo, eu lembre dele das propagandas da série Franklin & Bash, na qual ele era um dos protagonistas. Passavam toda hora.
Nunca vi a série.

O baterista de chapéu de caubói: Donald Faison

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Outro que veio do elenco de Patricinhas de Beverly Hills, Faison também fez fama no elenco fixo da série Scrubs. Simpatizo com ele.

Bom, eu poderia falar de TODO O ELENCO de Mal Posso Esperar, mas ainda falta muita gente. Chega, né?

Deixei alguém que você ama de fora? Reclame no SAC.

E reassista Mal Posso Esperar. Não vai ser tão ruim assim, garanto.

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February 15, 2021 /Jorge Wakabara
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Para entrar em Pânico

October 17, 2020 by Jorge Wakabara in cinema

Já estávamos quase na metade dos anos 1990 e parecia que os filmes slasher adolescentes era a coisa mais anos 1980 que existia. O Pesadelo Final (1991) com Freddy Krueger era uma piada (assisti no cinema, que eu me lembre, e na época achei legal principalmente por causa dos minutos em 3D no fim do filme – mas na verdade eu era uma criança kkkkkk). Halloween 5: A Vingança de Michael Myers (1989) também é considerado o mais fraco da franquia pela maioria dos fãs. Jason Vai Pro Inferno – A Última Sexta-Feira (1993) só não foi pior nas bilheterias que o seu antecessor Sexta-Feira 13 – Parte VIII: Jason Ataca em Nova York (1989); amo esse de 1989 justamente por ele ser ruim demais kkkkkk

Aí o Wes Craven, que é o nome por trás do A Hora do Pesadelo original, teve uma ideia. Calma: ainda não era essa que você está pensando. Estou me referindo ao O Novo Pesadelo (1994).

De repente Freddie estava de volta pelas mãos (e rosto, e corpo, e tudo e tal) do inesquecível Robert Englund – que, diga-se de passagem, o Ryan Murphy está bobeando de não trazer pra turma dele

De repente Freddie estava de volta pelas mãos (e rosto, e corpo, e tudo e tal) do inesquecível Robert Englund – que, diga-se de passagem, o Ryan Murphy está bobeando de não trazer pra turma dele

Com O Novo Pesadelo, Craven deu uma credibilidade renovada pros slasher que todo mundo achava que eram coisa do passado e que nunca mais seriam lucrativos.

O filme é uma salada metalinguística que surpreendentemente dá certo e eu vou tentar resumir pra quem não viu: a história é do próprio Wes Craven no papel dele mesmo, fazendo um novo filme de Krueger no aniversário de 10 anos do primeiro. Heather Langenkamp, que está no Monte Olimpo das melhores final girls que já existiram por seu papel como Nancy, a protagonista do A Hora do Pesadelo original, também interpreta ela mesma. Heather está recebendo ligações telefônicas (PRESTENÇÃOOO) na vida real com uma voz assustadoramente parecida com a do personagem Freddie Krueger. O marido dela morre num acidente de carro muito parecido com uma morte de A Hora do Pesadelo, e o corpo é encontrado com rasgos.
Resumindo: uma força demoníaca usa da imagem de Krueger pra se manifestar de verdade, nada de filminho. Então a trama acompanha uma produção de um novo filme da franquia, mas onde coisas assustadoras estão acontecendo com a equipe na "vida real".
Entendeu? É complexo mesmo.

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A franquia já estava pra lá de Bagdá, então a bilheteria seguiu ruim pra essa nova tentativa, mas o pessoal viu que o filme em si era interessante. Dava um respiro. E principalmente não era tão besta quanto as sequências anteriores. Então Craven ganhou um tíquete de ouro… pra fazer Pânico.

Chegamos no que interessa: o ano de 1996

Sidney (Neve Campbell) e Tatum (Rose McGowan) em Pânico (1996)

Sidney (Neve Campbell) e Tatum (Rose McGowan) em Pânico (1996)

Craven não só foi o responsável por uma das maiores franquias do cinema como conseguiu fazer mais uma e, de quebra, ressuscitar o gênero slasher. Pânico juntava a ideia do telefone que foi explorada em O Novo Pesadelo e brincava com a metalinguística mas de forma diferente. É que estes adolescentes dos anos 1990 conheciam os filmes dos anos 1980, e o assassino em série, que na verdade é do convívio deles e não tinha nenhum superpoder místico, gostava de brincar com a ideia de seguir as regras de um filme slasher comum. Isso quer dizer matar quem vai sozinho pra algum lugar, matar quem transa, fazer charadas assustadoras antes de matar, matar todo mundo ao redor de uma final girl antes de chegar na final girl em si. E eventualmente… se revelar e ser morto pela final girl.

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Drew Barrymore em Pânico: tem algo mais anos 1990 que isso?

A clássica primeira cena do filme traz a personagem Casey sendo assassinada – e depois, todas as sequências brincaram com esse começo

O primeiro Pânico foi um marco. Trouxe uma segunda onda de slashers – não tão forte quanto a oitentista mas impactante no imaginário pop. Ghostface, o disfarce do assassino, virou um personagem recorrente no Halloween e em paródias. A frase “Hello, Sidney” ao telefone com voz distorcida pegou. Courteney Cox, que já era a Monica de Friends, conseguiu um segundo personagem famoso pra se livrar do estigma da série-hit logo de cara. E também conheceu o futuro marido, David Arquette, no elenco (que depois virou ex-marido e a vida seguiu).

David, aliás, é o irmão mais novo de Patricia Arquette, cujo primeiro papel na carreira foi de scream queen: era A Hora do Pesadelo 3 – Os Guerreiros dos Sonhos (1987). A personagem de Patricia, Kristen, sobrevivia na história, mas Patricia passou a chance de revivê-la e outra atriz assumiu na sequência A Hora do Pesadelo 4 – O Mestre dos Sonhos (1988). A substituta foi Tuesday Knight (e é difícil pensar em algum nome tão maravilhoso quanto Tuesday Knight!).

A repórter Gale Weathers (Courteney Cox), o geek Randy Meeks (Jamie Kennedy) e a final girl Sidney Prescott (Neve Campbell)

A repórter Gale Weathers (Courteney Cox), o geek Randy Meeks (Jamie Kennedy) e a final girl Sidney Prescott (Neve Campbell)

Dizem que muitas estrelas recusaram o papel de Sidney, incluindo a própria Drew Barrymore, que escolheu Casey porque achou que ia ser chocante uma estrela morrer nos primeiros minutos do filme – achou certo, era chocante mesmo. Além dela, Reese Whiterspoon, Claire Danes, Brittany Murphy e Chloe Sevigny também foram cogitadas. Campbell, que já havia virado uma estrela de TV em O Quinteto, foi a escolhida – e antes deu uma passadinha em Jovens Bruxas, no mesmo ano, pra realmente solidificar seu status de nova it girl herdeira de Molly Ringwald e Winona Ryder que, estranhamente, não adquiriu o status cult das outras duas.
(Ah, e queriam que a própria Ringwald fizesse a Sidney. Ela já tinha 26 anos e achou que não tinha nada a ver. Mas imagina???)

Na minha humilde opinião, Campbell nunca mais conseguiu sair da pele de Sidney Prescott, é quase uma maldição pra ela.

Sidney e Dewey (David Arquette)

Sidney e Dewey (David Arquette)

Tudo isso está fresco na minha cabeça porque: 1. recentemente reassisti a todos os Pânicos; 2. falei a respeito no podcast da Bia Bonduki, Eu Tive Um Sonho, sobre A Hora do Pesadelo! Ouça abaixo!

Uma coisa que as pessoas esquecem sobre Pânico é que ele não é filho de um pai só. Craven dirigiu os quatro longas, mas o roteiro é de Kevin Williamson. O primeiro roteiro filmado de Kevin é Pânico. E depois disso ele surfou na onda: Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado (1997), baseado em livro de Lois Duncan, é o segundo roteiro filmado dele. Prova Final (1998), que não é exatamente um slasher mas não deixa de ser um terror adolescente, é o quarto (Pânico 2 veio antes).

E o que eu acho mais legal de Pânico é que ele é um dos últimos suspiros dos early millennials antes de tudo ser tomado pela internet. Nós somos a última geração que interagiu na adolescência ainda sem a onipresença da rede. Pânico não seria possível nesses moldes em 2020 porque ninguém mais tem telefone fixo. E os adolescentes simplesmente perderam a intimidade com o telefone no geral – é sério, acredite, eu já trabalhei com estagiários e sei disso. Eles não sabem atender direito! Acham estranho.
Eu também acharia!

A sequência

Pânico 2, que veio no ano seguinte, 1997, era exatamente o que você poderia esperar de uma sequência de Pânico, e até brincava com isso, ainda no seu exercício de metalinguagem. As sequências dos filmes slasher têm mais mortes e é mais mirabolante. Alguns personagens que sobreviveram voltam e é até estranho que a maior parte deles não morresse aqui, porque geralmente era isso que acontecia.

Ah, e temos isso também.

Cici (Sarah Michelle Gellar)

Cici (Sarah Michelle Gellar)

Onde está a sobrancelha dela? Não sei. Puro suco dos anos 1990. Depois, Sarah seguiria pro estrelato com Segundas Intenções (1999) e, claro, a série Buffy, A Caça-Vampiros (1997-2003)
Aqui Sidney já está na faculdade e a fantasia de Ghostface virou artigo pop. Existe um filme, Stab, sobre a história de Sidney e baseado em um livro de Gale. Aquela personagem de Drew Barrymore, Casey, é interpretada em Stab pela maravilhosa Heather Graham!

A Casey do filme dentro do filme: Heather Graham

A Casey do filme dentro do filme: Heather Graham

Sem esquecer o mais delicioso fato que a Sidney da ficção é interpretada por Tori Spelling.

Eu amo a tintura “marrom acobreado” HAHAHAHAHAHA

Eu amo a tintura “marrom acobreado” HAHAHAHAHAHA

Pânico 2 não supera o primeiro. O começo é maravilhoso, mas o fim é mais bobo. E tá tudo bem, ele não chega a ser ruim.

Pânico 3: tão metalinguístico que eu nem sei

Depois de Pânico 2 as coisas começaram a ficar mais complicadas no terror. Surgiu um elemento novo: o j-terror (ou j-horror). Ringu, ou Ring – O Chamado, saiu em 1998. A Bruxa de Blair apareceu em 1999. Um terror mais psicológico ficou na moda e o velho slasher parecia ultrapassado mais uma vez.

Mas Pânico preferiu seguir na sua linha metalinguística e ignorou essas novas ondas. Em 2000, aconteceu praticamente a refilmagem de O Novo Pesadelo em versão Pânico. Pânico 3 acontece nas filmagens de Stab 3, da franquia ficcional Stab. Ele se leva muito pouco a sério e talvez por isso consiga se manter divertido, ainda que nada assustador.
Pra variar, uma das coisas legais é descobrir que atores participaram.

Do que eu gosto mais, da minha histriônica preferida Parker Posey no papel de Jennifer Jolie, a atriz que interpreta Gale Weathers em Stab 3, ou ESSA FRANJA ABSURDA DA COURTENEY COX?

Do que eu gosto mais, da minha histriônica preferida Parker Posey no papel de Jennifer Jolie, a atriz que interpreta Gale Weathers em Stab 3, ou ESSA FRANJA ABSURDA DA COURTENEY COX?

Obs.: a minha histriônica preferida no exterior é Parker Posey. A minha histriônica preferida no mundo é Maria Luísa Mendonça, claro.

A Sidney ficcional infelizmente não é mais Spelling e sim Emily Mortimer. Gosto dela mas a atriz está meio mortinha em Pânico 3.
Ah, sim, tem isso também.

Hollywood royalty, baby: Carrie Fisher no papel-chave Bianca Brunette

Hollywood royalty, baby: Carrie Fisher no papel-chave Bianca Brunette

Bianca entrega tudo: tira uma onda quando as personagens fazem menção à sua semelhança com Carrie Fisher e resolve quase toda a trama em uma cena.

E bem, a trama… é meio rocambolesca. Impossível levá-la a sério. Quando chega o fim, ele é tão absurdo e perdido que você precisa mesmo rir. Parece uma novela mexicana.
Toda franquia de terror chega num momento que acaba inventando subtrama demais pra se desenvolver. Pânico 3 só dá pra assistir se for pra encarar como uma comédia.

De volta ao básico em 2011

Parece menos, mas já faz quase uma década que saiu Pânico 4. Como não dava mais pra sair cachorro daquele mato, a história voltou pra trás. Mais especificamente, pra Woodsboro, a cidade fictícia de Pânico. A sinopse: Sidney superou tudo e conseguiu ela mesma escrever um livro sobre sua história. Decide voltar pra cidade natal no meio da turnê de lançamento, e fica hospedada na casa da… tia. Vocês lembravam da tia? Nem eu, mas aí está.
E aí existe uma outra turma de jovens que inclui a prima de Sidney, Jill Roberts (Emma Roberts). E a matança recomeça pra eles…

Kirby (Hayden Panettiere) e Jill (Emma Roberts)

Kirby (Hayden Panettiere) e Jill (Emma Roberts)

Existia o que tirar de um Pânico 4? Não muito. O gênero já estava esgotadérrimo. Mas as sequências de Stab que aparecem são maravilhosas, especialmente pelas participações especiais.

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Lucy Hale, Anna Paquin e Kristen Bell.
Na turminha jovem fora dos filmes, ainda temos Nico Tortorella novinho como o perturbado namoradinho de Jill! Hahahahahahaha!

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Acho Pânico 4 OK, mais realista (na medida do possível) porém menos engraçado que o terceiro. Então sei lá, ambos estão juntos lá no pé da lista em questão de qualidade.

Mas e Pânico 5, hein?

Sim: Pânico 5 foi confirmado. Craven infelizmente morreu em 2015, então Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, a dupla de diretores que acumula mais letras duplas que todas as outras em seus nomes e que dirigiu Casamento Sangrento (2019), assumem a cadeira. Neve Capbell está confirmada, assim como Courteney Cox e David Arquette.

De lá pra cá existiu Corra! (2017) e Nós (2019). Existiu Hereditário (2018) e Midsommar: O Mal Não Espera A Noite (2019). Muitas águas rolaram no gênero. Pânico já virou uma caricatura de si mesmo.

Espero alguma coisa boa? Não! kkkk
Vou assistir mesmo assim? SIM! KKKKKKKKKKKK

Ai ai, a gente gosta de perder tempo com bobagem, né?
A estreia de Pânico 5 está marcada pra nada menos que 14 de janeiro de 2022, o meu aniversário de 41 anos.
Afffff! kkkk

“Alô, Sidney… Você gosta de sequências de filme de terror? Pelo jeito, sim, né?"

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October 17, 2020 /Jorge Wakabara
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