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Drag queens: de artistas marginalizadas a conselheiras da família

November 22, 2020 by Jorge Wakabara in TV

Houve um tempo em que, para ver uma drag queen, você inevitavelmente era obrigado a ir a uma boate gay. Era ali e apenas ali o território delas. Não vivi essa época porque, quando me dei conta, RuPaul aparecia na MTV – pouco, mas aparecia. E eu também via drag queen na coluna Noite Ilustrada da Érika Palomino, que saía às sextas na Folha de S.Paulo.

Quando comecei a ir em boate gay, três figuras para mim eram o ápice de tudo que era mais legal: a onipresente Silvetty Montilla (se você não conhece Silvetty sinceramente não sei em que mundo você vive), a verdadeiramente hilária Thália Bombinha (quem nunca viu a dublagem dela de Supersonic ou de Atoladinha não sabe o que é rir) e a diva Veronika Top Drag (que morreu precocemente e virou mito).

Mais pros anos 2010, dois fatores sobre os quais vocês já estão carecas em saber aconteceram e mudaram o rumo da coisa, com mais algumas ajudas aqui e ali.
. RuPaul's Drag Race
. Pabllo Vittar
+
. Nany People na Hebe
. Batalha de Lip Sync no Comedy Central (affff kkkkk)
. Conquistas de direitos LGBTQ+

O RuPaul's Drag Race cresceu tanto que virou produto de exportação. O último, da Holanda, foi bem fraquinho – de concorrente completamente boa mesmo, só a que ganhou (sorry, Abby OMG, a gente gosta de você e no quesito carisma você ganha). Mas os outros foram surpreendentes, das supermontações tailandesas às impagáveis inglesas e às canadenses que nos deram, what's her name?

PRIYANKA!

PRIYANKA!

Ao mesmo tempo, com os reality shows se firmando como um dos formatos mais bombados da TV atual, um outro fenômeno aconteceu. O novo Queer Eye.

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São tantas temporadas (e agora até o anúncio de uma versão brasileira) que a gente supõe, mesmo com a Netflix sem divulgar muitos números, que o novo Queer Eye é um sucesso.

E já faz um tempo que alguém pensou: “Ué. Por que não juntar esse lado coach de autoestima do novo Queer Eye com drag queens?”
Foi assim que as drag queens se transformaram em conselheiras da família.

A pioneira por aqui foi Drag Me as a Queen do canal E! com Penelopy Jean, Ikaro Kadoshi e Rita von Hunty. A ideia por trás do programa é que uma montação drag consegue trabalhar questões relacionadas à autoestima do convidado (ou vítima?).

E agora estão no ar as ótimas Nasce uma Rainha com Gloria Groove e Alexia Twister na Netflix e Fadas Dragníficas com Alexis Michelle, BeBe Zahara Benet, Jujubee e Thorgy Thor no TLC.

Nasce uma Rainha é muito bem dirigido – podia ser mais curto, como tudo na Netflix, mas OK – e tem a sorte de contar com Gloria e Alexia. Elas são ótimas apresentadoras, ágeis, têm química. O mote também é bom: elas lapidam drags em começo de carreira. Não é uma montação de primeira viagem, mas também é uma jornada de aprimoramento e superação. E os convidados especiais? Silvero Pereira, Tiago Abravanel… Chique, hein?

Nasce uma Rainha com Gloria Groove e Alexia Twister

Nasce uma Rainha com Gloria Groove e Alexia Twister

E Fadas Dragníficas é praticamente a mesma coisa que Queer Eye, mas com drags: um make over de dentro e de fora. A supervantagem: a gente (digo a gente me referindo à nossa bolha) já conhece as drags porque elas são ex-concorrentes do RuPaul's. BeBe, inclusive, é a ganhadora da primeira edição do programa!

Jujubee, BeBe, Thorgy e Alexis: as Fadas Dragníficas

Jujubee, BeBe, Thorgy e Alexis: as Fadas Dragníficas

Assim como o novo Queer Eye em comparação ao antigo, já não basta mudar o guarda-roupa e tingir o cabelo. Esses programas injetam emoção no roteiro, com direito a lágrimas e tudo. Os comentários dos amigos e parentes dos convidados não é mais “ela ficou mais bonita” e sim “dá para ver que ela está mais feliz" ou “sabe quanto tempo faz que eu não a via sorrindo?".

Acho autoajuda um saco. Mas sempre que um desses está passando… eu paro e fico assistindo! Ah, o poder do caminho do autoconhecimento…
E só a título de esclarecimento: acho bom que as drags estejam populares, na TV, na rua, em plena luz do dia. Errado era o fato de ter que ir numa boate para vê-las. Mas elas, que gostam tanto de falar em “arte drag", precisam tomar cuidado com a pasteurização dessa arte. Quando você abre concessões demais, a sua arte vira entretenimento. Se você sabe e quer isso, bem... Tudo certo, né?

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. Pablo, o dublador de Qual é a Música?, também cantou. Sabia?

November 22, 2020 /Jorge Wakabara
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