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O dia em que a música afro encontrou o BRock

November 27, 2020 by Jorge Wakabara in música

Estou meio viciado em BRock nessa quarentena, deu para perceber? O som jovem dos anos 1980 já foi apontado como reflexo de diversas coisas: a trilha da reabertura política, uma resposta à MPB que surgiu nos festivais e que não falava a língua da nova geração, uma combinação explosiva de Circo Voador + rádio Fluminense + o filme Menino do Rio + juventude entediada em Brasília + punks de SP e outras maravilhosas incidências.

Só que o BRock batia bastante na tecla do punk, do pós-punk, sons darkzões. Lá fora, tinha rolado também a incidência forte do reggae, que por aqui foi deglutida e festejada principalmente por Gilberto Gil, mas que praticamente não respingou nas bandas jovens que surgiram fora uma ou outra exceção (os Paralamas, por exemplo).

E foi no meio da Brasília de Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude, tudo politizado e angustiado, que surgiu um sol. O Obina Shok sonoramente era mais próximo do axé da Bahia que do rock dos colegas – talvez seu único primo na turma era o supracitado Paralamas do Sucesso, que já estava estabelecido no Rio.

Para dar uma localizada: o Magia de Luiz Caldas, que tinha Fricote, saiu em 1985, Sarajane abriu a roda em 1986, o disco de estreia de Daniela Mercury veio em 1992 – recomendo o documentário Axé: Canto do Povo de um Lugar, que está na Netflix e todo mundo que curte música brasileira devia assistir. Ao mesmo tempo: o primeiro do Legião também saiu em 1985, o do Capital sairia em 1986 e o incrível EP da Plebe, O Concreto Já Rachou, veio em 1985. Paralamas já havia lançado dois álbuns quando soltou Selvagem? em 1986 com Alagados.

Obina Shock já aparecia diferente de tudo porque, além da inspiração claramente afro (juju music, highlife), era uma banda com estrangeiros. Jean Pierre Senghor é neto de ex-presidente do Senegal, filho do embaixador do país e, adivinha, senegalês. Roger Kedyh era gabonês exilado. Winston Lackin era do Suriname e estava estudando no Instituto Rio Branco, a reconhecida escola brasiliense de diplomacia e relações internacionais. Juntaram-se a eles os brasileiros Henrique Hermeto, Maurício Lagos, Sérgio Galvão e Hélio Franco. A banda, assim como as outras, mandou uma demo para a carioca Fluminense FM, a emissora de rádio apelidada Maldita. E o pessoal gostou de Lambaréne (que, aliás, é o nome de uma cidade do Gabão).

Por que a gente fala que o Obina Shok é BRock? Bom, eles eram contemporâneos das outras bandas e fizeram o mesmo caminho, apesar do estilo musical cheio de suíngue diferente do resto. E esse caminho era a Maldita, show no Parque Lage com produção da galeria do Circo Voador e contrato com gravadora. Em myene, uma das línguas (e dos povos) do Gabão, obina shok quer dizer algo como “união da dança".

(Outra ponte do Obina Shok com o BRock é o guitarrista Henrique Hermeto em si. Ele chegou a tocar em uma banda chamada Os Metralhas, antes do Obina, com André Muller, que virou baixista da Plebe, e Marcelo Bonfá, que virou baterista do Legião.)

Quando o disco saiu em 1986, Obina Shok já tinha renome entre os iniciados. Tanto que a música de trabalho, a maravilhosa Vida, tem as participações de Gal Costa e Gilberto Gil nos vocais.

Tudo, né? O ombrinho só no sacode.

E é tão tudo que a rainha Alcione chamou os caras para um especial dela na Manchete, Fruto e Raiz, no mesmo ano de 1986.

Vida é o maior hit da Obina Shok, indiscutivelmente. Foi regravada pelo próprio Gil em 1987, por Elba Ramalho com Lulu Santos em 1991, pelo Ara Ketu em 2000 e por Gil novamente com sua filha Preta Gil em 2011 (num medley com Andar com Fé).

O primeiro álbum tem dedo do Kedyh em quase todas as composições. Vida, por exemplo, é dele com Maria Juçá, a produtora-diretora do Circo Voador. Lambaréne é dele, sozinho. A única gravada que não tem co-autoria dele é o reggae Africaner Brother Bound, um libelo contra o apartheid de Senghor, Hermeto e Gil, que também participa dessa faixa.

Apesar do sucesso do primeiro álbum, Maurício Lagos e Sérgio Galvão saíram do grupo. E sabe quem entrou? Nada menos que… Nara Gil.
Sim: a filha mais velha de Gil, meia-irmã de Preta, Bela e Bem não foi apenas a DJ Black Boy de Armação Ilimitada – papel tão perfeito que ela nunca se livrou dessa referência, mesmo depois de tanto tempo!

Nara nunca lançou um disco próprio. Mas já fez várias coisas ao lado do pai. Tipo… essa versão de Haiti no canal de YouTube dele!

Bom, voltando: Nara fez parte da formação do Obina Shok no segundo álbum mas Salleé, de 1988, flopou. Uma pena. Não está nem no Spotify e em vinil é mais caro e mais raro que o primeiro.

O que rolou depois?

Senghor tocou com Marisa Monte, Jorge Vercillo e estava na cozinha do primeiro disco do Cidade Negra, Lute Para Viver (1990), nos teclados da maior parte das faixas. Ele acabou virando quase fixo da banda – quase sempre estava lá, apesar de não aparecer muito em créditos de gravações. Em 2010, voltou de mala e cuia para Dakar. Apresenta um programa na rádio senegalesa chamado Hora do Brasil – olha o artigo do UOL sobre ele publicado nesse ano.
Kedyh, que tinha problemas de saúde, voltou para o Gabão e morreu lá em 2018 – teve um AVC fatal.
Lackin virou um político bem importante do Suriname. Foi ministro de relações exteriores do país entre 2010 e 2015. Morreu em 2019.

Um clique do Facebook de Henrique Hermeto:

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November 27, 2020 /Jorge Wakabara
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música
A formação clássica do Kid Abelha: Leoni, Bruno Fortunato, Paula Toller e George Israel

A formação clássica do Kid Abelha: Leoni, Bruno Fortunato, Paula Toller e George Israel

O incidente no Estádio de Remo da Lagoa

November 20, 2020 by Jorge Wakabara in música, política

No começo do BRock, quando as bandas começavam a despontar, algo aconteceu envolvendo dois destaques desse novo cenário de futuras celebridades. Era a Paula Toller, vocalista do Kid Abelha, e Herbert Vianna, uma das pontas do trio Paralamas do Sucesso. Paula ainda namorava e morava com Leoni, companheiro de banda, quando rolou um clima com Herbert e um beijo.

Paula e Leoni no palco

Paula e Leoni no palco

Acabou que Leoni saiu de casa e Herbert e Paula começaram a namorar, em meados de 1984. Acabaram morando juntos, mas o paralama diz que ela era muito competitiva e a banda dele, que na época era menor que o Kid (!!!), começou a crescer. E aí chegamos em 23 de fevereiro de 1986, o dia do Cidade Live Concert, um show organizado pela Rádio Cidade que rolou no Estádio de Remo da Lagoa, no Rio.

O clima da gravação do segundo álbum do Kid Abelha, o Educação Sentimental, lançado em maio de 1985, já tinha sido meio esquisito. Nessa época, Leoni já namorava com ninguém menos que Fabiana Kherlakian, ela mesma, a filha do fundador da Zoomp. Diz Herbert, segundo publicado no livro Os Paralamas do Sucesso: Vamo Batê Lata do Jamari França, que Fabiana instigava Leoni a ter mais atitude na dinâmica da banda, a impor uma necessidade de cantar mais (ou seja, dividir os microfones com Paula).

Todas as músicas do Kid lançadas até aquele momento eram co-autoria de Leoni com mais alguém, sendo que Ele Quer me Conquistar (1984), Os Outros e Educação Sentimental em si (ambas de 1985) são só dele. No segundo álbum, Leoni assume o vocal principal em Conspiração Internacional e Educação Sentimental – ambas boas, e pelo que entendo não muito bem trabalhadas nas rádios. Existe um compacto promocional de Educação Sentimental, mas será que ele foi realmente promovido?

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Voltando ao show: Léo Jaime foi um dos artistas que se apresentaram. Ele chamou Paula e George Israel, outro integrante do Kid, para cantar Fórmula do Amor, e não chamou nem citou Leoni como um dos co-autores da música. Fez-se a confusão. Para Leoni aquilo foi a gota d'água: ele e Paula (que tomou o partido de Léo) começaram a discutir, ela gritou, ele a segurou, ela disse “me larga, me larga”, e quando ele largou… O pandeiro que estava na mão da Paula foi direto na cabeça dele. Herbert e Fabiana estavam presentes e, na briga, do lado dos então respectivos pares, claro.

Recentemente rolou uma live com Aquiles Priester e Gilson Naspolini mais os ex-bateristas do Kid Abelha Kadu Menezes, Cláudio Infante e Adal Fonseca (a banda terminou em 2016). Menezes contou que chegou no local da confusão minutos depois dessa pandeirada. Diz que Paula e Fabiana estavam berrando.

Ah, e uma curiosidade: Seu Espião e Por Que Não Eu?, dois dos maiores sucessos do primeiro disco de 1984 do Kid, são de autoria de Leoni, Paula e Herbert! Que trio…

Segundo Herbert, Paula e ele passaram a noite pós-show em claro, com todo mundo (menos Leoni e Fabiana, óbvio) reunido no apartamento que eles dividiam. A pauta: o Kid Abelha continuaria sem o seu principal compositor? Sim, porque Leoni decidiu sair!
(No dia seguinte, dizem que tinha foto de Leoni no Segundo Caderno com esparadrapo na cabeça. Não achei – se alguém achar me manda?)

Paula, George e Bruno Fortunato acabaram decidindo seguir em frente e soltaram um álbum ao vivo gravado em setembro de 1986 em São Paulo, ainda recheado de canções de co-autoria de Leoni (a única que não tem o dedo dele é Nada Por Mim, de Herbert e Paula, lançada antes por Marina Lima). Em 1987 viria o disco Tomate, com hits como Amanhã é 23 e No Meio da Rua (ambas de Paula e George).

E o relacionamento de Herbert e Paula? A sequência da história é complexa. Ele fala em traição, sem citar nomes. Ela, em entrevista para a revista Trip em 2009, diz: “A gente ficou dois anos no máximo, e o ano da separação, que é um outro ano de vai e volta, sabe? Bem complicado...”. A verdade é que em 1987 ela casou com o cineasta Lui Faria – e segue com ele até hoje.

Herbert ficou arrasado na época. Teoricamente, alguns clássicos do Paralamas saíram desse coração quebrado. A gente imagina, por exemplo, que Uns Dias e Quase Um Segundo são para Paula Toller.

“Eu nem te falei
Que eu te procurei
Pra me confessar
Eu chorava de amor
E não porque sofria
Mas você chegou já era dia
E não estava sozinha
Eu tive fora uns dias
Eu te odiei uns dias
Eu quis te matar”
— Trecho da letra de Uns Dias, de Herbert Vianna

Hum, bem… contundente, né? Risos.
Em 1989, Herbert conheceria a mulher que ele considera o amor da sua vida até hoje: a inglesa Lucy. Mas isso é outra história.

Mas e o Leoni, hein?

A história de mais um hit maker

Eu sei, sou muito safado. Te prendi pela fofoca e de repente você está lendo a história de mais um hit maker brasileiro que na minha opinião ainda merece reconhecimento. Seu nome? Carlos Leoni!

Após sair da banda definitivamente naquela noite, Leoni partiu para outra. Mais especificamente para outra banda, onde de fato seria o líder. Era o Heróis da Resistência. O nome saiu de uma música que ele fez para Ney Matogrosso, e a primeira formação incluía Lulu Martin, Alfredo Dias Gomes (isso mesmo, o filho de Dias Gomes e Janete Clair, autores de novela highness!) e Jorge Shy. Em 1987, saía o primeiro álbum deles. Todas as músicas são do Leoni ou de co-autoria dele, incluindo o primeiro super hit, que ele divide com… Fabiana Kherlakian. Sim! Fabiana é co-autora de Só Pro Meu Prazer!!! Quando o disco foi lançado, eles já tinham se separado.

Outro sucesso do Heróis foi Doublê de Corpo. A parceria com o tecladista Martin também é do primeiro álbum e foi parar na trilha da novela O Outro. (Só pro Meu Prazer também era de novela – saiu na trilha de Hipertensão!)

Acho importante deixar claro aqui que, pra além de músico cantando e tocando em carreira solo ou em bandas, Leoni é compositor e sempre foi. Especializado em pop. Muita música boa, de ontem e hoje.
Para encurtar, vou deixar só uma listinha básica aqui.

. Cenas Obscenas (Yann Laouenan, Alec Haiat, Léo Jaime e Leoni), lançada pelo Metrô em 1985
. Exagerado (Cazuza, Ezequiel Neves e Leoni), lançada por Cazuza em 1985
. Diário de Mentiras (Leoni), lançado por Emilinha em 1986
. Dívidas de Amor (Leoni e Ney Matogrosso), lançada por Ney Matogrosso em 1986
. Pra Dizer Adeus (Wander Taffo, Ivan Busic, Andria Busic e Leoni), lançada por Wander Taffo em 1989
. SLA Radical Dance Disco Club (Leoni e Fernanda Abreu), lançada por Fernanda Abreu em 1990
. Clareiras (Leoni), lançada pelo 14 Bis em 1992
. Tudo Bem Com Você (Pepeu Gomes, Vinícius Cantuária e Leoni), lançada por Pepeu Gomes em 1993
. Diferenças (Leoni), lançada por Simony em 1995
. Glamour (Leoni e Luciana Fregolente), lançada por Thalma de Freitas em 1996
. Menos Carnaval (Leoni e Luciano Maurício), lançada pelas Sublimes em 1997 (e tem uma regravação mara da Belô Velloso de 2007)
. Melhor pra Mim (Leoni), lançada por Verônica Sabino em 1999
. Temporada das Flores (Leoni), lançada por Milena Monteiro em 2002 (e depois regravada em versão ao vivo por Daniela Mercury em 2003)
. Sempre por Querer (Alvin L, Leoni e Luciana Fregolente), lançada por LS Jack em 2004
. Três Dias de Ventania (Paulo Malaguti Pauleira e Leoni), lançada por Arranco de Varsóvia em 2005 (é um SAMBA! E é bem simpático!)
. Canção pra Quando Você Voltar (Leoni e Herbert Vianna), lançada por Leoni (com feat de Herbert) em 2005
. Fora de Lugar (Leoni e Herbert Vianna), lançada pelos Paralamas do Sucesso em 2005
. Soneto do Teu Corpo (Leoni e Moska), lançada por Mart'nália em 2006
. Intimidade Entre Estranhos (Roberto Frejat e Leoni), lançada por Frejat em 2008
. Melhor e Diferente (Thedy Corrêa e Leoni), lançada pelo Nenhum de Nós em 2011
. Sem Flores (Daniel Lopes e Leoni), lançada por Daniel Lopes em 2013
. Quem nos Dera (Leoni e Zélia Duncan), lançada pela Roberta Campos em 2018

O Heróis lançou mais dois álbuns e acabou em 1992. Leoni assumiu a carreira solo e em 1993 lançou um álbum que continha a More than Words nacional, a canção que disputa lugar entre as da Legião Urbana nas rodinhas de violão. O clássico que dá sequência a uma das mais clássicas canções do Kid Abelha, Garotos, lançada em 1985. É Garotos II - O Outro Lado:

Respect!

E da treta, o que restou? Bom, Leoni chegou a dividir apartamento com Léo Jaime depois disso tudo. Eles voltaram a compor juntos. Herbert, como vimos, cantou com Leoni – a música Canção pra Quando Você Voltar começou a ser feita por Leoni quando Herbert entrou em coma, pós-acidente no qual Lucy morreu.

Fabiana Kherlakian, por sua vez, foi pra outra turma. Depois de Leoni, com quem ainda fez mais algumas músicas do Heróis (Sujeito Oculto e Narciso, do segundo álbum deles Religio), ela teve um relacionamento com ninguém menos que Supla. E sim, compôs músicas com ele também! Entre as parcerias, está Sai pra Lá Vudu, com Andria e Ivan Busic, Eduardo Aradanuy e o próprio Supla.

Só pra te dar uma noção de tempo: Uma Escola Atrapalhada, o filme com Supla e Angélica, saiu em 1990. O disco com Sai pra Lá Vudu é de 1991.
Vou confessar um negócio pra vocês… Eu gosto desse disco do Supla. Gosto bastante.

(Fabiana sairia no noticiário com uma nova treta já no novo milênio, em 2006. Era o fim do seu casamento com o ator Marcos Pasquim, com quem tem uma filha, Allicia. Ele a traiu publicamente beijando uma figurante na festa de encerramento da novela Bang Bang.)

Bom, tudo vai bem entre todos depois do incidente no Estádio de Remo da Lagoa, ao que tudo indica, né?

Eba! Amigos forever!

Eba! Amigos forever!

Mas ATENÇÃO. Não tão rápido, meu bem.
Faltou alguém aí, você sabe.
Sim, ela. A mulher da pandeirola.
E a Paula Toller?

O que a gente sabe: em 2018, Paula processou o PT e Leoni pelo uso indevido de uma versão da música Pintura Íntima, que é de autoria dela e Leoni, nas eleições. O partido e o músico perderam e tiveram que pagar indenização. E chumbo trocado pode não doer, mas pesa no bolso – Leoni também entrou na justiça em 2020 para impedir Paula de usar o título Como Eu Quero, outra música dos dois, para batizar sua turnê.

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Paula, que conseguiu ser a mulher de maior destaque do BRock, front woman de uma banda longeva, foi ironicamente uma heroína da resistência. Mas nos anos 2000, ela vem sendo apontada como bolsonarista e de direita. Esse processo contra o PT só ajudou a alimentar tudo isso. Em entrevistas, ela diz que essa moda de cancelamento no seu caso é antiga, de antes de redes sociais – a imprensa sempre fez bullying com a sua pessoa.
Também aparecem cada vez mais comentários sobre o Kid Abelha ter acabado em 2016 porque queriam transformar Paula em diva solo – um roteiro velho e bem manjado. Só que acho importante ver os dois lados: será que o Kid Abelha não durou tempo demais? Será que não é natural que ela e os empresários realmente desejem uma carreira solo?
Longe de mim querer defender bolsonarista, mas sinto certo tom misógino nessa história. Ao mesmo tempo, fico achando que onde há fumaça (e como há fumaça, né?), há fogo.
Prefiro então me abster, sem tomar partido nessa treta toda. Meu time aqui é do pop bom, e isso essa longa trama tem de sobra.

Paula e Herbert quando ainda eram um casal e ela ainda era morena

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November 20, 2020 /Jorge Wakabara
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