Wakabara

  • SI, COPIMILA • COMPRE MEU LIVRO
  • Podcast
  • Portfólio
  • Blog
  • Sobre
  • Links
  • Twitter
  • Instagram
  • Fale comigo
  • Newsletter
obina-shock.jpeg

O dia em que a música afro encontrou o BRock

November 27, 2020 by Jorge Wakabara in música

Estou meio viciado em BRock nessa quarentena, deu para perceber? O som jovem dos anos 1980 já foi apontado como reflexo de diversas coisas: a trilha da reabertura política, uma resposta à MPB que surgiu nos festivais e que não falava a língua da nova geração, uma combinação explosiva de Circo Voador + rádio Fluminense + o filme Menino do Rio + juventude entediada em Brasília + punks de SP e outras maravilhosas incidências.

Só que o BRock batia bastante na tecla do punk, do pós-punk, sons darkzões. Lá fora, tinha rolado também a incidência forte do reggae, que por aqui foi deglutida e festejada principalmente por Gilberto Gil, mas que praticamente não respingou nas bandas jovens que surgiram fora uma ou outra exceção (os Paralamas, por exemplo).

E foi no meio da Brasília de Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude, tudo politizado e angustiado, que surgiu um sol. O Obina Shok sonoramente era mais próximo do axé da Bahia que do rock dos colegas – talvez seu único primo na turma era o supracitado Paralamas do Sucesso, que já estava estabelecido no Rio.

Para dar uma localizada: o Magia de Luiz Caldas, que tinha Fricote, saiu em 1985, Sarajane abriu a roda em 1986, o disco de estreia de Daniela Mercury veio em 1992 – recomendo o documentário Axé: Canto do Povo de um Lugar, que está na Netflix e todo mundo que curte música brasileira devia assistir. Ao mesmo tempo: o primeiro do Legião também saiu em 1985, o do Capital sairia em 1986 e o incrível EP da Plebe, O Concreto Já Rachou, veio em 1985. Paralamas já havia lançado dois álbuns quando soltou Selvagem? em 1986 com Alagados.

Obina Shock já aparecia diferente de tudo porque, além da inspiração claramente afro (juju music, highlife), era uma banda com estrangeiros. Jean Pierre Senghor é neto de ex-presidente do Senegal, filho do embaixador do país e, adivinha, senegalês. Roger Kedyh era gabonês exilado. Winston Lackin era do Suriname e estava estudando no Instituto Rio Branco, a reconhecida escola brasiliense de diplomacia e relações internacionais. Juntaram-se a eles os brasileiros Henrique Hermeto, Maurício Lagos, Sérgio Galvão e Hélio Franco. A banda, assim como as outras, mandou uma demo para a carioca Fluminense FM, a emissora de rádio apelidada Maldita. E o pessoal gostou de Lambaréne (que, aliás, é o nome de uma cidade do Gabão).

Por que a gente fala que o Obina Shok é BRock? Bom, eles eram contemporâneos das outras bandas e fizeram o mesmo caminho, apesar do estilo musical cheio de suíngue diferente do resto. E esse caminho era a Maldita, show no Parque Lage com produção da galeria do Circo Voador e contrato com gravadora. Em myene, uma das línguas (e dos povos) do Gabão, obina shok quer dizer algo como “união da dança".

(Outra ponte do Obina Shok com o BRock é o guitarrista Henrique Hermeto em si. Ele chegou a tocar em uma banda chamada Os Metralhas, antes do Obina, com André Muller, que virou baixista da Plebe, e Marcelo Bonfá, que virou baterista do Legião.)

Quando o disco saiu em 1986, Obina Shok já tinha renome entre os iniciados. Tanto que a música de trabalho, a maravilhosa Vida, tem as participações de Gal Costa e Gilberto Gil nos vocais.

Tudo, né? O ombrinho só no sacode.

E é tão tudo que a rainha Alcione chamou os caras para um especial dela na Manchete, Fruto e Raiz, no mesmo ano de 1986.

Vida é o maior hit da Obina Shok, indiscutivelmente. Foi regravada pelo próprio Gil em 1987, por Elba Ramalho com Lulu Santos em 1991, pelo Ara Ketu em 2000 e por Gil novamente com sua filha Preta Gil em 2011 (num medley com Andar com Fé).

O primeiro álbum tem dedo do Kedyh em quase todas as composições. Vida, por exemplo, é dele com Maria Juçá, a produtora-diretora do Circo Voador. Lambaréne é dele, sozinho. A única gravada que não tem co-autoria dele é o reggae Africaner Brother Bound, um libelo contra o apartheid de Senghor, Hermeto e Gil, que também participa dessa faixa.

Apesar do sucesso do primeiro álbum, Maurício Lagos e Sérgio Galvão saíram do grupo. E sabe quem entrou? Nada menos que… Nara Gil.
Sim: a filha mais velha de Gil, meia-irmã de Preta, Bela e Bem não foi apenas a DJ Black Boy de Armação Ilimitada – papel tão perfeito que ela nunca se livrou dessa referência, mesmo depois de tanto tempo!

Nara nunca lançou um disco próprio. Mas já fez várias coisas ao lado do pai. Tipo… essa versão de Haiti no canal de YouTube dele!

Bom, voltando: Nara fez parte da formação do Obina Shok no segundo álbum mas Salleé, de 1988, flopou. Uma pena. Não está nem no Spotify e em vinil é mais caro e mais raro que o primeiro.

O que rolou depois?

Senghor tocou com Marisa Monte, Jorge Vercillo e estava na cozinha do primeiro disco do Cidade Negra, Lute Para Viver (1990), nos teclados da maior parte das faixas. Ele acabou virando quase fixo da banda – quase sempre estava lá, apesar de não aparecer muito em créditos de gravações. Em 2010, voltou de mala e cuia para Dakar. Apresenta um programa na rádio senegalesa chamado Hora do Brasil – olha o artigo do UOL sobre ele publicado nesse ano.
Kedyh, que tinha problemas de saúde, voltou para o Gabão e morreu lá em 2018 – teve um AVC fatal.
Lackin virou um político bem importante do Suriname. Foi ministro de relações exteriores do país entre 2010 e 2015. Morreu em 2019.

Um clique do Facebook de Henrique Hermeto:

Quem gostou desse post pode gostar desses outros:
. 5 cantoras brasileiras que a gente precisa enaltecer e ouvir
. O que aconteceu com Irene Cara?
. A latinidade cigana de Sidney Magal… na verdade veio da França

November 27, 2020 /Jorge Wakabara
BRock, anos 1980, Fluminense FM, Circo Voador, Brasília, reggae, Gilberto Gil, Paralamas do Sucesso, axé music, Jean Pierre Senghor, Senegal, Roger Kedyh, Gabão, Winston Lackin, Suriname, Instituto Rio Branco, Henrique Hermeto, Maurício Lagos, Sérgio Galvão, Hélio Franco, Obina Shok, Os Metralhas, André Muller, Plebe Rude, Marcelo Bonfá, Gal Costa, Alcione, Rede Manchete, Elba Ramalho, Lulu Santos, Ara Ketu, Preta Gil, Maria Juçá, apartheid, Nara Gil, Marisa Monte, Cidade Negra, teclado, Dakar, África, Jorge Vercillo, juju music, highlife
música
paris-hilton-documentario.jpg

Sempre teremos Paris: o doc e +

September 24, 2020 by Jorge Wakabara in celeb, cinema, beleza

Antes de trabalhar no site da Lilian Pacce, passei anos no Chic, da Gloria Kalil. Não sei as datas exatas (o que faz com que o desafio de preencher meu currículo fique um pouco mais difícil): foi por volta de 2003 e 2008. Nesse tempo, fiz várias reportagens das quais me orgulho muito: teve a vez que o desfile do Fashion Rio com a Gisele Bündchen ia cair no mesmo dia do primeiro desfile da Daspu e eu… cobri o desfile da Daspu. Lembro que a capa do site naquele dia foi uma foto da Daspu e uma foto da Gisele com um X no meio kkkkkkkkkkkk!

E também teve a vez que eu fui no Café de la Musique pra coletiva de imprensa de ninguém menos que… Paris Hilton. Em pleno 2005. Ela veio lançar o seu perfume (não lembro se era o primeiro) com festa da Daslu e era O AUGE de Paris. Pense que ainda passava The Simple Life e aquela famosa foto de Paris com Lindsay Lohan e Britney Spears no carro só rolaria em 2006!

All of the drama surrounding this iconic photo of Britney Spears, Paris Hilton and Lindsay Lohan - a thread pic.twitter.com/AHh5v9cO9h

— Britney Fan (@BritneyHiatus) April 4, 2020

Essa foto.

Infelizmente o arquivo do Chic não está mais online, mas me lembro de chegar da coletiva dizendo: “Gente, foi absurdo, foi bizarro. Não sei o que escrever". E foi decidido que eu ia escrever uma crônica sobre todo aquele circo. Então vou tentar lembrar de tudo o que aconteceu (atentem ao fato de que minha memória é horrenda) e refazer pedaços da crônica, com aquele tempero extra que só a idade nos dá. Vamos?

paris-hilton-coletiva.jpg

That's hot

Foto da Paris na coletiva de 2005, retirada do site da Isto É Gente (Claudio Gatti)

O Café de la Musique era cafonérrimo. Não sei se ele continua no mesmo lugar onde era porque nunca mais voltei. Um dos sócios era o Rico Mansur, que na época era "o namorado de Luana Piovani"… ou o ex-namorado? Nem lembro, sei que ele era uma figura ali, naquele mundo glamurete. E era uma figura que eu, do alto da minha formação jornalística na PUC (estava no segundo ano e já era formado em publicidade na ESPM), achava bem desinteressante. Então, imagine, já fui com o maior bode só pela "locação”. Ao mesmo tempo, estava curioso. Quem viveu os anos 2000 sabe como a figura de Paris era emblemática.

paris-hilton-2005.jpg

Levanta a cabeça, princesa

A loira milionária, herdeira e tonta carregando seu minicachorro: Paris era ostentação antes da palavra virar moda e sobrenome de rap e funk

Que eu me lembre, Paris deu pouquíssimas entrevistas exclusivas, o que fez com que a coletiva fosse um sucesso: tinha um monte de jornalista de veículo graúdo, tipo Folha, Veja e o escambau. Acomodaram a gente nas mesas do salão para esperá-la e tinha um palco armado, literalmente, de cima do qual Paris responderia as perguntas. Os fotógrafos ficaram atrás, um tanto perdidos porque a gente não sabia direito de onde Paris viria.

Aí começou uma certa, er… palhaçada. Fomos orientados a não fazer perguntas sobre a sex tape 1 Night in Paris, do boy lixo e ex dela Rick Salomon, pois se ela se incomodasse com alguma pergunta o combinado era que ela simplesmente levantaria e iria embora. Até aí, enfim, tem muita entrevista com celebridade onde o assessor pede esse tipo de coisa, então OK. Mas que eu me lembre o pedido vinha por escrito. E de uma coisa eu tenho certeza: junto com o release eles entregaram uma lista com IDEIAS DE PERGUNTAS. Juro. Eram PÁGINAS DE PERGUNTAS. Ou seja: ninguém podia dizer que não sabia o que perguntar pra ela… Só não entendi porque já não vinha com as respostas, né, assim facilitaria o trabalho de todos. Risos.

Os jornalistas já estavam trocando olhares nervosos, do tipo “que roubada". E aí, fashionably late, veio Paris descendo as escadas num vestido Carlos Miele.

O que aconteceu em seguida foi um tanto assustador, até pros nossos padrões acostumados com a bagunça de Gisele no backdrop, global em fila A de desfile e por aí vai. Os fotógrafos ENLOUQUECERAM. AVANÇARAM. SUBIAM EM CIMA DAS MESAS E TUDO pra garantir o clique. Sendo que, relaxa, ela não ia sair correndo. Paris estava lá pra isso. Ela desceu a escadaria com o rosto levemente virado pra um dos lados, provavelmente no que ela acreditava que era seu melhor ângulo. E parecia mesmo uma boneca artificial, com movimentos estudados. Lembro que não a achei exatamente bonita – ela tem (tinha?) um dos olhos mais caído, à Lampião (ou Lirinha? Ou Thom Yorke?), uma proporção bem artificial, corpo de modelete (ou seja, bem magra).

Depois que os fotógrafos se acalmaram, a coletiva começou. Os jornalistas estavam bem irritados com a famigerada lista de perguntas, então foram bem ariscos. Teve uma hora que ela falou que tinha perguntado do cheiro do perfume pra fulana e sicrana, aí falaram meio que alto: “Você não perguntou pra sua irmã?” e ela deu uma risadinha meio sem graça. Não lembro se ela estava brigada com a Nicky ou algo assim.

Paris Hilton e Nicky Hilton, hoje Nicky Hilton Rothschild - ela casou com um membro de uma das famílias mais famosas e poderosas do mundo!

Paris Hilton e Nicky Hilton, hoje Nicky Hilton Rothschild - ela casou com um membro de uma das famílias mais famosas e poderosas do mundo!

Sei que saí do evento sem entender direito o que havia acontecido. Foi uma amostra do fenômeno Paris, pra qual eu não estava preparado. O que ela tinha feito pra ser famosa? Que comoção era aquela? A gente falava mal mas estava ali, cobrindo tudo. Então quem estava fazendo papel de bobo? Lembre-se que Keeping Up With the Kardashians ainda nem tinha estreado – o primeiro episódio do reality iria ao ar em 2007.

E digo mais: também vi Kim Kardashian West de perto, em outra ocasião. Foi no lançamento da colaboração dela com a C&A em 2015 – fui na festa, que tinha um palquinho e as pessoas que queriam tirar uma selfie com ela subiam no palquinho pra isso.
Achei meio humilhante e não fui kkkkkk Mas falei tudo isso pra dizer que: achei Kim Kardashian muito mais normalzona que Paris Hilton. Ser humana. Produzida, mas não tão fake.

Bem, eu não sabia de toda a história que saiu no documentário recém-lançado This is Paris do YouTube Originals.

Ainda sobre aquele dia de 2005: de noite, Paris ia pra festa do perfume organizada pela Daslu. A outra estagiária foi (quem ligar os pontos vai saber quem é, mas não vou dizer o nome porque não sou mais íntimo e não quero comprometê-la, né, sei lá).
Ela estava empolgadíssima, normal. E aí aconteceu a história mais estapafúrdia kkkkkkkk

Certo rapaz, instrumentista relativamente famoso de uma família relativamente famosa, estava na festa. Na época ele era namorado de uma cantora bem famosa de certa dupla pop, filha de um certo cantor de outra dupla famosérrima… Você entendeu. Depois o rapaz e a cantora viriam a se casar.
A cantora não foi na festa, mas ele estava lá – e parecia bastante fã da Paris Hilton. Hihihihihihi! Só que a bateria do celular dele acabou. Aí ele pediu pra estagiária pra ela tirar uma foto dele com a Paris e mandar pra ele por email.

Portanto, em algum lugar, a estagiária (que hoje é muito muito muito mais que uma estagiária) talvez tenha uma foto desse rapaz posando feliz com Paris Hilton em algum HD externo perdido.
Eu teria guardado. Você não??
That's hot!

Em 2006, além daquela foto com Lindsay e Britney, Paris lançou um disco. Amo muito essa canção.

Reggae pop fuleiro dos melhores.

Paris voltou pro Brasil em desfiles da Triton – dois! No primeiro deles, eu já estava no site da Lilian mas não a entrevistei. Quem fez esse serviço sujo, que eu me lembre, foi a Antonia Petta, e Aurea Calcavecchia fotografou. Olha aqui!
E também tem esse maravilhoso vídeo da Alexandra Farah entrevistando Paris para o que na época se chamava RG Vogue:

A minha história com Paris não acabou por aí. Em 2012, teve o Pop Music Festival em SP. Fui por causa da Jennifer Lopez, mas quem fechava a noite era o DJ set da Paris Hilton – a primeira vez que ela ia discotecar!
Na época falaram muito mal. Mas sabe que eu até me surpreendi e me diverti com as escolhas dela?

Um ano depois, em 2013, estreou o filme Bling Ring: A Gangue de Hollywood no cinema, dirigido por Sofia Coppola. Era o ápice do olhar irônico sobre essa cultura das celebridades, com direito a cenas na casa da própria Paris (Bling Ring é inspirado em uma reportagem sobre uma gangue de jovens que roubava a casa de celebridades, o podcast Os Últimos dos Millennials tem um episódio que explica tudo).

A fofoca continua pegando via Instagram, via Twitter, via Whats. Porém, depois dessa era de ouro das "garotas problema" Paris, Lindsay e Britney, a energia voraz de paparazzi, notas maldosas e muito bafafá nunca mais foi a mesma coisa, na minha modesta opinião. Tudo ficou tão tóxico que finalmente passou a ser encarado como uma coisa negativa. A cultura do cancelamento cresceu e apareceu. Esse interesse obsessivo sobre a vida alheia ganhou tintas mórbidas, com razão. Agora não é mais cool ficar falando que alguém foi preso por dirigir bêbado – pega mal, é coisa de gentinha. O bom mocismo cresceu, a vilania virou um gosto adquirido novamente.

(Sobre tudo isso, particularmente acho todo exagero um porre.)

E claro, o foco mudou pras Kardashian-Jenner, que parecem ter maior controle sobre a narrativa, salvo casos específicos como o assalto em Paris (sem intenção de trocadilho).

Sobre o documentário

Essa narrativa de que Paris na verdade não é a pessoa que aparenta, que ela é um personagem… Isso é no mínimo exagerado. Bom, de fato acredito que ela não seja apenas a caricatura que promove em vídeos como esse:

E inclusive esse é um dos lados mais interessantes de Paris – a capacidade de rir da própria cara. Ela aprendeu com o tempo – lembra quando deu ruim e ela chorou no David Letterman?

Chola mais

Chola mais

Não sejamos ingênuos: no caso de tantos licenciamentos e negócios, a coisa não é feita por acaso. Não duvido de forma alguma dos traumas que ela apresenta no doc – acho, aliás, que eles explicam a fuga da realidade, o mundo de mentira, a personagem que ela decidiu assumir.

Só que é isso: quando você não é exatamente uma atriz e interpreta algo, esse algo precisa estar próximo de você pras pessoas acreditarem. Pode ser uma versão exagerada. Um histrionismo. Mas não é apenas invenção. Não dá pra dizer: "Paris não era nada fútil esse tempo todo, ela estava fingindo, na verdade ela é superculta e odeia frivolidades". Me poupe, né? A fofa é a mais consumista que tem. E diz que só vai parar quando tiver um bilhão de dólares. Kylie: beware.

Com as revelações no filme, Paris consegue dar profundidade à sua persona pública. Fica mais vulnerável, mais humana, e talvez mais pessoas consigam se identificar com ela. Isso pode ser bom pra sua marca. Paris é um mês mais nova que eu. A sua personagem precisava amadurecer – Nicky, a irmã mais nova, desde muito cedo parecia mais velha!
Se as blogueiras daqui precisaram descer do pedestal e se humanizar, imagina a Paris?

O doc é OK. Muito relevante na denúncia sobre esses colégios, sobre como os pais lidam com filhos rebeldes. É uma pena porque não chega a aprofundar o debate – e poderia. Bom, o show é da Paris, é sobre ela, sobre como isso a afetou. Nem é tão chapa branca quanto você espera, mas sim, é uma chapa… creme. Areia. Bege clara.

Vale seu tempo? Bom, se você estiver entre ele e o livro da Xuxa… Assista ao documentário. O livro da Xuxa é bem fraco.

Quem gostou desse post pode gostar desses outros:
. A terceira temporada do desenho animado Aggretsuko é PERFEITA
. A série Hollywood e uma discussão sobre o que entendemos por sucesso
. Olivia d’Abo, a irmã hippie de Kevin Arnold, e a música que ela lançou

September 24, 2020 /Jorge Wakabara
Lilian Pacce, Gloria Kalil, Café de la Musique, Paris Hilton, perfume, Daslu, The Simple Life, Lindsay Lohan, Britney Spears, Rico Mansur, Luana Piovani, anos 2000, ostentação, sex tape, Rick Salomon, Carlos Miele, Lampião, Nicky Hilton, Kim Kardashian West, documentário, This is Paris, YouTube Originals, YouTube, reggae, pop, Triton, Antonia Petta, Aurea Calcavecchia, Alexandra Farah, RG Vogue, Pop Music Festival, J-Lo, Bling Ring, Sofia Coppola, Kardashian-Jenner, David Letterman
celeb, cinema, beleza

obg dua lipa por estabelecer o padrão de ritmo da próxima década
pic.twitter.com/NrPZrH6kge

— ratEd (@ratedgall) January 21, 2020

Qual será o ritmo dos anos 2020?

January 22, 2020 by Jorge Wakabara in música

Chique.
Meio disco house noventista, Don't Start Now é mesmo uma delícia e se não repete o sucesso de New Rules, o primeiro hit de Dua Lipa, pelo menos vem comendo pelas beiradas, daquele tipo de música que quanto mais você ouve, mais você quer ouvir.
É música de dançar, né? E nada melhor para os loucos anos 20 do que dançar.

charleston.gif

Nos anos 1920, de um século atrás, as pessoas queriam dançar o charleston. O período entre a 1ª Guerra Mundial e o crash da bolsa com a consequente grande depressão é todo arrojado, modernoso. Teve o art deco que eu acho chiquerrérimo, a moderna Louise Brooks simbolizando as melindrosas e toda a emancipação feminina, Coco Chanel revolucionando o guarda-roupa feminino com seus looks de duas ou três peças… A vida era um cabaré, old friend. Nos EUA, a lei seca, os speakeasy. No Brasil, a Semana de Arte Moderna em 1922.

O que será que nos aguarda nesses anos 2020? Será mesmo hora de dançar? O cenário é bem diferente: se existia otimismo há um século, agora a onda é conservadora. Um cabaré é um escândalo: atualmente me parece que templos e igrejas (acima de tudo cristãs) são mais bem vistos.
Dancemos? Talvez a resposta seja hedonista e escapista, pelo menos a curto prazo. Ninguém dá conta, o Brasil não nos permite ficar sóbrios, o mundo não nos dá a possibilidade de constante lucidez - paradoxalmente isso nos levaria à loucura.

Então, dancemos. O tuíte lá de cima se refere ao vazamento da música da Lady Gaga que, dizem, é do próximo álbum, até agora chamado LG6. Ou Adele?

I’m calling my next album ADELE.

— Lady Gaga (@ladygaga) October 1, 2019

Também dizem que na verdade a música vazada é sobra de Born This Way ou Artpop, álbuns anteriores da cantora. Tem uma vibe animada meio drama num crescendo do primeiro e noventista do segundo.
E, para dizer a verdade, Gaga is a nineties' bitch apesar de ter nascido em 1986. Desde os primórdios ela bebe dessa água: de Ace of Base e eurodance no geral a Madonna, de balada de banda de heavy metal para cantar em estádio à montação clubber. Até o seu country é noventista, com gostinho de LeAnn Rimes. E o dueto Shallow, com Bradley Cooper? O ator emula Eddie Vedder - this is so nineties.

E a música vazada em si, Stupid Love?

(não sei até quando esse vídeo fica no ar, enfim)

🚨🚨🚨 LADY GAGA - STUPID LOVE LEAKED 🚨🚨🚨——— RETWEET TO SHARE pic.twitter.com/5pD3UWwap4

— 🎈 (@Fenty1706) January 21, 2020

(nem esse tweet então sei lá)

Essa não deve ser a versão final, e achei esquisito porque pelo nome do arquivo que aparece na imagem ela é uma versão de praticamente um ano atrás (24/01/2019).
Mas quer saber? Gostei muito.

Essa onda noventista já vem de faz tempo, né, não dá para falar que foi a Dua Lipa que começou. Mas sim, menina Dua fez um bom trabalho.

Existe uma teoria de que tudo é revisitado de 20 em 20 anos. Nos anos 1990, reviveu-se os 1970. Em teoria, portanto, os anos 1990 seriam revividos em 2010. E atualmente estaríamos nos 2000 (como, de fato, muita coisa está em termos de tendências da indústria cultural).
Na minha visão e na de outros, isso acontece porque os novos artistas, quando estouram, geralmente tem seus 20 e tantos e remetem a referências de sua infância para fazer sua arte. Ou seja: Lady Gaga fez isso nos anos 2010. Katy Perry, à sua maneira, também.
Ao mesmo tempo, o milênio é outro. As coisas estão cada vez mais velozes e sobrepostas. A fragmentação, o overdub, a dodecafonia - do discurso, da informação, da narrativa, da imagem - é uma realidade. Storytelling é comfort food num mundo onde prevalece o caos e irracional. A gente quer a lógica para se sentir mais seguro, só um pouquinho.
Então não adianta mais seguir essa fórmula dos 20 em 20. Acabou-se. Tudo se remixa. A menos que a 3ª Guerra Mundial realmente aconteça (parece que não), a História com agá maiúsculo continua terminada.

Enquanto isso, tem mais gente querendo que você dance. É o caso da Rina Sawayama, que lançou um housezinho tudo:

Rina antes tinha lançado um kawaii-metal um pouco insuportável, então estou muito feliz que a minha Rina está viva.

Mas você já sabe onde estou chegando?
É, nela mesma.
Pode chamá-la de descontrolada, de doida varrida, de barraqueira. Mas sim, isso é uma das maiores referências da música pop desde 2018 e o povo só tá chegando lá agora:

Sim, Azealia Banks já estava dançando em 2018.

E teve isso aqui no fim de 2019, da rainhazona Róisín Murphy - eu já tinha cantado a bola via dica do Guilherme Itacarambi, lembra?

Quer mais noventismo novo? Bom, para mim o Super Bowl vai ser tão virada dos anos 1990 para 2000 que nem sei. Juntar Jennifer Lopez e Shakira é golpe de mestre. Shakira essa que, no single lançado nesse mês, aparece de cabelos pretos (a era Shakira morena voltou??? acho que não porque na verdade parece uma foto da década de 1990 mesmo). E cita nada menos que Sweat, o hit do Inner Circle do começo dos anos 1990 (aquele do alalalala long).

E eu nem amei, mas só de citar Sweat já me vem na cabeça aquela cena de Confissões de Adolescente com Maria Mariana e Georgiana Góes cantando no banheiro de frente para o espelho, se arrumando.

Diz que o R9 da Rihanna vai ser reggae dancehall etc e tal, né?
Anotaí: anos 1990. Pode tirar a poeira daquela camiseta que você comprou no Ruffles Reggae. Rihanna, é isso que eu quero:

Infelizmente, segundo a nova Watchmen da HBO, uma das melhores séries que eu já vi (é sério), a nostalgia pode dar psicose e até matar.

#morta

SEM MAIS.

bob-marley.gif

Extra: querendo ir para Salvador urgentemente para checar o movimento de perto, pois os anos 1990 do Brasil são de LÁ, bem de LÁ, ai, que delíciaaaaaa!!! Quem quiser patrocinar me avisa!!! kkkkkkkkkk

Quem gostou desse post talvez curta…
. Mas então a febre country é (era?) real?
. Um ícone italiano que tem tudo a ver com essas refs

January 22, 2020 /Jorge Wakabara
Don't Start Now, Dua Lipa, anos 1920, charleston, melindrosa, anos 2020, conservadorismo, hedonismo, escapismo, Lady Gaga, Stupid Love, anos 1990, fragmentação, overdub, dodecafonia, Rina Sawayama, Azealia Banks, Super Bowl, J-Lo, Shakira, Inner Circle, Confissões de Adolescente, Rihanna, reggae, dancehall, Big Mountain, Bahia, Róisín Murphy
música

Powered by Squarespace