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Arnaldo Saccomani, o compositor

August 27, 2020 by Jorge Wakabara in música

Muita gente lembra dele como um jurado de programas de TV com candidatos a ícones pop. Outros lembram das suas produções musicais. Os fãs de Pabllo Vittar lembram dele como o tonto que falou mal da voz dela. Mas pouca gente se liga que Arnaldo Saccomani, que morreu hoje, 27/08/2020, foi compositor de algumas músicas bem legais. Vou mostrar 10 delas, aqui! Vem!

Anarquia, 1969, Ronnie Von

SIM: a faixa Anarquia é de Saccomani!!! Uma das melhores coisas que Ronnie Von produziu na sua quadrilogia psicodélica (tem quem diga que é uma trilogia, tem quem afirme que são seis discos psicodélicos), Anarquia é do disco homônimo Ronnie Von de 1969. E é a faixa que conta com aquela entrevistinha maravilhosa no começo: “Acho que a moda está fora de moda, né?". Ô, Ronnie, se tu soubesses…
A letra é maravilhosa, principalmente se você pensar nos contextos: o príncipe da Jovem Guarda, a cara do privilégio rico, cantando sobre fazer uma grande anarquia no ano seguinte do AI-5. TUDO.
Saccomani é um compositor constante na discografia de Ronnie Von. Fez várias outras para ele.

Agora é pra Valer, 1989, Lady Zu

Longe da sua era de ouro, a rainha da discoteca brasileira Lady Zu lançou o álbum Louco Amor em 1989. Agora é pra Valer, composição de Saccomani com Frankye Arduini, é pérola perdida: cheia de suíngue, melodia dez, a voz de Zu tinindo, a mistura gostosa da disco com tamborim, coro feminino delícia. Muito bom!

Eu Amo Você, 1995, Latino

Um dia o Brasil vai reconhecer Latino como um ícone pop.
Viu, Anitta?
Essa baba romântica que particularmente eu acho boba e chiquérrima é de Saccomani com De Grammont e foi lançada por Latino no disco Aventureiro de 1995. Depois ainda ganhou espaço no disco ao vivo em comemoração aos 10 anos de carreira desse reizinho.
Ainda faço um post sobre o Latino (sim, isso é uma ameaça).

Coração Urbano, 1989, Eliete Negreiros

Oitentista até o fundo da alma, Coração Urbano é o carro-chefe do disco de Eliete Negreiros de 1989. Foi composta por Saccomani com Thomas Roth, um parceiro constante dele. Lembra muito o estilo City Pop japonês, não só por causa da musicalidade mas pelo tema: a cidade, a atração da então vida contemporânea (shopping center, telefone) e o amor. Ou seja: AMO tanto quanto amo o City Pop. Risos.

Madrugada, 1999, Fat Family

Pop perfection: Madrugada, um dos últimos (senão o último) grandes hits do Fat Family, é de Saccomani com Thais Nascimento. Tem um rapzinho, é o puro creme delicioso do charm. Fora o empoderamento, né? "Vai dormir? Tchau, baby, eu gosto é da madrugada".
Ah, e Nascimento é nada menos que a filha de Saccomani!

Guerra, 1968, De Kalafe e a Turma

ADORO De Kalafe e a Turma, esse capítulo esquecido do rock nacional. Denisse de Kalafe é paranaense. A Turma incluía Arnaldo Saccomani, e essa música dele entrou na trilha sonora do filme O Despertar da Besta, de 1969, do Zé do Caixão. Hoje Denisse mora no México e tem pelo menos um superhit por lá, Señora Señora de 1981, que os mexicanos adoram cantar no Dia das Mães. É uma composição dela mesma.
Guerra é música antibélica e mostra o poder do canto de Denisse, então Denise, como uma das primeiras mulheres roqueiras do Brasil ao lado de Rita Lee.

Tô te Filmando (Sorria), 2000, Sorriso Maroto

Alguém falou em MEGAHIT? Deve ser uma das mais famosas dele, também composta em parceria com a filha Thais Nascimento. Acho fofo porque ele já tinha dito que ela devolveu a juventude para as suas composições. A grande sacada desse pagode é usar a gíria filmar querendo dizer observar, notar, citando aquelas plaquinhas “sorria: você está sendo filmado”. Eu acho genial.

Tão Só e Carente, 1988, Juno

Que Juno?
Aquele mesmo. Da Xuxa.
Não conhecia essa música e amei. Pop besta maravilhoso. É do Saccomani com Lucas Robles e César Rossini. Bom demais, melô da quarentena: “Eu tava tão só e carente…".
Pensando bem, é parecidinha com a Tô te Filmando, né?

Fica Comigo, 1989, Placa Luminosa

Diretamente dessa trilha sonora maravilhosa da novela Top Model: Fica Comigo é mais uma parceria de Saccomani com Roth. Talvez você não reconheça pelo nome, porque o refrão é outro: “o nosso amor é liiiiiindo… tão liiiiiindo…". Placa Luminosa é tudooooooooOOOOO!

E Daí, 1995, Sampa Crew

Clássico do charm do álbum do Sampa Crew de 1995. Nossa, curto demaaaais, é muito chique, é o nosso sophistipop!!! E não sabia que era de Saccomani com J. C. Sampa (um dos principais integrantes do Sampa Crew).

Ah, e eu não vou incluir aqui porque acabei de falar disso, mas aquela música ótima da Mara Maravilha Não Faz Mal (Tô Carente Mas Eu Tô Legal) é de Saccomani com Roth – para saber mais sobre a discografia pop de Mara, clica aqui!

August 27, 2020 /Jorge Wakabara
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Mara antes de ser Maravilha

August 21, 2020 by Jorge Wakabara in TV, música

Quem tem mais ou menos a minha idade e passou a infância no sudoeste lembra bem de Mara a partir de 1987, quando ela apareceu no SBT e recebeu o “Maravilha” do seu então novo patrão Silvio Santos. Mara era um contraponto às loiras Xuxa e Angélica – morena, baiana. E existia um detalhe: Xuxa vive declarando que não sabe mesmo cantar apesar de ser uma das maiores vendedoras de disco que o Brasil já teve. Angélica era um pouquinho melhor e o repertório mais jovem (no sentido de menos infantil) talvez soe mais interessante para os nossos ouvidos, mas também não era exatamente uma bela voz.

E Mara? O que pouca gente sabe é que, além de ter pérolas pop em seu repertório pós-1987 (Liga Pra Mim de 1989 do Mauro Motta e Carlos Colla, Curumim Iê Iê de 1991 do Robertinho de Recife e a incrível Não Faz Mal - Tô Carente Mas Eu Tô Legal de 1990 do Arnaldo Saccomani e Thomas Roth), ela já era cantora com compactos gravados antes!

Na verdade, Mara lançou pelo menos quatro compactos antes do álbum de orientação bem infantil Maravilha, de 1987. E o mais surpreendente: não é que eles são legais? Para quem gosta de música dos anos 1980, é o puro creme do oitentismo!

O primeiro compacto a sair foi o homônimo Mara, em 1982, com Seja Mais Você de Augusto César e Depois que Eu Perdi Você de Augusto com Carlos Colla. Uma curiosidade é que as fotos da capa são de Luiz Garrido, um superfotógrafo brasileiro.

Amo o cabelo repicado & amo que a letra é boba mas a música não pareceria estranha no repertório de qualquer banda BRock da época. E a segunda voz do refrão? Tudo!

O segundo compacto, em 1983, contaria com Se Você Fosse Esperto de Beto Ferreira, Julio Cesar e Rodrigo Otávio e Estou Amando Outra Vez assinada por Ronaldo Golden Boys – suponho, portanto, que seja Ronaldo Corrêa, o irmão de Evinha, Marizinha, Trio Ternura, integrante dos Golden Boys etc etc etc!

Para mim, Se Você Fosse Mais Esperto é boa de verdade. Melodia bacana, coro meio cafoninha mas esperto, letra divertida, guitarrinha e baixo charmosos. Quando ela diz "te vejo nos comerciais / e faço planos” é inevitável substituir por “e passo pano". <3

Estou Amando Outra Vez, surpresa, não é romântica. Na verdade, é ela dando uma bota num cara falando que está amando outra pessoa! Synth mara (desculpa o trocadilho) e, apesar de criada por Ronaldo, não tem arranjo de vozes, só no fim rola um "papaparapá"! Dá até para imaginar como seria com outras vozes no refrão.

E aí, meu caros, chegamos no hit.
Em 1984 saía Chega Stop Pare com Isso de Ruban e Sandra Pêra (ela mesma, a irmã de Marília Pêra) e Oitava Maravilha de Dalto e Cláudio Rabello (sim, a mesma dupla que fez Muito Estranho, sucesso na voz de Dalto).

Esta cena com Paulo Cintura é do filme As Aventuras de Sérgio Mallandro. Tem lugar que diz que o longa foi lançado em 1985, outros falam 1987. Acredito que a primeira data seja mais exata pela música que Mara apresenta – se fosse 1987, talvez ela mostraria outra.
O que importa: é TUDO. O look, a dança. TUDO.

"Não sou sua mina / nem seu robô!” Se Mara não tivesse virado apresentadora de programa infantil, ela seria uma artista pop jovem? É o que parece!

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E essa capa?!

Luz colorida, neon, meia calça rosa, brinco geométrico, telefone fora do gancho, escarpin jogado no chão. MY AESTHETIC!

Será que Oitava Maravilha foi a música que deu a ideia para o "sobrenome artístico” de Mara?
É bem Dalto, mesmo. E o “uou-uou” do refrão? Risos! Eu gosto!

Ainda existe um álbum "perdido” de Mara, que teria sido lançado entre 1984 e 1987 apenas em "esquema promocional", seja lá o que isso signifique, e nunca foi comercializado – depois, as faixas apareceram em coletâneas. Nem sei se ele tinha mais de uma versão porque já encontrei listas desencontradas de músicas. Trazia Por Um Olhar do repertório de Dalto (ele mesmo a lançou em 1986), Eu Quero Mais é Debochar de Géo Benjamin (que embarcava na onda axé que ia crescendo, com a politicamente incorreta Fricote de Luiz Caldas lançada em 1985, e é uma delícia), Um Grande Amor de Marcelo (fraquinha, o autor deve ter tido vergonha e nem incluiu seu sobrenome. Mas fala a palavra "tesão", ui!).

Outras versões que achei pela web desse compacto incluem ainda Amor Pirado, de Liu Salles com a própria Mara…

Baladinha boba, bonitinha. “Acariciar meu corpo com amor"… Parece que eles queriam sexualizar a Mara, né?

O próprio site da Mara coloca uma música chamada Smoke in Your Eyes nesse balaio. Faz sentido? O que encontrei foi uma versão de Smoke Get in Your Eyes chamada Sombra em Nosso Olhar na voz dela. A letra é de Aldir Blanc – sei disso porque Selma Reis lançou uma versão em 1991 que entrou na novela Salomé da Globo.
No vídeo abaixo, a imagem é do álbum Curumim de 1991. Mas a música não está no disco! Mistérios.

E Foi Assim: em 1987, Mara conquistaria uma parte do ibope infantil mas seguiria, eventualmente, lançando coisas com apelo pop adolescente. Ela sempre foi a melhor voz – não estou aqui discutindo a pessoa dela, que às vezes se envolve em polêmicas, e sim o talento vocal, que depois foi dedicado ao gospel.

#teamMara total na batalha de discografias, apesar dos clássicos da Angélica balançarem meu coração. Não tem como ignorar o poder de Bye Que Bye Bye Bye – versão de Light My Fire do Doors… Risos!

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August 21, 2020 /Jorge Wakabara
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