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A segunda onda do City Pop: Miki Matsubara

September 30, 2021 by Jorge Wakabara in música

Primeiro foi Plastic Love. Já contei toda história aqui: uma música japonesa foi redescoberta nos EUA graças a uma loucura do algoritmo do YouTube que até agora ninguém conseguiu explicar. Música essa que nem era o maior hit de Mariya Takeuchi! De repente, surgiu toda uma subcultura ao redor dessa canção, com uma gama de pessoas fãs de um estilo musical do Japão do fim dos anos 1970 e grande parte dos anos 1980 que nem existe mais. E que nem os japoneses reconhecem direito! Mais exótico ainda: grande parte dos fãs do City Pop nem eram nascidos na época que os hits foram lançados.

Depois de Plastic Love, vários outros artistas, incluindo Tatsuro Yamashita (que é o marido de Mariya Takeuchi), foram descobertos. Discos esgotaram, ficaram caríssimos. E já ouvi muita gente falar que gosta de City Pop porque não entende japonês, então consegue curtir as melodias superchiclete trabalhando ou fazendo outra coisa, sem se distrair muito - vira música boa de fundo.

E finalmente, Mayonaka no Door - Stay With Me de Miki Matsubara virou outro capítulo dessa história do j-pop. Ela chegou a ocupar o topo da parada global do Spotify de hits virais em uma semana de dezembro de 2020! Existem duas teorias para esse acontecimento, mas eu não acho que uma elimina a outra.

Mayonaka no Door foi lançada na voz de Matsubara em 1979. Mais de 40 anos atrás. Então como isso aconteceu?
Quem é rato de YouTube sabe que tem muito canal em que cantores fazem cover de músicas para mostrar seu talento - aliás, acho que era o caso de bastante gente famosa hoje, como Justin Bieber e a brasileira Iza.
Uma dessas cantoras que aproveitam o YouTube para fazer isso é a Rainych.
Ela já é uma figura bem interessante por si só, da Indonésia, muçulmana (dá para sacar pelo hijab) e bem kawaii, uma voz bem gracinha. Atualmente acumula 1,7 milhões de seguidores.
E Rainych decidiu gravar Mayonaka no Door - em japonês mesmo!

Esse vídeo tem mais de 5 milhões e meio de views. E contando.
Raynich, ou quem quer que planeje o visual dos seus vídeos, sabia o que estava fazendo. Como o City Pop é um estilo rodeado de referências retrô, que vão de animes antigos ao disco de vinil, o clipe também tem esse visual inspirado.

Mayonaka no Door então foi redescoberta na Indonésia e outros países asiáticos. Aí foi entrando em playlists e se popularizando. Até que virou… um desafio do TikTok.
Ah, o TikTok. Sempre ele. TikTok é a nova Hollywood, o lançador de tendências atual.

Dizem que existe um primeiro vídeo, que eu não consegui localizar, no qual um usuário do Tiktok coloca Mayonaka no Door para tocar e filma a mãe e a tia ou algo assim. São duas japonesas. E elas invariavelmente começam a balançar de um jeito muito característico quando o refrão da música chega - memória afetiva total.
Aí outras pessoas que têm mãe que viveu na década de 1980 no Japão decidiram fazer a mesma coisa. E descobriram que elas… reagiam da mesma forma!
A coisa tomou tal proporção que virou meme: as pessoas começaram a fazer a mesma coisa com qualquer um, e tudo combinado, claro, esse qualquer um reagia do mesmo jeito que as mulheres japonesas! Risos!

(Sorry pela propaganda no meio desse vídeo! Don’t shoot the messenger!)

E foi aí que Mayonaka no Door se popularizou de vez, chegando na parada global viral do Spotify. Aliás, o fato da música já estar no Spotify na época que começou a viralizar também deu um impulso mais imediato nela, se a gente comparar com Plastic Love que se manteve por muito tempo como fenômeno específico de YouTube e só foi chegar na plataforma de música no mesmo mês de dezembro de 2020.

Certo. E a Miki Matsubara em si?

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Matsubara foi um caso raro na época de cantora pop que não era considerada idol. Isso quer dizer que, por mais que ela fizesse um som comercial, era respeitada enquanto cantora. Reconheciam seu talento e sua capacidade. Uma idol seria um produto massificado feito para ser consumido por adolescentes, Matsubara era artista. Mayonaka no Door foi o single de estreia dela, em 1979, e virou um hit que não chegou no topo das paradas, mas se manteve perene (tanto que resistiu na memória das japonesas que viraram mamães até 2020). É considerada até hoje a grande música da carreira de Matsubara, mesmo que ela tenha lançado outras coisas bem sucedidas depois.

O compositor de Mayonaka no Door também não tinha muita experiência: Tetsuji Hayashi tinha acabado de começar na carreira, com bastante influência da música estadunidense no seu trabalho. Na mesma época, fez coisas para outros nomes do City Pop como Takeuchi e Junko Ohashi.
Hayashi veio a se tornar o grande mago do j-pop: compôs grandes sucessos para nomes gigantescos como Seiko Matsuda, Momoko Kikuchi, Hideki Saijo e Akina Nakamori.

Matsubara lançou vários álbuns ao longo dos anos 1980, se aventurando até pelo jazz em 1984 com Blue Eyes, que traz as suas versões de vários standarts como Love for Sale e Misty. Ladygagou toda!

A minha capa preferida é a do último solo, Wink, de 1988. Em 1992, sairia a trilha de um OVA do Gundam (aquele do robô gigante, o mecha) com sua participação. Depois disso, ela se dedicou mais a trilha de animes e ao seu trabalho como compositora.

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Matsubara era bastante reservada a respeito de sua vida pessoal. Ela morreu de câncer do colo do útero em 2004, aos 44 anos, mas sua morte foi anunciada publicamente só dois meses depois.

Para acabar esse post numa energia mais para cima, confira Matsubara e Matsuda, que é uma das maiores idols que o Japão já teve (e, segundo muitos, a maior de fato), cantando Mayonaka no Door juntas em 1980:

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September 30, 2021 /Jorge Wakabara
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música
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Sugar Babe: o começo do city pop

September 22, 2021 by Jorge Wakabara in música, TV

Já falei muitas vezes aqui sobre meu amor incondicional pela banda japonesa Happy End e como eles foram o começo de tudo. TUDO é muita coisa, eu sei - mas do começo da música pop japonesa, foram mesmo. Tem a ver com a Yumi Arai, por exemplo, que virou Yumi Matsutoya depois de casar; tem a ver com o Haruomi Hosono, membro da banda que depois fez parte do Yellow Magic Orchestra e é, pra mim, um dos maiores artistas e produtores pop que o Japão tem; tem a ver com Eiichi Ohtaki, que também viria a ser um produtor e cantor solo.
E tem a ver com o "último" show do Happy End (entre aspas porque depois rolaram uns shows de comeback), que deu no álbum ao vivo Live Happy End. Quem participa desse show? O Sugar Babe, uma banda que meio que herdou esse público (que era escasso, vamos falar a verdade: Happy End era uma banda underground durante a sua existência que depois adquiriu um status cult, Sugar Babe idem).

Se o Happy End teve vida curta, com apenas três discos de estúdio lançados, imagine que o Sugar Babe teve apenas um! Songs, de 1975, conseguiu ainda assim ser uma pedra de Roseta. Lançado pela gravadora Niagara, tinha produção de… Ohtaki (aliás, é ele quem está com a banda nessa foto do topo).

Então vamos começar - e enquanto isso você vai ouvindo uma coisinha.

(Downtown é o único single de Sugar Babe. E já é BEM city pop, vamos combinar!)

Tudo começa com Taeko Onuki. Ela entrou na faculdade de artes, ficava desenhando, bem esforçada, mas isso piorou um problema que ela tinha nos ombros. O médico a proibiu de continuar desenhando assim. Ela já gostava de cantar, então continuou cantando, apesar de não levar aquilo a sério. Aí a chamaram para participar de uma banda folk, a Sanrincha. Ela foi, mas não combinava – as letras que ela escrevia não tinha a ver com o estilo da banda. Acabou que se separaram.

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Enquanto isso, em 1972, um cara chamado Tatsuro Yamashita estava produzindo e lançando o álbum independente Add Some Music to Your Day, com covers de Beach Boys e outros roquinhos. A gravação era meio uma ação entre amigos, e contou também com Kunio Muramatsu.

Pelo que entendi, existia uma loja de discos que Onuki frequentava e que fazia showzinhos no porão toda quarta-feira, após o horário comercial. Yamashita levou esse disco, Add Some Music to Your Day, para vender lá. O dono (ou gerente? acho que na verdade gerente) Yoshiro Nagato ouviu o disco, gostou e meio que rolou um “vem aí que a gente tá tirando um som no porão e tem uma cantora, a Taeko Onuki, que tá fazendo uma fita demo".
(Não deve ter sido assim, os japoneses são mais formais, mas você entendeu a ideia)
Foi assim que Onuki e Yamashita se aproximaram.

Uma foto mais recente de Onuki e Yamashita segurando o álbum e o single de Sugar Babe

Uma foto mais recente de Onuki e Yamashita segurando o álbum e o single de Sugar Babe

Nisso, Yamashita já estava pensando em ter uma banda para tocar suas músicas próprias – a que foi formada para gravar o Add Some Music to Your Day já estava dissolvida. A primeira pessoa que ele chamou? Onuki. Ela, que queria gravar solo depois da experiência ruim com a Sanrincha, acabou convencida. E ainda mudou de instrumento: voltou para o teclado, que era algo que não tocava desde que era pequena, porque Yamashita achava que “em banda, mulher tocava teclado” (hum, que cheirinho de irmãos Dias Baptista, né?).
Muramatsu se uniu a eles na guitarra, assim como os membros que depois sairiam Kikuo Wanikawa (baixo) e Akihiko Noguchi (bateria – esse tocou com bastante gente conhecida depois, como Mariya Takeuchi).

E aí decidiram o nome da banda, que veio de uma música do filme Zabriskie Point, de Michelangelo Antonioni. Não seria por falta de referências cult que eles fariam sucesso…

A partir daí, parece que Ohtaki (lembra? Lá do Happy End!) de alguma forma ouviu o disco de Yamashita, aquele Add Some… – e deve ter gostado porque começaram uma relação de amizade, com eles (Yamashita, Onuki e Muramatsu) visitando Ohtaki com constância. Foi aí que surgiu o convite para eles fazerem o coro naquele show do Happy End que citei no começo do post. Ao mesmo tempo, Onuki e Yamashita seguiram trabalhando em músicas próprias para o Sugar Babe.
Começaram a pintar mais shows ao vivo, para a própria banda. Foi um desses que Yumi Arai viu, o que resultaria também num convite para a banda participar de um disco dela.

Sobre essa coisa de todo mundo se conhecer e se cruzar, Onuki explicou em entrevista para o projeto Red Bull Music Academy:

“Like I mentioned, the dominant style in the mid-’70s was hard rock. There were a few people doing the poppier sound I was into, what ended up being called ‘new music’ in Japan, so when you’d hear someone doing something new, something I’d associate with what I was doing, you’d go out and gather together and play together. Looking back at it, something must have been blooming, based on all the names that started playing, many of whom are still active today.”
— Taeko Onuki na Red Bull Music Academy

Em 1974, no calor das criações do que viria a ser o disco Songs, Sugar Babe fez um show em Osaka que entrou para a história da banda. Mas não por ter sido um sucesso - eles foram vaiados! Onuki diz que o público gritava que eles soavam como um monte de cigarras.
Isso de alguma maneira me soa como um elogio? Enfim, não era um elogio. O som que Sugar Babe propunha era diferente, inclusive tecnicamente. Não entendo muito de música, porém me parece que eles usavam acordes de uma maneira que não era comum para bandas nipônicas de rock.
Ah, e isso é outro fator: o Sugar Babe era, mais do que rock, pop - coisa que não existia no Japão. Ou seja, provavelmente os jovens japoneses achavam que, entre os vendidos para o “inimigo capitalista estadunidense", o Sugar Babe era o mais vendido de todos!

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A gravação do Songs foi concluída em 7/03 de 1975. Em questão de meses – mais especificamente em julho – o Sugar Babes terminava seu contrato com o mítico selo Niagara, lar de vários álbuns que viraram clássicos raríssimos hoje em dia. A Niagara agora só iria ajudá-los nos shows.
Importante dizer que, na paralela, Yamashita ia fazendo outras coisas, tipo compor e arranjar Koibito to Yobarete, da cantora Mayumi Kuroki:

Também é em 1975 que uma estudante ouviu o Sugar Babe em uma apresentação ao vivo. Depois, ela virou cantora, casou com o band leader Yamashita e, produzida por ele, cometeu um hit que faria o City Pop voltar a ser conhecido nos anos 2000: Plastic Love. Sim: Mariya Takeuchi em si chegou a ver um show do Sugar Babe quando eles ainda existiam!

Se você observar a turma com quem esse pessoal tocava em shows , vai reparar em alguns outros nomes pulando por ali: Akiko Yano e Ryuichi Sakamoto (que depois casaram), o próprio Haruomi Hosono (ex Happy End e então futuro Yellow Magic Orchestra) e por aí vai.

Em janeiro de 1976, Yamashita reuniu Onuki e o resto da banda, tipo confraternização de Ano Novo, com uma má notícia: Yuata Uehara, que ficava a cargo da bateria, ia sair, e não havia substituto. O Sugar Babe acabou ali, apesar deles ainda terem participado de alguns shows. A sementinha, de qualquer forma, já estava plantada e ia dar muitos frutos…

Nesse mesmo ano, alguns outros discos começaram a aparecer. Um deles é o Niagara Triangle vol. 1, de Yamashita, Ginji Ito e Eiichi Ohtaki.

E no mesmo dia, 25 de março de 1976, saiu o álbum Flapper, de Minako Yoshida. Também é ligado ao Sugar Babe porque conta com vocais de Yamashita e Onuki em algumas músicas.

Uma coisa interessante dos integrantes do Sugar Babe é que o City Pop seguiu ligando-os. Yamashita, por exemplo, considerado o “rei do City Pop” por muita gente, lançou seu primeiro álbum solo em 1976 mesmo, o Circus Town. Hoje, toda a sequência que ele fez na década de 1970 é considerada um clássico (inclui o meu preferido Spacy de 1977, Go Ahead! de 1978, It’s a Poppin’ Time de 1978 e Moonglow de 1979). Em 1980, fez MUITO SUCESSO com Ride on Time, um álbum que teve a música homônima em trilha sonora de propaganda - acho que já falei por aqui sobre como isso é comum no Japão, músicas de comercial alcançarem o topo das paradas.

Ride on Time também traz uma música chamada My Sugar Babe, uma homenagem à banda!

E não estranhe os títulos em inglês de álbuns e músicas, isso é completamente normal no City Pop e algo que o j-pop herdou. Também é comum que as músicas tragam trechos das letras e/ou refrão em inglês.

E se Yamashita é o rei, Takeuchi é a rainha - já fiz um post bem extenso sobre ela e seu sucesso tardio do outro lado do mundo com Plastic Love, então leia lá!

Também em 1976, Taeko Onuki já saiu com um disco, o Grey Skies, que conta com guitarra de Hosono e teclados de Sakamoto. Mas é Sunshower de 1977, com seu som mais jazzy misturado ao pop, que viraria cult.

E Sunshower aparece num anime lançado recentemente. Isso mesmo, o disco em si.
Palavras que Borbulham como Refrigerante conta a história de um rapaz que odeio barulho e escreve haikais (aquelas poesias japonesas contemplativas com um número de sílabas contado) e de uma garota que é influencer e é complexada por ser dentucinha. Os dois se aproximam, mas aí surge uma história de fundo: a do Seu Fujiyama, que está numa procura incansável por um vinil que perdeu e só possui a capa.
Não vou dar spoiler, mas num certo momento da trama eles vão parar em uma loja de vinil e, entre os discos que aparecem, está o Sunshower.
A voz da música principal que toca no anime é de Taeko Onuki!

E também é importante dizer que a trilogia de destaque de Onuki é mais eletrônica do que o city pop costuma ser, com Romantique (1980), Aventure (1981) e Cliché (1982).

Acho importante dizer que Kunio Muramatsu, outro ex-integrante do Sugar Babe, também lançou discos solos na década de 1980, mas sem tanto destaque quanto Yamashita e Onuki.

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September 22, 2021 /Jorge Wakabara
Happy End, Haruomi Hosono, pop, Eiichi Ohtaki, Sugar Babe, cult, Niagara Records, City Pop, Taeko Onuki, Tatsuro Yamashita, The Beach Boys, Kunio Muramatsu, Yoshiro Nagato, Kikuo Wanikawa, Akihiko Noguchi, Mariya Takeuchi, Zabrinskie Point, Michelangelo Antonioni, The Youngbloods, Osaka, rock, Mayumi Kuroki, Yellow Magic Orchestra, Yuata Uehara, Ginji Ito, Minako Yoshida, Japão, j-pop, Palavras que Borbulham como Refrigerante
música, TV
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Plastic Love: a música japonesa que o algoritmo do YouTube fez virar a tradução de pop perfection no mundo

December 07, 2020 by Jorge Wakabara in música

Descobri um pecado meu. Com todo esse tempo do blog, eu nunca falei sobre uma das minhas músicas preferidas da VIDA por aqui. Nem sobre sua autora e cantora, Mariya Tekeuchi. Nem sobre o marido dela, o também cantor Tatsuro Yamashita, que produziu a faixa. Nem sobre City Pop em si!
Na verdade, eu falei sobre Plastic Love lá no segundo episódio da primeira temporada do Quatrilho, programa do meu podcast!

Quem já ouviu já sabe de quase tudo que eu vou falar aqui. Quem não ouviu tem as duas opções: ouvir ou ler esse post! Vamos?

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Uma breve introdução: o que é City Pop?

Acho que eu também nunca expliquei essa evolução da música pop japonesa até chegar ao j-pop por aqui.

Teve uma hora, tipo anos 1970, que o pop com cara de folk apareceu no país. Mas ele ainda era meio de protesto. E também tinha a turma do rock adolescente, muito na onda do mítico show dos Beatles no Budokan em 30/06/1966. Muita banda surgiu dessa apresentação – um movimento que também pintou em vários lugares do ocidente como no próprio Brasil, com a Jovem Guarda.

Só que existia o mito que a língua japonesa não podia ser a do rock: era impossível de combinar. Rock tinha que ser em inglês. E também tinha a turma que olhava o rock como música alienada: bom mesmo era o folk mais cabeçudo. Ou o enka, estilo japonês de música que emula melodias tradicionais e temas nostálgicos com orquestração ocidentalizada.

E aí surgiu o Happy End, sobre o qual já falei aqui, que fazia uma espécie de folk rock – ou seja, era rock – em japonês. O Happy End não foi sucesso de vendas (ele só virou um hit depois, numa pegada cult). A banda faz parte da gênese do que se convencionou chamar por lá de new music: uma espécie de soft rock nipônico. Com o fim do Happy End (sem trocadilhos! kkkk), dois integrantes, Shigeru Suzuki e Haruomi Hosono, foram para a Tin Pan Alley com Masataka Matsutoya e Tatsuo Hayashi. Chegaram a gravar discos sob esse título. Olha:

Mas antes de ser o Tin Pan Alley, esse mesmo grupo assinava como Caramel Mama. E fizeram a cozinha de nada menos que o disco de estreia de Yumi Arai.

Yuming (o apelido de Yumi Arai) é uma das peças-chave para entender a new music pois é um dos seus principais nomes. Depois de alguns álbuns, Yuming passou a assinar como Yumi Matsutoya porque casou com o Masataka, integrante da Tin Pan Alley. Ele produziu os álbuns dela e, assim, os dois formaram um dos pilares desse novo estilo que conquistava as paradas.

Da new music, apareceu outra coisa: o City Pop.
Em contraponto do enka e da tradição em geral mas também se afastando do folk e do rock, o City Pop era assumidamente comercial, amava sintetizadores e naipe de metais, e gostava muito de falar sobre elementos da vida urbana moderna: compras, carro, telefone, barzinho, boate…
Lembra algo? Algo que rolou no Brasil, mais especificamente?
Sim, estou falando dele mesmo e vou usá-lo para exemplificar.

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O inglês Ritchie fez no Brasil, guardadas as diferenças culturais, a mesma coisa que Anri, Taeko Ohnuki, Junko Ohashi, Eiichi Ohtaki, Tatsuro Yamashita e, claro, Mariya Takeuchi, entre tantos outros, fizeram no Japão.
O primeiro disco solo de Ritchie, Vôo de Coração, saiu em 1983 e era City Pop para japonês nenhum botar defeito. A segunda faixa, A Vida Tem Dessas Coisas, é sobre um ex-casal que fica preso no elevador. Apartamento, interfone, relacionamentos fugazes – tá tudo ali.

Vôo de Coração foi o disco que mais vendeu no seu ano de lançamento. Ultrapassou as vendas até de Roberto Carlos. Seu sucesso foi também sua sina: acabou considerado popular demais. De moderno, passou a ser encarado como brega. Ritchie, a figura mais bem sucedida do BRock, caiu em desuso em seguida.

E se a gente analisar agora, com distância, Ritchie realmente foi o precursor do som que caracterizou o neo-sertanejo do fim dos anos 1980 e começo dos anos 1990 – não só por ter sua Menina Veneno regravada por Zezé di Camargo & Luciano, mas porque o neo-sertanejo também tem um pouco de City Pop (POLÊMICAAAA!). O estilo deixa os temas rurais e parte para o romantismo cheio de sintetizadores: afoga as lágrimas num copo de cerveja, veste um paletó (com um fio de cabelo), usa o telefone (ligando para mim, não, não liga para ele – ou no toque do seu telefone… Você vai ver!)… O êxodo rural e a urbanização do Brasil ganhavam uma trilha sonora um tanto tardia, mas avassaladora em termos de vendas.

Digressão feita… Vamos para ela?

I know it's Plastic Love

Mariya Takeuchi na gravação do seu álbum Miss M, lançado em 1980

Mariya Takeuchi na gravação do seu álbum Miss M, lançado em 1980

Essa é uma história sobre o mistério que ronda o algoritmo.

Em 2017, alguém fez um upload da música Plastic Love, originalmente lançada em 1984, no YouTube. O usuário PlasticLover, que não existe mais, usou um remix mais longo da canção com uma imagem que na verdade não correspondia a ela: realmente era uma foto de Mariya Takeuchi, a cantora, mas a foto saiu na capa do single de outra música, Sweetest Music.

Era essa foto aqui que aparecia no vídeo de Plastic Love do YouTube

Era essa foto aqui que aparecia no vídeo de Plastic Love do YouTube

E aí, alguma coisa aconteceu com o algoritmo. Será que todo mundo que via esse meio sorriso, esse movimento jogando o cabelão e o nome do vídeo, Plastic Love, ficava tentado a clicar? E o YouTube foi entendendo que aquele vídeo era irresistível? Não sabemos o motivo real, mas essa publicação passou a aparecer entre os recomendados da coluna da direita (para quem usa desk) ou embaixo do vídeo (para mobile) para um monte de gente, do nada. Gente que nem ouvia música japonesa, que não tinha demonstrado o menor interesse pela cultura do Japão. E aí essa música ganhou mais de 22 milhões de views!!!

Plastic Love na verdade faz parte do álbum Variety, que Takeuchi lançou depois de uma pausa de 3 anos na carreira dela. Ele é o primeiro que traz apenas composições dela, e vendeu mais que os seus anteriores – ou seja, era um degrau rumo ao sucesso. Mas, na época, era só um degrau mesmo: a consagração de vender mais de um milhão de cópias viria apenas no disco seguinte, Request, de 1987.

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Tatsuro Yamashita, o produtor de Plastic Love que aparece creditado na capa do single, também era (e é) marido de Takeuchi. Eles se casaram em 1982, ou seja, no intervalo de 3 anos da carreira dela. Yamashita é considerado um dos principais nomes do City Pop: é o "rei" deles. Não só produz mas também tem um trabalho próprio.
Um dos seus principais álbuns é Spacy, de 1977, considerado precursor do City Pop que explodiu nos anos 1980.

E Plastic Love em si? Acho que o mistério em torno dela colaborou ainda mais para o sucesso tardio. Veio casada com o vaporwave, virou sua trilha sonora mais querida e despertou memes, fan art, vídeos ilustrados com cenas retrô de animes. E a Vice chegou a chamar a canção de melhor música pop do mundo.

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O mais instigante é que a música fala sobre a artificialidade das relações amorosas. A letra é em japonês, mas quando quem não entende japonês traduz (via Google Translator ou sei lá), fica ainda mais fissurado: o significado da mensagem ressoa nas relações de hoje. Pouco, ou nada, mudou.

“A letra conta a história de uma mulher que perdeu o homem que ela amava de verdade e, não importa quantos outros caras a procurem, ela não poderia afastar o sentimento de solidão que essa perda criou.”
— Mariya Takeuchi para o Japan Times

E por que o tal vídeo com tantas visualizações não está mais no ar? Você pode achar que foi a gravadora japonesa que derrubou, mas está errado. A resposta está em Alan Levenson… o fotógrafo da foto que virou um clássico tardio.

Contracapa do disco Miss M, de Mariya Takeuchi, lançado em 1980 – essa foto é de Alan Levenson, do mesmo ensaio de onde veio o clique do single Sweetest Music

Contracapa do disco Miss M, de Mariya Takeuchi, lançado em 1980 – essa foto é de Alan Levenson, do mesmo ensaio de onde veio o clique do single Sweetest Music

Levenson era assistente de um outro fotógrafo, que era o profissional que a gravadora queria que fizesse os cliques de Mariya em Hollywood para o Miss M de 1980. O valor que a gravadora ia pagar era muito baixo, o fotógrafo não quis e Levenson se ofereceu. Levou Mariya para um estúdio e pronto: estava feito o ensaio.

Ele não foi creditado no upload do vídeo do PlasticLover e ficou bolado. Pediu para o YouTube derrubar por uso indevido de imagem. Mas aí o estrago já estava feito: Plastic Love já era um sucesso tardio e a foto também.
Hoje existem vários uploads da mesma Plastic Love espalhados pela rede (inclusive usando a mesma foto!). A versão original ainda não subiu no Spotify até hoje – o que você encontra por lá são versões de outros artistas. Vou deixar aqui uma das minhas preferidas: a da Chai.

Como eu já disse, Mariya viraria uma superartista, vendendo pencas, em 1987. Plastic Love é meio desconhecida pela maior parte dos japoneses.
E isso é apenas uma parte infinitamente pequena do City Pop, um estilo de música japonês que virou cult… entre não-japoneses! Kkkkkkkkkkkkkkkk!

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December 07, 2020 /Jorge Wakabara
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Você lembra de Zillion, o jogo de videogame da arminha?

September 06, 2020 by Jorge Wakabara in TV, videogame

Assistiu à série GDLK na Netflix? É muito legal, ela fala da história do videogame e traz curiosidades sobre essa indústria que é gigantesca, mas que ainda ganha pouca cobertura da parte do noticiário de grandes veículos. Millennials como eu vão ter alguns ataques de nostalgia assistindo – afinal, fomos o público-alvo que possibilitou esse megacrescimento. Super Mario Bros, Doom, Sonic, Street Fighter II, está tudo lá. Para a geração X também tem Pacman, Space Invaders.

Acontece que comigo e com meus primos mais próximos a coisa funcionou um pouco diferente. Depois do Atari das minhas irmãs, o videogame que chegou em casa foi o Master System. Lembra?

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Lembro vagamente do Master System da Sega ser comercializado aqui pela Tec Toy, que era a mesma marca do Pense Bem.

A minha irmã Ana Flavia já me atentou ao fato de que meu pai sempre amava novidades: teve câmera filmadora numa época que era raro alguém ter esse tipo de equipamento. Câmera fotográfica com lente de zoom gigantesca mesmo sem ser profissional. Aparelho de CD assim que a novidade foi lançada. Então eu provavelmente também era (e sou) influenciado por esse gosto por novas tecnologias. Para mim o Pense Bem era o máximo: um computador só meu!

Acho que é por isso que foi natural querer um Master System no lugar de um Nintendo – era da "mesma marca”. Ganhei um e meu primo Hugo tinha outro, então jogávamos com o dele nas férias, no sítio.

E aí lembrei da arminha do Master System.

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Para jogo de tiro era o máximo, a gente se sentia num fliperama!
Aí eu sempre tive uma lembrança meio apagada, meio bizarra, de um desenho animado no qual a pistola Light Phaser aparecia. Como já disse milhares de vezes aqui, minha memória é péssima. Então fiquei achando que estava viajando, "imagina, nem passava anime na TV nessa época…".

Bom, a verdade era que passava. A minha memória, dessa vez, não falhou.
No Brasil, o desenho Zillion passou na Globo e na Gazeta. Ele está intimamente ligado às origens da Light Phaser.

Vamos falar de vaporwave raiz, né?

Zillion foi originalmente transmitido no Japão em 1987. É da Tatsunoko Production em parceria com, adivinha, a Sega. A marca de jogos eletrônicos tinha lançado o sistema lasertag no começo dos anos 1980 – aquele jogo tipo paintball que usa arma de laser infravermelho no lugar da bolinha de tinta. Ela o batizou de Zillion – na tradução é isso mesmo que você está pensando, zilhão, tipo um número tão enorme que é incontável. Com o sucesso e a possibilidade de aumentar ainda mais a popularidade do Zillion, a Sega decidiu investir em um anime como forma de propaganda do jogo. Assim, nascia o anime Zillion.

Champ, JJ e Apple, a força de elite de Zillion

Champ, JJ e Apple, a força de elite de Zillion

Zillion, o desenho, juntava tudo que era moderno e cool no Japão dos anos 1980: pistola laser (e o laser era vermelho, claro), ombreiras, perfecto, motos, aliens que parecem robôs meio orgânicos meio esquisitos (quase um prenúncio de Neon Genesis Evangelion), cortes de cabelo repicado, muita parede de aço, muita poeira levantando, City Pop na trilha. A história se passa no século 24 em um planeta colonizado por humanos e parecido com a Terra, Maris. Ele é invadido por nozas, que é essa raça alienígena esquisitona. Surgem três pistolas que disparam um poderoso feixe de energia vermelho, as Zillion. Então são escalados três jovens para empunhar essas armas e formarem uma equipe de elite, os White Knights. São eles: JJ ("jota jota" na versão brasileira), Champ e Apple, respectivamente com 16, 18 e 17 anos, que contam com a ajuda de outros personagens.

Uma coisa que é muito legal de Zillion (e que não sei se na época parecia forçado) é que a dublagem brasileira realmente trabalhou para soar jovem e moderna. Incluiu gírias, entonações e é bem divertida.

A pistola Zillion do anime é tão parecida com a do jogo que tem até um cabo de carregar!

A pistola Zillion do anime é tão parecida com a do jogo que tem até um cabo de carregar!

A relação entre Zillion e a Sega foi bem explorada. O Master System, videogame de 8-bits da marca, chegou a aparecer em um episódio do anime.

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E aí, finalmente, a Sega acabou criando a pistola do Master System, a Light Phaser, baseada na arma Zillion. O design é igualzinho.
Zillion ainda rendeu dois jogos para Master System. É aí que a minha memória falha: na minha cabeça, joguei o game Zillion usando a Light Phaser. Mas na real nenhum dos dois jogos usava a pistola – são jogos de aventura com o controle normal nos quais o JJ aparece na tela e a ação vai rolando geralmente na horizontal, tipo Super Mario. Portanto, não sei nem se eu cheguei a jogar Zillion de verdade!

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September 06, 2020 /Jorge Wakabara
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TV, videogame
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Arnaldo Saccomani, o compositor

August 27, 2020 by Jorge Wakabara in música

Muita gente lembra dele como um jurado de programas de TV com candidatos a ícones pop. Outros lembram das suas produções musicais. Os fãs de Pabllo Vittar lembram dele como o tonto que falou mal da voz dela. Mas pouca gente se liga que Arnaldo Saccomani, que morreu hoje, 27/08/2020, foi compositor de algumas músicas bem legais. Vou mostrar 10 delas, aqui! Vem!

Anarquia, 1969, Ronnie Von

SIM: a faixa Anarquia é de Saccomani!!! Uma das melhores coisas que Ronnie Von produziu na sua quadrilogia psicodélica (tem quem diga que é uma trilogia, tem quem afirme que são seis discos psicodélicos), Anarquia é do disco homônimo Ronnie Von de 1969. E é a faixa que conta com aquela entrevistinha maravilhosa no começo: “Acho que a moda está fora de moda, né?". Ô, Ronnie, se tu soubesses…
A letra é maravilhosa, principalmente se você pensar nos contextos: o príncipe da Jovem Guarda, a cara do privilégio rico, cantando sobre fazer uma grande anarquia no ano seguinte do AI-5. TUDO.
Saccomani é um compositor constante na discografia de Ronnie Von. Fez várias outras para ele.

Agora é pra Valer, 1989, Lady Zu

Longe da sua era de ouro, a rainha da discoteca brasileira Lady Zu lançou o álbum Louco Amor em 1989. Agora é pra Valer, composição de Saccomani com Frankye Arduini, é pérola perdida: cheia de suíngue, melodia dez, a voz de Zu tinindo, a mistura gostosa da disco com tamborim, coro feminino delícia. Muito bom!

Eu Amo Você, 1995, Latino

Um dia o Brasil vai reconhecer Latino como um ícone pop.
Viu, Anitta?
Essa baba romântica que particularmente eu acho boba e chiquérrima é de Saccomani com De Grammont e foi lançada por Latino no disco Aventureiro de 1995. Depois ainda ganhou espaço no disco ao vivo em comemoração aos 10 anos de carreira desse reizinho.
Ainda faço um post sobre o Latino (sim, isso é uma ameaça).

Coração Urbano, 1989, Eliete Negreiros

Oitentista até o fundo da alma, Coração Urbano é o carro-chefe do disco de Eliete Negreiros de 1989. Foi composta por Saccomani com Thomas Roth, um parceiro constante dele. Lembra muito o estilo City Pop japonês, não só por causa da musicalidade mas pelo tema: a cidade, a atração da então vida contemporânea (shopping center, telefone) e o amor. Ou seja: AMO tanto quanto amo o City Pop. Risos.

Madrugada, 1999, Fat Family

Pop perfection: Madrugada, um dos últimos (senão o último) grandes hits do Fat Family, é de Saccomani com Thais Nascimento. Tem um rapzinho, é o puro creme delicioso do charm. Fora o empoderamento, né? "Vai dormir? Tchau, baby, eu gosto é da madrugada".
Ah, e Nascimento é nada menos que a filha de Saccomani!

Guerra, 1968, De Kalafe e a Turma

ADORO De Kalafe e a Turma, esse capítulo esquecido do rock nacional. Denisse de Kalafe é paranaense. A Turma incluía Arnaldo Saccomani, e essa música dele entrou na trilha sonora do filme O Despertar da Besta, de 1969, do Zé do Caixão. Hoje Denisse mora no México e tem pelo menos um superhit por lá, Señora Señora de 1981, que os mexicanos adoram cantar no Dia das Mães. É uma composição dela mesma.
Guerra é música antibélica e mostra o poder do canto de Denisse, então Denise, como uma das primeiras mulheres roqueiras do Brasil ao lado de Rita Lee.

Tô te Filmando (Sorria), 2000, Sorriso Maroto

Alguém falou em MEGAHIT? Deve ser uma das mais famosas dele, também composta em parceria com a filha Thais Nascimento. Acho fofo porque ele já tinha dito que ela devolveu a juventude para as suas composições. A grande sacada desse pagode é usar a gíria filmar querendo dizer observar, notar, citando aquelas plaquinhas “sorria: você está sendo filmado”. Eu acho genial.

Tão Só e Carente, 1988, Juno

Que Juno?
Aquele mesmo. Da Xuxa.
Não conhecia essa música e amei. Pop besta maravilhoso. É do Saccomani com Lucas Robles e César Rossini. Bom demais, melô da quarentena: “Eu tava tão só e carente…".
Pensando bem, é parecidinha com a Tô te Filmando, né?

Fica Comigo, 1989, Placa Luminosa

Diretamente dessa trilha sonora maravilhosa da novela Top Model: Fica Comigo é mais uma parceria de Saccomani com Roth. Talvez você não reconheça pelo nome, porque o refrão é outro: “o nosso amor é liiiiiindo… tão liiiiiindo…". Placa Luminosa é tudooooooooOOOOO!

E Daí, 1995, Sampa Crew

Clássico do charm do álbum do Sampa Crew de 1995. Nossa, curto demaaaais, é muito chique, é o nosso sophistipop!!! E não sabia que era de Saccomani com J. C. Sampa (um dos principais integrantes do Sampa Crew).

Ah, e eu não vou incluir aqui porque acabei de falar disso, mas aquela música ótima da Mara Maravilha Não Faz Mal (Tô Carente Mas Eu Tô Legal) é de Saccomani com Roth – para saber mais sobre a discografia pop de Mara, clica aqui!

August 27, 2020 /Jorge Wakabara
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