Onde está o gengibre, Ginger Spice?

O gengibre, ah, esse maravilhoso… fruto? Raiz?

O gengibre é a planta inteira, essa da foto:

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O que conhecemos comumente por gengibre - e usamos bastante na culinária - é a raiz. Eu adoro: em bebidas, em conserva, na comida. Fico passado do ginger ale, geralmente feito de água com gás e xarope de gengibre com suco de limão, não é tão popular no Brasil. Mas tenho sentido de levinha, como uma brisa, uma moda de drinques de gengibre em SP. Torcendo para que pegue!

E gengibre, portanto, é uma especiaria. É ligado à cor de cabelo dos ruivos. As pessoas dizem ginger hair e a cor para mim não é muito parecida mas entendo: aquele marrom puxado levemente para algo entre dourado e vermelho.

No girl group Spice Girls as integrantes eram (e são) nomeadas por características da personalidade delas: Sporty e Posh as mais óbvias, esportiva e chiquezinha; mais Scary, a doidona extravagante de animal print, e Baby, a meiguinha mais nova. E tem, claro, a Ginger Spice Geri Halliwell, que se chamou assim por causa do seu… cabelo. E, em teoria, também por causa da sua atitude, como se o nome Ginger Spice garantisse que ela era ainda mais temperada que as outras meninas.

Posh, Ginger, Sporty; embaixo, Baby e Scary

Posh, Ginger, Sporty; embaixo, Baby e Scary

Ah, mas os tempos mudaram. Estou aqui em Londres, entre outros motivos, para o show da volta das Spice Girls. Fui no dia 14/06 - não teve Vic Beck mesmo, que está posher than ever casada com jogador de futebol riquérrimo, uma família linda e uma carreira prolífica na moda como estilista. Mas teve Ginger… ou não teve?

Breve parênteses para falar de outra coisa que vim fazer em Londres: a exposição de Mary Quant. Depois posso falar mais dela - Quant foi simplesmente incrível, uma grande criativa da moda, um nome superimportante na popularização do Swinging London do fim dos anos 1960. Mas por que estou falando dela agora? Quant era muito ligadona e sabia que na sua Bazar as coisas eram caras demais para o pessoal realmente bacana que ela também queria vestir. Era o começo dessa velha história complicada da moda jovem: moderno que é realmente moderno geralmente não tem dinheiro… Mas Quant deu um jeitinho de capitalizar em cima do hype do seu nome na hora certa: ela começou a fazer uma linha mais barata, produzida por uma fabricante de porte que conseguia escalar e assim o preço baixava.
O nome da linha? Adivinha…
Ginger!

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Ginger também era o nome com o qual Quant batizava uma de suas cores preferidas.

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É esse bege

Meio caramelo, meio palha, meio sei lá o quê. Naquela época era moderno. E sabe que estou achando moderno de novo, viu?

Fecha parênteses!

O que aconteceu com Geri, que agora, senhora casada, assina Geri Horner? Ginger Spice?
Não é uma questão de estar mais velha - todas estão na mesma faixa de idade e Scary, por exemplo, está escandalosa como sempre; Sporty mantém a forma de boa; Baby agora tem cabelo rosa clarinho, mais fofa que nunca; Posh ficou tão chique que dispensou essa volta. Já Geri usa os piores figurinos da turnê, aparece de rainha no começo (o vestido curto com a bandeira Union Jack que a marcou, atrevidíssimo, virou um vestido longo rodado tipo princesa; do autêntico para o tradicional, que decepção!). O charme, o riso frouxo, o clima de flerte? Sumiu. Praticamente loira (antes eram só duas mechas, lembra?), ela parece quase robótica, presa a convenções.
Geri Halliwell virou Kate Middleton. Até a maquiagem é igual.
Meio empalhada. Supercareta.

Enquanto isso, Madonna, quase 15 anos mais velha, lançou um disco que está sendo elogiadíssimo pela crítica. Consegui ouvir um pouco. Acho que curti! E vocês?

O que quero dizer é que não é uma questão de idade. Juventude é atitude, não está na data de nascimento. She’s lacking wit, if you know what I mean.

Então a lição do He-man de hoje é: pode envelhecer à vontade. Mas não envelhece na cabeça, não; depois o Brexit vem e aí você não pode reclamar dos conservadores, tá?

Obs.: Geri, a gente sabe do seu passado, garota, até seu marido sabe, saiu no tablóide. Aceita que o B de LGBTQ é de Mel B e não encareta, não…

A nova febre é amarela!

A representatividade oriental em obras de ficção ocidentais sempre foi… Meh.

Né?

Né?

Um dos grandes exemplos é Anna May Wong, atriz filha de imigrantes que começou atuando em cinema mudo nos EUA. Ela sempre foi subaproveitada por Hollywood. Esse artigo do Buzzfeed conta bem essa história.

Eu poderia enumerar mil absurdos, de Ghost in the Shell com a branca Scarlett Johansson ao personagem que é puro estereótipo Long Duk Dong em Gatinhas e Gatões de John Hughes (uma das únicas coisas que me faz falar mal de John Hughes). Poderia falar do pastiche que foi uma das últimas novelas da Globo, a Sol Nascente - que pelo menos tinha a atriz Jacqueline Sato, mas ela parecia cumprir uma espécie de cota numa novela teoricamente destinada a falar sobre imigrantes japoneses só que protagonizada pela Giovanna Antonelli. Oi? Num momento de ascensão do k-pop, num país que traz a maior concentração de japoneses fora do Japão, num local onde uma das estrelas mais quentes é a Sabrina Sato (mesmo fora da Globo!), num lugar onde um dos maiores heróis pop mais queridos e mais lembrados é o Jaspion (e tem Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball Z e Naruto coladinhos nele)… Aí você vem demonstrar medo da aceitação de atores e atrizes de origem oriental? E aí chega com aquela velha desculpa que “não tem ator oriental”? Sei: do mesmo jeito que não tem modelo negra, né, more?

Isso tem um nome: racismo.

É um fato que a representatividade tem crescido. Também é um fato que às vezes ela é uma fachada - me incomoda essa coisa da campanha da marca que nunca se preocupou com isso de repente ter um “inclui a gorda e a negra, mas não esquece da loira magra e alta também, né?”
Preguiça.
E a verdade é que os orientais, especialmente no Brasil, ainda são botados para escanteio mesmo quando a representatividade bomba.

Existe também o estereótipo sexual do asiático submisso, o que pode funcionar como fetiche ou exatamente o contrário, como uma imagem assexual do homem asiático. Um vídeo da MTV americana que ganhou certa fama é bem interessante, confira:

Mas se você acha que homens asiáticos não são sensuais você com certeza nunca viu um filme sequer de Akira Kurosawa com Toshiro Mifune.

Não existe como resistir a esse homem!

Não existe como resistir a esse homem!

Olha esse homem, pelamor!

Olha esse homem, pelamor!

Até uma pedra ficaria atraída por esse homem!!!

Até uma pedra ficaria atraída por esse homem!!!

Na época do Orkut eu participava de um grupo que se chamava Orientais Sexy Cool do Brasil.
HAHAHAHAHAHAHA sei lá, só queria jogar essa informação por aqui.

Bom, existem sinais de que as coisas estão finalmente mudando. Deveriam mesmo: a cultura asiática cresce no mundo todo.

Asia has several of the world’s largest economies, most of the world’s foreign exchange reserves, many of the world’s largest banks and most of the world’s largest armies. From trade wars to Silicon Valley and university admissions, Asian influence seems to be everywhere. Just last month, Beijing held its second forum for the “Belt and Road” initiative — the most ambitious infrastructure investment plan in human history.
— Nicolas Gattig, no Japan Times

A frase de cima foi tirada de um artigo no Japan Times sobre o livro The Future is Asian no começo desse mês de junho. Gattig descreve a obra como um “Podres de Ricos” (o livro) com infográficos. Risos!

Mais?
. Em março, o Hollywood Reporter olhou para a produção audiovisual de Cingapura, Indonésia, Vietnã, Malásia e Tailândia.
. Acabou de ser lançada no Reino Unido a The Wow, revista voltada para mulheres asiáticas. O fundador Wei Liu reclama da falta de representatividade nas revistas ocidentais. Saiba mais no South China Morning Post.
. O mercado asiático-americano gastou - está sentado? - US$ 1 trilhão no último ano. E o capitalismo não é idiota a ponto de ignorar essa informação por muito mais tempo. A info é do Asian Journal, de 15/05.

É por essa última informação, também, que a maioria das referências culturais mezzo asiáticas mezzo ocidentais que estamos vendo agora são dos EUA. Essa população de imigrantes que formou família (ou seja, com uma grande parte de adultos nascidos nos EUA mas que se identificam bastante com a cultura dos pais e dos avós) acaba ela mesmo produzindo cultura para si mesma, do mesmo jeito que a população afro-americana faz há algum tempo. Seria maravilhoso ver o mesmo movimento no Brasil - será que vai rolar? Será que já está rolando?

Vou colocar aqui embaixo mais umas referências asiáticas contemporâneas e a minha curadoria é tipo “é asiático e eu acho legal”. Hehehe. Confira!

Esse é o Ken Jeong. Ele é um dos atores que ainda brincam com estereótipos - mas com mais lugar de fala, do tipo “dê risada junto comigo e não de mim”

Esse é o Ken Jeong. Ele é um dos atores que ainda brincam com estereótipos - mas com mais lugar de fala, do tipo “dê risada junto comigo e não de mim”

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Awkwafina

Alerta superestrela

Ela é uma rapper muito engraçada, ela é uma comediante muito engraçada, uma atriz muito talentosa. Esteve em dois filmes bem importantes: Podres de Ricos (sobre o qual a gente fala daqui a pouco) e Oito Mulheres e um Segredo. Este artigo do Buzzfeed, de onde saiu a foto acima, vai te falar mais dela. E você pode ouvir um dos discos dela abaixo, chamado… Yellow Ranger.

E falando em música…

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Holland

O primeiro nome do k-pop que é gay assumido

Sei que esse tipo de comparação é horrível, mas ele é tipo o Troye Sivan porém do k-pop. Isso é a maior treta - o preconceito contra LGBTQ na Ásia é enorme. No Japão, por exemplo, se você pergunta para algumas pessoas “onde fica o bairro gay?”, eles respondem “mas no Japão não tem gay. Só no exterior”. Oh, criança… Acredita, bonita.

Só recentemente um país asiático aceitou o casamento entre pessoas do mesmo sexo: Taiwan aprovou a lei tipo mês passado. Tipo não: literalmente no mês passado, em maio! Leia mais sobre no site da BBC. No Japão caminha-se para a aprovação da lei com a ideia dela estar em vigor antes das Olimpíadas de 2020 (mais nessa reportagem do Japan Times). A lógica é uma manobra política maravilhosa: os partidos que defendem a aprovação dizem que o Japão não pode passar essa vergonha durante as Olimpíadas perante os outros países e pagar de pouco progressista. Isso é o calcanhar de Aquiles do japonês - ele morre de medo de ser considerado inferior, passar vergonha, coisas do tipo. Então, a minha expectativa é que eles devem aprovar mesmo! Risos!

Voltando ao Holland: dizem que ele foi rejeitado pelas produtoras de k-pop quando disse que queria falar sobre sua sexualidade na música. Então o próprio bancou sua gravação com o dinheiro que economizou em um trabalho de meio-período. Obstinado! A gente gosta! Ouça abaixo!

O triunvirato pop

Podres de Ricos (de 2018), Meu Eterno Talvez (que acabou de estrear na Netflix) e Fresh off the Boat (série de TV que começou em 2015) tem muito em comum. Atores (Randall Park em Meu Eterno Talvez e Fresh off the Boat; Constance Wu em Podres de Ricos e Fresh off the Boat), histórias (tanto Podres de Ricos quanto Meu Eterno Talvez são comédias românticas). E principalmente o fato de, pelo menos por enquanto e talvez para estourar a bolha, eles sejam tão centrados em diferenças culturais - segue sendo importante o fato dos protagonistas serem asiáticos, faz parte da história, a trama simplesmente não funcionaria se eles não fossem da raça que são. Parece que o raciocínio é apresentar essa cultura para o povo branco ocidental para que eles se acostumem.
Que povo mimado.
Mas a verdade é que gosto dos 3: Meu Eterno Talvez é tão ruim que fica bom, tipo aquela Sessão da Tarde horrorosa que você ama; Podres de Ricos é bobinho mas enche os olhos, você fica realmente envolvido com a mãe malvada (Michelle Yeoh sempre enaltecida nesse blog) e a pobre intrusa Rachel Chu (Constance Wu) tentando apenas seguir seu relacionamento depois que descobre que Nick Young (Henry Golding) é simplesmente MUITO BILIONÁRIO. E Fresh off the Boat… bom, um menino americano de origem taiwanesa que é visto como estrangeiro e adora hip-hop, com uma mãe (Constance Wu) que é meio a versão asiática da Monica de Friends - não tem como dar errado. Tonto, mas um tonto ótimo.

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Tadanobu Asano

Muito mais que um asgardiano

Talvez você o conheça de Thor: Ragnarok, mas o gatão Asano é muito mais que isso - premiadíssimo, participou de pérolas como Silêncio (2016), filme do Martin Scorsese que adorei mas que infelizmente nem todo mundo adorou pois foi solenemente ignorado pelo Oscar. Rsrsrsrs! Quem é fã de terror japonês também vai lembrar de Asano com o cabelo loiro em Ichi, o Assassino (2001).

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Kyle Ng

Ele é bobo mas é meu amigo

Mentira, ele não é meu amigo. E é bobo sim - dono de uma marca de streetwear mas o conheci como apresentador do programa Social Fabric, sobre moda, que está na Netflix. Recomendo correr: só está no ar até 15/06!

E se você está com esse papo de “japonês é tudo igual, olha esses dois cabeludos” - primeiro tenho quase absoluta certeza que Kyle não é japonês. Segundo, ouça esse episódio desse podcast:

Spoiler: não, não é.

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David Chang

Quem resiste a uma comida desse cara?

A frase ficou estranha propositalmente: sim, estou objetificando o chef David Chang. Esse blog é meu e faço o que quero.
Na verdade nunca fui em um Momofuku, o restaurante modinha de Chang, para saber se é bom. Gosto do David porque ele é carismático nos programas sobre comida que ele faz. Assista Ugly Delicious e Mind of a Chef na Netflix (esse último tem a narração do Anthony Bourdain, o que me deixa um pouco triste porque lembro que Anthony Bourdain morreu).

Ah, e ele tem uma rede chamada Fuku de frango frito. Que perfeito!

Gente, sério!

Gente, sério!

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Hayley Kiyoko

Maravilhosamente fora do armário

Assim como vários outras celebridades jovens que saem do armário publicamente, Kiyoko está fazendo um baita serviço para a comunidade LGBTQ, validando ativamente a causa, mostrando que tudo vai ficar bem principalmente para adolescentes angustiados. Só por isso ela já merece tudo - mas menino, não é que a música também é legal? Ouve aí embaixo e depois lê esse artigo com entrevista na Out.

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Fernanda Yamamoto

O trabalho da Fernanda foi melhorando, amadurecendo - na verdade sempre foi bom mas ficou cada vez melhor. Na passarela, hoje em dia, virou convite disputado: seus desfiles instigam e emocionam. Nesse último, da foto acima, apresentado há um pouco mais de um ano, ela olhou para a comunidade Yuba do interior de São Paulo, formada só por japoneses e descendentes, com toda uma filosofia de vida sustentável e de bem-estar (bem antes de isso virar moda). Além de evocar algo aspiracional para nós, pobres seres vítimas da metrópole, também mostra imagens de moda lindas. Falei sobre isso no site da Lilian Pacce - vai lá!

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Akira (1988)

Um filme antigo que continua tão atual

Nem parece mas Akira já fez mais de 30 anos! Chocante, não? Ele inspirou e inspira uma pá de gente, até Kanye West já confessou ser fã. Se você ainda não assistiu esse marco da cultura pop, corra atrás. Está sendo produzido um live-action e a gente sabe que um dos nomes por trás dele é Leonardo DiCaprio (ou seja, também deve ser fã). A data de estreia desse novo Akira é para 2021, vai ser dirigido por Taika Waitikiki (de Thor: Ragnarok) e sim, estamos sentindo o cheiro de white-washing de longe, tão forte quanto o cheiro de cândida. Vamos ver, né? O nome da cidade da trama já mudou de Neo Tokyo para Neo Manhattan… HAHAHAHA! Na dúvida, pelo menos por enquanto, fique com o original.

Faltou bastante coisa? Sim, mas esse post já virou uma tese. Parte dois? Sim, não? Quem você incluiria? Me conta!

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Duas novidades legais da moda carioca

Olha que bacana: a Farm tem um comitê LGBTQ interno e a madrinha dele, Gabriela Loran, que é uma atriz trans, está assinando uma coleção especial nesse mês de junho (que é o mês do orgulho LGBTQ). Não tem renda revertida, mas achei bacana por ser uma coleção com essa pauta e com um nome da causa assinando.

As peças são inspiradas em dois poemas da Loran. Só acho que podia ser ainda maior! Será que da próxima vez a Farm chama mais gente? Me chama, Farm! #adoida

A outra coleção que vem lá do Rio é a da Haight. Você conhece? A marca desfilou no último SPFW.

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Chique, né?

A estilista Marcella Franklin faz uma moda praia com volume, minimalista e arrojada

Eu sei que arrojada não é um bom adjetivo porque é muito relativo, mas é que você realmente descreveria a Haight como arrojada se visse a coleção inteira. Confira no FFW.

E agora a marca se junta pela segunda vez com a Fila!
Quem me conhece sabe que eu, como um bom “jovem” japonês fashionista, adoro a italiana Fila.

A inspiração é vintage, direto do acervo, e traz peças unissex - oba! As Olimpíadas das décadas de 1970 e 1980 também entram nesse moodboard. Achei que, assim como na primeira, Franklin arrasou!

A Haight fica na Dias Ferreira, 217, no Leblon; e no Iguatemi. E a Farm tem um monte, em SP recomendo a loja da rua Harmonia, 57, que é lindaaaa, e no Rio a da Visconde de Pirajá, 365.

(Isso não é um publi, kkkk, acho constrangedor ter que avisar. Escrevi porque realmente gosto das duas marcas. Aliás, caso algum dia abençoado esse blog venha a ter publi, ele vai estar devidamente sinalizadíssimo.)

3 lojas bem legais para você ir no próximo fim de semana

“Lá vem ele falando de Pinheiros de novo…” Bom, desculpa se morei a vida toda aqui! Rsrs!

Tem um quarteirão específico da Cônego Eugênio Leite, entre a Artur de Azevedo e a Pinheiros, que me desperta lembranças muito boas. É que lá morava uma das minhas amigas de infância, a Mariana Amary. Passei várias tardes ali!

De uns meses para cá, esse trecho que já inclui a Bráz Elettrica e um outlet da marca Blue Bird de sapatos charmosos e confortáveis ganhou mais 3 lojas bem legais. Fui conhecer, quase fali em uma, então recomendo. Vamos dar esse giro:

Slow Art, no número 505

A Slow é uma loja coletiva com várias marcas que existe desde maio - bem recente! Quando fui estava rolando até música ao vivo de festa junina - delícia! Pelo que entendi vai acontecer de novo no próximo fim de semana mas não tenho certeza. O mix de produtos é bem variado - e isso facilita na hora de encontrar algo que seja do seu gosto!

Supergrama, no número 595

Bom, adivinha onde eu fali? Não resisti ao mix de produtos incrível da Supergrama, que inclui AMP, brechó, os móveis e decorações da Pavlon, Melissa, Modelaria, Dad’s Love, o projeto da Re-Roupa com a Farm… Quando perguntei para as vendedoras “quais marcas vocês vendem?” elas fizeram uma cara de “impossível falar todas”. E parece impossível mesmo - o lugar surpreende de tão grande e a decoração instiga, bem retrô exótica, fazendo você ficar com vontade de fuçar tudo. Fuça mesmo!

Mod / Filter / Punto e Filo, no número 659

Essa loja junta a marca de decoração Mod com o antiquário Filo e os tapetes da Punto e Filo. É daquele tipo de estabelecimento que você entra e pensa: “Puxa, por que a minha conta bancária não é igual a da Paris Hilton? Eu tenho muito mais bom gosto que ela…”

E esse foi o rolê de hoje! É pertinho da estação Fradique Coutinho de metrô ou do ponto de ônibus do corredor da Rebouças (é o do McDonald’s). Vá de transporte público! Economizar é show!

Mas que terror: a moda ainda não alcançou o cinema

A última coleção da Moschino, de resort 2020, foi desfilada em Hollywood e apostou no terror como inspiração.

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Oh, dear

Is my make-up that bad?

É uma coisa bem caricata, bem engraçada, com momentos, adivinha… guro kawaii (saiba o que falei sobre o guro kawaii nesse link). Tem mais fotos aqui nesse link do Fashionista e também divido com vocês o vídeo abaixo.

Olha a drag Violet Chachki dando um susto na Aquaria e na Pabllo Vittar! Risos!

Mas tanto a Moschino quanto outras marcas, tipo a Prada, estão apostando no terror antigo, o vintage, o do que os críticos especializados chamam de jump scare.

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Prada fall 2019

Com toque de noiva de Frankenstein

Aproveite para ver mais dessa coleção da Prada com texto da super Suzy Menkes aqui. Aproveito para deixar uma citação da própria Miuccia Prada tirada desse texto:

I would say that it reflects the current world, where there is a lot of danger, a lot of fear, a lot of war around us. Romance is an idea of opportunism, of good will, and of good sentiment – the opposite of fear. This is about love stories and introducing something positive. Romance means ideas.
— Miuccia Prada para Suzy Menkes

Medo. Pulo de susto. Já temos tudo isso na vida real atual. Mas poucos desfiles dessa onda fashion de terror acompanharam o chamado pós-terror, tendência atual dos cinemas. Escrevi sobre o terror da moda no site da Lilian Pacce em abril, mas antes de ter feito essa reflexão. Agora, penso que quatro dos poucos que já deram esse clima pós-terror, mais para o arrepio surreal do que para o grito primal, são…

Marc Jacobs spring 2014, precursor total. Uma trilha densa e uma sensação de que algo está para acontecer - mas não acontece!

A Calvin Klein de Raf Simons e seu “estado de emergência” com roupas para o apocalipse (faixa refletiva, balaclava, remendos) do fall 2018 (veja aqui), culminando na coleção de spring 2019 que homenageava um clássico do cinema, Tubarão, mas o juntava com outras coisas, como A Primeira Noite de um Homem, e suspendia o susto, transformando o clima de terror no desfile em algo mais psicológico, uma permanente sensação da eminência da tragédia, as águas da parede à espreita.
E no fim deu-se a tragédia fashion: essa foi a última coleção de Simons para a CK, e a marca anunciou que não vai mais fazer desfile.

Rick Owens fall 2019: o bizarro sempre esteve no terreno de Owens, circundando seu universo criativo. Pós-terror na veia.

Gucci fall 2018, que ficou famoso por causa da cabeça-acessório - risos risos risos. O estilista Alessandro Michele, que me parece um freak nerd que adora ficção-científica e filme B, depois também fez um desfile em Arles de cruise 2019 num cemitério, que também tem a ver com esse clima mas puxa mais para o assustador-padrão. Vale a menção de qualquer forma e o desfile é bem bom - assista no link.

Bom, você está viajando nesse papo de pós-terror? Eu também estava, e aí ouvi esse podcast:

Agora chegamos na pergunta de ouro: por que a moda ainda não engatou nesse pós-terror? As possibilidades são várias, mas eu tendo a ficar em duas:
. A moda de luxo, essa que vai para a passarela, ainda não conseguiu no geral processar essa ideia do pós-terror que está intimamente atrelada a soluções inventivas de trama e efeitos especiais em baixo orçamento. Eles não trabalham com baixo orçamento, e nem precisam. Um pode (e talvez deva) apresentar opulência. Outro tem que quebrar a cabeça para fazer um roteiro ótimo que caiba numa quantidade de dinheiro diminuta. Universos bem díspares.
. O pós-terror discute questões da sociedade que a moda no geral não quer discutir ou, quando discute, prefere usar de outros tipos de metáforas; acha que não precisa recorrer às ferramentas do terror para falar dessas questões.

Pensando bem a moda e o terror são vistos de maneira muito parecida. Ambos são considerados escapistas. Ambos são, no fundo, retratos da realidade e usam artifícios para representá-la de maneira mais criativa.

Minha lista pessoal para você que quer saber mais do pós-terror do que do terror fashion…

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Suspiria

A nova versão é tão fashion (de um jeito diferente) quanto a primeira

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Nós

Ao lado de Wild Wild Country, esse longa nos diz que usar vermelho é bizarro - e a gente quer usar mais ainda!

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Hereditário

Toni Colette: melhor que Olivia Colman, que Glenn Close e todo o mais. Se liga, Academia!

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Boa noite, mamãe

O futuro está nas mãos da nova geração…

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Corrente do Mal

Um nome horroroso para um filme incrível: uma atualização dos filmes adolescentes de terror dos anos 1980

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The Babadook

Não faça como eu, não demore tanto tempo para assistir Babadook caso ainda não tenha assistido. Não é o que você está pensando, garanto!