3 lojas bem legais para você ir no próximo fim de semana

“Lá vem ele falando de Pinheiros de novo…” Bom, desculpa se morei a vida toda aqui! Rsrs!

Tem um quarteirão específico da Cônego Eugênio Leite, entre a Artur de Azevedo e a Pinheiros, que me desperta lembranças muito boas. É que lá morava uma das minhas amigas de infância, a Mariana Amary. Passei várias tardes ali!

De uns meses para cá, esse trecho que já inclui a Bráz Elettrica e um outlet da marca Blue Bird de sapatos charmosos e confortáveis ganhou mais 3 lojas bem legais. Fui conhecer, quase fali em uma, então recomendo. Vamos dar esse giro:

Slow Art, no número 505

A Slow é uma loja coletiva com várias marcas que existe desde maio - bem recente! Quando fui estava rolando até música ao vivo de festa junina - delícia! Pelo que entendi vai acontecer de novo no próximo fim de semana mas não tenho certeza. O mix de produtos é bem variado - e isso facilita na hora de encontrar algo que seja do seu gosto!

Supergrama, no número 595

Bom, adivinha onde eu fali? Não resisti ao mix de produtos incrível da Supergrama, que inclui AMP, brechó, os móveis e decorações da Pavlon, Melissa, Modelaria, Dad’s Love, o projeto da Re-Roupa com a Farm… Quando perguntei para as vendedoras “quais marcas vocês vendem?” elas fizeram uma cara de “impossível falar todas”. E parece impossível mesmo - o lugar surpreende de tão grande e a decoração instiga, bem retrô exótica, fazendo você ficar com vontade de fuçar tudo. Fuça mesmo!

Mod / Filter / Punto e Filo, no número 659

Essa loja junta a marca de decoração Mod com o antiquário Filo e os tapetes da Punto e Filo. É daquele tipo de estabelecimento que você entra e pensa: “Puxa, por que a minha conta bancária não é igual a da Paris Hilton? Eu tenho muito mais bom gosto que ela…”

E esse foi o rolê de hoje! É pertinho da estação Fradique Coutinho de metrô ou do ponto de ônibus do corredor da Rebouças (é o do McDonald’s). Vá de transporte público! Economizar é show!

Mas que terror: a moda ainda não alcançou o cinema

A última coleção da Moschino, de resort 2020, foi desfilada em Hollywood e apostou no terror como inspiração.

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Oh, dear

Is my make-up that bad?

É uma coisa bem caricata, bem engraçada, com momentos, adivinha… guro kawaii (saiba o que falei sobre o guro kawaii nesse link). Tem mais fotos aqui nesse link do Fashionista e também divido com vocês o vídeo abaixo.

Olha a drag Violet Chachki dando um susto na Aquaria e na Pabllo Vittar! Risos!

Mas tanto a Moschino quanto outras marcas, tipo a Prada, estão apostando no terror antigo, o vintage, o do que os críticos especializados chamam de jump scare.

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Prada fall 2019

Com toque de noiva de Frankenstein

Aproveite para ver mais dessa coleção da Prada com texto da super Suzy Menkes aqui. Aproveito para deixar uma citação da própria Miuccia Prada tirada desse texto:

I would say that it reflects the current world, where there is a lot of danger, a lot of fear, a lot of war around us. Romance is an idea of opportunism, of good will, and of good sentiment – the opposite of fear. This is about love stories and introducing something positive. Romance means ideas.
— Miuccia Prada para Suzy Menkes

Medo. Pulo de susto. Já temos tudo isso na vida real atual. Mas poucos desfiles dessa onda fashion de terror acompanharam o chamado pós-terror, tendência atual dos cinemas. Escrevi sobre o terror da moda no site da Lilian Pacce em abril, mas antes de ter feito essa reflexão. Agora, penso que quatro dos poucos que já deram esse clima pós-terror, mais para o arrepio surreal do que para o grito primal, são…

Marc Jacobs spring 2014, precursor total. Uma trilha densa e uma sensação de que algo está para acontecer - mas não acontece!

A Calvin Klein de Raf Simons e seu “estado de emergência” com roupas para o apocalipse (faixa refletiva, balaclava, remendos) do fall 2018 (veja aqui), culminando na coleção de spring 2019 que homenageava um clássico do cinema, Tubarão, mas o juntava com outras coisas, como A Primeira Noite de um Homem, e suspendia o susto, transformando o clima de terror no desfile em algo mais psicológico, uma permanente sensação da eminência da tragédia, as águas da parede à espreita.
E no fim deu-se a tragédia fashion: essa foi a última coleção de Simons para a CK, e a marca anunciou que não vai mais fazer desfile.

Rick Owens fall 2019: o bizarro sempre esteve no terreno de Owens, circundando seu universo criativo. Pós-terror na veia.

Gucci fall 2018, que ficou famoso por causa da cabeça-acessório - risos risos risos. O estilista Alessandro Michele, que me parece um freak nerd que adora ficção-científica e filme B, depois também fez um desfile em Arles de cruise 2019 num cemitério, que também tem a ver com esse clima mas puxa mais para o assustador-padrão. Vale a menção de qualquer forma e o desfile é bem bom - assista no link.

Bom, você está viajando nesse papo de pós-terror? Eu também estava, e aí ouvi esse podcast:

Agora chegamos na pergunta de ouro: por que a moda ainda não engatou nesse pós-terror? As possibilidades são várias, mas eu tendo a ficar em duas:
. A moda de luxo, essa que vai para a passarela, ainda não conseguiu no geral processar essa ideia do pós-terror que está intimamente atrelada a soluções inventivas de trama e efeitos especiais em baixo orçamento. Eles não trabalham com baixo orçamento, e nem precisam. Um pode (e talvez deva) apresentar opulência. Outro tem que quebrar a cabeça para fazer um roteiro ótimo que caiba numa quantidade de dinheiro diminuta. Universos bem díspares.
. O pós-terror discute questões da sociedade que a moda no geral não quer discutir ou, quando discute, prefere usar de outros tipos de metáforas; acha que não precisa recorrer às ferramentas do terror para falar dessas questões.

Pensando bem a moda e o terror são vistos de maneira muito parecida. Ambos são considerados escapistas. Ambos são, no fundo, retratos da realidade e usam artifícios para representá-la de maneira mais criativa.

Minha lista pessoal para você que quer saber mais do pós-terror do que do terror fashion…

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Suspiria

A nova versão é tão fashion (de um jeito diferente) quanto a primeira

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Nós

Ao lado de Wild Wild Country, esse longa nos diz que usar vermelho é bizarro - e a gente quer usar mais ainda!

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Hereditário

Toni Colette: melhor que Olivia Colman, que Glenn Close e todo o mais. Se liga, Academia!

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Boa noite, mamãe

O futuro está nas mãos da nova geração…

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Corrente do Mal

Um nome horroroso para um filme incrível: uma atualização dos filmes adolescentes de terror dos anos 1980

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The Babadook

Não faça como eu, não demore tanto tempo para assistir Babadook caso ainda não tenha assistido. Não é o que você está pensando, garanto!

Esse post é só para dizer que Tássia Reis devia mudar seu sobrenome para Rainha

Já ouviu a nova da Tássia Reis? Aliás, já ouviu Tássia Reis?

Arrasa demais!

Arrasa demais!

Tássia é de Jacareí, interior de SP, e está para lançar novo disco. Já tem dois: um homônimo (de 2014) e o Outra Esfera (2016), que são bem legais. Mas a minha música preferida é esse single dela que saiu em 2018: Shonda, com produção de WillsBife!

Letra MARA: “Abutres a me rondar / esperando quando eu for ao chão / parece um roteiro de Shonda / mas esse não vai pra televisão”
CHIQUE DEMAIS.
Para quem não sabe quem é a Shonda do título e da letra - bom, em que planeta você vive? Shonda Rhimes é um dos nomes mais fodas da TV americana atualmente, por trás de enormes sucessos como Grey’s Anatomy, Scandal e How to Get Away with Murder. Suas histórias são rocambolescas, repletas de plot twist e com elenco cheio de diversidade. No ano passado Shonda anunciou vários projetos com a Netflix - a gente tá, assim, esperando ansiosa.

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Chega de Shonda - voltando para Tássia, acabou de sair o clipe novo dela, Pode me Perdoar. Acabou literalmente - saiu hoje faz algumas horas!

O clipe tem uma história bem interessante com a Natura, que também é a patrocinadora do álbum novo da cantora: eles usaram uma leitura possível da letra (a autoaceitação e body positivity) para fazer essa ponte com a missão da marca. Acho que não precisava ter todo esse texto no fim do clipe porque mistura um pouco as coisas, mas se foi uma exigência para eles bancarem a ideia e investirem dinheiro em cultura, OK.

A música em si é uma delicinha, tipo um resgate da inspiração R&B que alguns artistas brasileiros tiveram nos anos 1990: Latino, Pepê & Neném, Fat Family, Patricia Marx, Luciana Mello. Gosto muito! Podia voltar a ter espaço no rádio? Podia sim - afinal, qual é a diferença entre o charme e o funk? (desculpa, não resisti à citação) Mas ao mesmo tempo, sei lá, quem ouve rádio hoje em dia? Só queria que Tássia tivesse a projeção e alcance que ela merece!

Para quem não sabe, Tássia também tem uma marca de roupa: Xiu! O nome é isso mesmo, um “xiu” para que a minoria possa finalmente se expressar, vir aos holofotes.

Achei bem legal e um preço bem bom, viu? Vai no site para ver mais. E enquanto a gente espera o álbum novo da Tássia, vamos ouvir o anterior!

A mocinha vence, mas a vilã se diverte muito mais até quase o final...

Por que será que a vilã sempre é tão mais legal que a mocinha?

Carminha vive! (pelo menos em nossos corações)

Carminha vive! (pelo menos em nossos corações)

No Brasil, por causa da novela, a gente tem uma longa linhagem de vilãs incríveis, que corre de Nazaré Tedesco a Odete Roitmann passando por Maria de Fátima e a gêmea Raquel (ambas da super Gloria Pires), Branca Letícia de Barros Motta, Perpétua, Violante (era a Drica Moraes em Xica da Silva, lembra? Afff, mulé má), Bia Falcão e, claro, ela…

Não sei o que é mais perfeito, a cena ou o título do vídeo.

(sim, sou fã de João Emanuel Carneiro)

Bom, tem muito mais. E isso se estende a muito mais do que a novela brasileira. Parece que é uma atração meio inconsciente e sinistra pela vilania - devem existir várias explicações psicológicas e pseudopsicológicas a respeito do tipo “é uma válvula de escape”. Mas acho, ainda mais, que a gente gosta mais quando a vilã é mulher - né, Cersei?

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E tudo isso para falar também de um Instagram que o Felipe Borges (que tem uma marca de bolsas e acessórios de couro) me apresentou: Wicked Goddesses! Só com vilãs, malvadas, vamps, bad girls! Delícia, né?

É bem demais e recomendo o follow!

E dizem que tem uma nova Dinastia, né? Oh, how dare you?

Por último, queria falar de novo da Madonna, posso? É que acho essa música muito boa, acho que ela devia ser regravada por alguém, ou a própria Madonna devia incluir em algum show.

A faixa é do álbum Erotica, de 1992.
Mostrar Madonna tendo um comportamento destrutivo, pelo menos para mim, significou humanizá-la. Ah, então ela sofria no amor? Por trás de toda vilã-vamp se esconde um coração…
O clipe é dirigido por David Fincher (o de Seven: os Sete Pecados Capitais, Clube da Luta, Garota Exemplar) e traz os atores Christopher Walken e Matt Dillon em participações especiais.
Chique.

E como dizia Mae West:

Dois filmes no Instituto Moreira Salles completamente diferentes: mas então por que vejo ligação?

Bara no Sôretsu (1969), que chama O Funeral das Rosas no Brasil, é um filme que ganhou um monte de fãs por ser bem peculiar: tem uma estrutura à nouvelle vague (tanto que alguns o chamam de nouvelle vague japonesa) com direito a momentos cartunescos (balões de fala, fast forward), outros documentais, outros com belíssima fotografia. Essa cena é TUDO:

Entre outras coisas, o longa de Toshio Matsumoto ficou conhecido por ser uma enorme fonte de inspiração para Laranja Mecânica (1971), como fica explícito nesse vídeo:

O próprio Stanley Kubrick confessava a inspiração, apesar dos longas terem tão curto tempo entre o lançamento de um e outro.

Mas o que mais chama a atenção (pelo menos para mim) nesse O Funeral das Rosas é o retrato das mulheres trans e da cena noturna LGBTQ do Japão naquela época. Se o preconceito racial no país, como falei nesse post, já é forte, imagina a LGBTQfobia? É uma doideira.
No Japão (e na verdade, pelo que sei, em grande parte da Ásia), um homossexual afeminado é um pouco mais “aceito” do que um homossexual mais masculino. É um raciocínio meio tortuoso e que para nossa lógica ocidental fica ainda mais difícil de entender: “melhor que não nos engane”. Enganar quem, né, cara pálida? Eu hein. Também acho que a heteronormatividade vê a feminilidade como algo menos ameaçador. Nessa toada, faz sentido a retratação da transexualidade, ainda mais se elevada ao status de arte. Se fossem só homens gays na trama, talvez o filme seria impossível de ter acontecido!

Olha o vinil com floral da gata! Nos cartazes, Édipo Rei de Pasolini - a trama do filme é inspirada nessa tragédia

Olha o vinil com floral da gata! Nos cartazes, Édipo Rei de Pasolini - a trama do filme é inspirada nessa tragédia

A boa notícia é que na programação desse mês do Instituto Moreira Salles de SP está O Funeral das Rosas! Boa oportunidade de ver o longa na telona, hein?

Outro filme que também está em cartaz no cinema de lá e que assisti é o cearense Inferninho, de 2018.

Um se passa em Tóquio, outro em Fortaleza. Ambos mostram um mundo underground e noturno, personagens extravagantes (o coelho do Inferninho é uma pérola, a cantora Luizianne é outra), protagonista transexual e asiática. Yuri Yamamoto é poderosa como Deusimar, a dona do Inferninho em questão, e ao mesmo tempo tem a prosódia cearense, uma combinação de humor zombeteiro e máscara trágica que culmina em complexidade, uma personagem palpável e humana. E o longa Inferninho em si também tem características experimentais, guardadas as devidas proporções, especialmente no fim. O roteiro, mesmo não se prendendo a nenhum gênero, consegue envolver. Não é muito realista, mas acredite: no geral a ficção é uma mentira que dá certo.

Não é um filme para todos os paladares. Mas foi para o meu.

O marujo Jarbas (Demick Lopes) e Deusimar (Yuri Yamamoto)

O marujo Jarbas (Demick Lopes) e Deusimar (Yuri Yamamoto)

Confira a programação de cinema do Instituto Moreira Salles nesse link! E prestigie não só o cinema comercial, vá também assistir a filmes do circuito alternativo - é legal, é diferente, abre a cabeça e o coração. Essa foi a dica do He-man de hoje - tchau!

(e obrigado Camila Barros pela dica de filme! adorei!)