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A primeira versão de Lady Marmalade (e as outras)

October 12, 2020 by Jorge Wakabara in música

Primeiro de tudo, vou precisar perguntar: por onde anda a Mya, hein?
Pois eu te respondo: ela lançou single em 2020 e tudo! Vixe!

Mas vamos voltar. É provável que você saiba que a versão de Lil’ Kim, Pink, Mya e Christina Aguilera (e Missy Elliot fazendo o rapzinho, né) para o hit Lady Marmalade, que entrou na trilha sonora de Moulin Rouge (2001), é uma versão.
E é provável que você ache que a primeira versão é a do grupo Labelle.

Mas… não. Não é!!!

Lady Marmalade é uma composição dos estadunidenses Bob Crewe e Kenny Nolan. Nolan tinha um grupo de disco music, The Eleventh Hour, que era produzido por Crewe. Nolan era o vocalista e o resto eram músicos de estúdio.

Com a febre disco que assolou os EUA e o mundo, era comum que os grupos lançassem muitos singles, na ânsia de obter um superhit nas pistas ou nas rádios (mas, principalmente, nos dois) e conseguir ficar rico graças a essa onda. É por isso que o primeiro álbum do The Eleventh Hour, de 1974, é um… Greatest Hits. Ele junta alguns singles lançados anteriormente e inclui algumas inéditas – entre elas, Lady Marmalade.

E não me entenda mal, a versão original do Eleventh Hour é boa. Acontece simplesmente que ela não fez sucesso, e a do Labelle é melhor.

Diz a lenda que Crewe mostrou a música pra Allen Toussaint em Nova Orleans. E aí entra em cena THE ONE AND ONLY Patti LaBelle e seu grupo.

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Até então, as Bluebells ou Bluebelles tentavam a fama ao redor de tantos outros girls groups e não tinham conseguido se diferenciar, apesar da potente voz da vocalista principal. O tempo passava e Patti via que a coisa precisava mudar.

O quarteto virou um trio (uma delas, Cindy Birdsong, saiu pra se juntar às rivais Supremes, BABADO), elas estavam bem desesperançosas e parece que surgiu uma luz. “Ah, é pra mudar? Então vamos mudar.” Patti, Nona Hendryx e Sarah Dash se reinventaram, numa das reviravoltas mais deliciosamente doidas do pop, e se transformaram no Labelle, um trio que usava roupas futuristas no palco dignas de Lady Gaga e que cantava não só sobre namorinho de portão mas sobre preconceito, revolução e… sexo.

Os looks do Labelle são maravilhosos e absurdos até hoje

Os looks do Labelle são maravilhosos e absurdos até hoje

Falar sobre sexo nas rádios e nas pistas era um escândalo. A escandalosa I Feel Love de Donna Summer, com gemidos e sussurros, só sairia em 1977. Estamos falando de 1974, mesmo ano de lançamento do Lady Marmalade do Eleventh Hour. A canção que falava do ponto de vista de uma prostituta de Nova Orleans era puro escândalo, e Toussaint, o produtor de Nova Orleans que assumiu a gravação do novo álbum do Labelle chamado Nightbirds pela Epic Records, sabia que a pegada rock soul dançante com o tema tabu era explosiva. Em agosto daquele mesmo ano, a toque de caixa, surgia o primeiro megahit do Labelle em single, topo da parada de R&B e da parada principal.

Isso engatilhou o sucesso do Labelle e da própria Patti LaBelle, que seguiria pra ser uma das maiores divas dos EUA com seus cabelos absurdos e performances energéticas da carreira solo.

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Querida…

Eu disse QUERIDAAA… OLHA ESSE PICUMÃ, CARAIO!

O tempo passou… E quem resgatou a música mais de uma década depois, fora alguns covers insípidos, foi Sabrina, uma cantora italiana que tinha um inegável sex appeal, em 1987.

A música estava no álbum de estreia de Sabrina e fez sucesso localizado no continente europeu. Depois, em 1991, foi a vez da protegida do Prince: Sheila E.

A versão dela é bacana mas curiosamente é menos sensual.
Aí, em 1998, surgia a versão de um outro girl group, dessa vez britânico. Estou falando do All Saints! A Lady Marmalade delas já tinha rap e tudo, viu?

Uma versão remixada dessa do All Saints (por Timbaland!) fez parte da trilha sonora de Dr Doolittle (1998).

E sim: aí, em 2001, que Missy Elliot juntou aquele grupo de cantoras poderosas pra trilha de Moulin Rouge. A letra da música foi adaptada, de Nova Orleans pro Moulin Rouge em si, mantendo o toque francês do "Voulez-vous coucher avec moi?” – a origem dessa pegada bilíngue é que o quarteirão da prostituição de Nova Orleans nos anos 1970 era o French Quartier. E a curiosidade: a Patti LaBelle diz que só descobriu o significado da frase ("você quer ir pra cama comigo?”) depois de gravar! Risos!

O clipe de Pink, Aguilera, Mya e Lil’ Kim é um clássico, né? Acho que foi mais influente em matéria de figurino que o filme em si, pelo menos entre as jovenzinhas. Uma coisa lingerie & bordel com maquiagem carregada e cartola que conseguiu traduzir um pouco das roupas das lolitas japonesas mas deixou tudo mais, digamos… malandrinho.

Existe a história clássica que a própria Pink conta que Aguilera queria roubar todas as melhores partes da música (leia-se, as que demonstravam extensão vocal) e Pink não abriu mão da sua, o que teria gerado uma treta entre as duas. Outros detalhes jogam mais pimenta nesse caldeirão: Pink diz que elas foram pra uma boate e que Aguilera tentou bater nela; Aguilera diz que na verdade elas estavam brincando de "gire a garrafa" – aquela brincadeira adolescente feita em roda na qual quem cai nas duas pontas da garrafa tem que se beijar. Xtina conta que… queria beijar a Pink. Oi??? Outro capítulo dessa rinha de cantoras traz Aguilera chamando Linda Perry, parceira de Pink em composições, pra colaborar com ela – Pink levou pro pessoal e não economizou comentários em entrevistas posteriores…

Em teoria, elas fizeram as pazes em algum momento.

Mais especificamente nesse momento: no programa The Voice em 2017, quando se reencontraram, Aguilera como uma das juradas e Pink como treinadora convidada

Mais especificamente nesse momento: no programa The Voice em 2017, quando se reencontraram, Aguilera como uma das juradas e Pink como treinadora convidada

Minha versão de Lady Marmalade preferida? Aqui, a mais gritada de todas:

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October 12, 2020 /Jorge Wakabara
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música
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As muitas versões de Diana

September 05, 2020 by Jorge Wakabara in música

Percebi que cometi um erro feio aqui: fiz aquele post sobre a relação de Diana com Odair José e agi mais ou menos como os jornalistas da época, valorizando mais essa atribulação do que o trabalho e o talento de Diana em si.

Tá na hora de mudar isso. No programa Quatrilho que acabou de ir ao ar no meu podcast, prometi que iria trazer mais versões em português de músicas internacionais gravadas por Diana ao longo de sua carreira. E vou cumprir! Para quem ainda não ouvir, a que foi incluída no podcast é Tudo que eu Tenho, versão assinada por Rossini Pinto de Everything I Own do Bread.

Vamos para as outras? Vou fazer um compilado, OK, porque são muitas!

Ainda Não Sou de 1975

Já da fase sem Raul Seixas na produção (ele produziu os primeiros álbuns de Diana), Ainda Não Sou é versão da própria Diana para um sucesso de Johnny Nash que talvez você conheça na voz de outra pessoa. É esse aqui: I Can See Clearly Now de 1972. Ou seja, a versão de Diana é de apenas três anos depois do lançamento.

Esse foi o maior hit da carreira do texano Nash. Mas talvez você conheça o sucesso pela voz de Jimmy Cliff em gravação mais popzêra, de 1993! Ela entrou na trilha do filme Jamaica Abaixo de Zero, do mesmo ano.

E muita gente já regravou I Can See Clearly Now. Outro notório que já colocou sua voz nela foi Ray Charles em 1978.

Porque Brigamos, de 1972

Sim: um dos maiores sucessos do primeiro álbum de Diana é uma versão, também assinada por Rossini Pinto, e não é fraca, não. A original é de ninguém menos que Neil Diamond, a igualmente linda I Am… I Said.

Fresquinha na época, ela saiu no mesmo ano de 1971 no álbum Stones. Diamond diz que demorou quatro meses para compô-la, e que ela saiu de suas sessões de psicanálise. Dizem que na verdade a música era uma encomenda para um filme sobre a vida de Lenny Bruce, o comediante. Essa imersão para tentar compô-la deu em sentimentos tão à flor da pele que o músico precisou frequentar sessões de terapia!

Versões em outras línguas também existem. Gosto dessa, em italiano, por Caterina Caselli também em 1971.

Alguém Para Me Fazer Feliz, de 1974

Donizette, um cara que já compôs coisas para Odair José, assina essa versão de Montagne Verdi, do repertório de Marcella Bella. A original é de 1972.

A música é composição de Giancarlo Bigazzi e Gianni Bella. Bigazzi é compositor de diversos sucessos italianos, e Gianni, como vocês podem imaginar pelo sobrenome, é irmão de Marcella. Foi com Montagne Verdi que a artista cresceu e apareceu no Festival de San Remo de 1972.
E uma curiosidade é que Montagne Verdi faz parte da trilha sonora da polêmica série Baby da Netflix, que traz na sua trama adolescentes italianas que se prostituem.

Meu Lamento, de 1972

Mais uma versão de Rossini Pinto do clássico primeiro álbum azul, mas dessa vez ela vem do Peru.

Raúl Vásquez, o chamado el monstruo de la canción, lançou essa música, pelo que entendi, em 1970. Ele era representante da nueva ola peruana, tipo a correspondente por lá da Jovem Guarda do Brasil. Porém, a música usada como base aqui pode ter sido a regravação bem sucedida do argentino Pepito Pérez, de 1972 mesmo.

Prefiro a do Raúl, mas o sotaque argentino tem seu charme. KKKKKKKKKKK!

No Fundo de Minh’Alma, de 1972

Mais uma do disco de estreia, mas decidi incluir por causa do caráter instigante. Dessa vez, Rossini Pinto fez uma versão de uma música original… croata.

De 1971, a gravação de Mišo Kovač é composição de Stjepan Mihalinec e Drago Britvic. Não saberia pronunciar tudo isso, que bom que estou escrevendo. Mišo é uma das maiores estrelas da Croácia e da antiga Iugoslávia, o maior vendedor de discos que a região já viu. Ele ganhou o Festival de Split de 1971 (um festival de música pop da Croácia) com Proplakat će Zora e acredita-se que esse seja o single mais vendido da história da Iugoslávia, embora isso seja difícil de provar depois da guerra. Segue firme e forte na carreira até hoje.

Muito Obrigada, de 1975

Reconheceu? É uma versão de Diana para Anticipation de Carly Simon!

De 1971, a música é um dos maiores hits de Simon e foi trilha da campanha do catchup Heinz entre fim dos anos 1970 e os anos 1980. E olha essa versão aqui, de 1972:

Nora Aunor é uma artista filipina, superestrela por lá. Não só canta como é a grande dama do cinema filipino. Chique!!!

Eu Acredito em Mim, de 1995

Uma mais recente! A versão de Diana é de uma música de Russ Ballard.

Do álbum homônimo Winning de 1976, a música depois ainda virou sucesso com a guitarra de Santana em uma versão de 1981. Nessa, quem canta é Alex Ligertwood.

E antes disso, uma mulher também a gravou. Nona Hendryx, que fazia parte do super girl group Labelle, cantou Winning no seu álbum solo de estreia de 1977. E arrasou!

Sem Barulho, de 1976

Essa música, versão de Paulo Coelho (ele mesmo, o mago, o alquimista!) de tons gospel, saiu no álbum de Diana de 1976 – é, aliás, a única versão dele. A original? É essa aqui:

Humblement Il Est Venu do Georges Moustaki foi lançada em single em 1975 e já tinha esse tom cristão. Moustaki dispensa apresentações: ícone master da música francesa e também um exemplo vivo e andante de multiculturalismo: egípcio-francês de origem judaica, italiana e grega. Quase uma ONU.

Eu te Amo, de 2002

Finalmente, a mais recente de todas: Eu te Amo é versão de Mauro Motta para uma original de Luis Ángel Márquez, Tu Me Quemas.

Tu Me Quemas está no disco de 1986 de Luis Ángel, o Amar a Muerte. É um dos grandes sucessos dele!

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September 05, 2020 /Jorge Wakabara
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