A disco music brasileira

Gosto muito de disco music, mas se for brasileira é ainda melhor. Acho que foi lá no começo dos anos 2000 que comecei a gostar mais - tinha uma festa chamada Ressucita-me que eu e meus amigos frequentávamos e ela costumava tocar esse tipo de coisa.
Mas se nos EUA e em outros lugares do mundo a disco music teve um viés libertário para os gays e para os negros, aqui a música nesse estilo em português e produzida no Brasil não chegava nisso. Era capitali$mo mesmo, tudo orquestrado por homens brancos tipo Carlos Imperial e Mister Sam. Paciência - pelo menos vejo uma sexualidade mais livre em Gretchen, Ronaldo Resedá e Sarah Regina, uma negritude glamourosa em Lady Zu, uma saída do eixo do Sudeste com Miss Lene.
Abaixo coloquei algumas das minhas disco songs preferidas em português. Você tem alguma que acha mara e não está aqui? Me avisa, talvez eu não conheça!
A gente se encontra na pista!

#1: A Noite Vai Chegar (1977) - Lady Zu

"Meu pensamento está tão longe"… Um clássico: ouvi demais um disco que foi relançado em formato CD e tinha esse mega hit. A voz chiquérrima de Zuleide (o nome verdadeiro dela) merecia ser mais reverenciada. Ela tentou retomar a carreira na década de 2000 mas não chegou a fazer o sucesso retumbante da década de 1970.

#2: Amor Bandido (1979): Sarah Regina

Sarah foi a finalista de um concurso do Show de Calouros do Silvio Santos mais ou menos nessa época. Depois de tentar mais um tanto a carreira de cantora, acabou indo para a dublagem, jingles e backing vocals. Mas antes, em 1981, lançaria o disco Felina, que teria entre outras coisas… uma versão de Can't Take my Eyes Off of You que é bem, hum, instigante! Chama-se Tenho Sede. Hehehehehe! Gosto de Amor Bandido e de outras das músicas que estão nessa lista especialmente por causa das letras, são populares e divertidas!

#3: Cara de Pau (1978) - Ana e Ângela

Ana na verdade chamava Áurea e já tinha uma carreira atrelada ao estilo da Jovem Guarda. Gravou, por exemplo, uma versão de Goodbye do Paul McCartney em 1969. E Ângela, na verdade Ângela Márcia, é a mulher de Sérgio Reis! Essa música fez parte da trilha da novela Te Contei? da Globo. Falando nela…

#4: Te Contei? (1978) - Sônia Burnier

Nem tão disco, deliciosamente pop: a música de Rita Lee e Roberto de Carvalho foi para a abertura da novela cantada por Sônia Burnier. Se o nome não é estranho para você, existe um motivo: ela é irmã de Otávio Burnier, que formava a dupla Burnier e Cartier. Eu ADORO o álbum deles de 1974. Junto com eles, Sonia gravou a trilha sonora do Sítio do Picapau Amarelo - eles cantavam a música da Jabuticaba e a do Saci. Tanto Tavynho quanto Sonia eram sobrinhos de Luiz Bonfá. Participaram de gravações com ele. Minha opinião: Sonia era mais do jazz do que do pop e Te Contei? foi uma diversão passageira.

#5: Pertinho de Você (1978) - Elizângela

O produtor Hugo Bellard misturou a batida que ele ouviu num disco do jamaico Jesse Green (talvez de Nice and Slow? Parece) com o estilo de cantoras tipo Tina Charles (de ultrasucessos como I Love to Love). Virou uma brincadeira com a atriz Elizângela, sem grandes pretensões… mas que vendeu 20.000 de compacto (single) por semana no Brasil. 54 semanas nas paradas de sucesso da época. E é uma delicinha mesmo - a banda Capim com Mel gravou já nos anos 2000 em ritmo de forró e virou sucesso de novo!

#6: Quem é Ele? (1978) - Miss Lene

Miss Lene é a cearense Frankislene Ribeiro Freitas. Adoro essa e Deixa a Música Tocar, da mesma época. Depois ela gravaria Vivendo com Medo em 1980 - a música tema é de Guilherme Arantes, e o disco ainda trazia uma versão de uma balada bem linda de Kate Bush, O Homem. A voz de Miss Lene é bem potente. É engraçado que, dessa turma, a que tinha menos voz foi a que seguiu carreira com altos e baixos, mas vários altos, até hoje. A gente chega nela daqui a pouco, mas acho que você sabe de quem eu estou falando…

#7: Acenda o Farol (1978) - Tim Maia

Um pouco depois do período Cultura Racional - e da desilusão com a religião do Universo em Desencanto - Tim Maia caiu no hedonismo da discoteca em Tim Maia Disco Club. Acenda o Farol é a segunda faixa do álbum, arranjos de Tim com arranjos de metais e cordas de Lincoln Olivetti - ele também tocou piano elétrico, órgão e sintetizador. Conta com a Banda Black Rio na cozinha. Amo!

#8: Bem-me-quer (1980) - Rita Lee

A partir do encontro com Roberto de Carvalho e depois de ser presa por porte de maconha, Rita Lee passou por uma reinvenção. Da roqueira que os pais não queriam que os filhos ouvissem, ela se transformou na cantora das baladas que a família inteira ouvia junto. Bem-me-quer, que é quase uma disco music e está no álbum de 1980 que abre com Lança Perfume (outra "quase disco music, quase marchinha de carnaval"), tem um solinho de guitarra maravilha no começo. E Gal Costa também canta!

#9: Felicidade (Margarida) (1980) - Harmony Cats

Esse clipe não-oficial deve ter sido feito por um fã. Acho que Margarida é da primeira formação do Harmony Cats, se não me engano, com Cidinha, Rita Kfouri, Juanita, Maria Amélia e Vivian Costa Manso. A ideia foi de Helio Costa Manso: juntou a irmã Maria Amélia, a mulher Vivian e mais 3 cantoras e fez uns medleys de sucessos em ritmo dançante. Tanto Maria Amélia quanto Vivian também fizeram parte da mítica banda Sunday do Helio (também produtor, já foi da RGE e Som Livre), que gravou pencas de covers dos anos 1970 para frente. Teve um set da época que eu era DJ e tocava com a Talita Denardi que a gente começou, se não me engano, com Felicidade. Esse começo é irresistível!

#10: Sábado que Vem (1978) - Brenda

Nunca encontrei uma informação sobre a Brenda, mas certamente ela é gringa. Ou está forçando um sotaque engraçado. Só sei que foi produzida por Roberto Livi - a gente já falou dele aqui, o argentino por trás da invenção da origem cigana de Sidney Magal. Mas a música é absolutamente maravilhosa, ouço desde pequeno num disco que era de uma das minhas irmãs de coletânea de sucessos. Ficava chocado com a descrição do look: “Eu vou vestir meu camisão estampado / a calça jeans de boca apertada / uma sandália de salto fino / e no cinto uma bolsinha amarrada”. Se eu fosse estilista, fazia uma coleção inspirada nessa música.

#11: Marrom Glacê (1979) - Ronaldo Resedá

O Kid Discoteca: o bailarino carioca era também ator e, em 1976, se lançou como cantor em um espetáculo no lendário Teatro Opinião, do Rio. Depois de participar de algumas trilha sonoras gravou um disco, no qual essa música aparecia (e que trazia Ronaldo de smoking branco já na capa). O power trio Guto Graça Mello, Mariozinho Rocha e Renato Correa compuseram Marrom Glacê, que também virou tema de novela.

#12: Dance With Me (1979) - Gretchen

Aí vem ela: antes de Freak Le Boom Boom, do Melô do Piripipi e de Conga Conga Conga, Grechen surgiu com Dance With Me. Foi um estouro. Ela era sexy mas agradava crianças, não tinha voz mas tinha carisma e um corpão. Resultado: virou uma das celebridades mais célebres do Brasil. Talvez a mais famosa de toda essa lista de músicas. Talvez mais que Rita Lee - é possível que algum brasileiro saiba quem é Gretchen e não saiba quem é Rita Lee, não é? Escolhi essa música porque no fim ficou a menos conhecida, mas as outras são igualmente incríveis.

#13: Dancing Days (1978) - Frenéticas

Clássicos são clássicos: Leiloca (hoje astróloga dos famosos), Sandra Pêra (a atriz irmã de Marília), Dhu Moraes (até hoje atriz da Globo, antes foi do musical Hair, depois trabalhou muito com Chico Anysio e foi a Tia Nastácia da versão de 2001 de Sítio do Picapau Amarelo), Lidoka (que virou empresária), Regina Chaves (foi casada com Chico Anysio e também trabalhou bastante com ele) e Edyr de Castro (então mulher de Zé Rodrix, também foi do Hair e também era atriz) eram as Frenéticas, maior símbolo da disco music brasileira. Sandra é a chave de tudo - ela que chamou a maioria das integrantes para trabalhar na boate Frenetic Dancing Days por meio do seu então cunhado Nelson Motta. Surgiam as Frenéticas, que eram garçonetes e num certo momento da noite subiam no palco para cantar - o nome vem da boate! Pois é, chora Johnny Rockets. Esse maior hit delas continua sendo música obrigatória em ocasiões tipo festa de formatura, aniversário de quinze anos, festa de casamento…

#14: Não Existe Pecado Ao Sul do Equador (1978) - Ney Matogrosso

Ney Matogrosso transforma a música de Chico Buarque composta em 1973 para o musical Calabar: o Elogio da Traição em uma disco music deliciosa. A peça foi proibida pelo regime militar e só seria liberada 7 anos mais tarde. Mas Chico já tinha gravado a canção no seu álbum de 1973, Chico Canta, que foi megacensurado. Essa versão de Ney, que acabou virando uma versão definitiva, entrou na trilha da novela Pecado Rasgado. O título vem de um trecho da música que surgiu por causa da censura: o verso "Vamos fazer um pecado safado debaixo do meu cobertor” virou “Vamos fazer um pecado rasgado, suado, a todo vapor".

#15: Sublime (2018) - Gal Costa

Diva é diva: Gal Costa voltou à disco em pleno 2018. Ela já tinha dado umas misturas de disco music com outras coisas nos seus hits mais dançantes entre o fim dos anos 1970 e começo dos 1980 (será que Balancê é uma marchinha disco?), mas Sublime, que chegou nela como um samba, foi transformado em disco total. E virou uma das minhas músicas preferidas da Gal - o que não é pouco, existem muitas! Hehehehe

Dance como Sônia Braga!

Dance como Sônia Braga!

O mundo ficou (ou sempre foi?) pequeno demais para nós todos: China, mercado de luxo, Tarantino etc. e tal

Um artigo do Business of Fashion me chamou muito a atenção essa semana. É esse aqui sobre a atual relação de marcas de luxo em relação à China, infelizmente fechado para assinantes (mas quem tem amigos tem tudo, obrigado Manoella Cheli, kkkk). Versace, Coach e Givenchy atingiram - involuntariamente, alegam - o orgulho chinês ao fazerem peças de roupa nas quais apontam Hong Kong e Macau como países independentes, ou Taipei como uma cidade do país Taiwan, ou tudo isso junto.

Camiseta da discórdia da Coach

Camiseta da discórdia da Coach

Outras marcas, como a Chanel e a Calvin Klein, também apresentam os países como sendo independentes nas listas que aparecem nos seus sites.
O problema: essas são regiões administrativas chinesas, apesar de existirem movimentos separatistas. E o nacionalismo chinês está bombando. Resultado: boicote e quebra de contrato de celebridades chinesas como a modelo Liu Wen, que era embaixadora da Coach, ou a atriz e cantora Yang Mi, que era embaixadora da Versace, e ainda Lay Zhang, estrela do k-pop que nasceu na China, até agora ligado à Calvin Klein mas ameaçando sair.
O problema maior é que a China é um mercado superimportante para a moda, especialmente no mercado de luxo. As marcas, que estão adicionando comitês de diversidade e cargos como diretor de diversidade (?!) nas suas fileiras por causa de constantes casos de falta de sensibilidade racial e afins (para ficar num termo bem suave), parece que mesmo assim não conseguem entender questões além das suas fronteiras. Em momento de polarização política fervilhante, será que multinacionais que querem abraçar o mundo todo possuem braços curtos demais para isso?
E será que isso vai trazer valorização do que é produzido localmente, mesmo no caso do mercado de luxo? O mercado de luxo da moda, atualmente, precisa se equilibrar entre tradição, inovação e excelência de qualidade no produto e serviço. Existem marcas tradicionais chinesas capazes de virar essa chave?

Muitas, muitas perguntas. Mas a questão que mais me toca é a visão ocidental a respeito do asiático - Dolce & Gabbana inclusos, claro.

A propaganda superinfeliz e racista da Dolce & Gabbana de 2018 - saiba mais no link

A propaganda superinfeliz e racista da Dolce & Gabbana de 2018 - saiba mais no link

E isso nos leva ao Era uma vez em… Hollywood, filme de Quentin Tarantino recém-lançado por aqui.
Não vou entrar muito no mérito se o filme é bom ou ruim - tem bastante gente elogiando e eu achei uma bobagem, tenho achado que os filmes do Tarantino no geral envelhecem mal nesses tempos, obras feitas para homem branco hétero pretensamente sensível e sinceramente estou sem paciência para homem branco hétero pretensamente sensível. Portanto não vou falar da falta de necessidade do foco na bunda da atriz Margaret Qualley quando ela está conversando com Cliff Booth (Brad Pitt) debruçada no carro e outras objetificações da mulher (incluir uma cena de Pitt sem camisa não tira esse forte sabor de heteronormatividade masculina tosca da filmografia do cineasta). E se você quiser assistir algo sobre nostalgia e envelhecer, sinceramente acho que Dor e Glória é muito mais interessante, instigante, impactante, diverso.

Pussycat (Margaret Qualley) e Cliff Booth (Brad Pitt) - o "nome” dela também gera uma das piadas mais infames do longa

Pussycat (Margaret Qualley) e Cliff Booth (Brad Pitt) - o "nome” dela também gera uma das piadas mais infames do longa

Mas na verdade o meu ponto está na visão de Tarantino sobre Bruce Lee.
Lembrando que esse é o mesmo Tarantino que homenageou Bruce Lee em Kill Bill, então eu penso, uai?

Montagem que tirei daqui: de um lado Uma Thurman em Kill Bill (2003), do outro Bruce Lee em Jogo da Morte (1978)

Montagem que tirei daqui: de um lado Uma Thurman em Kill Bill (2003), do outro Bruce Lee em Jogo da Morte (1978)

Existiam teorias antes do lançamento do longa. Dizem que na vida real Roman Polanski, que obviamente ficou desesperado depois da tragédia envolvendo a mulher Sharon Tate (o assassinato dela grávida pelas mãos da família Manson), desconfiou de Bruce Lee como o assassino (!!!). Lee conhecia Tate e inclusive a treinou para um filme - isso aparece rapidamente no roteiro de Tarantino. O ator comentou com Polanski em um certo momento que tinha perdido os óculos - e foram encontrados óculos na casa de Polanski e Tate, que a polícia achou num certo momento que poderiam ser uma evidência.
Quem assistiu o filme ou ouviu falar das declarações da filha de Bruce, Shannon Lee, sabe que não foi bem assim que o "personagem” Bruce Lee apareceu.

Mike Moh no papel de Bruce Lee no filme de Tarantino

Mike Moh no papel de Bruce Lee no filme de Tarantino

A princípio Shannon reclamou porque Tarantino teria mostrado seu pai como uma caricatura arrogante. O que se diz é que Bruce era bem autoconfiante mesmo. Daí para arrogante, acho que depende de quem você está falando.
MAS
Existem vários relatos envolvendo mulheres autoconfiantes (como a jogadora Megan Rapinoe), ou negros autoconfiantes (como o influenciador Spartakus Santiago), ou mulheres negras autoconfiantes (como a atriz Taís Araújo) apontando-os como arrogantes.
Em todos esses, a militância defende que isso é preconceito.

Sim, isso quer dizer que achei o retrato que Tarantino fez de Bruce Lee extremamente racista.
Além disso, não acho que Tarantino só o mostrou como arrogante, mas o ridicularizou em sua insegurança de macho branco cretino. A cena é idiota. Se fosse um ator negro historicamente importante como Lee nessa cena, as pessoas estariam caindo de pau em cima do Tarantino.

Bruce nasceu na Califórnia e cresceu em Hong Kong. Foi uma estrela asiática que conseguiu destaque numa Hollywood branca e racista. Morreu tragicamente cedo.

Bruce Lee em cena em Operação Dragão (1973)

Bruce Lee em cena em Operação Dragão (1973)

A cena é importante para o desenvolvimento do roteiro? Até é: mostra que Cliff é bom de briga, traz uma informação importante sobre o passado de Cliff à tona. Precisava ridicularizar um ator asiático historicamente importantíssimo?
Não.
Tarantino, falta muito para você chegar no século 21?

Tarantino respondeu as acusações de Shannon se defendendo. Shannon não teve dúvidas: mandou-o se desculpar ou CALAR A BOCA.
Assino embaixo.

O ocidente ainda não entende o oriente em pleno 2019. É mais fácil ridicularizar e deixar na caixinha do "exótico engraçadinho”.
E a polarização aumenta…

Enquanto isso, para quem não sabe: os autores de Mate-me Por Favor estão fazendo um livro sobre os crimes de Charles Manson há uns QUINHENTOS ANOS mas parece que agora vai sair. Confira entrevista reveladora com eles na Rolling Stone.

Há 50 anos e alguns dias, acontecia o assassinato de Sharon Tate e seus amigos.
O culto de Manson era racista (especialmente com negros), coisa que não é explicitada em Era uma vez em… Hollywood. Charles Manson tatuou uma suástica na testa depois de preso.

Terra à Deriva é igual mas é diferente

Terra à Deriva é um filme chinês que já conquistou uma das maiores bilheterias do ano. Não é pouco num ano que teve Vingadores: Ultimato, O Rei Leão e Toy Story 4. Mas acontece que Terra à Deriva é chinês - você prestou atenção na primeira frase? E já está disponível na Netflix. Você já viu? E por que será que ele conquistou tanto público?

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A estrutura de fato é meio parecida com qualquer filme blockbuster catástrofe. Só que tem umas diferenças sim. Vamos a elas?

Não, não vamos deixar a Terra

A primeira, que na verdade meu marido que me chamou a atenção, é que geralmente a solução colocada para cenários catastróficos que envolvem um apocalipse terrestre indicam a nossa saída do planeta para colonizar outro. Aqui a premissa é diferente, bem pouco convincente no que diz respeito à ciência mas que funciona no roteiro: a ideia é mover a Terra para outro sistema solar (!) com motores ultrapotentes distribuídos pelo globo (?!) e a população restante morando em cidades embaixo da Terra (???), portanto protegidas do clima que é obviamente congelante. O motivo: o sol está um pouquinho revoltado e vai explodir.
Como eu já disse, devem existir cerca de duzentos mil furos científicos na trama. Mas juro que funciona em termos de entretenimento.

Nossa, o foco NÃO é Nova York! O foco não é os EUA! Que milagre!

A invasão alienígena sempre vai começar pelos EUA. Pelo menos é o que os filmes de Hollywood nos levam a crer. Mas aqui a coisa está um pouco diferente: o filme se passa na China; as cidades envolvidas são chinesas; as referências da cidade subterrânea são chinesas. Isso dá uma cara diferente para o longa, sem deixar de lado o capricho em efeitos visuais e direção de arte.

Liu Peiqiang (Jing Wu) na estação espacial

Liu Peiqiang (Jing Wu) na estação espacial

Um elenco majoritariamente asiático

Um russo, um mestiço meio chinês meio australiano. O resto é tudo chinês! Ao mesmo tempo, o filme dá uma sensação de realidade global ao citar e mostrar ações de outras nações, e incluir outras línguas no roteiro. Mas não tem jeito: talvez a sensibilidade de uma audiência branca não perceba o quanto isso muda tudo para asiáticos. É um filme de ação, de ficção científica e um blockbuster com pessoas asiáticas - coisa que é muito difícil de chegar no ocidente. E é bem diferente de Podres de Ricos.

Gosto bastante de Podres de Ricos, mas ele é um filme mais para sino-americano do que asiático mesmo. E o fato da história do romance ser protagonizada por asiáticos é inerente a ela - coisas acontecem que não aconteceriam se os protagonistas fossem brancos. Não é o caso de Terra à Deriva: podia ser nos EUA, podia ser com um elenco branco ou multiétnico, não faria diferença para a trama fora a substituição de nomes e locais. Mas é na China, é com chineses.

Liu Qi (Chuxiao Qu), o galã do longa

Liu Qi (Chuxiao Qu), o galã do longa

Muitos momentos-chave

Normalmente filmes assim têm um ou dois ápices muito tensos no roteiro de "será que vai rolar?” - eles acontecem quase no fim e pronto, acabou-se. Terra à Deriva tem mais de duas horas de filme e isso se justifica pelo roteiro montanha russa: são diversos ápices tensos, alguns plot twists que se distribuem ao longo do filme, e não existe economia em mortes chocantes, quase tipo Game of Thrones.

Ou seja: é perfeito? Não. Mas é bom sim, pelo menos eu achei, pode colocar na sua listinha!

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O lamen do Naruto

Esse post é uma sugestão de Eduardo Viveiros, o nome por trás de Calma.
E trata-se disso:

Queria deixar claro que adoro o Naruto, adoro otakus, adoro tudo.
Mas vamos explicar um pouco melhor do que se trata o lamen do Naruto, então?
Para começo de conversa, o lamen do Naruto é um dos lamens mais comuns que existe, o missô lamen, ou lamen à base de missô (que vem a ser a pasta fermentada de soja com outros ingredientes, base também daquela sopinha missoshiru). Você pode fazer em casa? Até pode, mas em teoria não fica tão bom quanto o do restaurante, onde eles fazem o caldo por horas e horas cozinhando um monte de coisa (a receita varia de restaurante para restaurante mas pode ter osso, carne de porco, cogumelo etc etc.).

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O restaurantezinho Ichiraku Ramen, que é o preferido do Naruto, é uma homenagem a um restaurante real que o criador do mangá, Masashi Kishimoto, frequentava quando estava na universidade. Só que esse específico fechou - ficava em Fukuoka. Parece que era uma rede e tem outras unidades ainda abertas.

Mas se eu disse que o lamen do Naruto é um dos mais comuns do mundo, então eu vou encontrar em todo lugar, certo?
Não é bem assim. Tem um pequeno detalhe.

Isso é naruto

Isso é naruto

Sim: o nome do Naruto vem disso daí, o naruto ou narutomaki. É uma "massa de peixe", do mesmo jeito que kanikama é uma "massa de caranguejo".
Se você pensou "salsicha", bom, é mais ou menos por aí mesmo.
O naruto geralmente tem esse formatinho, que eu acho que é para agradar o público infantil.
Acontece que narutomaki não é algo considerado muito, hum, gourmet - para usar uma palavra da moda. Então os restaurantes de lamen não costumam incluí-lo na receita, apesar de ser algo muuuuito tradicional. Isso quer dizer que a casa da batchan (vovó em japonês) tem; no restaurante (pelo menos nos de São Paulo) não.
Só que no anime Naruto tem naruto no lamen, então o lamen do Naruto… tem que ter naruto!

Como eu já expliquei lá em cima, o caldo do restaurante fica horas sendo preparado. Então você tem duas opções: fazer em casa mesmo e paciência, está cheio de receita na internet e em vendinhas nipônicas dá para encontrar pozinhos bem mais próximos do ideal (e bem distantes do pozinho do miojo que o brasileiro conhece bem). Nessas mesmas vendinhas você acha o narutomaki - corte-o em fatias finas e pronto.
Oooou… você pode levar o seu naruto cortadinho num tupperware para o restaurante. Ah. Nada impede, né?

Nham!

Nham!

Bônus:

A saga do desodorante sem alumínio... parte 2!

Bem no começo do blog, há quase 4 meses, eu escrevi um post sobre a minha procura por desodorantes sem alumínio diferentes - porque para complicar eu gosto de variar no dia a dia. Afff. O lado bom é que sempre estou experimentando novos desodorantes sem alumínio - a ponto de eu conseguir uma nova leva para fazer esse novo post!
Aviso 1: Todos são importados. Infelizmente o mercado brasileiro é megacarente de desodorantes sem alumínio. Comprei esses que cito na minha última viagem para Londres - menos um, que dá para achar por aqui mas é caro.
Aviso 2: Os meus preferidos seguem sendo dois que citei no post anterior - o da Love Beauty and Planet da Unilever que dá para achar em farmácias daqui e o da Jasön de pêssego. O primeiro uso mais para o dia a dia (afinal, acho fácil aqui) e o segundo quando quero… enfim… cheirar pêssego. <3 Eles têm segurado super, mesmo nos dias de mais calor.
Bom, vamos aos novos!

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Bioooonseeen

Para começar é óbvio que a primeira coisa que você pensa quando você lê esse nome é Beyoncé. Mas na verdade esse desô é formulado, segundo eles mesmos, com sais de termas japonesas. Por isso o nome: onsen é como são chamadas as fontes termais do Japão.

É bom? É bonzinho sim. Mas não confio nele para mais de 30º.

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Suave na nave

Não me diga que um desodorante é Soft & Gentle, pois imediata e automaticamente vou achar que ele NUNCA vai funcionar em mim e em nenhum ser humano normal.

Pior que até achei que ele funciona um pouco. Mas sei lá, uso mais quando não tenho compromisso algum! kkkkk O cheirinho é gostoso, meio de mulher limpinha.

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O terrível sal da terra

Só estou mantendo esse desgraçado para tirar a foto para divulgar esse post. Ele é HORRENDO, parece que já tem cheiro de cecê azedo. Não tem nem o que fazer. Vou jogar fora porque não quero que ninguém passe por isso.

Eu sei que ele diz que é "sem cheiro” na embalagem. Não acredite. Ele tem cheiro sim, e é um cheiro RUIM!

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Tem no Brasil, meninas!

Uma das coisas mais caras que eu já passei no suvaco na minha vida. Só que eu me ferrei: o Bavx da L’Occitane é bom, o cheiro é uma delícia e ele supersegura. Vou ter que continuar pagando.

Minha dica é: fica de olho num outlet da L’Occitane (sim, isso existeeee) que fica na rua Normandia, em Moema, aquela que fica toda enfeitadinha no Natal. É engraçado que uma marca tão francesa tenha seu outlet numa rua chamada Normandia, né? Bom, lá você encontra muitos produtos da L’Occitane com um preço bem mais camarada. Não chega a ser barato. Mas ao menos o seu rim esquerdo vai continuar com você.

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Bem trash kkk

Olha esse nome! kkkkk

Sim, ele é bem parecido com o da L’Occitane, porém mais barato e com cheiro de eucalipto - que eu gosto, mas tem gente que odeia. Gostei dele, apesar do marketing um tanto, er, idiota. Mancave é foda, né?

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Cheiro refrescante

Sensação nem tanto

A culpa nem é dele. Mas para mim, desodorante sem alumínio que é úmido, caso desse, me dá uma impressão que vai funcionar menos. Sei lá, TOC? Enfim. Mas ele é gostoso sim, e a Neal's Yard é uma farmácia bem reconhecida de Londres. Então acho que você devia experimentar se ficou instigado.

E é isso! Algum desodorante sem alumínio que não esteja nem nessa lista, nem na anterior? Me avisa! Quero testar!