Wakabara

  • SI, COPIMILA • COMPRE MEU LIVRO
  • Podcast
  • Portfólio
  • Blog
  • Sobre
  • Links
  • Twitter
  • Instagram
  • Fale comigo
  • Newsletter
round-6.jfif

Round 6 não é Battle Royale e Jogos Vorazes, e eu vou explicar o porquê

October 04, 2021 by Jorge Wakabara in cinema, TV

De tempos em tempos, surgem uns fenômenos pop na Netflix que são muito interessantes. Fico atraído principalmente pelos que estão “fora do eixo”, ou seja, não são produções estadunidenses. La Casa de Papel nunca me pegou porque sempre achei de uma energia heterossexual demais (desculpem-me pela heterofobia), mas entendo o apelo. A alemã Dark já me complicou a cuca na primeira temporada - adorei, mas evitei seguir em frente por preguiça de entender a trama complexa (percebi que, quando lançou a segunda temporada, já fazia muito tempo que eu havia assistido à primeira e que eu teria que fazer ainda mais esforço para lembrar e compreender tudo hehehehe).

Outras, como a belga Noite Adentro, a islandesa Katla e a russa Cidade dos Mortos, tinham tudo para pegar, mas sei lá porque não pegaram tanto, apesar de terem fãs. Sou um deles: gosto e recomendo as três.

Mas estou aqui para falar de uma série coreana que virou um fenômeno pop e entrou para o topo dos conteúdos mais vistos da Netflix em todos os países, assim, de repente. TODOS mesmo. É ela: Round 6, ou o Jogo da Lula.

squid-game.png

Qual é o segredo? Acho que é uma junção de coisas. Visual instagramável dos cenários dos jogos (sério, acho que isso contou muito), figurinos e iconografia que chamam a atenção (as máscaras, a repetição do quadrado-triângulo-retângulo, o visual dos VIPs e do líder, os caixões em formato de caixa de presente), a impagável e marcante boneca Batatinha Frita 123 (como pode uma personagem que aparece tão pouco entrar para o imaginário pop com tanta força?), personagens minimamente carismáticos, gente-bonita-clima-de-paquera (a imigrante norte-coreana Sae-byeok, a “amiga” dela Ji-yeong, o policial Jun-ho, e o recrutador sem nome que dá tapas na cara de Gi-hun: modeletes, né? Sang-woo também é bem bonitão).

Mas volta a fita: para quem não sabe do que eu estou falando, Round 6 traz a história de um jogo criado para um seleto grupo de milionários (os VIPs, que, aliás, não são amarelos, vale salientar) assistirem. Os participantes são pessoas que estão devendo muito dinheiro e querem ganhar a enorme quantia do prêmio. Só que tem um detalhe: o jogo é mortal, literalmente. Você morre se não consegue chegar no objetivo de cada rodada (que são seis, daí vem o nome).

Outro fator importante é: quanto menos gente viva, mais dinheiro fica acumulado no prêmio e menos gente tem para dividi-lo.

round-six.jpg

Te lembrou algo? Bom, parece Battle Royale mesmo. E não é à toa: o criador de Round 6, Hwang Dong-hyuk, já disse que o mangá Battle Royale (que veio antes do filme) foi uma das fontes de inspiração.
E os livros que viraram cinessérie Jogos Vorazes, todo mundo diz, parecem “bastante inspirados” em Battle Royale (sim, isso foi um eufemismo).
MAS todavia contudo porém digo logo: consigo identificar diferenças que ao meu ver são cruciais entre Battle Royale (e Jogos Vorazes) com Round 6. Vamos a elas.
Vão vazar uns spoilers. Teje avisado.

Aqui é vida real, bróder

Em Battle Royale, um regime totalitário fictício que organiza os torneios com estudantes do qual só um sai vivo, em resposta à delinquência juvenil (nunca entendi direito como um jogo mortal como esse vai controlar a delinquência juvenil de um país, mas vá lá, tudo pelo entretenimento). Jogos Vorazes se passa em um futuro distópico com uma capital, Panem, e 12 distritos - que ficariam onde hoje está os EUA.

Round 6 é uma história fictícia, claro, mas ela não se passa em realidade paralela ou no futuro de Seul. A referência é a nossa realidade (ou melhor, a realidade sul-coreana). Tanto que é explorado o absurdo que esse jogo significa - ou seja, os personagens dividem a indignação do que estão vivendo com a gente. Em Battle Royale, os participantes do jogo também ficam indignados, mas porque são eles que estão participando, de surpresa. E em Jogos Vorazes, é uma realidade dada: o jogo acontece faz anos.

As questões morais envolvidas, aliás, nos levam a outro ponto…

Show me the money

Em Battle Royale e em Jogos Vorazes, o jogo é composto de jovens armados lutando pela vida. Eles matam porque só um vai sobreviver.

Em Round 6, fica mais ou menos implícito que somente um sobrevive. Mas existem diferenças:
1. Está em jogo não apenas a sobrevivência, mas uma dinheirama (em reais: 208 milhões).
2. A maioria dos sobreviventes pós Batatinha Frita 123 entendeu tudo que estava em jogo (ou seja, compreendeu que era um jogo mortal), teve a chance de não participar e voltou a participar mesmo assim, voluntariamente.
3. Eles voltaram porque todos os participantes possuem grandes dívidas, ou seja: se eles saíssem do jogo sem dinheiro, voltariam para a mesma vida de antes, perseguidos por credores.

E existem mais nuances. Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) é um bastião da moral, Shuya Nanahara (Tatsuya Fujiwara) também não quer matar ninguém e só o faz em legítima defesa. Em Round 6 as coisas não são bem assim. Existe o vilão de fato (Deok-su, com direito à tatuagem de cobra no rosto para mostrar que ele é mau), a de moral bem questionável (Mi-nyeo, uma personagem cheia de estereótipos que é transformada pela atriz Kim Joo-ryoung em uma das mais complexas da série, uma mistura de street cred e traumas), o bom de coração puro (Ali, o estrangeiro ingênuo vítima do sistema). E os outros? Sang-woo (Park Hae-soo) também é um vilão? Você pode enxergá-lo como inescrupuloso em diversos momentos, mentiroso (pois engana a mãe no geral e o amigo de infância na hora do jogo). É o tubarão que se deu mal. Salva o grupo quando existe uma causa própria em jogo. No jogo das bolas de gude, ele engana e sofre. No quebra-gelo, ele já está, digamos, contaminado pela amoralidade e mata sem culpa, para não morrer.
Porém, chega o fim e… o que você lê ali? Era tudo pela mãe? Ou ele não conseguiria, como bom “porco capitalista”, ver todo aquele dinheiro desperdiçado?
Gi-hun (Lee Jung-jae), por outro lado, também é questionável. Existe uma linha que ele não cruza. Será? Entre ele e o velho Il-nam (Oh Young-soo), com quem fez amizade, ele escolhe a si mesmo. O velho não está mais lúcido, tem uma doença terminal. Mas isso quer dizer que ele merece menos que Gi-hun? Antes de entrar no jogo, o cara ainda roubava a mãe! Quer pior exemplo? Quando a saúde dela está gravemente ameaçada, ele se arrepende, mas o arco de redenção não é tão, digamos, limpinho e simétrico. E também não “topa tudo para salvar a mãe” - quando o novo marido de sua ex-mulher oferece a grana para que, em troca, ele esqueça da filha, Gi-hun não aceita. Mas participar de um jogo mortal… ah, aí tudo bem!

Round 6 nos deixa com mais perguntas do que respostas porque não fala somente de violência gratuita, do medo da vida humana ter um valor mais relativo. Round 6 é, claramente, sobre dinheiro. Sobre o sistema capitalista. E quem diria, isso tudo vindo da capitalista Coreia do Sul. A dívida é algo real, um problema social do mundo capitalista. Se você tivesse uma dívida desse tamanho, pergunta a série, você entraria num jogo desse?
É uma escolha. Ninguém te força a isso, como em Battle Royale e Jogos Vorazes.

Ainda: na moral dúbia de Round 6, a lógica do jogo não pode ser ameaçada, sob pena de morte. E a lógica é: não haverá benefícios a um ou mais jogadores. Todos precisam ter chances iguais, da mesma forma que se vestem igual e recebem a mesma refeição - meio como num regime comunista! Nesse sentido, é instigante: um jogo para divertir milionários se disfarça de justiça social até as últimas consequências. No fim, parece que esse senso de justiça acontece mais pelas apostas dos VIPs, que precisam de um jogo limpo para funcionar, do que pelos participantes.
Só que… não dá para ter certeza. E essas nuances dão ainda mais sabor e complexidade para a narrativa.

round-six-colmeia.jpg

Ela, mais uma vez: a memória afetiva

Todo filme teen possui, aqui e ali, algo de memória afetiva para alguém que já passou pela adolescência. Stranger Things não é o fenômeno que é só porque remete aos anos 1980 - ele remete a referências de infância e adolescência dos anos 1980.
Em Battle Royale, fica mais difícil ter essa leitura porque, logo no começo, o filme já diz a que veio - mesmo quem usou aqueles uniformes de colegial não vai ter essa sensação boa pois é um thriller tenso e sangrento, quase sem respiro. Jogos Vorazes passa longe de qualquer sensação de memória afetiva em seu universo fictício construído.

Round 6 é um jogo de adultos. Mas os adultos se vêem “brincando” em jogos infantis. E são jogos antigos, desses que a garotada do videogame não brinca mais. Claro, a referência é coreana (nunca tinha ouvido falar de colmeia, por exemplo), mas dá para assimilar a ideia mesmo assim. O playground é universal. Quando Gi-hun lembra do jogo da lula em si, deixa o clima de nostalgia claro.

Game over?

Em Battle Royale, as batalhas terminam mesmo? O fim é claro: aquele jogo foi corrompido, o objetivo inicial não se atingiu (ou foi atingido? Um dos maiores mistérios do cinema pop moderno: o que os personagens Noriko Nakagawa e Kitano conversaram naquela misteriosa cena de flashback?). A sequência de BR dá a entender que sim, as batalhas terminaram, mas o regime totalitário continua. Na trilogia de Jogos Vorazes, como uma “boa” história de herói, o bem vence o mal e o regime é destruído.

Em Round 6, o fim é aberto. Talvez exista uma segunda temporada? Não sei se isso daria certo. Mas o fato é que o jogo em si continua, mesmo sem Il-nam, mesmo com Jun-ho (Wi Ha-joon) tentando denunciá-lo. Os VIPs saem incólumes (a pista deixada pela bomba que Jun-ho descobre no túnel dos mergulhadores não dá em nada, surpreendentemente), o líder sai incólume, o sistema inteiro continua de pé com pouquíssimas avarias.

Gameficação

round-6-2.jfif

Esse item é mais sobre o que Round 6 tem em comum com essas duas outras obras de ficção do que sobre suas diferenças, mas acho que realça o meu ponto de que ela é mais que uma cópia. Talvez todas façam parte do que já está se concretizando como uma “tradição” narrativa.

Battle Royale não foi a primeira nem a última história que segue esses preceitos de jogos mortais. Aliás, não citei várias outras referências aqui, de jogos de sobrevivência. Tem a própria franquia Jogos Mortais, que começou em 2004. Tem a série japonesa Alice in Borderland, na Netflix.

Odeio esse termo gameficação, mas é isso mesmo: me parece que, quando a narrativa se constrói claramente como um jogo, ela é mais claramente assimilada.
Aí aparecem algumas questões:
. Todo jogo precisa ter um motivo e um objetivo.
. Todo jogo tem regras.
. Algumas vezes, existem consequências para regras burladas. Em outras, não.

O excesso de narrativas assim me soa preocupante. A vida real não é um jogo, não é um BBB nem um Jogos Vorazes. A vida não é filme, você não entendeu, diria Herbert Vianna. Encarar a vida como um jogo é empobrecê-la e banalizá-la.
Mas, enfim, esse sou eu e a minha humilde opinião.

Já existiram tentativas de adaptação de Battle Royale, inclusive para a TV. Elas nunca foram para frente principalmente por causa da violência gratuita e polêmica. Em tempos de Round 6, pós-Tarantino (que é um grande fã declarado de BR), de guerra do streaming e de exploração de franquias até o esgotamento… Uma adaptação de Battle Royale pode estar mais próxima do que a gente imagina.

Extra

GEEEEENTEEEE! Aí me fizeram um espaço instagramável na Coreia do Sul com o tema Round 6, com direito a Batatinha Frita 123 e tudo?

Achei o máximo mas não passaria perto. Eu hein, vai que me pegam para jogar um lance mortal…

Se você gostou desse post, talvez goste desses outros aqui:
. It’s a Sin, ai que série boa de chorar
. Drag queens foram de artistas marginalizadas a conselheiras da família
. O outro Pablo: o do Qual é a Música

October 04, 2021 /Jorge Wakabara
Netflix, pop, Round 6, Instagram, figurino, iconografia, máscara, Batatinha Frita 123, Battle Royale, Hwang Dong-hyuk, Jogos Vorazes, delinquência juvenil, distopia, EUA, Seul, Jennifer Lawrence, Tatsuya Fujiwara, Kim Joo-ryoung, Park Hae-soo, capitalismo, Lee Jung-jae, Oh Young-soo, violência, dinheiro, Coreia do Sul, adolescência, playground, nostalgia, Wi Ha-joon, Jogos Mortais, Alice in Borderland, gameficação, streaming, memória afetiva
cinema, TV
Gillian Anderson interpreta Margaret Thatcher em The Crown

Gillian Anderson interpreta Margaret Thatcher em The Crown

The Crown temporada 4: o imitador vs o ator

November 19, 2020 by Jorge Wakabara in cinema, TV

A essa altura você já sabe que a quarta temporada de The Crown estreou na Netflix. A série acumula fãs e deve ser uma das mais comentadas do serviço de streaming hoje ao lado de Stranger Things. E essa nova fase traz dois elementos que aumentam mais o interesse do pessoal: aparecem na trama a primeira-ministra Margaret Thatcher e Diana Spencer, a princesa do povo.

Não é novo mas é certo: a interpretação dramática de personalidades que existiram nos fascina. O último Oscar de Melhor Atriz foi para Renée Zellweger no papel de Judy Garland – um filme que nem todo mundo viu mas mesmo assim levou essa estatueta. São tantos outros exemplos: Meryl Streep como a mesma Margaret Thatcher, Natalie Portman como Jackie O, Babu Santana como Tim Maia.

Babu Santana no filme Tim Maia

Babu Santana no filme Tim Maia

Porém, algo parece separar essa turma. Portman, ao meu ver, não teve um desempenho tão bom quanto o Babu, por exemplo. O que houve? É que essa personificação precisa ultrapassar a mera imitação e injetar alguma humanidade naquela celebridade que só conhecemos em entrevistas, no palco, sob escrutínio público. Portman não conseguiu. Babu nadou de braçada. Muita gente odeia o desempenho do Rami Malek como Freddie Mercury, mas sinceramente também acho merecedor de Oscar. Meio caricatural em certos frames, OK, mas em outras cenas Malek traz uma dimensão humana para a estrela do rock.

E ainda existe outro tipo de caso, no qual acredito que Andrea Beltrão seja um ótimo exemplo no seu desempenho como Hebe Camargo. Ela não era parecida fisicamente com a apresentadora e nem usou de maquiagem para ficar igual. Mas existe algo de verdadeiro no personagem dela, sem precisar dessa ilusão física, que traz uma essência de Hebe. E você acredita na leitura dela. Já é o bastante.

Andrea Beltrão em Hebe

Andrea Beltrão em Hebe

Voltando para The Crown: a interpretação de personagens da família real do Reino Unido e outros que transitaram ao seu redor é um dos maiores apelos da série.

Gillian Anderson encarna Margaret Thatcher e o faz de maneira muito instigante. Quem conhece Anderson (ela é a eterna Agente Scully de Arquivo X) sabe que o seu tom de voz ali não é forçado ou inventado – claro que ela está falando de um jeito característico, mas a voz de Anderson normalmente é um pouco mais grave e rouca. Thatcher é um personagem desafiador porque sua versão da vida real já era meio caricatural, daquele jeito que só os políticos conseguem. Ou seja, o desafio é fazer algo próximo do caricatural (pois, afinal, ela era assim) e ao mesmo tempo crível, principalmente ao redor de interpretações mais naturalistas. Anderson consegue passar certas sutilezas no olhar e no gestual no meio dessa pegada histriônica. Acho que ela arrasou, desempenho digno de Globo de Ouro e Emmy. E vocês, concordam?

gillian-anderson-margaret-thatcher-2.jpg

Sua provável concorrente é a colega de elenco Emma Corrin. Nas fotos nem dá para ver tanto, mas é no vídeo que a mágica acontece: Corrin praticamente incorpora Lady Di no gestual, o jeito de olhar (aqueles grandes olhos de bicho assustado e curioso), a cabeça inclinada misturando timidez e carisma, o jeito de falar. Quem é meio viciado em Diana Spencer que nem eu, que viu um monte de vídeos, consegue reconhecê-la ali.

Josh O’Connor como Príncipe Charles e Emma Corrin no papel de Lady Di em The Crown

Josh O’Connor como Príncipe Charles e Emma Corrin no papel de Lady Di em The Crown

Pouco a pouco, como na vida real, Lady Di vai roubando a cena da família real na minissérie. É como reviver a história, agora em capítulos que você pode maratonar.

Mas a minha visão a respeito da nova temporada é a mesma da terceira. Pobre Elizabeth 2ª. Fica para escanteio. A série definitivamente não é mais sobre ela.

Quem gostou desse post pode gostar desses outros:
. A série Ratched é boba – se você gosta de coisas bobas, OK
. O episódio da cenoura era mentira, mas levou Mário Gomes a virar… cantor
. O drama coreano Mystic Pop-Up Bar é perfeito, entenda

November 19, 2020 /Jorge Wakabara
The Crown, Netflix, streaming, Margareth Thatcher, Lady Di, família real, Gillian Anderson, Arquivo X, Emma Corrin, Josh O'Connor, Príncipe Charles, Rainha Elizabeth 2ª
cinema, TV
baby-yoda-1.gif

The Mandalorian: tipo Central do Brasil mas com naves espaciais e armas que soltam laser

December 12, 2019 by Jorge Wakabara in TV

Sim, eu sei: tal qual o Disney+, estou usando do Baby Yoda para atrair sua atenção e sua audiência. Ele é irresistível, ele é a personificação da fofura em forma de CGI. Ele é, sim, a kawaiização da cultura ocidental! (Para quem ainda não está familiarizado com o conceito de kawaii, recomendo o post O que é kawaii? desse mesmo blog kkkkk)

(Tem um livro, The Power of Cute, lançado nesse ano e já devidamente encomendado por mim na Amazon, que fala sobre essa invasão da fofice na nossa cultura, dos emojis até Hello Kitty. Deve ser interessante. Quando eu ler e se for bom, conto para vocês.)

Mas Baby Yoda, enfim, é um dos personagens principais da série que se insere no universo Star Wars, a The Mandalorian, uma das maiores apostas de inéditos do novo serviço de streaming da Disney+ (ainda não disponível no Brasil).

baby-yoda-2.gif

E sim, a gente viu esse tipo de história antes. Central do Brasil (1998) com Dora (Fernanda Montenegro) e Josué (Vinícius de Oliveira); Verão Feliz (1999) com Kikujiro (Takeshi Kitano) e Masao (Yusuke Sekigushi); Up - Altas Aventuras (2009) com Carl Fredricksen e Russell; Um Santo Vizinho (2014) com Vincent (Bill Murray) e Oliver (Jaeden Martell). Uma criança, com sua inocência, sua imaginação, sua falta de contaminação com a brutalidade do mundo adulto, encanta e muda um ser calejado e cínico durante a narrativa. É uma ideia romântica mas que, tirando todo o chantilly do storytelling construído para nos emocionar, tem seu grau de probabilidade.

baby-yoda.gif

Do mesmo jeito que os filmes da franquia Star Wars, The Mandalorian também mexe com uma das narrativas universais da humanidade: o senso primordial de proteção que pinta quando vemos uma criança, um bebê. Aquela vida, na nossa cabeça, precisa ser protegida e nutrida - é um instinto natural, animal. E é inclusive isso que eu espero que seja explicado no livro que eu comprei, o The Power of Cute, e que é de fato explorado no kawaii da cultura japonesa. O capitalismo (ah, sempre ele!) mexe com essa nossa característica inerente para fazer a gente gastar mais dinheiro: com o Pikachu, com Amar É…, e agora com o Baby Yoda em si.

E é boa a série? Olha, eu não sou o mais fanático por Star Wars, daqueles nerds que sabem todos os momentos que os mandalorianos apareceram na saga. Mas acompanho e acho divertido. Então a minha medida para dizer se a série é boa é o quanto ela está me divertindo.

Está me divertindo. É isso. kkkkkkk

December 12, 2019 /Jorge Wakabara
Disney, Disney+, Baby Yoda, fofura, kawaii, The Power of Cute, The Mandalorian, criança, capitalismo, streaming, Star Wars
TV

Powered by Squarespace