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Como pode o Cornélius, né?

November 25, 2021 by Jorge Wakabara in música

Confesso que tem poucas coisas na música que não me atraem, e quando elas ainda não me atraíram, é provável que em algum momento eu enxergue o valor e comece a ouvir mais.
É o caso do hard rock cabeludo brasileiro dos anos 1970 e 1980 (e mesmo as bandas internacionais na mesma pegada). O tropicalismo segue sendo uma das minhas coisas preferidas do mundo; o BRock, em menor intensidade, também. Mas do recheio deles, curto Secos & Molhados (MUITO) e olhe lá.
Porém tem algo crescendo aqui. Uma pessoa, particularmente. E o nome dele é Cornélius.

Chamado Cornélio de Aguiar Neto, Cornélius acabou conhecido como Cornélius Lúcifer quando assumiu os vocais da Made in Brazil, banda longeva daqui, que começou lá em 1969 e, inspirada no glam rock de fora, começou a se maquiar no palco (diga-se de passagem, antes do Secos & Molhados).
Apesar de Cornélius volte e meia ter se apresentado com o Made in Brazil antes de morrer em 2013, só existe um disco da banda com seus vocais: é o disco da banana, de 1974 (é conhecido por esse codinome porque o disco tem uma bananinha estampada na capa).

A voz de Cornélius realmente chama a atenção, bem na escola hard rock, rasgada e com agudos. Ele mesmo já disse que, como os equipamentos eram ruins, gritava e nem sabia se cantava direito porque não se ouvia. A grande maioria das músicas desse primeiro disco é composta por Oswaldo Vecchione, baixista e um dos membros fundadores ao lado do irmão guitarrista Celso Vecchione.

“A gente vive desafiando padrões. Quando a gente não está satisfeito com o padrão vigente, a gente sempre desafia.”
— Cornélius em entrevista para o programa de rádio “Noites Futuristas” em 1988

Aí já chama a atenção uma história muito boa. Diz que Quando a Primavera Chegar, música dos irmãos Celso e Oswaldo que foi gravada no disco seguinte já sem a participação de Cornélius (substituído por Percy Weiss), já era apresentada em shows antes (com Cornélius). Mas a letra não era assim. Em vez de “tomar um sorvete”, ela provocava um pouco mais com “chupar um sorvete”. Ouça a versão já censurada do disco Jack O Estripador de 1976:

Ouviu?
Esse medo, esse receio, esse desejo de chupar (disfarçado aqui em tomar)…
Recado dado, né?

Enquanto o Made in Brazil lançava Jack o Estripador, Cornélius seguiu a vida e deu um tempo do rock com Santa Fé, um álbum solo lançado em 1976 cuja capa ainda trazia uma imagem andrógina. Ele mesmo passou a assinar como Cornélius Santa Fé - dando a impressão que queria deixar o demônio roqueiro para trás, tanto no nome artístico como na música, mais para MPB romântica e para funks nervosos. Ele já declarou em entrevistas posteriores que estava numas de desenvolver a espiritualidade. E uma das canções simplesmente se chama Você Jamais Irá Pro Céu! Ainda assim, rolam uns vocais rasgados, uns solos…

A coisa aqui começa a ficar mais suingada, mais dançante. O soul à Roberto Carlos e Tim Maia contaminou Cornélius, a ponto dele fazer uma música toda em inglês chamada Soul Tramp! É o início de uma mudança grande de carreira, em direção a algo que ainda estava surgindo na época mas que iria estourar.

Fala sério, olha esse look? AFFFF que ícone

E aí, em 1978, a febre disco music chegou. Cornélius foi um dos que entraram de cabeça. Injustamente, depois ele chamou isso de “prostituição”, renegando essa fase de sua carreira.

Eu Perdi Seu Amor virou hit de programa de auditório e tudo. Um dos compositores é Paulinho Camargo e, para mim, Eu Perdi Seu Amor faz parte da trilogia de hits discoteca dele ao lado de A Noite Vai Chegar de Lady Zu e Amor Bandido de Sarah Regina. Todas perfeitas.
Quanto à capa do single, bem, quem vem ao glam não degenera. É como se fosse um desenvolvimento da capa de Santa Fé, o mesmo biquinho, o chapéu pintoso, mas agora com muito brilho!
Acontece que Cornélius não chegou a lançar um disco inteiro de disco music. O que rolou foi um EP, com as mesmas músicas desse single mais Fugindo de Mim (de Paulinho com Dalila Camargo) e Se Você Quiser Transar Comigo (de Hébano).

(Já deu para perceber que Cornélius SERVIA nas capas, né?)

Ainda houve uma última tentativa de emplacar em mais um single no ano seguinte, dessa vez com Paulinho Camargo se unindo ao dream team Lincoln Olivetti e Robson Jorge para compor a música Enquanto Houver Amor. Menos disco, mais funk cheio de groove. E quer saber? É bom demais.

O que aconteceu para não acontecer? A voz era ambígua demais e já bastava um Ney? Não teve investimento de divulgação? Mistérios do pop.

Deixa, a faixa do outro lado desse single de 1979 e de composição de Frankye Arduini (da incrível dupla Tony & Frankye), entrou para a coletânea Disco É Cultura de 2020 da Mad About Records, que há pouco tempo estava no Spotify (e é ÓTIMA) e sumiu. Talvez porque era pirata. Rsrsrsrs!

Cornélius nunca mais teve um registro próprio em disco depois de 1979. Como já disse, ele participava de show da Made in Brazil esporadicamente. Cornélio quis “assassinar” o Cornélius, após se “prostituir” na disco music (e ganhar muito dinheiro com isso, como reconhecia), porém não emplacou uma “nova era” antes de morrer.

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November 25, 2021 /Jorge Wakabara
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música
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Akihiro Miwa icônica demais

February 25, 2021 by Jorge Wakabara in cinema, livro, música

Nossa senhora, isso que é MUSA.

Assisti ao filme Kurotokage com Akihiro Miwa, a versão de 1968 (existe uma de 1962), e depois Kuro Bara no Yakata, de 1969. É surreal como, no fim dos anos 1960, o Japão cheio de regras em relação a gênero apresentaria uma transformista como musa.
Ah, sim: Akihiro Miwa não é exatamente uma mulher trans. No lugar de determinar seu gênero, ele parece achar mais interessante a via do não-binário, do constante passeio entre gêneros. E isso parece que atrai ainda mais a atenção (e o deslumbramento) dos japoneses!

Mas vamos voltar para começo, quando Miwa ainda era artista de cabaré e, em 1957, gravou Me Que Me Que, um clássico da música francesa originalmente lançado por Gilbert Bécaud naquela mesma década.

A versão em japonês, malandrinha, fez sucesso. Miwa bombou. E parece que foi nessa época que o escritor Yukio Mishima, um machão de direita que surpreendentemente tinha muita sensibilidade nas suas obras, elogiou Miwa, dizendo que era como um “uma beleza dos céus", ou seja, um anjo. A comparação faz sentido no que eu já pesquisei e ouvi dizer sobre a homossexualidade japonesa. Acho que vale abrir um parênteses aqui para falar sobre isso – e um pouco mais sobre Mishima também.

Os rapazes prostitutos do Japão antigo

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O livro O Belo Caminho: História da Homossexualidade do Japão, de Gary P Leupp, explica bem que a homossexualidade não é algo "novo” ou "que os brancos trouxeram” para o Japão. Longe disso. O shudo, que se refere a uma estruturação específica de prática homossexual um pouco parecida com a da Grécia antiga, em que existe a figura do homem mais velho mentor e deflorador e o rapaz jovem, passivo, inocente e aprendiz, foi uma realidade em monastérios budistas com presença exclusiva masculina, e também nas relações entre samurais. Para mim também tem a ver com uma relação de dominação e submissão que, pelo pouco que sei e posso estar falando bobagem, é recorrente na sexualidade nipônica.

Com o tempo, meninos começaram a virar michês para sobreviver, muitos deles relacionados ao teatro kabuki, uma tradição dramatúrgica que não permite atrizes. Esses atores especializados em papéis femininos atraíram fãs e cobravam por sexo, alguns viravam amantes de homens ricos. Depois, existiram bordéis que já nem disfarçavam sob a fachada do teatro, só com rapazes. Eles se vestiam e se enfeitavam como moças.

A imagem do rapaz afeminado e submisso não ficou no passado. O filme Morte em Veneza (1971) foi uma grande referência no Japão – a figura de Tadzio (Björn Andrésen, que para quem não sabe é o ancião do sacrifício no recente Midsommar de 2019) era tudo que os japoneses achavam lindo. Androginia e mistério. Isso corre até os idols do j-pop, apresentados como sensíveis e com traços mais delicados, e respinga também no k-pop.

O próprio Andrésen virou uma celebridade no Japão. Quando ele visitava o país, as mulheres iam à loucura! A ponto de, bem… ele mesmo gravar músicas em japonês, tal qual um idol. Olha que loucura?

Yukio Mishima: um homossexual de direita?

Em 1951, Mishima lançou o livro Kinjiki, uma expressão que é um eufemismo para homossexualidade. Um trocadilho entre “cores proibidas” e “amores proibidos". A história, considerada autobiográfica por muitos, traz a relação entre um escritor mais velho e um rapaz jovem que confessa que vai casar com uma mulher por motivos financeiros, mas que não se sente atraído por ela nem por ninguém do sexo feminino. Críticos apontam uma misoginia forte enraizada no texto – um discurso de ódio contra as mulheres. Mas virou um clássico.
Acontece que Mishima foi casado com uma mulher, Yoko Sugiyama. E ela, por sua vez, odiava e negava os rumores sobre a homossexualidade do marido, mesmo que fosse público que ele, por exemplo, frequentava bares gays. Eles tiveram um par de filhos, inclusive.
Existe um livro não-autorizado, de 1998, de Jiro Fukushima. Ele alega que teve uma relação com Mishima em 1951. Foi um escândalo que acabou com Fukushima e a editora processados pela família de Mishima.

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Mishima tentou fazer um golpe de estado no Japão em 1970. Sério. Isso porque, antes de casar com Yoko, ele quase casou com Michiko Shoda, que depois virou imperatriz porque se casou com o príncipe Akihito! A tentativa de golpe não deu certo e ele cometeu seppuku, o suicídio ritualístico japonês, aos 45 anos de idade.

Voltemos para Akihiro Miwa.

Uma baita história

Miwa nasceu em Nagasaki e, sim, estava na cidade quando a bomba atômica explodiu em 1945, quando tinha 10 anos. Como outros sobreviventes, ele sofre com os efeitos da radiação.
Ainda na época de Me Que Me Que (ou Meke Meke), saiu do armário publicamente, declarando-se homossexual. Para quem não está familiarizado com a cultura japonesa: ser homossexual afeminado no Japão contemporâneo é um pouco diferente. Existe preconceito, mas também existe uma maior aceitação – a rejeição maior acontece justamente quando você não é afeminado e, na cabeça do povo, “confunde". Celebridades homossexuais que se travestem são famosas na TV e amadas, por exemplo (é o caso de Miwa, que nos anos 2000 virou uma celebridade televisiva de muita fama).

O boom desse primeiro hit arrefeceu e Miwa ficou mais apagadinho. Seu segundo hit só viria em 1965: Yoitomake no Uta. Composta por ele mesmo, tem uma pegada bem enka na sua temática, falando do esforço do trabalhador rural e como ele é digno (pelo menos acho que é isso, me desculpem se entendi errado!).

De volta ao sucesso, Miwa lançou sua autobiografia em 1968 e começou a atuar em peças de teatro. Uma delas, Kurotokage, foi baseada em um livro policial de Ranpo Edogawa e adaptada para o teatro por Yukio Mishima. A peça já havia sido montada com outras atrizes no papel principal da bandida Lagarto Negro (ou, em japonês, Kurotokage), mas foi com Miwa que ela chegou naquele ponto sublime de petardo pop. Tanto que… virou filme!

Miwa como Kurotokage no filme de 1968

Miwa como Kurotokage no filme de 1968

A história é um embate entre Kurotokage, essa bandida que gosta de roubar "coisas bonitas”, e o detetive Kogoro Akechi (Isao Kimura). Miwa está simplesmente magnética, arrebatadora, com figurinos babadeiros.

Incautos podem colocar o filme naquela caixa de “o queer sempre é o vilão, o errado". Mas acredito que Kurotokage é mais que isso. Kurotokage, a personagem, é bela, hipnotizante, e se deixa levar pela obsessão por tudo que é bonito. Também não vê o mundo como binário: enxerga a beleza nos homens e mulheres. Sua própria beleza está ligada à androginia. Mais do que camp, o filme é cheio de nuances, esteticamente instigante, transbordando pulsão de morte e sexo. Para mim, um dos filmes mais legais que já vi nos últimos tempos, sem exagero.

Vou dar um spoiler para explicar uma coisa muito importante, quem não quiser saber pode pular para / SPOILER TERMINA /.

/ SPOILER COMEÇA /

A criminosa Kurotokage tem uma coleção muito, er, peculiar. São corpos humanos bonitos, empalhados. Eles aparecem no filme, em seu covil, quando ela os exibe para a sequestrada Sanae (Kikko Matsuoka), que depois se revela ser uma sósia de Sanae contratada para se passar por ela.
A curiosidade: o homem empalhado que Kurotokage beija na boca é ninguém menos que… Yukio Mishima.
É um selinho apenas, OK. Mas é babado.
Isso alimentou os rumores de que Mishima e Miwa teriam tido um caso em algum momento da vida. Miwa já chegou a declarar que "Mishima não era um homossexual de verdade". Bicurioso, então? Enfim. O artista também se colocou contra o livro de Fukushima de 1998.
Como já contei lá em cima, Mishima morreu dois anos depois do filme lançado.

/ SPOILER TERMINA /

O trabalho na imagem de Miwa como uma mulher misteriosa e sedutora é típica do filme noir, mesmo que Kurotokage não seja um noir – a relação vem da inspiração, pois o argumento vem de um romance policial com direito a um superdetetive, mas a cinematografia também ajuda, cheia de sombras, ambientes noturnos.
Também acho interessante o jeito que o detetive é construído. Akechi tem prazer em desvendar os casos. A relação dele com Kurotokage é de interdependência, com ambos precisando dessa nêmesis para existirem em sua melhor performance. Ninguém é inocente. Akechi não é um herói. Ele depende do crime para fazer o que faz da vida: desvendá-lo.

Às vezes, Kurotokage fala com Akechi usando o espelho de seu bar. Eles são o espelho um do outro? Dois lados de uma mesma moeda?

Às vezes, Kurotokage fala com Akechi usando o espelho de seu bar. Eles são o espelho um do outro? Dois lados de uma mesma moeda?

Mas Miwa assumiria um papel ainda mais misterioso em Kuro Bara no Yakata, ou Mansão da Rosa Negra: o lagarto negro agora vira uma rosa negra no filme de 1969.

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A história de Kuro Bara no Yakata é de uma mulher misteriosa, Ryuko (Akihiro Miwa), que sempre carrega uma rosa inteira preta. Ela diz que, quando encontrar o verdadeiro amor, a rosa ficará vermelha. Uma coisa meio Bela e a Fera, né? Ninguém sabe do passado de Ryuko e ela atrai a atenção de Kyohei (Eitarô Ozawa), o dono da Mansão da Rosa Negra. O local é uma espécie de clube da alta sociedade, no qual Ryuko passa a se apresentar cantando e encantando (kkkkk desculpa, não resisti a essa frase feita). Os homens caem de amores, um pouco pelo mistério, um pouco pela beleza.

Homens do passado de Ryuko começam a aparecer. Eles alegam que se casaram ou que namoraram a musa, que ela os enlouqueceu ou que era má, mas seguem apaixonados. Ainda assim, Kyohei, que é casado e já tem dois filhos criados, torna Ryuko sua amante.

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Tudo parece ir bem até que o filho mais novo de Kyohei, Wataru (Masakazu Tamura), reaparece. Desde o começo, fica claro pela fala dos outros personagens que ele é um rapaz problemático, ovelha negra. E adivinha? Ele se apaixona por Ryuko…

Aqui, a figura de Ryuko, apesar de ainda mais misteriosa que a Kurotokage, é menos dúbia. Ela é a vamp, a que leva os homens à ruína. O toque subversivo fica por conta dessa figura tão desejada ser interpretada por um homem: a audiência sabia, o elenco sabia, todo mundo sabia. Não é um filme tão bom quanto Kurotokage, mas gostei.

Curiosidade: o diretor de ambos os filmes é Kinji Fukasaku. Em 2000, ele fez o filme que muita gente diz que influenciou Jogos Vorazes: a fábula sinistra Battle Royale.

Miwa acabou dando um tempo nas telonas após essa dobradinha e se dedicou à carreira de cantor. Isso deu em clássicos, como isso aqui:

Em 2012, já como uma personalidade consagrada no meio artístico, Miwa se apresenta pela primeira vez no tradicional Kôhaku Uta Gassen, o festival de fim de ano transmitido pelo canal NHK. Na época com 77 anos, ele foi a pessoa mais velha a se apresentar pela primeira vez no Kôhaku. E pelo que entendo também foi o artista que apresentou a música mais longa na história do festival, que costuma ser bem rígido com o tempo de apresentação dos artistas participantes, geralmente em torno de três minutos. Olha aí:

Antes disso, Miwa dublou um personagem de anime muito querido de quem curte Studio Ghibli. É a bruxa com papeira, como diria meu marido, de O Castelo Animado!

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Miwa segue vivíssimo. Vai fazer 86 anos.

Bônus: OLHA. ESSE. CLOSE.

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February 25, 2021 /Jorge Wakabara
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cinema, livro, música
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O babado é certo com Kenichi Mikawa

November 26, 2020 by Jorge Wakabara in música, TV

Não tive uma infância muito ligada à colônia japonesa (aliás, na verdade ela era quase completamente desligada não fosse o meu melhor amigo na época, que também era descendente). Mas sei que toda criança nipônica tinha essa lembrança de assistir ao Kôhaku Uta Gassen, o tradicional festival de música de fim de ano da NHK sobre o qual já comentei aqui. Se era uma criança viada, ela inevitavelmente ficaria esperando ansiosa pela participação de Kenichi Mikawa, que esteve em nada menos que 26 edições.

Mikawa no Kôhaku de 2007

Mikawa no Kôhaku de 2007

Em 1969, Mikawa apareceu pela segunda vez no Kôhaku para cantar Onna to Bara e leva nas mãos uma flor. Isso pra gente que está acostumado com Roberto Carlos distribuindo flores é completamente normal, mas no Japão daquela época foi um escândalo: para muita gente, deixou claro a feminilidade do artista. Para dar uma dimensão maior: o Kôhaku é coisa tão séria até hoje que o povo vai como se fosse ao Oscar, sabe, black tie na estica. Só que o smoking que Mikawa vestia começou a se transformar: incluía um bordado, um brilho, um paetê, um detalhe dourado… Olha o vídeo abaixo, de apresentações entre 1968 e 1975:

Em 1991, a história já era bem outra. Quando foi apresentar seu novo hit Sasozira no On'na no Kôhaku, Mikawa estava num look branco (cor do time dos homens no festival) com um detalhe vermelho bem aparente (cor do time das mulheres). Marcou o começo de uma montação fabulosa que proporcionaria momentos sem par na TV japonesa. Falando em Robertão: era como ver um show de drag (porque, baby, this is drag) no meio do especial de fim de ano do Roberto Carlos, sabe?

Em 1992, o babado continua com Hi no Tori, a música nova, e Mikawa com uma espécie de touca de cristais, um look todo brilhante puxado para o rosa e um boá de penas. Tá, meu bem?

Em 1993, é a vez de um contraponto aparecer. Era Sachiko Kobayashi, uma cantora que também é dada a um close certo, que chegou nesse look absurdo com direito a reveal digno de RuPaul's Drag Race. A partir desse momento, Mikawa e Kobayashi competiriam pela posição de look mais absurdo-enlouquecedor.

Mikawa também participou do Kôhaku de 1993, surgindo do chão para cantar Utakata no Yume. Também fez um reveal (o quimono dourado deu lugar a um conjunto com brilho e roxo), mas perto do look da Kobayashi daquele ano… Parece até discreta! kkkkkkk

A coisa foi ficando cada vez mais próxima do Carnaval do Rio: muito luxo. Em 1994, Mikawa mostra Odamari. Tem reveal de novo (que se transformou em uma marca das apresentações) e corpo de baile bem pintoso maravilhoso.

1995 é o ano de uma das minhas apresentações preferidas de Mikawa. O look do começo, com uma silhueta princesa, pra mim é o ponto principal: é personificação de mulher de fato, é camp… É drag. O reveal é sensacional (amo os ombrões quadrados brancos) e eu fico desmaiado com o look das bailarinas-coristas <3
A música, para quem ainda está se importando, é Shiawase ni Naritai.

Em 1996, Mikawa vem com uns chifres, um look meio de vilã de tokusatsu. Não tem reveal, mas tem surpresa: uma cauda dupla que se revela do meio para o fim, enorme, com figuras geométricas brilhantes.

Com Bojô em 1997, Mikawa começa a incluir efeitos especiais (no duro). Não vou contar muito para não estragar:

1998: surgir das chamas? OK. A música é Wakare no Tabiji e o look tem uma inspiração católica que não faria feio naquele baile do Met todo trabalhado no catolicismo, lembra? kkkkkkkk Bom, da Capela Sistina à maxiborboleta… Dê play para entender:

Em Eien ni Bara no Toki o, de 1999, Mikawa fez a egípcia. Tem esfinge, Cleópatra, faraó sem camisa, além de uma hélice muito doida que o corta no meio… Toda uma narrativa surreal! kkkkkk

2000: Mikawa retoma essa temática de “eles querem me destruir” com ainda maior efeito. Em Tokyo Hotel ela começa com uma roupa, tem uma troca rápida, colocam-na num vaso grande (acho que nesse momento não é ela porque não daria tempo da troca de look e a câmera está longe, mas posso estar errado), esmagam o vaso (!!!) e, não mais que de repente, ela ressurge montada num dragão voador. Juro que essa descrição é exata:

2001, ano de Koion'na e de… um pégaso.

2002 com Yuzawa no On'na: Mikawa vem até discretinha, só com fumaça, sem corpo de baile, num quimono quase simples para os padrões dela, e depois, claro, tem a troca babadeira. Nesse vídeo dá para ver bem a competição entre ela e Kobayashi, que aparece em seguida – e sinceramente a segunda leva a melhor, nos seus efeitos especiais rainha do gelo Frozen fechativa.

Mikawa deve ter sentido a competição: em 2003, ela volta meio Frozen com vestido que acende (!!!) e o seu hit Sasorizan On'na.

Não sei se as participações de Mikawa no Kôhaku foram rareando pois não achei mais nada. Essa volta ao maior hit foi uma despedida? O nível, de qualquer forma, era cada vez mais inalcançável, mesmo. Olha a Kobayashi em 2005, que coisa doida:

Em 2007, Mikawa volta ao Kôhaku com um remix dance da mesma Sasorizan On'na. Agora com drag music? Formô: cadê o bate-cabelo? O reveal é bem importante e por isso vou ser obrigado a dar um spoiler: é um look inteiro vermelho. Cor do time das mulheres no Kôhaku.

Bom, a figura de Mikawa acabou ficando superandrógina, um coisa meio Walter Mercado. Quem quiser pode assistir a esse show dela, que comemora 45 anos de carreira (de 2010, portanto):

Mikawa é tudo e continua na ativa. A grande Hibari Misora, uma das maiores cantoras que o Japão já teve, a adorava. Ah: e a rivalidade com Kobayashi era só brincadeira: Mikawa e ela eram amicíssimas. Tinha até boato que elas tinham casado. Er… Alguém avisa?

Aliás, usei o pronome feminino ao me referir a Mikawa mas na verdade não tenho certeza sobre como ela gosta de ser tratada. Enfim, espero que ninguém fique magoado, me avisem se eu tiver errado e eu corrijo, OK?

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November 26, 2020 /Jorge Wakabara
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Já existiu um outro Pablo que talvez tenha ido longe demais

November 02, 2020 by Jorge Wakabara in TV, música

Qual é a Música, o programa do Silvio Santos, era um marco pop nos anos 1980, de proporções que a geração Netflix de hoje não conseguiria entender. "SBT e era tão famoso assim?” Ôh, se era. Todo mundo assistia. Especialmente antes do Faustão ocupar os domingos da Globo, era no SBT que a gente ligava, sim.

E bem, o nome já diz tudo: Qual é a Música consistia em uma competição entre famosos com vários quadros, mas na grande maioria deles a resposta que precisava ser dada era pra pergunta… "Qual é a música?”, claro. Ou, na língua do Seu Silvio, “qual é a musicammmmm?". Num desses quadros, pra pergunta ser respondida, a música de fato tocava. E quem aparecia?
Ele. Pablo.
Não o Pabllo Vittar, que nem era nascido. Esse Pablo:

Pablo, cujo nome verdadeiro é Augusto José Rodriguez Carrascal, dublava as músicas na resposta. Antes, ele tinha uma parceira, Virgínia, que pintava a cara igual – ele dublava as vozes masculinas e ela as femininas.

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Depois, quando Virgínia saiu e Pablo ficou, a androginia das apresentações dele ficaram ainda mais aceleradas: Pablo dublava e gesticulava as vozes de ambos os sexos e chacoalhava seus cabelos. Tinha quem achasse que era peruca, mas ele jura que sempre foi cabelo dele.

Pablo é da Espanha. Ele já contou em entrevista que, no começo da carreira, trabalhava num banco de dia e fazia shows de dublagem e dança à noite em boates da Boca do Lixo paulistana. Ou seja… Ele era drag queen? Ou o que se chamava na época de transformista? Não sei, mas acho que não. Acho que fazia esses shows sem se vestir de mulher, até onde entendi.

Pablo também diz que a inspiração das pinturas de rosto vieram do Kiss. Não entendo, já que Secos & Molhados por aqui foi um supersucesso – tem essa briga pra saber de quem foi a ideia da pintura do rosto primeiro, né? Enfim.
Mas no lugar do preto e branco, que acharam pesado demais, queriam algo mais festivo. Pablo tacou glitter e disse que Silvio Santos adorou – aliás, comentou que o patrão adora tudo que brilha. Uma lantejoula, uma purpurina… SBT AESTHETICS, eu diria!

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Esse Pablo ia longe demais na época? Para os héteros de masculinidade frágil, me parece que sim: Pablo virou apelido pejorativo para gay. Uma bobagem.

Mas o que pouca gente sabe – o motivo para eu querer fazer esse post, inclusive – é que Pablo… cantava. Ele não dublava, apenas.

Primeiro choque: cadê o rosto pintado na capa do compacto de 1979?!
Segundo choque: as músicas (ambas!) são puro Sidney Magal. Regrava, Magaaaal!

Ufa, nessa versão de capa tem pintura facial

Ufa, nessa versão de capa tem pintura facial

Esse Pablo canta bem? Não. É bem qualquer coisa. O sotaque dá um charminho, mas o timbre é meio fuén. Tanto que é o coro que segura os refrões. Mas as músicas são boas, vai. Dança comigo! Disco music em português IS MY LIFE.
Em ambas as canções desse disquinho, Eu te Amo e Onde Vai, a gente vê Valentino Guzzo entre os compositores. O intérprete da Vovó Mafalda foi quem descobriu Pablo e o levou pro SBT.

Tem mais? Tem mais.

Instrumental bem Gretchen, delícia. Nessa ele até arrisca falar umas frases em espanhol. Acho que a ideia era ficar meio sexy. Hum… OK.
Sinceramente prefiro o primeiro compacto.
De qualquer forma não achei Alegria na Milonga, o lado A do segundo compacto! Alguém tem? Me passa? Fiquei curiosíssimo!

Pra terminar: em 2019 Pablo estava morando em Londres.
Não acho a Europa tão longe. ;)

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Stephanie de Mônaco, aqui estou, inteiro ao seu dispor... pra ouvi-la

September 20, 2020 by Jorge Wakabara in música, livro, beleza

Em 1986, uma princesa empunhou um microfone e decidiu cantar. Era Stephanie de Mônaco, a filha caçula do Príncipe Rainier com a estrela de cinema Grace Kelly. Contei um pouco dessa história no sexto episódio da segunda temporada de Quatrilho, o programa sobre música do meu podcast, mas foquei na música em questão, a Rendez-Vous. Aqui eu quero falar sobre a carreira inteira de cantora da musa Stephanie!

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Grace morreu por causa de um acidente de carro em 1982 no qual estavam ela e Stephanie. Ela não faleceu na hora, mas ficou inconsciente, chegou no hospital ainda viva e morreu lá.

A menina ia começar suas aulas em Paris e ambas, mãe e filha, precisavam pegar o trem para ir pra escola. Grace encheu o banco de trás do carro que ia levá-las para a estação de vestidos e, quando percebeu, não poderiam ir ela, Stephanie e o chofer – não ia caber. Ela não gostava de dirigir, mas decidiu que, naquela hora, tudo bem. E foram apenas as duas.

A morte foi uma comoção mundial, claro. Stephanie ficou traumatizada: não pôde comparecer ao funeral da mãe porque ainda estava em recuperação e, dizem, só a avisaram da morte para ela dois dias depois! Depois, enfrentou a especulação de que seria ela, com 17 anos, que estaria dirigindo o carro no acidente, portanto era a culpada. A princesa sobrevivente só conseguiu comentar o assunto em entrevista em 1989 pra um livro, Rainier and Grace: An Intimate Portrait, de Jeffrey Robinson.

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Caroline de Mônaco, a irmã mais velha, teria sido a única da família a falar com Stephanie sobre o acidente. Pra ela, a caçula disse que a mãe, que estava dirigindo sim, seguiu falando: “Não consigo parar. O freio não está funcionando. Não consigo parar". Stephanie teria puxado o freio de mão e mesmo assim o carro não parou e caiu numa ribanceira.

Circulava também o boato de que Stephanie teria bloqueado o acidente de sua mente, tamanho o trauma. Ela negou: “Lembro-me de cada minuto dele", disse em entrevista gravada para Jeffrey, "é que só nos últimos anos que comecei a enfrentar os fatos. Tive ajuda profissional e especialmente nos últimos oito meses tenho aprendido a lidar com isso. Ainda não consigo ir por aquela estrada, mesmo que seja outra pessoa dirigindo. Sempre peço para que peguem a outra". Ela ainda explicou que não falava sobre o assunto com o pai porque sabia que isso o machucava.

Grace e Stephanie não estavam usando cinto de segurança. Técnicos não encontraram falhas mecânicas no carro. A explicação é que Grace teve um apagão dirigindo (ela vinha reclamando da saúde, especialmente de dores de cabeça) e, quando voltou a ficar consciente, estava desorientada. A perícia disse que Stephanie não estava no volante.

A ribanceira de onde o carro desgovernado caiu

A ribanceira de onde o carro desgovernado caiu

“Havia tanta magia envolvendo a mamãe, tanto daquele sonho, que de algumas maneiras ela quase parou de ser humana. Era difícil pras pessoas aceitarem que ela faria algo tão humano como causar um acidente de carro. Pensaram que eu devia ter causado porque ela era muito perfeita para fazer algo do tipo. Depois de um tempo você não consegue deixar de se sentir culpada. Todo mundo te olha e você sabe que estão pensando ‘como ela ainda está por aqui e Grace está morta?’. Ninguém jamais disse isso pra mim assim, mas sabia que era o que estavam pensando. Precisava muito da minha mãe quando a perdi. E meu pai estava tão perdido sem ela. Me senti muito sozinha. E simplesmente saí pra fazer as minhas coisas.”
— Stephanie de Mônaco para Jeffrey Robinson em 1989

Que coisas eram essas? Como Stephanie lidou com o assunto? Primeiro de tudo, ela caiu nos braços de Paul Belmondo (sim, isso, o filho do ator Jean Paul Belmondo), seu namorado na época, e disse pra família que não queria ir pra faculdade.

Amo o fato que ela também namorou Anthony Delon, o filho de Alain Delon

Amo o fato que ela também namorou Anthony Delon, o filho de Alain Delon

Em 1983, Marc Bohan, o estilista da Dior na época que já havia vestido Grace Kelly em diversas ocasiões, contratou Stephanie como estagiária. Ela também começou a fazer trabalhos de modelo – seu objetivo era financiar uma marca de moda praia, a Pool Position, com a amiga Alix de la Comble. Coisa que acabou acontecendo mesmo: a marca foi lançada em 1986.

Stephanie e um look da Pool Position

Stephanie e um look da Pool Position

Paralelamente a isso, o mesmo ano de 1986 viu um single chegar nas lojas. Era Ouragan, com a voz de Stephanie. Ali começava a carreira de cantora.

O clipe é uma superprodução, cheia de locações externas, figurantes, figurinos. Explora-se tanto situações de perigo (algo um pouco arriscado pra imagem pública de Stephanie, né?) quanto a sensualidade andrógina dela: o maxilar marcado e o look ora unissex, ora uma calcinha de biquíni enroladinha bem reveladora. No fim, a mensagem que eu entendi é… o mistério está nela mesma?

O resultado é que Ouragan é um dos singles mais vendidos de todos os tempos na França! Ela mesma disse, pro mesmo livro: “Não esperava que isso acontecesse assim. Nunca pensei que o disco fosse vender do jeito que vendeu. Mas quando me foi dada a chance de cantar, descobri que aquilo era o que eu realmente queria fazer. Cantar e atuar. Virou minha vida".

Inevitável que fosse feito um álbum inteiro. Besoin também saiu em 1986. A próxima música de trabalho era Flash.

Também foi um sucesso. As músicas de Stephanie eram assim: oitentistas, meio balada animada, pop descartável charmosinho sob a nossa lente nostálgica.
Nesse meio tempo, rolou isso aqui:

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Stephanie por

Helmut Newton

na capa da Vogue Paris de setembro de 1986. Caroline, a irmã mais velha, também foi clicada por Newton em fotos incríveis no mesmo ano

Aí, em outubro de 1986, Stephanie foi pra Los Angeles pra gravar um novo álbum. O que ela esquece de contar é que a mudança pros EUA talvez tenha tido outro incentivo. Ele tem nome e sobrenome: Rob Lowe.

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Que babado

de casal

Eles eram até meio parecidos?

Não durou muito tempo. Depois, em 1988, Lowe se envolveria num escândalo de sex tape com uma garota de 16 anos – como eu contei aqui nesse post. A carreira dele deslizou e só voltou mesmo anos depois.

Stephanie também seguiu a vida.

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Em 1989 saiu Stephanie, o perfume

Chique! Nunca senti. Será que é meio mediterrâneo?

O segundo álbum em si, o homônimo Stephanie, demorou cinco anos pra sair. E quando saiu, em 1991, talvez por essa falta de timing, ele flopou.

Acho injusto porque, inclusive, GOSTO.

No mesmo ano de 1991 foi lançado o álbum Dangerous, de Michael Jackson. A terceira faixa, In the Closet, seria a princípio uma parceria entre Michael e nada menos que Madonna! Mas ele achou que as ideias de letra dela estavam too much pra ele e desencanou. Acabou fazendo a música com Teddy Riley e, pro dueto, chamou… uma Mystery Girl. Pelo menos era assim que ela era creditada.

Depois de um tempo, finalmente revelaram que a Mystery Girl era Stephanie. E esse foi, por bastante tempo, o encerramento da carreira de Stephanie como cantora. Em 1992, ela teve seu primeiro filho, Louis Ducruet, fruto do relacionamento dela com o guarda-costas Daniel Ducruet. Nasceram mais duas meninas: Pauline, em 1994, e Camille, em 1998 (essa última filha de outro guarda-costas, Jean Raymond Gottlieb).

Em 2007, aconteceu um breve comeback da Stephanie cantora. A fundação dela Fight AIDS lançou um single com renda voltada pra causa e a participação de diversos artistas. Stephanie aparece no 1'53'':

E em 2008, saiu o que para mim é uma das Vogue Paris que me marcaram. kkkkkkkk Ainda era a Vogue de Carine Roitfeld, desculpa a emoção exagerada. E a edição, de dezembro de 2008, é essa aqui:

Vogue Paris com Stephanie como editora convidada

Vogue Paris com Stephanie como editora convidada

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Acima você confere uma mistura de Stephanie e de imagens inspiradas em Stephanie, incluindo Milla Jovovich encarnando a Stephanie oitentista superstar! AMO!

(Aliás, a Milla também já se arriscou como cantora, né? Mas esse é tema pra outro post!)

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September 20, 2020 /Jorge Wakabara
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