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Os dinamarqueses vintage do Eurovision 2021

March 26, 2021 by Jorge Wakabara in música

Esse vídeo aí de cima parece antigo? Pois é, mas ele é de 2021. Fyr & Flamme, a dupla formada por Jesper Groth e Laurits Emanuel, é a escolhida para representar a Dinamarca na edição de 2021 do concurso de música Eurovision com essa música, Øve os på hinanden. Desde 1997, uma música inteira em dinamarquês não concorre na competição.

E Fyr & Flamme não é uma dupla antiga ressuscitada. Longe disso. O primeiro single deles é de… 2020. Emanuel, em carreira solo, tem um álbum lançado em 2015.

E Groth, com 32 aninhos, tem um currículo de ator. Inclusive elogiado, com indicação para prêmio dinamarquês e tudo, e especializado em comédia.

Jesper Groth em cena da série Sygeplejeskolen

Jesper Groth em cena da série Sygeplejeskolen

OK, mas isso não explica o clima extremamente retrô deles. Achei que era uma coisa específica para o Eurovision, uma brincadeira com o lado kitsch do festival, mas ao mesmo tempo me parecia muito real: o vídeo oficial de fato para ter saído de 1984, e não ser algo com referências aos anos 1980.

Aí fui pesquisar mais e descobri que 1. Obviamente é de propósito, o Fyr & Flamme é fascinado pela década. 2. As outras coisas que eles já lançaram, incluindo o single Menneskeforbruger que fez bastante sucesso, também é megarretrô.

O som, as roupas, o filtro da filmagem, os cortes, os takes. Tudo é anos 1980.

Aliás, o nome da dupla, Fyr & Flamme, vem de uma música de outra dupla: a dinamarquesa Laban, que era ativa adivinha quando? Nos anos 1980!

Amei, nem vou mentir.

O que leva a gente a gostar tanto do vintage? Será que, ainda mais amplificado pela pandemia, o passado nos dá a sensação de conforto? De um tempo em que tudo era mais simples, mais tranquilo, mais atraente? E a nostalgia faz bem ou faz mal?
Quem acompanha esse blog sabe que eu prefiro uma coisa de pelo menos umas duas décadas para trás do que algo novíssimo em folha. Só que nasci em 1981 – não é que eu me lembre da década porque a vivi. Eu era muito pequeno e só ouvia Balão Mágico! Às vezes fico um pouco incomodado com essa minha mania de gostar de velharia, mas é inevitável, quando vejo já estou ouvindo ou assistindo a algo antigo.

E também não sei explicar bem o que me atrai, mas chuto que seja a história por trás: geralmente coisas antigas têm mais histórias, conexões, causos para descobrir. Então isso faz parte da minha experiência quando ouço a música, quando vejo o filme. Acabo pesquisando – os textos desse blog, na sua imensa maioria, vem disso.

Porém, se é isso mesmo, não dá para enganar quando a música é um pastiche dos anos 1980 que na verdade foi criada e produzida hoje – parece, mas ela não tem tanta história quanto uma música que de fato foi lançada há 40 anos.

Quanto ao meu palpite sobre como Fyr & Flamme vai se sair no Eurovision: acho que não rende. A concorrência tem coisas mais interessantes. Só achei engraçada essa fixação deles pelo vintage… parece eu! kkkkkkk

Tenho falado uma coisa ou outra sobre o Eurovision 2021 no meu Twitter, me segue lá.

Fyr & Flamme: Groth na esquerda e Emanuel na direita

Fyr & Flamme: Groth na esquerda e Emanuel na direita

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March 26, 2021 /Jorge Wakabara
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música
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Akihiro Miwa icônica demais

February 25, 2021 by Jorge Wakabara in cinema, livro, música

Nossa senhora, isso que é MUSA.

Assisti ao filme Kurotokage com Akihiro Miwa, a versão de 1968 (existe uma de 1962), e depois Kuro Bara no Yakata, de 1969. É surreal como, no fim dos anos 1960, o Japão cheio de regras em relação a gênero apresentaria uma transformista como musa.
Ah, sim: Akihiro Miwa não é exatamente uma mulher trans. No lugar de determinar seu gênero, ele parece achar mais interessante a via do não-binário, do constante passeio entre gêneros. E isso parece que atrai ainda mais a atenção (e o deslumbramento) dos japoneses!

Mas vamos voltar para começo, quando Miwa ainda era artista de cabaré e, em 1957, gravou Me Que Me Que, um clássico da música francesa originalmente lançado por Gilbert Bécaud naquela mesma década.

A versão em japonês, malandrinha, fez sucesso. Miwa bombou. E parece que foi nessa época que o escritor Yukio Mishima, um machão de direita que surpreendentemente tinha muita sensibilidade nas suas obras, elogiou Miwa, dizendo que era como um “uma beleza dos céus", ou seja, um anjo. A comparação faz sentido no que eu já pesquisei e ouvi dizer sobre a homossexualidade japonesa. Acho que vale abrir um parênteses aqui para falar sobre isso – e um pouco mais sobre Mishima também.

Os rapazes prostitutos do Japão antigo

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O livro O Belo Caminho: História da Homossexualidade do Japão, de Gary P Leupp, explica bem que a homossexualidade não é algo "novo” ou "que os brancos trouxeram” para o Japão. Longe disso. O shudo, que se refere a uma estruturação específica de prática homossexual um pouco parecida com a da Grécia antiga, em que existe a figura do homem mais velho mentor e deflorador e o rapaz jovem, passivo, inocente e aprendiz, foi uma realidade em monastérios budistas com presença exclusiva masculina, e também nas relações entre samurais. Para mim também tem a ver com uma relação de dominação e submissão que, pelo pouco que sei e posso estar falando bobagem, é recorrente na sexualidade nipônica.

Com o tempo, meninos começaram a virar michês para sobreviver, muitos deles relacionados ao teatro kabuki, uma tradição dramatúrgica que não permite atrizes. Esses atores especializados em papéis femininos atraíram fãs e cobravam por sexo, alguns viravam amantes de homens ricos. Depois, existiram bordéis que já nem disfarçavam sob a fachada do teatro, só com rapazes. Eles se vestiam e se enfeitavam como moças.

A imagem do rapaz afeminado e submisso não ficou no passado. O filme Morte em Veneza (1971) foi uma grande referência no Japão – a figura de Tadzio (Björn Andrésen, que para quem não sabe é o ancião do sacrifício no recente Midsommar de 2019) era tudo que os japoneses achavam lindo. Androginia e mistério. Isso corre até os idols do j-pop, apresentados como sensíveis e com traços mais delicados, e respinga também no k-pop.

O próprio Andrésen virou uma celebridade no Japão. Quando ele visitava o país, as mulheres iam à loucura! A ponto de, bem… ele mesmo gravar músicas em japonês, tal qual um idol. Olha que loucura?

Yukio Mishima: um homossexual de direita?

Em 1951, Mishima lançou o livro Kinjiki, uma expressão que é um eufemismo para homossexualidade. Um trocadilho entre “cores proibidas” e “amores proibidos". A história, considerada autobiográfica por muitos, traz a relação entre um escritor mais velho e um rapaz jovem que confessa que vai casar com uma mulher por motivos financeiros, mas que não se sente atraído por ela nem por ninguém do sexo feminino. Críticos apontam uma misoginia forte enraizada no texto – um discurso de ódio contra as mulheres. Mas virou um clássico.
Acontece que Mishima foi casado com uma mulher, Yoko Sugiyama. E ela, por sua vez, odiava e negava os rumores sobre a homossexualidade do marido, mesmo que fosse público que ele, por exemplo, frequentava bares gays. Eles tiveram um par de filhos, inclusive.
Existe um livro não-autorizado, de 1998, de Jiro Fukushima. Ele alega que teve uma relação com Mishima em 1951. Foi um escândalo que acabou com Fukushima e a editora processados pela família de Mishima.

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Mishima tentou fazer um golpe de estado no Japão em 1970. Sério. Isso porque, antes de casar com Yoko, ele quase casou com Michiko Shoda, que depois virou imperatriz porque se casou com o príncipe Akihito! A tentativa de golpe não deu certo e ele cometeu seppuku, o suicídio ritualístico japonês, aos 45 anos de idade.

Voltemos para Akihiro Miwa.

Uma baita história

Miwa nasceu em Nagasaki e, sim, estava na cidade quando a bomba atômica explodiu em 1945, quando tinha 10 anos. Como outros sobreviventes, ele sofre com os efeitos da radiação.
Ainda na época de Me Que Me Que (ou Meke Meke), saiu do armário publicamente, declarando-se homossexual. Para quem não está familiarizado com a cultura japonesa: ser homossexual afeminado no Japão contemporâneo é um pouco diferente. Existe preconceito, mas também existe uma maior aceitação – a rejeição maior acontece justamente quando você não é afeminado e, na cabeça do povo, “confunde". Celebridades homossexuais que se travestem são famosas na TV e amadas, por exemplo (é o caso de Miwa, que nos anos 2000 virou uma celebridade televisiva de muita fama).

O boom desse primeiro hit arrefeceu e Miwa ficou mais apagadinho. Seu segundo hit só viria em 1965: Yoitomake no Uta. Composta por ele mesmo, tem uma pegada bem enka na sua temática, falando do esforço do trabalhador rural e como ele é digno (pelo menos acho que é isso, me desculpem se entendi errado!).

De volta ao sucesso, Miwa lançou sua autobiografia em 1968 e começou a atuar em peças de teatro. Uma delas, Kurotokage, foi baseada em um livro policial de Ranpo Edogawa e adaptada para o teatro por Yukio Mishima. A peça já havia sido montada com outras atrizes no papel principal da bandida Lagarto Negro (ou, em japonês, Kurotokage), mas foi com Miwa que ela chegou naquele ponto sublime de petardo pop. Tanto que… virou filme!

Miwa como Kurotokage no filme de 1968

Miwa como Kurotokage no filme de 1968

A história é um embate entre Kurotokage, essa bandida que gosta de roubar "coisas bonitas”, e o detetive Kogoro Akechi (Isao Kimura). Miwa está simplesmente magnética, arrebatadora, com figurinos babadeiros.

Incautos podem colocar o filme naquela caixa de “o queer sempre é o vilão, o errado". Mas acredito que Kurotokage é mais que isso. Kurotokage, a personagem, é bela, hipnotizante, e se deixa levar pela obsessão por tudo que é bonito. Também não vê o mundo como binário: enxerga a beleza nos homens e mulheres. Sua própria beleza está ligada à androginia. Mais do que camp, o filme é cheio de nuances, esteticamente instigante, transbordando pulsão de morte e sexo. Para mim, um dos filmes mais legais que já vi nos últimos tempos, sem exagero.

Vou dar um spoiler para explicar uma coisa muito importante, quem não quiser saber pode pular para / SPOILER TERMINA /.

/ SPOILER COMEÇA /

A criminosa Kurotokage tem uma coleção muito, er, peculiar. São corpos humanos bonitos, empalhados. Eles aparecem no filme, em seu covil, quando ela os exibe para a sequestrada Sanae (Kikko Matsuoka), que depois se revela ser uma sósia de Sanae contratada para se passar por ela.
A curiosidade: o homem empalhado que Kurotokage beija na boca é ninguém menos que… Yukio Mishima.
É um selinho apenas, OK. Mas é babado.
Isso alimentou os rumores de que Mishima e Miwa teriam tido um caso em algum momento da vida. Miwa já chegou a declarar que "Mishima não era um homossexual de verdade". Bicurioso, então? Enfim. O artista também se colocou contra o livro de Fukushima de 1998.
Como já contei lá em cima, Mishima morreu dois anos depois do filme lançado.

/ SPOILER TERMINA /

O trabalho na imagem de Miwa como uma mulher misteriosa e sedutora é típica do filme noir, mesmo que Kurotokage não seja um noir – a relação vem da inspiração, pois o argumento vem de um romance policial com direito a um superdetetive, mas a cinematografia também ajuda, cheia de sombras, ambientes noturnos.
Também acho interessante o jeito que o detetive é construído. Akechi tem prazer em desvendar os casos. A relação dele com Kurotokage é de interdependência, com ambos precisando dessa nêmesis para existirem em sua melhor performance. Ninguém é inocente. Akechi não é um herói. Ele depende do crime para fazer o que faz da vida: desvendá-lo.

Às vezes, Kurotokage fala com Akechi usando o espelho de seu bar. Eles são o espelho um do outro? Dois lados de uma mesma moeda?

Às vezes, Kurotokage fala com Akechi usando o espelho de seu bar. Eles são o espelho um do outro? Dois lados de uma mesma moeda?

Mas Miwa assumiria um papel ainda mais misterioso em Kuro Bara no Yakata, ou Mansão da Rosa Negra: o lagarto negro agora vira uma rosa negra no filme de 1969.

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A história de Kuro Bara no Yakata é de uma mulher misteriosa, Ryuko (Akihiro Miwa), que sempre carrega uma rosa inteira preta. Ela diz que, quando encontrar o verdadeiro amor, a rosa ficará vermelha. Uma coisa meio Bela e a Fera, né? Ninguém sabe do passado de Ryuko e ela atrai a atenção de Kyohei (Eitarô Ozawa), o dono da Mansão da Rosa Negra. O local é uma espécie de clube da alta sociedade, no qual Ryuko passa a se apresentar cantando e encantando (kkkkk desculpa, não resisti a essa frase feita). Os homens caem de amores, um pouco pelo mistério, um pouco pela beleza.

Homens do passado de Ryuko começam a aparecer. Eles alegam que se casaram ou que namoraram a musa, que ela os enlouqueceu ou que era má, mas seguem apaixonados. Ainda assim, Kyohei, que é casado e já tem dois filhos criados, torna Ryuko sua amante.

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Tudo parece ir bem até que o filho mais novo de Kyohei, Wataru (Masakazu Tamura), reaparece. Desde o começo, fica claro pela fala dos outros personagens que ele é um rapaz problemático, ovelha negra. E adivinha? Ele se apaixona por Ryuko…

Aqui, a figura de Ryuko, apesar de ainda mais misteriosa que a Kurotokage, é menos dúbia. Ela é a vamp, a que leva os homens à ruína. O toque subversivo fica por conta dessa figura tão desejada ser interpretada por um homem: a audiência sabia, o elenco sabia, todo mundo sabia. Não é um filme tão bom quanto Kurotokage, mas gostei.

Curiosidade: o diretor de ambos os filmes é Kinji Fukasaku. Em 2000, ele fez o filme que muita gente diz que influenciou Jogos Vorazes: a fábula sinistra Battle Royale.

Miwa acabou dando um tempo nas telonas após essa dobradinha e se dedicou à carreira de cantor. Isso deu em clássicos, como isso aqui:

Em 2012, já como uma personalidade consagrada no meio artístico, Miwa se apresenta pela primeira vez no tradicional Kôhaku Uta Gassen, o festival de fim de ano transmitido pelo canal NHK. Na época com 77 anos, ele foi a pessoa mais velha a se apresentar pela primeira vez no Kôhaku. E pelo que entendo também foi o artista que apresentou a música mais longa na história do festival, que costuma ser bem rígido com o tempo de apresentação dos artistas participantes, geralmente em torno de três minutos. Olha aí:

Antes disso, Miwa dublou um personagem de anime muito querido de quem curte Studio Ghibli. É a bruxa com papeira, como diria meu marido, de O Castelo Animado!

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Miwa segue vivíssimo. Vai fazer 86 anos.

Bônus: OLHA. ESSE. CLOSE.

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February 25, 2021 /Jorge Wakabara
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Fábio, o amigo paraguaio do Tim Maia

February 16, 2021 by Jorge Wakabara in música

Ele foi interpretado na série e no filme sobre Tim Maia com Babu Santana por Cauã Reymond – uau. Na vida real ele é… Ah, não chega a ser um Cauã. Risos. Mas tudo bem! Fábio na verdade se chama Juan Senon Rolón, um paraguaio que chegou no Brasil já com uns 20 anos e caiu nas graças de Carlos Imperial.

Na sua biografia, Até Parece Que Foi Sonho - Meus 30 anos de Amizade e Trabalho com Tim Maia, lançada em 2007, Fábio não disfarça nada: fala das drogas, fala que gastou tudo com mulher, é bem direto. Mas ele quase fala mais de Tim do que dele mesmo, e não devia. Para alguém que fez isso…

Imagina: em pleno 1968 da ditadura militar brasileira, um cara vai lá e lança um compacto com a sigla LSD bem grande na capa? Pois é. A música foi composta com Imperial, gravada com The Fevers e é divertida, fala de viagem alucinógena sem disfarçar numa pegada Lucy in the Sky with Diamonds. Esse foi o primeiro compacto dele. Mas Fábio ia estourar mesmo no ano seguinte, com Stella.

Feita com Paulo Imperial, irmão de Carlos, a canção tem uma pegada soul. Nessa época, ele já era amigo de Tim – que havia voltado dos EUA cheio de black music na cabeça e a apresentou para o amigão. Fez tanto sucesso que Fábio é conhecido e reconhecido como Fábio Stella – o hit virou sobrenome!
E Tim só gravaria o primeiro álbum em 1970, depois de Fábio! Não Vou Ficar, o primeiro grande hit composto por ele, foi lançado em 1969 por Roberto Carlos – que também se contaminou com o vírus da soul music de Tim e seguiria cometendo pérolas no começo dos anos 1970, essas de sua autoria com Erasmo Carlos, como Todos Estão Surdos e 120… 150… 200 Km por Hora.

Mas voltando ao Fábio…

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Esse aí de cima é o primeiro LP do Fábio, de 1969, que contava com diversas músicas escritas por ele e Paulo Imperial. Uma delas é uma homenagem para a cantora Vanusa, antes dela casar com o Antonio Marcos.

Em 1971, Fábio lançaria uma música em compacto bem, digamos, interessante! A Volta de Corisco, outra parceria com Paulo Imperial, oscila entre o nordeste e o soul e cita Corisco, o cangaceiro, numa pegada… romântica? Hoje a gente sabe o tratamento que os cangaceiros tinham com suas mulheres, e essa alegoria romântica não faz o menor sentido. Mas a música é boa, ouça:

Mais interessante ainda é o segundo LP de Fábio, de 1972. Os Frutos de Mi Terra é a pérola perdida de Fábio, ainda a ser descoberta, guarânia psicodélica folk. É lindo. Tem até Dorival Caymmi (a bela porém machista Marina, aqui em pegada balada roqueira) e Sueli Costa (com Tite Lemos, Encouraçado). E os maravilhosos Tom & Dito (em Cravo e Jasmim)! E Guantanamera (uma versão linda, sério)! E Menino de Braçanã! E… o Hino da República (!!!!! Era 1972, ainda pleno regime militar!). E uma versão de Cacá Diegues (???) para Father and Son de Cat Stevens (não confundir com Pais e Filhos da Legião Urbana, aqui é Pai e Filho).

A ficha técnica desse disco é chamativa: Nelson Motta na direção musical, Zé Rodrix no arranjo de cordas, Cesar Camargo Mariano no piano de Encouraçado… Mas não aconteceu e até hoje é obscuro, sei lá porquê. E apesar de eu dizer que ele ainda não foi descoberto, o fato é que já é item de colecionador – vai ver os precinhos no Mercado Livre… Coisa de R$ 500!

É engraçado que eu ainda goste dessa versão de Encouraçado do Fábio. Um cara que eu tive um caso adorava essa versão e me mostrou.
Ele foi um idiota. As músicas ficam… kkkkkkkkkkk

Em 1975, numa fase meio Raul Seixas (hahaha), Fábio lançou o EP As Aventuras de um Certo Capitão Blue.

Interessante? Hum. Acho meio ruim, sinceramente. No mesmo EP, tinha a roqueira Se o Rádio Não Toca, do próprio Raul com Paulo Coelho – foi trilha da novela O Rebu.

Mas o que eu gosto mesmo é do single de 1977!

Cadelinha de disco music brasileira, né, bilu? Eu mesma.

E em 1979 a gente chega no último hit de Fábio, com o próprio Tim Maia. Até Parece que Foi Sonho é bonita, do mega hitmaker Paulo Sérgio Valle com Diogo e o próprio Fábio.

Fábio continuou fazendo discos mas nunca chegou no mesmo estrelato. Entre as músicas… OUÇA:

Perfeita. Como que isso não continua tocando??? Olhe fundo pra miiiiim / Você não vai ver ninguém!

Ai, não resisto em colocar esse encontro aqui: Ronnie Von recebendo Fábio no seu programa Todo Seu. Detalhe: com Caçulinha no teclado!!! Tá passada???

E um bônus: Até Parece que Foi Sonho em 2011 na Cultura.

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February 16, 2021 /Jorge Wakabara
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Quem é que NÃO estava no elenco de Mal Posso Esperar (1998)?

February 15, 2021 by Jorge Wakabara in cinema, música

Às vezes, tudo que você quer é um filme que vai te passar aquela sensação de derretimento de cérebro (isso também acontece com algumas séries e com Keeping Up With the Kardashians). Se o entretenimento contar com Jennifer Love Hewitt no papel principal, bem… por que não? Parece irresistível.
Mal Posso Esperar às vezes passa na TV a cabo (meu marido adora TV a cabo, então sim, somos os únicos millennials que seguem assinando TV a cabo apesar do advento do streaming). Ele foi escrito e dirigido por uma dupla: Harry Elfont e Deborah Kaplan, que além disso nos deram outro filme derretedor de cérebro fantástico, a inebriante live action de Josie and the Pussycats de 2001. Muito que bem.

A história de Mal Posso Esperar é bem idiota, não vou nem tentar disfarçar. Tudo se passa na noite da formatura do Ensino Médio de uma turma e eles encontram uma festa numa casa que se transforma em, bem, um campo de guerra bem festivo. Aí você começa a acompanhar paralelamente tramas de personagens específicos: o menino esquisito que quer perder a virgindade, os nerds que querem vingança, o menino que é apaixonado por uma garota popular que nunca deu bola para ele… Os clichês vão se amontoando. Portanto, um filme perfeito para o cérebro derreter: não requer esforço. Mas existe um charme aqui:
1. Os looks, que GRITAM anos 1990. Blazer de veludo? Gargantilha? Birotinho no cabelo? Babylook? Tie-dye? Tudo isso está lá. Como os anos 1990 foram os anos da minha adolescência e eu provavelmente era o público-alvo desse filme (me formei no Ensino Médio exatamente em 1998 e entrei para a primeira faculdade em 1999), o gosto familiar fica ainda mais forte para mim.
2. O elenco. Gente. O filme vai avançando e você vai dizendo a todo momento: "Nossa. Olha esse cara… Lembra?!” Ajuda o fato de que o elenco é enorme, cheio de participações.

Então decidi enumerar esse povo aqui. Vamos lá?

A musa: Jennifer Love Hewitt

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Qual é a graça de Jennifer Love Hewitt? Não me pergunte, eu não saberia explicar. Ela é a sem sal mais salgada que existe. Quando Mal Posso Esperar saiu, ela tinha acabado de estourar como a protagonista de Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado um ano antes e já tinha um papel recorrente na série O Quinteto.
As quase camp Ghost Whisperer e The Client List viriam só em meados dos anos 2000 (e na minha cabeça são tão ruinzinhas que uma é sequência da outra, apesar das histórias não terem nada a ver – em comum, possuem protagonistas tão pouco expressivas que são engraçadas, encarnadas por Hewitt kkkkkkk).
Para quem não sabe, além de Mal Posso Esperar, Eu Sei o que Vocês Fizeram e O Quinteto, Hewitt conquistou seu lugar como namoradinha da América com uma carreira… na música. TRÊS discos gravados! Ficou chocada, more? Eu fico toda vez que lembro.

KKKK WTF
Hewitt ficou tão marcada e encantada por seu papel como Amanda Beckett em Mal Posso Esperar que anunciou, em 2019, que queria fazer um filme que funcionaria como sequência com o mesmo elenco, que ela mesma dirigiria (!!!). Saiu até no Page Six. Mas a história nunca mais voltou a ser citada, então é provável que tenha sido abortada.

O boy: Ethan Embry

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Aquele rostinho que você pensa CARACA, EU CONHEÇO, DE ONDE MESMO? Pois é, você conhece! Embry diz que não lembra de nada das filmagens de Mal Posso Esperar nem do filme em si, porque na época que encarnou Preston Meyers ele era um baita maconheiro. Antes desse longa, ele apareceu em Empire Records (1995) e The Wonders: O Sonho Não Acabou (1996). Mas provavelmente você está se lembrando desse rostinho da TV: de Once Upon a Time ou Grace and Frankie. Ele é o Coyote, filho da Frankie (Lily Tomlin).

Também existe a história de que, para a cena do beijo, Hewitt teria discretamente dado umas balinhas de menta para Embry, porque o hálito dele era meio, hum, comprometido pelo alto uso de marijuana.

O nerd: Charlie Korsmo

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Esse é um dos casos mais instigantes do elenco do filme. Korsmo foi um ator mirim que prometia: participou, por exemplo, de Dick Tracy (1990) e Hook – A Volta do Capitão Gancho (1991). Aí sumiu. Aí apareceu de novo em Mal Posso Esperar no papel do nerd que fica bêbado. Aí sumiu de novo!

Ele é um megaprofessor de direito. Tem quem diga que grande parte dos seus papéis que rejeitou quando parou de atuar em 1991 foram para Elijah Wood, então é provável que, se ele continuasse, a carreira de Wood fosse um pouco menos estrelada!

Charlie, que hoje prefere ser chamado de Charles, voltou uma vez apenas para o set de filmagens até hoje. Foi para participar de Chained for Life (2018), um filme que eu sou super a fim de ver e não vi até agora. Parece bem bom! Olha o trailer:

A moderna: Lauren Ambrose

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A verdadeira “garota do lado” não era Hewitt e sim Ambrose: cativante, acessível, divertida. Quem não tinha uma amiga que nem ela, a melhor amiga que, surpresa, tem uma história ainda mais interessante que o tal “casal principal"?

Esse foi o primeiro grande papel da atriz, que depois chegou a ter um personagem fixo em O Quinteto. E você deve se lembrar dela de Six Feet Under, né? Ela é boa, devia ser melhor aproveitada por Hollywood.

Mas se as telonas não querem… ela arrasa nos palcos. Ambrose já foi indicada a um Tony por sua performance em My Fair Lady na Broadway em 2018.

O babaca: Peter Facinelli

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GIFs que dizem tudo: exala energia cretina, né?
Que personagem ODIOSO!

Rapidamente Facinelli foi perdendo o brilho de protagonista e escorregando para o coadjuvante. Também esteve em Six Feet Under, num papel menor que o de Ambrose. É o Dr. Carlisle Cullen, pai adotivo de Edward Cullen (Robert Pattinson) em Crepúsculo (2008) e as sequências da franquia. É Rupert Campion, o diretor da nova versão de Funny Girl de Glee. É o Dr. Fitch Cooper em Nurse Jackie. É o vilão Maxwell Lord na série Supergirl (sim, o mesmo personagem depois encarnado por Pedro Pascal no Mulher-Maravilha 1984, mas numa pegada bem diferente).

Curiosidade: ele fez o papel do odioso Keith Raniere numa adaptação para a TV da história da seita NXIVM.

Ah, e ele também é diretor. Já fez dois longas.

O esquisitão: Seth Green

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Poucas pessoas podem dizer que estiveram em filmes clássicos adolescentes dos anos 1980 e dos anos 1990: Green pode. Ele era o irmão do protagonista Ronald Miller (Patrick Dempsey) em Namorada de Aluguel (1987) e, claro, é o Kenny Fisher de Mal Posso Esperar. O currículo, hum, invejável ainda incluiu um personagem fixo na trilogia Austin Powers (ele é o filho do Dr. Evil), o personagem Oz da série Buffy, a Caça-Vampiros (aliás, ele é BFF da Sarah Michelle Gellar, a protagonista), o personagem recorrente Mitch Miller em That 70's Show… Isso sem contar os mil jobs dele como dublador, principalmente em Family Guy como Chris Griffin, o filho do meio, de bonezinho.

Uma das namoradas: Jaime Pressly

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Você olha e pensa: "Será que eu tô confundindo com a Margot Robbie ou eu realmente a conheço?"
Resposta: ambas as alternativas.

Pressly participou de outras coisas grandes. Ela é a Jill na série Mom. Ela é Joy Turner, a ex-mulher de Earl em Meu Nome é Earl. E, bem, ela participa de Não é Mais um Besteirol Americano (2001)… assim como Chris Evans, antes que você fale qualquer coisa.

O cara da melancia: Jason Segel

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Uma das melhores coisas de Mal Posso Esperar é pescar as participações especiais. Entre elas, aqui está Jason Segel num papel que é literalmente esse: ele é o cara da melancia.

Caso você tenha virado um eremita durante os anos 1990, te falo tudo: ele faz parte daquela turminha hype de Hollywood que fez Freaks and Geeks em 1999 e daí para frente, sempre esteve mais ou menos envolvido com eles. As pessoas costumam lembrar bastante dele por How I Met Your Mother. Ou por Sex Tape – Perdido na Nuvem (2014)? Risos. Tem quem ame Ressaca de Amor (2008). O novo Adam Sandler? Acho que não é para tanto, e confesso que o papel que mais me marcou dele é o de… Gary, em The Muppets (2011).

Desculpa por ser assim.

A que dá um fora: Clea DuVall

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No mesmo ano de Mal Posso Esperar, DuVall nos encantaria para sempre como Stokes em Prova Final. ou pelo menos encantou a mim. Em 1999, participou de outro clássico, Ela é Demais, e de uma dobradinha que eu amo: But I'm a Cheerleader e Garota, Interrompida. Acho que foi nessa dobradinha que ela conquistou o coração da nação sapatã e nem precisou sair do armário, né?
Os mais novinhos talvez se recordem mais do papel de DuVall em The Handmaid's Tale - ela é Sylvia. E DuVall é a roteirista e diretora de Alguém Avisa?, a comédia romântica de 2020 protagonizada por um casal lésbico interpretado por Kristen Stweart e Mackenzie Davis.

O babaca do passado: Jerry O’Connell

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É engraçado pensar que O’Connell é o cara que chega para avisar o personagem de Facinelli que a faculdade não vai ser tão legal quanto ele imagina. Um ano antes, ele estava em Pânico 2, lembra? Justamente na faculdade.
E bem, antes disso O’Connell é simplesmente um dos garotos do quarteto de Conta Comigo (1986), uma das maiores adaptações de Stephen King para o cinema. Só de lembrar eu dou uma lacrimejadinha.

Ah, e ele faz parte do elenco de Missão: Marte (2000), de Brian de Palma – ter feito parte de um filme do De Palma, para mim, é babado…

Curiosidade: O’Connell interpreta o namorado no clipe de Heartbreaker de Mariah Carey.
Curiosidade 2: O’Connell é casado com Rebecca Romijn, a primeira Mística daquela primeira trilogia X-Men.

A outra menina: Selma Blair

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Amo a Selma Blair demais, mas principalmente pelo que ela faz agora. Quem interpretou Kris Jenner além dela? E a stripper madrasta de uma das Heathers na série Heathers, uma das melhores coisas ali? OK, não é tão difícil, a série é ruinzinha, mas o que importa é que ela realmente está incrível no papel.

Um pouco depois dessa ponta em Mal Posso Esperar, Segundas Intenções (1999) e aquele beijo (você lembra, não adianta disfarçar) chegariam ao cinema. E depois ainda ia ter Legalmente Loira (2001) – Blair é uma das únicas pessoas que consegue usar uma boina e me fazer rir. Em geral, tenho vontade de chorar (odeio boinas, então imagina como está sendo para mim assistir as bichas tentando fazer essas coisas horrorosas voltarem em RuPaul's Drag Race e RuPaul's Drag Race UK).

Ah, e teve o Hellboy do Guillermo del Toro, né? Hehehehe

(E eu adoro que ela é a irmã da Dra. Smith Parker Posey no novo Perdidos no Espaço, é muito perfeito as duas serem irmãs <3)

A garota do livro do ano: Melissa Joan Hart

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A Sabrina Spellman mais legal (a Sabrina da Netflix é muito chata) arrumou um tempinho entre as gravações da série para fazer essa ponta.

Não tenho muito o que falar dela, e não é shade: ela realmente não fez nada tão bem sucedido quanto a série da Sabrina. Mas o papel dela em Mal Posso Esperar é concretamente memorável, apesar de aparecer relativamente pouco: a menina que fica atrás do povo para eles assinarem o livro do ano dela é engraçada demais. O filme acaba e ela é uma das coisas que permanecem na sua cabeça.

O cleptomaníaco: Chris Owen

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O briefing do seu papel é: você vai aparecer roubando coisas.
Simples assim.
Chris Owen já tinha uma cara de menino endemoniado. Depois, seria o Sherman em American Pie (1999). Então, se você é o Guga Chacra, você o reconheceu.

Estou vendo pela milésima vez a cena do Finch c/ a mãe do Stifler no American Pie. Sério que acho uma das mais cômicas da história do cinema. Mas talvez a melhor do filme seja a do Jim fazendo striptease para a Nadia. Enfim, filme anos 1990. Quem foi adolescente na época entende

— Guga Chacra (@gugachacra) July 11, 2020

O vocalista da banda: Breckin Meyer

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Você não lembrava do nome dele, mas da cara… É que Meyer domina os castings de filme adolescente da época, desde A Hora do Pesadelo 6 (1991) até As Patricinhas de Beverly Hills (1995). Esse agente trabalhou, viu? Mas talvez, no fundo, eu lembre dele das propagandas da série Franklin & Bash, na qual ele era um dos protagonistas. Passavam toda hora.
Nunca vi a série.

O baterista de chapéu de caubói: Donald Faison

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Outro que veio do elenco de Patricinhas de Beverly Hills, Faison também fez fama no elenco fixo da série Scrubs. Simpatizo com ele.

Bom, eu poderia falar de TODO O ELENCO de Mal Posso Esperar, mas ainda falta muita gente. Chega, né?

Deixei alguém que você ama de fora? Reclame no SAC.

E reassista Mal Posso Esperar. Não vai ser tão ruim assim, garanto.

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February 15, 2021 /Jorge Wakabara
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Você conhece a NAU?

January 21, 2021 by Jorge Wakabara in música

Vange Leonel não começou na abertura da novela Vamp com Noite Preta. Aliás, muito pelo contrário.

Volta para 1980. Vange fez parte da banda Os Camarões, de ninguém menos que Nando Reis. E mais: Vange e Nando eram primos!

O primeiro registro em disco da voz de Nando é ao lado de Vange: era o LP Festival da Feira da Vila Madalena, com os participantes do dito festival de 1980 (e a gravação saiu no mesmo ano). A música, tocada pelos Camarões, é chamada O Cheiro de Beterraba e… é de autoria de Vange!

E olha o babado: a primeira faixa desse disco é Nêgo Dito, de Itamar Assumpção, que inacreditavelmente ficou em 3º lugar. Outro que concorreu foi Paulo Miklos, futuro colega de Nando nos Titãs, com Desenho, composição dele e de Arnaldo Antunes. Nem Os Camarões, nem Miklos levaram prêmio na Feira – mas eles estão lá, registradinhos no LP.
(Desenho é bem, mas bem, mas beeeem Arnaldo Antunes! Engraçado perceber isso.)

(Aliás, para fins de esclarecimento: costuma-se dizer que os Titãs se conheceram no Equipe, colégio de São Paulo. Errado: nem todos. Nando realmente fez Equipe, como Miklos e Antunes, mas os dois eram mais velhos. Quando Nando entrou, eles já tinham se formado! Portanto, na época do lançamento desse disco, eles não se conheciam!!!)

Ah, outro que participou do festival e do LP é Celito Espíndola, da família Espíndola. Ele é irmão de Tetê, Alzira e do resto do pessoal (que eu saiba são 6 irmãos) e fez parte da banda Tetê e o Lírio Selvagem.

Mas, certo. Então Vange começou ali na Feira da Vila.
E depois?
Diz que ela fez parte de uma banda chamada Estéreos Tipos que, apesar do nome bem sacado, não foi muito para frente.
E aí, bem…
Depois teve a NAU.

Meio pós-punk, meio heavy metal (na verdade, sinceramente eu acho BEM metal), a NAU foi fundada em 1985. Era formada por Vange (vocal e guitarra), Mauro Sanchez (bateria), Zique (guitarra) e Beto Birger (baixo). Eles gravaram uma fita demo que tocou na 89FM em SP e na Maldita no Rio. Nessa época, Vange também se aventurava como atriz no grupo XPTO.
Aí eles gravaram para uma coletânea da Baratos Afins de pós-punk que virou artigo cult maravilhoso, a Não São Paulo, lançada em 1986. Só que a coisa parece que atrasou e o primeiro volume da coletânea, que saiu em 1986, saiu sem NAU. Ou seja, entre o primeiro e o segundo volume da Não São Paulo (que, aí sim, tinha NAU), acabou rolando a gravação e lançamento do primeiro disco da banda em si, em 1987.

A história parece que foi a seguinte: Sanchez, o baterista, foi afastado por problema de saúde. Dany Roland, o baterista da Metrô, o substituiu às pressas. Não sei se isso foi antes ou depois da gravação do segundo álbum da Metrô (na prática o terceiro, se contarmos o lançado quando a banda se chamava A Gota Suspensa), que era o cult-misterioso-exótico A Mão de Mao de 1987.
Diz que foi Roland que intermediou o contato da NAU com Luiz Carlos Maluly. Sabe quem é? O cara que já havia produzido coisas do Rádio Táxi, a própria Metrô e… o RPM e suas Revoluções por Minuto de 1985, disco do BRock que vendeu mais que pão quentinho! Para a NAU, esse encontro com Maluly significou um contrato de três anos com a CBS.

No disco homônimo NAU, a música de abertura, Bom Sonho, é composição de Vange. Ela interpreta já como uma supercantora, cheia de personalidade, nos seus malabarismos vocais que viraram marca registrada – e que, estranhamente, estão quase ausentes em Noite Preta em si. Mas essa faixa é a única do álbum que ela assina sozinha: divide Corpo Vadio e As Ruas com Zique, Diva e As Barcas com Zique e Birger, e Novos Pesadelos com Zique, Birger, Sanchez mais Rosália Munhoz, das Mercenárias. A última música, Nada, é dos quatro integrantes.

Algo que a gente também precisa ressaltar: a única música do disco que não é de nenhum integrante é Linhas Esticadas. É meio valsa, romântica e esquisita – gosto da melodia do refrão, cheia de agudos.
As compositoras são Cilmara Bedaque e Laura Finocchiaro.

Cilmara foi a companheira de vida inteira da Vange, até a artista morrer em 2015. Compôs outras coisas com Vange na carreira solo dela. Não sei exatamente quando elas começaram um relacionamento, mas em 1995, quando Vange saiu do armário publicamente, elas estavam juntas.
Já Laura… Quem foi moderno ou candidato a moderno nos anos 1990 (ou seja, eu estou nessa lista) sabia quem era. Irmã da roqueira que chegou a ter fama underground Lory F, Laura ganhou um tremendo destaque quando ganhou um concurso para tocar no Rock in Rio II, em 1991, no mesmo dia de ninguém menos que Prince! A própria diz que ela não se inscreveu – quem mandou a fita foi um fã! Loucura, né?

Mas quando o disco NAU saiu, o ano ainda era 1987, pré-Rock in Rio. No velório de Vange, Laura fez um discurso lembrando que a amiga foi quem financiou suas primeiras gravações no início da carreira em SP.

Depois, Laura ainda ficaria famosa por outro motivo: ela assinava a trilha sonora maravilhosa do programa Casa dos Artistas, no SBT!
(Ah, e sim: ela se assumiu bissexual em 1992.)

Laura Finocchiaro nos anos 1990

Laura Finocchiaro nos anos 1990

A NAU se desfez em 1989. Vange partiria para carreira solo e o primeiro álbum, Vange, de 1991, é o que tem Noite Preta. Em 1996, ainda saiu o EP de Vange Vermelho, que não fez muito sucesso. Com isso, ela abandonou precocemente a carreira musical e focou na literatura. Escreveu livros, peças. E nos deixou muito cedo.

A música-título do EP Vermelho me lembra a NAU na levada.

Mas, AH, tem mais uma coisa!

Em 2018, surpresa: foi lançado o disco perdido da NAU, gravado 30 anos antes. Antes da banda acabar, houve uma tentativa de segundo álbum em 1988… e sim, a viúva de Vange, Cilmara, descobriu a fita dentro de uma caixa em 2017! Tadaaah! Ela disse que a fita estava melada, que não sabia se conseguiria recuperá-la. O milagre foi feito, e o álbum outrora rejeitado pela gravadora voltou à vida.

Eu gosto, viu? A NAU tem um ar meio banda do Café Piupiu (quem tem a referência sabe o que eu tô dizendo), mas que na época fazia total sentido.
Se a NAU tivesse continuado, o que faria hoje?

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January 21, 2021 /Jorge Wakabara
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