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O incrível Pater Sato (e o também incrível Syd Brak)

September 26, 2020 by Jorge Wakabara in arte, música, moda

Lembrava vagamente de ter dois quadros com imagens muito parecidas com essa no quarto das minhas irmãs quando eu era pequeno. Confirmei com a minha irmã e sim, dessa vez minha memória não falhou.

Essa imagem de cima é criação de Pater Sato, um artista japonês que na verdade se chamava Yoshinori Sato e mudou de nome depois de fazer o papel de Peter Van Pels numa peça baseada no Diário de Anne Frank. Peter, para quem não se lembra ou nunca leu o livro, era o filho da outra família judia que viveu no anexo secreto junto com os Frank e, com a convivência no esconderijo, Peter acabou virando interesse amoroso de Anne.

Sato era um dos artistas dos anos 1980 que criava imagens de mulheres combinando-as com técnicas de airbrush. Tem essa coisa de quase sempre ter um fundo branco, muita mulher de perfil, maquiagens fortes com direito à boca bem marcada e um ar sci-fi. Eu a-do-ro.

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Sato morreu em 1994, bem novo (com 49 anos), mas sua loja-museu em Tóquio, no bairro de Harajuku, segue aberta. Essa técnica de aerógrafo com imagens muito características é apenas uma fração do seu trabalho, mas é a que ficou mais conhecida mesmo. Me lembra isso aqui, ó:

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Essas fotos incríveis são de Klaus Mitteldorf e a modelo é ninguém menos que Ana Paula Arósio.

Aí você me diz: que legal! Então os quadros do quarto das suas irmãs eram do Pater Sato?
Não. Eram do Syd Brak.

Brak é um artista sul-africano. Assim como Sato, ou talvez até mais, ele criou imagens icônicas de mulheres oitentistas, também com muito airbrush, também com muita maquiagem, muito perfil, muito fundo branco. Olha aí:

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Parecidíssimo, né? Jurava que era Sato na parede das minhas irmãs, era Brak. Os dois quadros que povoaram minha infância eram esses aqui:

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Icônicos. Completamente icônicos. Depois me pergunto como cresci gay e fã de Jem e as Hologramas?

Talvez você ache todas essas imagens muito familiares. Um dos motivos é porque elas são, mesmo. Brak, por exemplo, fez esses trabalhos para a Athena, que é uma empresa que basicamente faz pôsteres e tem um time de artistas e fotógrafos para criarem imagens para esses pôsteres. Ela já lançou várias imagens icônicas fora as de Brak – tem, por exemplo, o L’Enfant, com um cara musculozão olhando pra um bebê nos seus braços. Essa aqui:

Eu não lembro, mas dizem que era sucesso

Eu não lembro, mas dizem que era sucesso

O Sato que eu saiba era um, er, artista indie? Ele comercializava os próprios pôsteres e cartões.

Mas talvez existam outros motivos pelos quais você está familiarizado com essas imagens. Esses daqui:

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Stella McCartney spring 2018

Ela estampou peças com essa imagem de Pater Sato

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Imagem da turnê da Katy Perry da era Witness

Era da turnê, né? Eu acho que sim. O importante é ver que é claramente inspirada nessas imagens oitentistas

Ah, e também tem o Patrick Nagel, né? Não o inclui como um terceiro exemplo porque, apesar da gente identificar bastante semelhança na temática, Nagel não usava airbrush e suas mulheres eram menos realistas, mais desenhadas.

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(A primeira imagem é a que aparece no álbum Rio, de 1982, do Duran Duran)`

Falando em capa de disco, uma coisa que eu adoro é isso aqui:

Aesthetic of the day: 1970s city pop album covers illustrated by Kenkichi (Pater) Sato
-- Tatsuro Yamashita: Spacy (1977)
-- Yumi Arai: Cobalt Hour (1975)
-- Minako Yoshida: Minako (1975)
-- Tatsuro Yamashita: Go Ahead! (1978)

#佐藤憲吉 #山下達郎 #吉田美奈子 #荒井由実 #citypop pic.twitter.com/UEzZKmsIqx

— This Boy Right Here! #BlackLivesMatter (@mitchell_n_hang) March 17, 2020

Essas quatro capas foram ilustradas por Pater Sato antes dele cair nos anos 1980 de vez. São quatro discos superimportantes da música pop japonesa – isso que eu chamo de pé quente. A capa de Spacy é simplesmente ótima, moderna até hoje. A de Cobalt Hour é clássica, com o apelido da Yumi Arai já aparecendo num detalhe (Yumin, ou Yuming). O de Minako Yoshida prenunciava essa estética oitentista. Tudo maravilhoso.

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September 26, 2020 /Jorge Wakabara
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arte, música, moda
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Sempre teremos Paris: o doc e +

September 24, 2020 by Jorge Wakabara in celeb, cinema, beleza

Antes de trabalhar no site da Lilian Pacce, passei anos no Chic, da Gloria Kalil. Não sei as datas exatas (o que faz com que o desafio de preencher meu currículo fique um pouco mais difícil): foi por volta de 2003 e 2008. Nesse tempo, fiz várias reportagens das quais me orgulho muito: teve a vez que o desfile do Fashion Rio com a Gisele Bündchen ia cair no mesmo dia do primeiro desfile da Daspu e eu… cobri o desfile da Daspu. Lembro que a capa do site naquele dia foi uma foto da Daspu e uma foto da Gisele com um X no meio kkkkkkkkkkkk!

E também teve a vez que eu fui no Café de la Musique pra coletiva de imprensa de ninguém menos que… Paris Hilton. Em pleno 2005. Ela veio lançar o seu perfume (não lembro se era o primeiro) com festa da Daslu e era O AUGE de Paris. Pense que ainda passava The Simple Life e aquela famosa foto de Paris com Lindsay Lohan e Britney Spears no carro só rolaria em 2006!

All of the drama surrounding this iconic photo of Britney Spears, Paris Hilton and Lindsay Lohan - a thread pic.twitter.com/AHh5v9cO9h

— Britney Fan (@BritneyHiatus) April 4, 2020

Essa foto.

Infelizmente o arquivo do Chic não está mais online, mas me lembro de chegar da coletiva dizendo: “Gente, foi absurdo, foi bizarro. Não sei o que escrever". E foi decidido que eu ia escrever uma crônica sobre todo aquele circo. Então vou tentar lembrar de tudo o que aconteceu (atentem ao fato de que minha memória é horrenda) e refazer pedaços da crônica, com aquele tempero extra que só a idade nos dá. Vamos?

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That's hot

Foto da Paris na coletiva de 2005, retirada do site da Isto É Gente (Claudio Gatti)

O Café de la Musique era cafonérrimo. Não sei se ele continua no mesmo lugar onde era porque nunca mais voltei. Um dos sócios era o Rico Mansur, que na época era "o namorado de Luana Piovani"… ou o ex-namorado? Nem lembro, sei que ele era uma figura ali, naquele mundo glamurete. E era uma figura que eu, do alto da minha formação jornalística na PUC (estava no segundo ano e já era formado em publicidade na ESPM), achava bem desinteressante. Então, imagine, já fui com o maior bode só pela "locação”. Ao mesmo tempo, estava curioso. Quem viveu os anos 2000 sabe como a figura de Paris era emblemática.

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Levanta a cabeça, princesa

A loira milionária, herdeira e tonta carregando seu minicachorro: Paris era ostentação antes da palavra virar moda e sobrenome de rap e funk

Que eu me lembre, Paris deu pouquíssimas entrevistas exclusivas, o que fez com que a coletiva fosse um sucesso: tinha um monte de jornalista de veículo graúdo, tipo Folha, Veja e o escambau. Acomodaram a gente nas mesas do salão para esperá-la e tinha um palco armado, literalmente, de cima do qual Paris responderia as perguntas. Os fotógrafos ficaram atrás, um tanto perdidos porque a gente não sabia direito de onde Paris viria.

Aí começou uma certa, er… palhaçada. Fomos orientados a não fazer perguntas sobre a sex tape 1 Night in Paris, do boy lixo e ex dela Rick Salomon, pois se ela se incomodasse com alguma pergunta o combinado era que ela simplesmente levantaria e iria embora. Até aí, enfim, tem muita entrevista com celebridade onde o assessor pede esse tipo de coisa, então OK. Mas que eu me lembre o pedido vinha por escrito. E de uma coisa eu tenho certeza: junto com o release eles entregaram uma lista com IDEIAS DE PERGUNTAS. Juro. Eram PÁGINAS DE PERGUNTAS. Ou seja: ninguém podia dizer que não sabia o que perguntar pra ela… Só não entendi porque já não vinha com as respostas, né, assim facilitaria o trabalho de todos. Risos.

Os jornalistas já estavam trocando olhares nervosos, do tipo “que roubada". E aí, fashionably late, veio Paris descendo as escadas num vestido Carlos Miele.

O que aconteceu em seguida foi um tanto assustador, até pros nossos padrões acostumados com a bagunça de Gisele no backdrop, global em fila A de desfile e por aí vai. Os fotógrafos ENLOUQUECERAM. AVANÇARAM. SUBIAM EM CIMA DAS MESAS E TUDO pra garantir o clique. Sendo que, relaxa, ela não ia sair correndo. Paris estava lá pra isso. Ela desceu a escadaria com o rosto levemente virado pra um dos lados, provavelmente no que ela acreditava que era seu melhor ângulo. E parecia mesmo uma boneca artificial, com movimentos estudados. Lembro que não a achei exatamente bonita – ela tem (tinha?) um dos olhos mais caído, à Lampião (ou Lirinha? Ou Thom Yorke?), uma proporção bem artificial, corpo de modelete (ou seja, bem magra).

Depois que os fotógrafos se acalmaram, a coletiva começou. Os jornalistas estavam bem irritados com a famigerada lista de perguntas, então foram bem ariscos. Teve uma hora que ela falou que tinha perguntado do cheiro do perfume pra fulana e sicrana, aí falaram meio que alto: “Você não perguntou pra sua irmã?” e ela deu uma risadinha meio sem graça. Não lembro se ela estava brigada com a Nicky ou algo assim.

Paris Hilton e Nicky Hilton, hoje Nicky Hilton Rothschild - ela casou com um membro de uma das famílias mais famosas e poderosas do mundo!

Paris Hilton e Nicky Hilton, hoje Nicky Hilton Rothschild - ela casou com um membro de uma das famílias mais famosas e poderosas do mundo!

Sei que saí do evento sem entender direito o que havia acontecido. Foi uma amostra do fenômeno Paris, pra qual eu não estava preparado. O que ela tinha feito pra ser famosa? Que comoção era aquela? A gente falava mal mas estava ali, cobrindo tudo. Então quem estava fazendo papel de bobo? Lembre-se que Keeping Up With the Kardashians ainda nem tinha estreado – o primeiro episódio do reality iria ao ar em 2007.

E digo mais: também vi Kim Kardashian West de perto, em outra ocasião. Foi no lançamento da colaboração dela com a C&A em 2015 – fui na festa, que tinha um palquinho e as pessoas que queriam tirar uma selfie com ela subiam no palquinho pra isso.
Achei meio humilhante e não fui kkkkkk Mas falei tudo isso pra dizer que: achei Kim Kardashian muito mais normalzona que Paris Hilton. Ser humana. Produzida, mas não tão fake.

Bem, eu não sabia de toda a história que saiu no documentário recém-lançado This is Paris do YouTube Originals.

Ainda sobre aquele dia de 2005: de noite, Paris ia pra festa do perfume organizada pela Daslu. A outra estagiária foi (quem ligar os pontos vai saber quem é, mas não vou dizer o nome porque não sou mais íntimo e não quero comprometê-la, né, sei lá).
Ela estava empolgadíssima, normal. E aí aconteceu a história mais estapafúrdia kkkkkkkk

Certo rapaz, instrumentista relativamente famoso de uma família relativamente famosa, estava na festa. Na época ele era namorado de uma cantora bem famosa de certa dupla pop, filha de um certo cantor de outra dupla famosérrima… Você entendeu. Depois o rapaz e a cantora viriam a se casar.
A cantora não foi na festa, mas ele estava lá – e parecia bastante fã da Paris Hilton. Hihihihihihi! Só que a bateria do celular dele acabou. Aí ele pediu pra estagiária pra ela tirar uma foto dele com a Paris e mandar pra ele por email.

Portanto, em algum lugar, a estagiária (que hoje é muito muito muito mais que uma estagiária) talvez tenha uma foto desse rapaz posando feliz com Paris Hilton em algum HD externo perdido.
Eu teria guardado. Você não??
That's hot!

Em 2006, além daquela foto com Lindsay e Britney, Paris lançou um disco. Amo muito essa canção.

Reggae pop fuleiro dos melhores.

Paris voltou pro Brasil em desfiles da Triton – dois! No primeiro deles, eu já estava no site da Lilian mas não a entrevistei. Quem fez esse serviço sujo, que eu me lembre, foi a Antonia Petta, e Aurea Calcavecchia fotografou. Olha aqui!
E também tem esse maravilhoso vídeo da Alexandra Farah entrevistando Paris para o que na época se chamava RG Vogue:

A minha história com Paris não acabou por aí. Em 2012, teve o Pop Music Festival em SP. Fui por causa da Jennifer Lopez, mas quem fechava a noite era o DJ set da Paris Hilton – a primeira vez que ela ia discotecar!
Na época falaram muito mal. Mas sabe que eu até me surpreendi e me diverti com as escolhas dela?

Um ano depois, em 2013, estreou o filme Bling Ring: A Gangue de Hollywood no cinema, dirigido por Sofia Coppola. Era o ápice do olhar irônico sobre essa cultura das celebridades, com direito a cenas na casa da própria Paris (Bling Ring é inspirado em uma reportagem sobre uma gangue de jovens que roubava a casa de celebridades, o podcast Os Últimos dos Millennials tem um episódio que explica tudo).

A fofoca continua pegando via Instagram, via Twitter, via Whats. Porém, depois dessa era de ouro das "garotas problema" Paris, Lindsay e Britney, a energia voraz de paparazzi, notas maldosas e muito bafafá nunca mais foi a mesma coisa, na minha modesta opinião. Tudo ficou tão tóxico que finalmente passou a ser encarado como uma coisa negativa. A cultura do cancelamento cresceu e apareceu. Esse interesse obsessivo sobre a vida alheia ganhou tintas mórbidas, com razão. Agora não é mais cool ficar falando que alguém foi preso por dirigir bêbado – pega mal, é coisa de gentinha. O bom mocismo cresceu, a vilania virou um gosto adquirido novamente.

(Sobre tudo isso, particularmente acho todo exagero um porre.)

E claro, o foco mudou pras Kardashian-Jenner, que parecem ter maior controle sobre a narrativa, salvo casos específicos como o assalto em Paris (sem intenção de trocadilho).

Sobre o documentário

Essa narrativa de que Paris na verdade não é a pessoa que aparenta, que ela é um personagem… Isso é no mínimo exagerado. Bom, de fato acredito que ela não seja apenas a caricatura que promove em vídeos como esse:

E inclusive esse é um dos lados mais interessantes de Paris – a capacidade de rir da própria cara. Ela aprendeu com o tempo – lembra quando deu ruim e ela chorou no David Letterman?

Chola mais

Chola mais

Não sejamos ingênuos: no caso de tantos licenciamentos e negócios, a coisa não é feita por acaso. Não duvido de forma alguma dos traumas que ela apresenta no doc – acho, aliás, que eles explicam a fuga da realidade, o mundo de mentira, a personagem que ela decidiu assumir.

Só que é isso: quando você não é exatamente uma atriz e interpreta algo, esse algo precisa estar próximo de você pras pessoas acreditarem. Pode ser uma versão exagerada. Um histrionismo. Mas não é apenas invenção. Não dá pra dizer: "Paris não era nada fútil esse tempo todo, ela estava fingindo, na verdade ela é superculta e odeia frivolidades". Me poupe, né? A fofa é a mais consumista que tem. E diz que só vai parar quando tiver um bilhão de dólares. Kylie: beware.

Com as revelações no filme, Paris consegue dar profundidade à sua persona pública. Fica mais vulnerável, mais humana, e talvez mais pessoas consigam se identificar com ela. Isso pode ser bom pra sua marca. Paris é um mês mais nova que eu. A sua personagem precisava amadurecer – Nicky, a irmã mais nova, desde muito cedo parecia mais velha!
Se as blogueiras daqui precisaram descer do pedestal e se humanizar, imagina a Paris?

O doc é OK. Muito relevante na denúncia sobre esses colégios, sobre como os pais lidam com filhos rebeldes. É uma pena porque não chega a aprofundar o debate – e poderia. Bom, o show é da Paris, é sobre ela, sobre como isso a afetou. Nem é tão chapa branca quanto você espera, mas sim, é uma chapa… creme. Areia. Bege clara.

Vale seu tempo? Bom, se você estiver entre ele e o livro da Xuxa… Assista ao documentário. O livro da Xuxa é bem fraco.

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September 24, 2020 /Jorge Wakabara
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celeb, cinema, beleza
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Stephanie de Mônaco, aqui estou, inteiro ao seu dispor... pra ouvi-la

September 20, 2020 by Jorge Wakabara in música, livro, beleza

Em 1986, uma princesa empunhou um microfone e decidiu cantar. Era Stephanie de Mônaco, a filha caçula do Príncipe Rainier com a estrela de cinema Grace Kelly. Contei um pouco dessa história no sexto episódio da segunda temporada de Quatrilho, o programa sobre música do meu podcast, mas foquei na música em questão, a Rendez-Vous. Aqui eu quero falar sobre a carreira inteira de cantora da musa Stephanie!

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Grace morreu por causa de um acidente de carro em 1982 no qual estavam ela e Stephanie. Ela não faleceu na hora, mas ficou inconsciente, chegou no hospital ainda viva e morreu lá.

A menina ia começar suas aulas em Paris e ambas, mãe e filha, precisavam pegar o trem para ir pra escola. Grace encheu o banco de trás do carro que ia levá-las para a estação de vestidos e, quando percebeu, não poderiam ir ela, Stephanie e o chofer – não ia caber. Ela não gostava de dirigir, mas decidiu que, naquela hora, tudo bem. E foram apenas as duas.

A morte foi uma comoção mundial, claro. Stephanie ficou traumatizada: não pôde comparecer ao funeral da mãe porque ainda estava em recuperação e, dizem, só a avisaram da morte para ela dois dias depois! Depois, enfrentou a especulação de que seria ela, com 17 anos, que estaria dirigindo o carro no acidente, portanto era a culpada. A princesa sobrevivente só conseguiu comentar o assunto em entrevista em 1989 pra um livro, Rainier and Grace: An Intimate Portrait, de Jeffrey Robinson.

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Caroline de Mônaco, a irmã mais velha, teria sido a única da família a falar com Stephanie sobre o acidente. Pra ela, a caçula disse que a mãe, que estava dirigindo sim, seguiu falando: “Não consigo parar. O freio não está funcionando. Não consigo parar". Stephanie teria puxado o freio de mão e mesmo assim o carro não parou e caiu numa ribanceira.

Circulava também o boato de que Stephanie teria bloqueado o acidente de sua mente, tamanho o trauma. Ela negou: “Lembro-me de cada minuto dele", disse em entrevista gravada para Jeffrey, "é que só nos últimos anos que comecei a enfrentar os fatos. Tive ajuda profissional e especialmente nos últimos oito meses tenho aprendido a lidar com isso. Ainda não consigo ir por aquela estrada, mesmo que seja outra pessoa dirigindo. Sempre peço para que peguem a outra". Ela ainda explicou que não falava sobre o assunto com o pai porque sabia que isso o machucava.

Grace e Stephanie não estavam usando cinto de segurança. Técnicos não encontraram falhas mecânicas no carro. A explicação é que Grace teve um apagão dirigindo (ela vinha reclamando da saúde, especialmente de dores de cabeça) e, quando voltou a ficar consciente, estava desorientada. A perícia disse que Stephanie não estava no volante.

A ribanceira de onde o carro desgovernado caiu

A ribanceira de onde o carro desgovernado caiu

“Havia tanta magia envolvendo a mamãe, tanto daquele sonho, que de algumas maneiras ela quase parou de ser humana. Era difícil pras pessoas aceitarem que ela faria algo tão humano como causar um acidente de carro. Pensaram que eu devia ter causado porque ela era muito perfeita para fazer algo do tipo. Depois de um tempo você não consegue deixar de se sentir culpada. Todo mundo te olha e você sabe que estão pensando ‘como ela ainda está por aqui e Grace está morta?’. Ninguém jamais disse isso pra mim assim, mas sabia que era o que estavam pensando. Precisava muito da minha mãe quando a perdi. E meu pai estava tão perdido sem ela. Me senti muito sozinha. E simplesmente saí pra fazer as minhas coisas.”
— Stephanie de Mônaco para Jeffrey Robinson em 1989

Que coisas eram essas? Como Stephanie lidou com o assunto? Primeiro de tudo, ela caiu nos braços de Paul Belmondo (sim, isso, o filho do ator Jean Paul Belmondo), seu namorado na época, e disse pra família que não queria ir pra faculdade.

Amo o fato que ela também namorou Anthony Delon, o filho de Alain Delon

Amo o fato que ela também namorou Anthony Delon, o filho de Alain Delon

Em 1983, Marc Bohan, o estilista da Dior na época que já havia vestido Grace Kelly em diversas ocasiões, contratou Stephanie como estagiária. Ela também começou a fazer trabalhos de modelo – seu objetivo era financiar uma marca de moda praia, a Pool Position, com a amiga Alix de la Comble. Coisa que acabou acontecendo mesmo: a marca foi lançada em 1986.

Stephanie e um look da Pool Position

Stephanie e um look da Pool Position

Paralelamente a isso, o mesmo ano de 1986 viu um single chegar nas lojas. Era Ouragan, com a voz de Stephanie. Ali começava a carreira de cantora.

O clipe é uma superprodução, cheia de locações externas, figurantes, figurinos. Explora-se tanto situações de perigo (algo um pouco arriscado pra imagem pública de Stephanie, né?) quanto a sensualidade andrógina dela: o maxilar marcado e o look ora unissex, ora uma calcinha de biquíni enroladinha bem reveladora. No fim, a mensagem que eu entendi é… o mistério está nela mesma?

O resultado é que Ouragan é um dos singles mais vendidos de todos os tempos na França! Ela mesma disse, pro mesmo livro: “Não esperava que isso acontecesse assim. Nunca pensei que o disco fosse vender do jeito que vendeu. Mas quando me foi dada a chance de cantar, descobri que aquilo era o que eu realmente queria fazer. Cantar e atuar. Virou minha vida".

Inevitável que fosse feito um álbum inteiro. Besoin também saiu em 1986. A próxima música de trabalho era Flash.

Também foi um sucesso. As músicas de Stephanie eram assim: oitentistas, meio balada animada, pop descartável charmosinho sob a nossa lente nostálgica.
Nesse meio tempo, rolou isso aqui:

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Stephanie por

Helmut Newton

na capa da Vogue Paris de setembro de 1986. Caroline, a irmã mais velha, também foi clicada por Newton em fotos incríveis no mesmo ano

Aí, em outubro de 1986, Stephanie foi pra Los Angeles pra gravar um novo álbum. O que ela esquece de contar é que a mudança pros EUA talvez tenha tido outro incentivo. Ele tem nome e sobrenome: Rob Lowe.

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Que babado

de casal

Eles eram até meio parecidos?

Não durou muito tempo. Depois, em 1988, Lowe se envolveria num escândalo de sex tape com uma garota de 16 anos – como eu contei aqui nesse post. A carreira dele deslizou e só voltou mesmo anos depois.

Stephanie também seguiu a vida.

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Em 1989 saiu Stephanie, o perfume

Chique! Nunca senti. Será que é meio mediterrâneo?

O segundo álbum em si, o homônimo Stephanie, demorou cinco anos pra sair. E quando saiu, em 1991, talvez por essa falta de timing, ele flopou.

Acho injusto porque, inclusive, GOSTO.

No mesmo ano de 1991 foi lançado o álbum Dangerous, de Michael Jackson. A terceira faixa, In the Closet, seria a princípio uma parceria entre Michael e nada menos que Madonna! Mas ele achou que as ideias de letra dela estavam too much pra ele e desencanou. Acabou fazendo a música com Teddy Riley e, pro dueto, chamou… uma Mystery Girl. Pelo menos era assim que ela era creditada.

Depois de um tempo, finalmente revelaram que a Mystery Girl era Stephanie. E esse foi, por bastante tempo, o encerramento da carreira de Stephanie como cantora. Em 1992, ela teve seu primeiro filho, Louis Ducruet, fruto do relacionamento dela com o guarda-costas Daniel Ducruet. Nasceram mais duas meninas: Pauline, em 1994, e Camille, em 1998 (essa última filha de outro guarda-costas, Jean Raymond Gottlieb).

Em 2007, aconteceu um breve comeback da Stephanie cantora. A fundação dela Fight AIDS lançou um single com renda voltada pra causa e a participação de diversos artistas. Stephanie aparece no 1'53'':

E em 2008, saiu o que para mim é uma das Vogue Paris que me marcaram. kkkkkkkk Ainda era a Vogue de Carine Roitfeld, desculpa a emoção exagerada. E a edição, de dezembro de 2008, é essa aqui:

Vogue Paris com Stephanie como editora convidada

Vogue Paris com Stephanie como editora convidada

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Acima você confere uma mistura de Stephanie e de imagens inspiradas em Stephanie, incluindo Milla Jovovich encarnando a Stephanie oitentista superstar! AMO!

(Aliás, a Milla também já se arriscou como cantora, né? Mas esse é tema pra outro post!)

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September 20, 2020 /Jorge Wakabara
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A setlist do primeiro show solo de Maria Bethânia

September 19, 2020 by Jorge Wakabara in música

A história é a seguinte: nos primórdios, mais especificamente em 1964, o Teatro Vila Velha de Salvador tinha acabado de ser reformado. Eles precisavam estrear algo mas o dinheiro minguou, e a ideia de montar a peça Eles Não Usam Black-Tie precisou ser adiada momentaneamente. Mas o show tem que continuar - e aí? Alguém lembrou de uma turma que se reunia na varanda da Maria Moniz, onde rolava uma sopa pros famintos artistas aos sábados.

Chamaram esse povo e foi montado o espetáculo Nós, Por Exemplo… com bossa nova, músicas antigas, músicas novas (de Caetano Veloso e Gilberto Gil) e a turma que incluía o quarteto que depois seria conhecido como os Doces Bárbaros: Caetano, Gil, Maria Bethânia e Maria da Graça, ainda apelidada Gau e só entre o povo mais íntimo.

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Ainda teve um parte-2-o-retorno de Nós, Por Exemplo… e depois finalmente montaram Eles Não Usam Black-Tie. E aí o que aconteceu é que, aproveitando o cenário da peça, criado por Calazans Neto e que simulava uma favela carioca, também foi montado o primeiro show solo de Bethânia. Mora na Filosofia, que entrou em cartaz ainda em 1964, trazia Bethânia cantando, dirigida pelo irmão Caetano, à noite – a peça era apresentada no período vespertino!

Existe, em teoria, um registro do que foi a setlist de Mora na Filosofia. É nele que me baseio pra fazer esse post: o recorte do Jornal do Commercio publicado no Rio de Janeiro em 31/03/1965.

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Quem é Hineni Gomes? Não faço a menor ideia. Mas é na palavra dele que a gente vai confiar. Vem comigo.

Pra Seu Governo de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira

O show, em teoria, abria com Pra Seu Governo de Haroldo Lobo com Milton de Oliveira. Onde ela ouviu essa pela primeira vez? Pode ter sido na rua, mesmo. A gravação mais antiga, que eu saiba, é de Gilberto Milfond, de 1950. Essa de cima é talvez a mais conhecida hoje, de Beth Carvalho, numa interpretação mais suave. É do disco homônimo Pra Seu Governo, de 1974 – ou seja, lançada 10 anos depois do show de Bethânia em Salvador.

Canção Espontânea de Caetano Veloso

Começa o mistério: não existe gravação de Canção Espontânea. Não há rastros. Provavelmente essa foi a única vez que essa música foi apresentada, se é que ela existe (ou não passou de uma invenção da cabeça de Hineni Gomes?). A única música composta por Caetano que leva "Canção” no título e que foi gravada, aliás, é Canção de Protesto – o registro é de Zizi Possi no disco Amor & Música, de 1987:

De Manhã de Caetano Veloso

Dessa temos registro com Bethânia em si! A gravação saiu em um compacto em 1965, aproveitando o hype do show Opinião no qual ela cantava Carcará (João do Vale e José Cândido). Lado A era Carcará e lado B, De Manhã. Depois, Bethânia revisitaria De Manhã e lançaria versão ao vivo em 2012: o disco era Noite Luzidia e a música virou um dueto entre ela e o compositor, o mano Caetano.

Favela de Hekel Tavares e Joracy Camargo

Arrisco dizer que a inspiração de Bethânia para cantar Favela foi essa gravação de Maysa de 1962. Mas talvez não: existem gravações anteriores, tipo a de Silvio Caldas de 1952, a de Raul Roulien de 1933, a de Vanja Orico de 1955… Gravação de Bethânia que é bom, nada.

Meu Barracão de Noel Rosa

Mais uma que tem registro! Meu Barracão é composição de Noel de 1933 e essa gravação saiu em um EP de Bethânia de 1965 só com obras do sambista – Meu Barracão e outras cinco. Muita gente gravou antes, claro. Mario Reis em 1934, por exemplo. Aracy de Almeida, uma das maiores intérpretes de Noel, em 1955. E por aí vai.

A Felicidade de Tom Jobim e Vinícius de Moraes

Esse registro é mais atual, gravado em 2004 e lançado em 2005, efeméride de 40 anos de carreira de Vinícius. Então qual foi a matriz de Bethânia em 1964? A composição foi feita pra trilha do filme Orfeu Negro do diretor francês Marcel Camus, de 1959. Saiu esse compacto abaixo, na época:

Os Doces Bárbaros já tinham todos sido atingidos pela brisa João Gilberto, que era tranquila, mas com os seus efeitos mais parecia um furacão revolucionário. Só que muita gente fala dos efeitos de João em Gal, Caetano e até em Gil. Na Bethânia, voz de raio e trovão, como pode? Uma prova que quem ainda não ouviu vai se surpreender: a gravação de No Tabuleiro da Baiana de 1981 do disco Brasil, de João com participações de Caetano, Gil… e Bethânia. Talvez a voz de Bethânia nunca tenha sido tão mais suave quanto ali, com João junto. É um assombro de linda.
Será que em 1964, cantando A Felicidade, Bethânia já se suavizava?

Chão de Estrelas de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa

Bethânia só iria registrar Chão de Estrelas em 1996 no álbum Âmbar. Por que demorou tanto? Gravada pelo próprio Silvio Caldas em 1953, regravada por grandes vozes como Elizeth Cardoso (em 1957), Maysa (em 1961), Roberto Silva (em 1960), com o tropicalismo Chão de Estrelas virou um exemplo de velha guarda estagnada. Tanto que ela aparece no disco A Divina Comédia dos Mutantes, de 1970, em versão irônica. Caetano nega, daquele jeito dele: não tem essa de velho e novo, pipipipopopó. Sei.
Mas no fundo Bethânia nunca se abalaria por causa disso. Ela, que não quis entrar na dos tropicalistas porque já tinha sido rotulada como cantora de protesto no comecinho da carreira e viu que rótulo era roubada, na verdade já tinha incluído Chão de Estrelas no show A Cena Muda, que foi registrado em disco de 1974. Está ali, no medley entre Maria Maria de Caetano e Sinal Fechado de Paulinho da Viola. Então o lançamento de Âmbar é pioneiro em trazer essa música separada, fora de um medley e em estúdio. Depois, Chão de Estrelas ainda surgia no disco De Santo Amaro a Xerém de 2018, outro registro ao vivo dessa vez ao lado de Zeca Pagodinho.

O Morro (Feio não é Bonito) de Carlos Lyra e Gianfrancesco Guarnieri

Carlos Lyra era bossa-novista. Mas depois, em 1961, começou a se envolver com o CPC (Centro Popular da Cultura) ao lado de Vianninha (Oduvaldo Vianna Filho, do Teatro de Arena e um dos dramaturgos do show Opinião) e outros. Foi o CPC que mostrou Zé Keti, Cartola, Nelson Cavaquinho, todos esses sambistas do morro pra jovem classe média intelectualizada que já gostava de bossa nova. Isso se refletiu no primeiro disco de Nara Leão, lançado em 1964 pela Elenco, que tinha mais samba que bossa nova.
E Lyra começou a compôr outras coisas, pra além de Maria Ninguém e Se É Tarde Me Perdoa. O Morro (Feio não é Bonito) é um exemplo. Como era uma parceria com Gianfrancesco Guarnieri, o artista por trás de Eles Não Usam Black-Tie, tinha tudo a ver Bethânia cantá-la no cenário da peça.
Mas quem ensinou a música pra Bethânia, antes mesmo dela chegar no Rio pra despontar em Opinião substituindo Nara? Ela mesma: Nara. Ou deduzo que sim: Nara Leão foi pra Salvador e viu Nós, Por Exemplo…, e ao que consta ensinou algumas músicas pro pessoal. Ficou tão impactada com Bethânia que sugeriu o nome da iniciante pra substituí-la, quando precisou sair do Opinião. Portanto… faz sentido, não?

Ave Maria do Morro (Barracão de Zinco) de Herivelto Martins

A gravação de 1942 do Trio de Ouro, formado pelo casal Herivelto Martins e Dalva de Oliveira mais Nilton Chagas, virou um clássico. Claro, pintaram outras: a própria Dalva regravaria, além de gente como Nelson Gonçalves (em 1950) e Ângela Maria (em 1955).

Não existe gravação na voz de Bethânia. Nem no Cânticos, Preces, Súplicas de 2004, dedicado à Nossa Senhora, ela incluiu a faixa. Já Gal Costa gravou: a música fez parte de muitos dos seus shows e, finalmente, em 2003, no disco Todas as Coisas e Eu. Talvez por isso que no ano seguinte Bethânia evitou incluí-la no seu lançamento com músicas pra Mãe de Jesus. Gal ainda lançaria uma versão ao vivo no disco Live At The Blue Note, gravado em 2006.

Acender as Velas de Zé Keti

Coisas assim me fazem pensar o que aconteceu na real.
A história oficial diz que Nara conheceu Bethânia em Nós, Por Exemplo…, gostou da turma, ensinou umas músicas e foi embora pra fazer o Opinião.
Mas então ela já teria ensinado pra Bethânia uma música que faria parte do repertório do Opinião… antes de tudo?
Acho tão esquisito. Mais do que destino, me cheira a "tava tudo combinado".

Quem lançou essa música de Zé Keti primeiro na verdade nem foi Nara, no disco Opinião que também era de 1964, e sim Neyde Fraga com Walter Wanderley. Numa pegada bem… bossa nova, diga-se de passagem. Zé Keti foi um dos artistas do morro que viraram "moda” via CPC, como eu disse mais acima. Acontece – até hoje, aliás…

Enquanto a Tristeza Não Vem de Sérgio Ricardo

Outra que deve ter sido ensinada por Nara, ou que era fresquinha, recém-lançada em álbum. O disco Um Sr. Talento de Sérgio Ricardo sairia em 1964 mesmo. As baianas do Quarteto em Cy gravariam a versão delas no mesmo ano, pro disco homônimo Quarteto em Cy. Sérgio também era bossanovista, também se envolveu com o CPC. Nos anos 1970, virou maldito (vira-se maldito? Nem sei!).
Sérgio foi infectado com COVID-19, se curou mas seguiu internado e acabou morrendo no hospital em julho de 2020 de insuficiência cardíaca.

Bethânia nunca gravou a música.

Ao Voltar do Samba de Synval Silva

Do repertório clássico de Carmen Miranda, de 1934, foi uma das canções da safra de Synval Silva que a cantora gravou (também tem Adeus Batucada, um dos maiores hits). Bethânia não gravou, e a interpretação dela deve ser ótima! Queria ter ouvido!

Onde Estão os Tamborins de Pedro Caetano

O meu palpite é que Bethânia ouviu essa música no rádio ou num samba de roda na rua. A música que fez muito sucesso no Carnaval de 1947 é de Pedro Caetano, o mesmo de É Com Esse Que Eu Vou, que em 1973 apareceu no repertório de Elis Regina. E é boa mesmo, mas não tem gravação de Behânia. Tem uma de Célia, de 1975!

Foi Ela de Ary Barroso

A música lançada por Francisco Alves no Carnaval de 1935 é de Ary Barroso. Não existe gravação com Bethânia conhecida – porém, mais uma vez, existe… com Gal. Ela gravou pro songbook que foi lançado em 1994, com o violão de Luiz Brasil.

Lata d'Água de Luiz Antônio e Candeias Jota Júnior

Marlene soltou sua versão de Lata d’Água de Luiz Antônio e Candeias Jota Júnior em 1952. Com toda a temática de morro e favela do show de Bethânia, tinha tudo a ver. Depois, a interpretação de Elza Soares viraria um clássico contemporâneo. Saiu no Beba-me Ao Vivo de 2007 da cantora.

Mora na Filosofia de Monsueto e Arnaldo Passos

Finalmente a canção que dava nome ao espetáculo. Amo esse samba! A gravação de Bethânia saiu em seguida, em 1965, no seu primeiro álbum. É mais uma música lançada por Marlene, essa em 1954. Eu adoro! Quem a retomaria? Caetano, no disco Transa de 1972. A pegada dele ficou mais dark, como o resto do álbum, feito no contexto do exílio londrino. Acho que a escolha de Caetano também deve ter tido a ver com a saudade de Bethânia.
Depois, Bethânia a lançaria no meio de um pout-pourri desses que ela curte no disco Nossos Momentos de 1982 – esse acima.
Monsueto é incrivel. Ouçam mais Monsueto.

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September 19, 2020 /Jorge Wakabara
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Um elo perdido de estrela pop: Emilinha

September 07, 2020 by Jorge Wakabara in música, TV

Acho que a gente pode começar essa história lá atrás. Mais para trás. Bem mais. Em 1954. O ano da vitória de Martha Rocha como Miss Brasil e da polêmica das duas polegadas a mais de quadril que a teriam desclassificado no concurso de Miss Universo. Essa polêmica, dizem, foi inventada por um jornalista para que os brasileiros não ficassem tão tristes – estavam todos muito confiantes da vitória de Martha. Acabou entrando para a posteridade como verdade, e o concurso de Miss ficou mais famoso do que já era por essas praias.
Pois bem. E quem ganhou o título de Miss Brasil no ano seguinte? Emília Barreto, representando o estado do Ceará.

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Emília Barreto Corrêa Lima

Millôr Fernandes disse, comparando-a com a antecessora: “A mulher, para ser bonita, precisa ter nariz. Martha Rocha não tem, e o de Emília dispensa qualquer elogio".

Emília se casou no ano seguinte do seu "reinado” com o oficial do exército e engenheiro Wilson Santa Cruz Caldas. Com ele, teve três filhos. Nélson. Marília. E… Emilinha.

Agora vou contar uma outra história.
No fim da década de 1970, tinha um cara que era um gênio da guitarra mas que não conseguia ganhar uma grana boa com o seu trabalho. Já tinha tocado com Fagner, já tinha tocado com Gal, já tinha tocado nos EUA. Em 1981, ele decidiu fazer um disco mais comercial. Surgia Satisfação de Robertinho de Recife. E olha quem estava na contracapa…

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Essa mulher sentada é a Emilinha, a filha da Miss Brasil de 1955. Repare na ficha técnica: participação especial de Emilinha no vocal e guitarra.

Só para dar um contexto, em 1979 saía o primeiro disco de Rita Lee depois de uma sequência de lançamentos com a banda Tutti Frutti. Na contracapa, aparecia seu novo comparsa, Roberto de Carvalho, e a barriga de grávida. Surgia um novo conceito no pop brasileiro: a família do rock!

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Emilinha e Robertinho também eram um casal.

Em Satisfação, Feliz com Você é composição de Robertinho com Emilinha. Romântica, bem bonitinha. Tem também a música Emilinha Dançando, referência clara a ela, composição solo de Robertinho instrumental e curta, de menos de um minuto. Será que a última, Mina de Ouro, de Robertinho com Aninha Bird, é para Emilinha? Acho que não porque fala de uma loira (kkkkk guarda essa informação para daqui a pouco). Mas o grande babado é O Elefante, com a voz dela, um dos grandes hits da carreira de Robertinho, composta por ele e Fausto Nilo.

Era isso, nos primórdios do BRock, mas nem cá, nem lá. Robertinho era um estranho entre a juventude carioca que começava a despontar, e também muito moderno para os medalhões da MPB. Porém incrível, com repertório pop nos trinques.

E se Rita Lee assumiu a parceria com Roberto de Carvalho (que rolava fazia um par de anos) na capa do álbum de 1982, chamado Rita Lee e Roberto de Carvalho e também conhecido como Flagra, Robertinho trouxe Emilinha para a capa de Robertinho de Recife e Emilinha também em 1982.

Identificando-se de vez com a turma new wave (As Aventuras da Blitz saiu em 1982 e um monte de estreias de banda em disco rolariam em 1984), o álbum da dupla traz essa Dominó Dominó de Robertinho e Nilo como carro-chefe e ainda tem uma da dupla de cantores, Estou Débil (meio tosquinha, pra falar a verdade, e politicamente bem incorreta). Sem contar muita coisa legal ali pelo meio, tipo A Onda, outra de Robertinho e Nilo, new wave com toques árabes!

Também adoro Vem Cá Neném, mais uma de Robertinho e Nilo, com a voz de Robertinho no destaque. A produção do disco era de Lincoln Olivetti, que também assina duas composições em dupla com Robertinho (Nas Luzes da Noite e Alguém Especial).

O próximo disco de Robertinho, Ah, Robertinho do Mundo de 1983, ainda trazia mais uma composição em parceria com Emilinha, a última do disco Vou-me Embora. Mas o tom de new wave já vai dando lugar a algo bem centrado na guitarra e a dupla com Emilinha cantando evapora da capa e conteúdo. Não deixa de ser um disco muito bom: traz a versão gravada dele para Bachianas Brasileiras nº 5 de Heitor Villa-Lobos e o hit Babydoll de Nylon, composição de Robertinho com Caetano Veloso, encaixada ali em penúltimo, quase com receio do possível sucesso que ela viria a conquistar (Robertinho sempre disse em alto e bom som que achava O Elefante, por exemplo, um lixo comercial).

E em 1984, segundo entrevistas que o próprio Robertinho deu, ele pagaria um pedágio para cair de vez no metal com o disco Metal Mania. Era isso daqui:

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Sim: a versão original de É de Chocolate, de Miguel Plopschi e Michael Sullivan, é pré-Trem da Alegria, apesar de muita gente ligar o sucesso ao grupo infantil. Era com Patrícia Marx e Luciano Nassyn, ainda sem Juninho Bill, e participações especiais de Emilinha e Robertinho de Recife. A primeira voz que a gente ouve, portanto, é dela: Emília.

Enquanto deixavam Robertinho se enveredar pelo heavy metal depois do Chocolate que ele considerava um mico (mas bem que ele cairia no ultracomercial Yahoo com a sensual Mordida de Amor em 1988, então, ué, decida-se), Emilinha teve um filho dele, Eduardo Caldas, nesse mesmo ano de 1984. É esse aqui, ó:

Você lembra, né? Eduardo Caldas era o ator mirim mais querido dos anos 1990. Teve o personagem Pinguim, por exemplo, que ficava falando "é ruim, hein?" toda hora. Acho que essa imagem é de Felicidade, novela de Manoel Carlos de 1991, e ele fazia mui…

Você lembra, né? Eduardo Caldas era o ator mirim mais querido dos anos 1990. Teve o personagem Pinguim, por exemplo, que ficava falando "é ruim, hein?" toda hora. Acho que essa imagem é de Felicidade, novela de Manoel Carlos de 1991, e ele fazia muita coisa com a Tatyane Goulart na TV

(Hoje o Eduardo é roteirista e mudou o nome artístico, assina como Eduardo Albuquerque)

E sim, a própria Emilinha foi em busca do seu lugar ao sol. Surgia o disco "perdido” homônimo Emilinha, cuja capa abriu esse post, em 1986. Nele, seis músicas eram composições solo de Emilinha. Contava também com outras delícias, tipo isso:

Diário de Mentiras é de Leoni, e parece bastante com as músicas dele para o Kid Abelha, sua ex-banda (sinceramente, dá até para imaginar Paula Toller cantando). Leoni saiu do Kid justamente em 1986, brigado, e fundou a sua nova banda, Heróis da Resistência, naquele mesmo ano.
Numa reverência à desbravadora do pop rock nacional, nesse mesmo álbum Emilinha regravou Tratos à Bola, de Rita Lee com os Tutti Fruttis Lee Marcucci e Luis Carlini.

A versão original de Rita saiu em 1974, no álbum Atrás do Porto Tem Uma Cidade.

Mas isso foi apenas o começo. Em 1987, sairiam duas coisas. Primeiro vou mostrar a mais misteriosa, que tem a ver com o lado compositora de Emilinha.

rosa-shok.jpg

Não consegui localizar nenhum registro de som dessa belezinha, um girl group chamado Rosa Shok formado por, acho, Andréa, Luciany, Karen, Leila e Adriana. A segunda música do lado A, Todos os Tipos, é de autoria de Emilinha. Entre os compositores, a maioria é bem misteriosa. Mas tem o Papa Kid que já fez coisas com Luiz Melodia, com o próprio Robertinho, com Fausto Nilo. Olha esse compacto do Papa Kid de 1982, que maravilhoso:

E lembra que eu falei do Gastão Lamounier Neto sobre O Dono da Bola, a música do Mário Gomes? Ele também fez uma para a Rosa Shok, Moto Prateada, com Luis Mendes Junior. Gastão tem história com o pop nacional dos anos 1980: fez coisas para Neusinha Brizola (<3 <3), Sempre Livre, Sandra de Sá, Tim Maia, Banda Black Rio.
E Luis Mendes Junior? Bom, esse cara é o responsável por Piuí Abacaxi. Não finja que não sabe do que eu estou falando.

Se alguém achar o álbum da Rosa Shok por aí, me avisa?

O outro capítulo de 1987 na história de Emilinha é esse aqui.

"Não adianta. Por mais que eu tente, não dá pra entender. Como é que você pôde me trocar por essa… essa lôra horrorosa… E eu que dei tudo de mim. Dei o melhor de mim pra você. Mas tudo bem. Um dia você vai ver o que perdeu. Mas aí vai ser tarde demais porque eu é que não vou mais querer nada com você. Você é que vai ficar na pior… Babaca!"

O Que Que Ela Tem Que Eu Não Tenho é uma composição de Emilinha. A primeira formação de Afrodite Se Quiser é com ela, Karla Sabah (que é quem manda esse textão no começo da música) e Patrícia Maranhão. Elas lançaram um disco homônimo em 1987.

Além dessa, tem dedo de composição de Emilinha em Pega Leve (com Casaverde) e Peito e Bum-Bum (com Patrícia Maranhão).
Pega Leve é BEM LEGAL, de verdade, assim como Peito e Bum-bum. São meio… empoderadoras? "Pega leve comigo / que eu vou botar pra quebrar / Tudo que eu quero, eu consigo / Eu posso te arrasar" & "Seu desejo pra mim é só um / Mas eu não sou só peito e bum-bum".
Tudo Por Um Toque de Amor, da Patrícia, é bem delicinha oitentista também, com uma melodia cheia de agudos que elas seguram muito bem.

No lado B desse álbum tem um medley que a gente pode enxergar meio como as coisas que o Harmony Cats, grupo vocal feminino, fazia: juntar um monte de hits do passado dando uma nova roupagem, nesse caso mais para pop oitentista.

Em 1989, saiu outro disco de Afrodite se Quiser e uma outra formação: sem Patrícia Maranhão, agora elas contavam com Gisela Zingoni. Gisela chegou com tudo: grande parte das composições do álbum Fora de Mim tem o dedo dela.
O single, Papai e Mamãe, é de Gisela com Emilinha:

A curiosidade: a direção desse clipe é do Boninho!
De composições da Emilinha, o álbum ainda conta com Eu Não Vou e Já Tá Pegando Mal (ambas com Zingoni) e Fora de Mim (só dela).

Ainda em 1989, o trio gravou Canção Para Inglês Ver do Lamartine Babo para a novela Kananga do Japão, da Manchete.

Ficou uma coisa meio Frenéticas, né?

Karla foi a única do trio que seguiu carreira de cantora. Gisela acabou se especializando em edição de songbook e Emília Caldas passou a trabalhar com figurino.

O Afrodite faz parte de uma linhagem de girl groups do pop brasileiro que a gente chega a negligenciar, na minha modesta opinião. Citei alguns de maneira espalhada por esse post: Sempre Livre, Harmony Cats, Frenéticas. Tem também As Sublimes, Banana Split, SNZ, Pearls Negras, sem esquecer o que talvez tenha sido o mais bem sucedido de todos: Rouge.
Mas, acima de tudo, Emilinha fez história no pop brasileiro. É de Chocolate foi disco de platina (segundo consta, Robertinho chegou da cerimônia da entrega em seu apartamento no 12º andar e o jogou pela janela, imagina o perigo). O Que Que Ela Tem está no mármore eterno da memória de 10 entre 10 crianças, adolescentes e adultos dos anos 1980.

Qualquer coisa dessa discografia em vinil: EU QUERO.

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September 07, 2020 /Jorge Wakabara
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